Número 57 - Nova fase: 009
Domingo vamos às urnas. Sim ou não? Nem sim nem não? Espero que cada um vote com consciência. E acredito que os artigos e comentários postados nas edições anteriores possam ter contribuído para a decisão. Não vamos voltar hoje ao assunto. Apenas transcrevo o email do Conrado, somente para registro.
Temos muitas coisas interessantes. Além de notícias da ANPUH-MG, concursos diversos estão sendo anunciados.
Mas é nos artigos que temos temas instigantes. Um artigo enviado pelo prof. Jaime Pinsky, sobre direito à Cultura; um enviado pelo Lucas, discutindo questões relacionadas ao ensino de história; e duas contribuições da prof ª Mônica Liz abordando a realidade do ensino superior no Brasil dos últimos anos.
Falam os amigos
Olá prof.Ricardo, há muito tempo não me pronuncio no seu (ou nosso) boletim, mas estou sempre acompanhando, leio todas as informações e dicas semanalmente
Com relação ao REFERENDO, após ouvir várias opiniões e participar de alguns debates, sou a favor do NÃO. Acredito que o problema não está no desarmamento. Acho que seria mais sensato uma revisão e posterior alteração do nosso código penal (o atual é do século passado, da década de 40).
É necessário rever a situação dos presídios. Detentos provocando constantes rebeliões causando destruições dos patrimônios públicos, obrigando anualmente o gasto de milhões de reais por parte do Estado, para recuperação das instalações carcerárias por esse Brasil afora. Os mesmos tem seus direitos garantidos, soma-se "apenas" alguns anos a mais nas sentenças, por mais esse delito. Há caso de detentos, que, somando suas penas a cumprir, ultrapassam os cem anos.
Se para os homens de bem o trabalho é imperativo, por que para os bandidos tudo vem de graça? Alguma coisa está errada. Alterar o código penal, impor leis mais severas para casos de assaltos, roubos, latrocínios, homicídios, seqüestros, tráfico de drogas, etc., pode ser uma opção para baixar o índice da criminalidade em nosso país.
Infelizmente não existe boa vontade parlamentar em atualizar o nosso código penal. Seria talvez porque os próprios representantes do povo em Brasília ficariam seriamente comprometidos com novas leis, mais severas, para os diversos crimes, desde corrupção a assassinatos?
Tenho certeza de que com leis mais severas não teríamos diariamente notícias de parlamentares que vendem a ética; juízes que vendem sentenças; jornalistas que vendem a verdade; árbitros de futebol que vendem resultados; policiais que vendem flagrantes; fiscais que vendem notificações, etc., etc., etc....
Voltando ao referendo, fazendo uma analogia, vejo o SIM semelhante ao que ocorreu entre os EUA x Iraque: após a ONU e o próprio EUA desarmarem o Iraque, os norte americanos invadiram aquele país com um forte aparato militar, usando mísseis, tanques, helicópteros, aviões e numeroso contingente de soldados bem treinados, contra uma nação desarmada, fragilizada e indefesa, que não oferecia poder de reação. Uma covardia de um imperialismo prepotente. Os EUA seria os bandidos, cada vez mais audaciosos, e o Iraque seria os cidadãos de bem desarmados.
Um abraço.
Conrado Delazari (seu ex-aluno)
Utilidade pública
Monografias e teses
Orientação e revisão de monografias e teses com base nas normas da ABNT e fundamentação na metodologia do trabalho científico.
Qualquer área do conhecimento.
Maria Tereza - itch@terra.com.br ou pelo telefone 34119490
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Notícias
1. Rituais indígenas no Museu da República
Agência Carta Maior
Em sua sexta edição, o projeto Rito de Passagem traz ao Rio o universo de 10 povos do país, retratados em exposição, mostra de filmes, oficinas e apresentação de rituais.(leia mais)
2. Informes da ANPUH regional
a) Com este segundo Informativo, o Núcleo Minas Gerais da Associação Nacional de História (ANPUH-MG) inicia o processo de organização, divulgação e inscrição no próximo Encontro Regional, que se realizará na cidade de São João Del Rei, no período de 10 a 15 de julho de 2006. O Encontro Regional da ANPUH já se consagrou como um dos principais eventos do calendário acadêmico de Minas Gerais, tendo se tornado um espaço privilegiado de intercâmbio entre os profissionais da área e um fórum adequado para a troca de idéias e experiências, parte importante da consolidação da reflexão histórica em Minas Gerais e no Brasil.
O XV Encontro Regional de História, ao contrário do que é costume, não terá um tema central. Embora a escolha de temas nos eventos anteriores não excluísse a apresentação de trabalhos, mini-cursos e conferências desvinculados da proposta central, a atual ausência visa explicitar o grande dinamismo que a nossa disciplina tem demonstrado em Minas Gerais. Uma vez que é enorme a variedade de contribuições presentes nos últimos eventos, o que se constata também na vitalidade dos Grupos de Trabalho, a idéia é evidenciar ainda mais o seu caráter de grande reunião periódica. O Encontro Regional, assim como o Simpósio Nacional, se tornou um canal aberto de exposição do “estado da área”, razão pela qual os organizadores optaram por esta formatação. O XV Encontro, sem “tema”, busca evidenciar ainda mais seu lócus gregário, isto é, “espaço privilegiado para pensar coletivamente o estado atual da produção historiográfica em Minas Gerias” (Informativo no 1, novembro 2003), sem dirigismo ou interferência.
Informações adicionais e Divulgação de todos os Informativos:
Sítio: www.anpuhmg.ufjs.edu.br
Correio eletrônico: anpuhmg@ufsj.edu.br
Telefone: (32) 3379-2496 (das 14h às 18h)
b) Caros colegas
Como deverá ser do conhecimento de vocês estaremos realizando nosso VII ENCONTRO NACIONAL DOS PESQUISADORES DO ENSINO DE HISTÓRIA, em Belo Horizonte, entre 13 e 17 de fevereiro de 2006, na Faculdade de Educação da UFMG.
Convidamos você a se inscrever, caso ainda tenha feito.
Os procedimentos para as inscrições – quem pode se inscrever, os GTs de Pesquisa e outras informações estão disponíveis em nosso site:
Inscrições pelo site : www.fae.ufmg.br/labepeh/encontro.htm
DÚVIDAS
e-mail: 7enpeh@gmail.com ou
pelo telefone: 0xx31 3499-5303
Vocês verão que as inscrições para o evento e inscrições de trabalhos (resumos) foram prorrogadas para o dia 19 de outubro. Gostaríamos muito que vocês comparecessem ao nosso ENCONTRO apresentando seu trabalho de pesquisa. No entanto, caso você não possa apresentar trabalho, sua presença como pesquisador do ensino de História, será também muito bem-vinda.
Para facilitar a divulgação, para qual contamos com a sua valiosa colaboração, enviamos-lhe em anexo um texto contendo as principais informações.
Atenciosamente
Lana Mara de Castro Siman - coordenadora geral do evento.
3. Mestrado Profissional em Bens Culturais e Projetos Sociais/CPDOC
Estão abertas, ate' o dia 18/11/2005, as inscrições para o exame de seleção da turma de 2006 do Mestrado Profissional em Bens Culturais e Projetos Sociais do CPDOC da Fundação Getulio Vargas. Mais informações em www.cpdoc.fgv.br, através do tel.: (21) 2559-5757 ou pelo e-mail pphpbc@fgv.br.
4. Vaga para professor de Ciência Política/USP
Estão abertas, ate' o dia 27/10/2005, as inscrições para o concurso publico para provimento de um cargo de Professor Doutor, no Departamento de Ciência Política, disciplina de Relações Internacionais, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Mais informações em www.usp.br ou através do tel.: (11) 3091-4590.
5. Seleção de recém-doutores
- O Programa de pós-graduação em Antropologia Social, do Museu Nacional (UFRJ), esta' aceitando, ate' o dia 18/11/2005, a inscrição de candidatos interessados em participar do processo de seleção para usufruir uma bolsa do Programa de Absorção de Recém Doutores (PRODOC) outorgada pela CAPES por um período de 15 meses (entre janeiro de 2006 e marco de 2007). Os candidatos deverão ter obtido o titulo de doutor em Antropologia, ou em qualquer das áreas das Ciências Humanas, no Maximo 5 anos antes da data de inscrição. Mais informações em ppgasmuseu.etc.br, através do e-mail ppgas@mn.ufrj.br ou do tel.: (21) 2568-9642.
O Programa de Formação de Quadros Profissionais do Centro Brasileiro de Analise e Planejamento (Cebrap) esta' selecionando quatro pesquisadores recem-doutores, com ate' cinco anos de doutoramento, das áreas de Filosofia e Ciências Humanas, para um período de dois anos, com o inicio das atividades em marco de 2004. O prazo para as inscrições se encerra no dia 31/1/2006. Mais informações em www.cebrap.org.br ou através do tel.: (11) 5574-0399.
6. Seleção para mestrado em Antropologia Social/UFRNO
Programa de pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) esta' com inscrições abertas, ate' o dia 19/11/2005, para o curso de mestrado. Mais informações em www.cchla.ufrn.br/ppgas, através do e-mail ppgas@cchla.ufrn.br ou do tel.: (84) 3215-3547.
Internacional
1. As cores do terrorismo e Cuba
Ramón ChaoHá várias décadas, os EUA praticam uma agressão permanente contra Cuba, com invasões, ao redor de oitenta tentativas de magnicídio contra Fidel Castro, atentados com quase 4 mil mortos, um bloqueio absoluto. É um caso de terrorismo de um branco radiante.(leia mais)
2. Bloqueio dos EUA causa perdas de US$ 82 bilhões para Cuba
Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior - 10/10/2005
Implantado formalmente em 1962, pelo então presidente dos EUA John F. Kennedy, o bloqueio econômico contra Cuba viola regras do direito internacional e resoluções aprovadas pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Relatório anual aponta os pesados custos deste bloqueio para a população cubana.(leia mais)
3. DOENÇA GLOBALIZADA
Gripe aviária se tornará uma pandemia humana, alerta a OMS
Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior - 17/10/2005
Para autoridades da Organização Mundial da Saúde não há mais dúvida de que a "gripe do frango" se tornará uma pandemia humana, com um alto custo social e político. Governo brasileiro prepara-se para evitar a entrada da doença no país e diz estar pronto para começar a produzir vacina no início de 2006.(leia mais)
4. COMUNICAÇÃO E PODER – Artigo importante, em que se mostra que as recentes atitudes da mídia norte-americana, brasileira e venezuelana podem perfeitamente contribuir para a volta de regimes fascistas.
Postura da mídia abre espaço para a volta do fascismoMaurício Thuswohl - Carta Maior - 15/10/2005 Intelectuais presentes em seminário promovido pela Unesco, no Rio, avaliam que casos recentes nos EUA, onde parte dos veículos adotou a autocensura, no Brasil e na Venezuela mostram que a relação mídia-poder tem de ser tema central da análise política internacional.(leia mais)
5. Origens da nova onda de violência no Iraque
Francisco Carlos Teixeira - Carta Maior - 13/10/2005
Ramadã, votação do projeto de Constituição e julgamento de Saddam Hussein insuflam resistência e tornam o mês de outubro o mais difícil de 2005 para os soldados dos EUA no Iraque. A análise é do historiador Francisco Carlos Teixeira.(leia mais
Brasil
1. Para ONGs, crítica do Banco Mundial à transposição ainda é válida
Verena Glass - Carta Maior - 12/10/2005
Relatório do Banco Mundial de 2000 afirma que eixo norte da transposição é desnecessário, que projeto dificilmente atenderá os pobres, e sugere investimentos em alternativas. Críticas ainda são pertinentes pois projeto não mudou nos pontos em questão, diz FBOMS.(leia mais)
2.Michael Löwy retoma elo entre tragédia ambiental e capitalismo
Irracionalidade do modelo capitalista está conduzindo o planeta a um desastre de proporções incalculáveis. A situação se degrada de maneira tão rápida que evitar o desastre ambiental é tarefa para agora e não para daqui a um século. Advertência é do sociólogo Michael Löwy, autor de "Ecologia e Socialismo".
Maurício Thuswohl - Carta Maior 12/10/2005
Rio de Janeiro – Sob o domínio do capitalismo, a humanidade vem estabelecendo uma relação cada vez mais predatória com a natureza e o planeta já emite sinais visíveis de que nos aproximamos rapidamente de um cenário de desastre ambiental. Para reverter essa tendência autodestrutiva, a humanidade precisa adotar o quanto antes como sistema produtivo e econômico um socialismo humanista e ecológico. O alerta foi feito pelo sociólogo Michael Lowy na noite de segunda-feira (10) durante debate que lotou um dos auditórios da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Brasileiro radicado na França há mais de 30 anos, especialista na obra de Karl Marx e muito admirado pela esquerda dos dois países, Lowy lançou recentemente um elogiado ensaio intitulado “Ecologia e Socialismo”, onde analisa a situação ambiental em todo o mundo.
Ladeado pelos intelectuais brasileiros Leandro Konder e Carlos Nélson Coutinho, Lowy foi taxativo ao definir um cenário que qualificou como alarmante: “A irracionalidade do capitalismo nos leva a um desastre de proporções ainda incalculáveis. Os sinais desse desastre já são visíveis e atendem pelos nomes de efeito estufa, acúmulo de lixo atômico, destruição de florestas, desaparecimento de espécies e redução da diversidade biológica”, disse. Lowy afirmou que a situação ambiental do planeta se degrada de maneira tão rápida que até mesmo o “discurso de que precisamos preservar o mundo para nossos filhos” já foi superado: “Evitar o desastre ambiental é tarefa para agora, não é uma questão para daqui a um século. As conseqüências que temíamos para nossos filhos já estão aí, para nós mesmos. Imaginem então com a inevitável piora que deverá ocorrer em cinco, dez, 20 ou 30 anos”, disse.
Lowy disse acreditar que episódios como o aumento da incidência de furacões na região da América Central, Caribe e Sul dos Estados Unidos ou a insistente ocorrência de chuvas torrenciais e enchentes na Ásia, entre outros, já sejam “um início de resposta” para o aquecimento global provocado pelo capitalismo: “Até a temida previsão das cidades submersas por conseqüência do efeito estufa já começa a se concretizar com Nova Orleans”, disse. O historiador fez duras críticas ao Protocolo de Quioto, considerado por ele como “absolutamente aquém do necessário” para salvar o planeta: “Quioto é a coisa mais avançada que a elite dominante foi capaz de produzir. Trata-se de um protocolo furado, com objetivos mínimos e, ainda assim, os Estados Unidos, país que mais polui, são contra sua implementação”, disse.
O mercado para compra de créditos de carbono, previsto no protocolo e considerado positivo por boa parte do movimento ambientalista, também foi criticado por Lowy: “O mercado de carbono significa o absurdo de os grandes poluidores poderem comprar o direito de poluir. Não resolveremos o problema se pensarmos apenas na manutenção dos patamares, que nem assim é alcançada”, disse. A pouca ousadia do Protocolo de Quioto, aliada à manifesta má vontade política das maiores potências capitalistas em deter a marcha predatória, segundo Lowy, devem fazer a humanidade “pensar em soluções radicais” como a adoção do socialismo: “Defendo o eco-socialismo, partindo das idéias de Marx e somando a elas toda a discussão ecológica que foi acumulada nas últimas décadas”, disse.
“Quebrar as forças produtivas”
A maior polêmica do debate aconteceu quando Lowy criticou a visão dos primeiros marxistas que defendiam a expansão das forças produtivas no socialismo: “As forças produtivas não são neutras. As técnicas de produção capitalista destróem o meio ambiente e ameaçam a humanidade. Marx falava em quebrar a máquina burguesa e temos que aplicar essa lógica também ao aparelho produtivo”, disse. Admitindo estar fazendo “o papel de advogado do diabo”, Carlos Nélson Coutinho retrucou: “Será que é preciso quebrar as forças produtivas? A dominação da natureza também significa liberdade para a humanidade, significa a superação da alienação. Não podemos ser contrários à idéia de dominação da natureza, mas devemos combater determinadas formas que ela assume”, disse.
Coutinho disse ainda que a proposta de evitar a expansão das forças produtivas deve ser analisada com cuidado nos países do Terceiro Mundo e avaliou que, talvez por serem de países pouco desenvolvidos em suas respectivas épocas, importantes marxistas como Lênin ou Gramsci eram “entusiastas do desenvolvimento das forças produtivas e de métodos como o taylorismo e o fordismo”. Lowy respondeu que, até a década de 40, havia poucos marxistas que tivessem uma visão crítica e ecológica sobre este assunto e citou Friederich Engels ao dizer que “a natureza deve ser dominada, mas não como um exército domina um país inimigo”.
Lowy disse ainda que a expansão de forças produtivas “positivas” como o desenvolvimento da medicina e das tecnologias de comunicação deve ser logicamente estimulada, mas criticou com veemência as fontes de energia utilizadas no capitalismo: “Além de terem extração altamente poluidora, os combustíveis fósseis, como o petróleo, já têm data para acabar. A energia atômica, devido ao acúmulo de lixo atômico por milhares de anos, também deve ser descartada”, disse. Ele afirmou que, no eco-socialismo, a humanidade deve buscar outros caminhos energéticos: “Temos que encontrar novas fontes de energia renováveis e desenvolver as já conhecidas. É o caso da energia solar, mas ela não interessa ao capitalismo porque é democrática e gratuita”, disse.
Chico Mendes e MST
Michael Lowy afirmou que a luta pelo eco-socialismo já está se dando em ações concretas como o enfrentamento do movimento ambientalista e da sociedade em geral com as empresas poluidoras ou as mobilizações contra os projetos agressivos ao meio ambiente. Ele ressaltou a necessidade de se multiplicar esse tipo de ação: “Temos que nos articular desde já sob uma perspectiva radical”, disse. O historiador disse que o eco-socialismo “tem raízes no Brasil” através “das lutas sociais e ambientais que se desenrolaram e se desenrolam até hoje” e saudou a memória de Chico Mendes: “Ele é um pioneiro e exemplo maior dessa luta, pois enfrentou o latifúndio e as empresas multinacionais para defender a integridade da Amazônia”. Lowy também criticou o agronegócio no Brasil por “estar destruindo o meio ambiente” e elogiou o MST: “As cooperativas de produção e a agricultura familiar são caminhos que apontam para o futuro”, disse.
O historiador Jaime Pinsky, ex-professor da USP e da UNICAMP, atualmente editor da Editora Contexto, enviou-nos o artigo a seguir, e gostaria de receber comentários e críticas. Portanto, não deixem de enviar!!!
3. O direito à Cultura
Jaime Pinsky
É razoável definir cultura como sendo toda a produção material ou imaterial do gênero humano. Nesse sentido é que arqueólogos, antropólogos e outros estudiosos caracterizam a especificidade de uma tribo construir uma casa, plantar uma raiz, pintar o corpo ou elaborar suas lendas. Em decorrência dessa visão pode-se afirmar que conhecer a cultura de um grupo implica em dar conta das coisas que consideramos belas e boas, como também daquelas que não consideramos.
Falar gritando, surrar a esposa, construir cidades feias, desobedecer leis, buscar vantagens indevidas em cargos públicos e sonegar impostos na iniciativa privada, dirigir alcoolizado sem sentir culpa, desrespeitar faixas de pedestres, ser arrogante (quando poderoso) e dissimulado (quando buscando o poder), são características culturais freqüentemente atribuídas aos brasileiros, por exemplo.
Num sentido mais estreito, podemos falar da cultura como sendo a patrimônio cultural da humanidade, que temos o direito de usufruir. Aí falamos, por exemplo, da filosofia grega, da ética dos profetas hebreus, do direito romano, das catedrais medievais, das pinturas e esculturas de Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael, da música de Bach e Beethoven, do pensamento de Marx (querendo entender a sociedade), de Freud (buscando entender o interior das pessoas), de Einstein (tentando explicar o universo), do cinema de Charlie Chaplin, e por aí afora.
Embora tenha poucas esperanças de que venha a acontecer defendo o direito de todos terem contato com obras fundamentais da cultura humana, produções do gênio humano que justificam nossa presença neste planeta. Mais ainda, assusta-me a idéia apresentada por uma professora, em recente programa de tevê educativa, dizendo que o ensino deveria restringir-se à leitura de “textos” ligados a questões diretamente vivenciadas pelos alunos. Ora, essa corrente de educação executiva e funcional, confundida freqüentemente com construtivismo – que não é nada disso, professora – tenta explicar um mundo que não precisa da escola. Por outro lado, corre-se o risco de ensinar que a história da humanidade se reduz a falcatruas públicas e privadas, a assaltos, tráficos, assassinatos e outros menos votados.
Não se trata, é claro, de viver num mundo que não tenha contato com o que está aqui, mas trata-se de desenvolver padrões éticos e estéticos que permitam aos jovens mesurar melhor o significado de atitudes anti-sociais, que a geração que está no poder pratica descarada e despudoradamente. Mergulhar na cultura da humanidade nos qualifica melhor para dar conta do mundo em que vivemos hoje. Daí falarmos de desenvolver padrões éticos e estéticos.
Os éticos são óbvios, mas padrões estéticos também, porque não? Ouvindo música de qualidade as pessoas adquirem condições de avaliar se o que lhes é impingido pelas rádios movidas a jabaculê é, de fato, “música que o povo gosta” ou ruído selecionado pelos marqueteiros gravadoras. Lendo livros bons elas poderão descobrir o enorme prazer que a leitura proporciona, assim como a autonomia que ela nos dá: lemos onde e quando queremos, no ritmo que desejamos, não temos que ler propaganda nos intervalos, os heróis têm a aparência que nossa imaginação criadora determina). Vendo bons filmes teremos a ocasião de perceber o processo de infantilização de adultos (comédias idiotas, desenhos elementares, personagens sem conteúdo) e de assassinato da infância (violência e sexo à vontade, ou melhor, sexo com violência, como se um precisasse estar vinculado ao outro) ao qual os grandes estúdios estão nos submetendo.
Cultura, enfim, pode até deixar a alma mais sensível e complexa, mas ser humano é assumir a complexidade inerente à nossa condição. Além do mais, chorar com o violoncelo plangente de um adágio beethoveniano, ou com a relação entre Amós Oz e sua mãe no livro mais assumidamente edipiano escrito por um grande romancista, não é a mesma coisa do que derramar lágrimas em passagens improváveis de sofrimentos de heroínas protagonizadas por atrizes de quinta categoria.
Todos sabem que até o mais talentoso jogador de futebol tem que treinar muito. Talento é sorte, empenho é virtude. Assim também com a cultura. Gostar e não gostar tem a ver também com educação. Defendo, aqui, o direito de todos à Cultura. Para os que a buscam com vontade, no meio do caminho há um arco íris que nunca desaparece...
Jaime Pinsky, historiador e editor, doutor pela USP e professor titular da Unicamp, é autor de vasta obra e organizador do livro Cultura & Elegância.
Nosso ex-aluno Lucas Franco, atendendo a nosso pedido em boletim passado, enviou-nos um artigo em que discute questões educacionais relevantes. O texto também está colocado aqui para ser debatido e discutido.
4. O educador em competências:
O ‘pensar’ como meta
A respeito da pesquisa realizada recentemente pelo Instituto Paulo Montenegro, cujo resultado catastrófico foi divulgado no Boletim Mineiro de História (n.52 – nova fase 004), resolvi fazer um pequeno comentário sobre a função imprescindível dos professores/educadores brasileiros, hoje, (diante dessa situação difícil de analfabetismo) de ensinar os estudantes a pensar criticamente a sua realidade.
Lucas Henrique Franco Silva
É pensamento consensual entre os professores/educadores brasileiros, na atualidade, de que estimular os estudantes da Educação Básica a pensar, desenvolvendo-lhes a capacidade de argumentação própria, é uma necessidade irrefutável. Tal diagnóstico evidencia que a maioria dos alunos não são plenamente alfabetizados, críticos, politizados e, por conseqüência, desconhecem princípios norteadores da atuação cidadã.
A escola tradicional, como espaço restrito de repasse de conhecimentos já produzidos, não encontra, hoje, razão de existir. Isto é notório, uma vez que os objetivos educacionais contemporâneos de oportunizar a construção de indivíduos criativos, capazes de solucionar problemas e de atuar com inovação na realidade, exigem uma nova postura das instituições de ensino: a de possibilitar o debate de idéias democráticas entre todos os elementos na/da escola, deslocando o educando para o centro das atenções, na condição de ativo produtor de conhecimentos. Além disso, é fundamental que o docente/educador se atente a, pelo menos, mais duas competências indispensáveis em seu trabalho, somadas à ‘científica’. Elas são: a ‘política’, bem como a ‘afetiva’.
O processo de ensino-aprendizagem é permanente e necessita ser, cotidianamente, aprimorado. Neste sentido, a ‘competência científica’, isto é, o estudo e a pesquisa de temáticas para o aprofundamento dos conteúdos ensinados, são informações que o professor precisa transformar em conhecimentos. Esta transformação é uma prática de mediação, quando o docente/educador se propõe a fazer uma responsável ‘Transposição Didática’ (TD). A TD pressupõe a preparação de linguagens (que são variadas) ajustadas à compreensão dos estudantes, em cada momento da Educação Básica.
Ademais, é essencial destacar a ‘humanidade’ deste profissional de ensino formal, a partir de duas frentes: a ‘política’ (parcialidade) e a ‘afetiva’ (sensibilidade). Cada ser humano carrega em si um acervo de valores, concepções de mundo e de maneiras distintas de vivenciar a realidade social. A reflexão crítica deste indivíduo representa sua ‘competência política’. Convêm lembrar que, sendo os professores/educadores mediadores comprometidos com o desenvolvimento cognitivo de seus parceiros de trabalho (os estudantes) – instigando-lhes a geração de competências políticas, durante o processo educacional – as chances de se engendrar cidadãos conscientes de suas responsabilidades, opinantes e que interferem decisivamente na dinâmica social serão muito maiores. Face a essa questão considera-se a sensibilidade do professor – ao estar antenado com as angústias e expectativas do alunado, no transcorrer das relações inter-pessoais – um instrumento de fortalecimento de laços de confiabilidade entre tais atores sociais, que favorece o bom andamento do ensino e da aprendizagem.
Por fim, considera-se indispensável que os docentes da Educação Básica sejam mais do que transmissores de informações. É mister então que utilizem todos os métodos didáticos possíveis e lícitos para selecionar e transformar as muitas informações – divulgadas nos mais diversos veículos de comunicação, especialmente pela mídia – em conhecimentos, tendo como co-participantes o alunado. Todas essas competências aqui salientadas são elementos que necessitam caminhar de mãos dadas no exercício do magistério. Uma boa instrução, aliada a uma sensível preocupação com os questionamentos e demandas sociais de cada tempo, são posturas desejáveis e armas poderosas para que o educador do futuro se faça presente no agora. Em suma, fomentar a reflexão, o pensamento crítico e, portanto, o exercício da cidadania plena no educando, precisa consistir em uma meta a ser alcançada, paulatinamente, por meio da contribuição do profissional de ensino.
5. A professora Mônica Liz envia duas contribuições para nosso boletim. A primeira é um trecho de uma entrevista com Marilena Chauí, em 1999, na parte em que ela toca na questão das universidades brasileiras. Em seguida, um artigo do Yahoo notícias. Fica fácil perceber a relação entre as duas matérias. Leiam! E comentem!!!
Trecho da entrevista, publicada na Caros Amigos de agosto de 1999.
José Arbex Jr. - Professora, a questão da universidade é muito importante, até porque a maioria dos leitores é de universitários, por isso a gente insistiu no começo para a senhora explicar como era a universidade e...
Então era bom explicar o que aconteceu com ela depois da ditadura, não é?
José Arbex Jr. - Eu gostaria que a senhora explicasse a trajetória de um certo grupo de intelectuais que participaram da luta contra a ditadura e que hoje participam do desmonte da universidade pública.
Sérgio Pinto de Almeida -Até porque esses nomes permeiam a sua conversa, são citados várias vezes o Weffort, o Fernando Henrique, o Gianotti...
Bom, deixa contar um pouco. Mesmo porque os estudantes já pediram para ouvir isso várias vezes, o que foi a reforma da universidade no tempo da ditadura. O que faz a ditadura? Ela reprime a classe trabalhadora, reprime a esquerda e tira todo e qualquer poder da classe média, que entretanto é a sua base de sustentação. Então ela introduz várias formas de compensação para a classe média, e uma das coisas que ela introduziu como compensação foi a promessa de abertura da universidade como forma de ascensão social e prestígio. Por que ela faz essa promessa, e por que ela cumpre? Porque o Conselho Federal de Educação, durante todo o período da ditadura, foi dirigido pelos donos das escolas particulares. Então, o primeiro ato foi destruir a escola pública de 1º e 2º graus, sob o argumento de que os professores eram subversivos. Na verdade, é porque isso garante a ampliação da rede das escolas particulares, cujos proprietários são os membros do Conselho. Depois é introduzida essa idéia da universidade aberta para a classe média. Isso leva ao aumento do número das vagas, ao mesmo tempo é o período em que eles estão lutando contra a chamada evasão dos cérebros (isto é, grandes professores contratados por universidades estrangeiras e deixando o Brasil), então aumentam os salários dos professores e permitem um número maior de contratações (porque exercem em todos os lugares o controle de quem é contratado), introduzem o vestibular unificado e por teste, e modificam o currículo. Introduzem a noção de crédito e estabelecem um número de créditos. Introduzem a idéia de matérias obrigatórias e optativas, introduzem a licenciatura curta, que é para formar os professores de 1º e 2º graus, introduzem o ciclo básico – em alguns lugares eles não conseguiram, mas introduziram o ciclo básico. Ao mesmo tempo, deslocam os recursos públicos em duas direções: para os caciques das oligarquias da ditadura, e portanto esses caciques, esses coronéis abrem universidades federais, nas quais colocam os amigos. E uma outra parte dos recursos vai para as universidades particulares, que aí pululam em toda parte. Nesse processo eles deram o 2º grau para a baixa classe média, para compensar a baixa classe média que não ia chegar à universidade, e colocaram no 2º grau o profissionalizante. No caso do ensino superior, afunilaram a entrada na universidade, e ao mesmo tempo propuseram que a universidade começasse a ser indiretamente subvencionada pelas empresas, porque a função da universidade era formar mão-de-obra para o mercado. Com isso, não só destroçaram a universidade crítica dos anos 60, como destroçaram as universidades clássicas que havia no Brasil. Em cima dessa universidade é que foi se acoplando a mudança que, em escala mundial, a universidade sofreu. Então, essa primeira universidade da ditadura chamo de “universidade funcional”. Quer dizer, ela cumpre duas funções: pacifica a classe média e funciona para o mercado de trabalho. A etapa seguinte, que é a etapa dos anos 80, chamo de “universidade dos resultados”. É aquela universidade que, com a estrutura que nela foi colocada, deve mostrar que é produtiva. Em primeiro lugar, é preciso dividir as universidades em dois tipos – as chamadas centros de excelência, o caso da USP, e as chamadas alinhadas, isto é, as que fazem a opção preferencial pelo pobre, aquelas que fazem efetivamente vínculo com os movimentos sociais. As universidades alinhadas são consideradas o baixo clero improdutivo.
José Arbex Jr. - A PUC seria o que, nesse caso?
Está entre os centros de excelência.
Marina Amaral -Quais são as alinhadas?
As federais. Então, nos centros de excelência, a produtividade é medida pelo número de publicações, pelo número de orientandos na pós-graduação, pelo número de cursos de extensão. Bom, dá aquele rolo que vocês todos conhecem, de fazer aquela lista dos improdutivos, que é uma brincadeira.
José Arbex Jr. - José Goldemberg...
O caso é: consagrou-se a idéia de separar as universidades alinhadas improdutivas e as universidades excelentes, e dentro das excelentes dividir em “Universidade Um” e “Universidade Dois”. Universidade Um, USP e Unicamp. A Universidade Um forma as elites, na pesquisa e no mercado. A Dois forma docentes e prepara estudantes para a pós-graduação nas universidades Um. Qual é o sentido dessa brincadeira? É a distribuição dos recursos. Então, para as alinhadas não vai nada, para as excelentes vai tudo, só que vai menos para as excelentes Dois e mais para as excelentes Um.
José Arbex Jr. - Esse sistema de classificação é formal ou informal?
Ah, é informal. Aparece apenas na avaliação da produção, ninguém fala isso.
Marina Amaral –Nem nos centros de excelência?
Não, isso é a linguagem política do processo. A linguagem formal do processo é “produtivo” e “improdutivo”, e tem a classificação. Você é classificado em A, B, C e D. Essa classificação vai para as graduações, para as pós-graduações, determina a distribuição de bolsas, determina auxílios para colóquios, congressos, publicações, enfim, e para a infra-estrutura de pesquisa. Então, você tem um controle econômico da produção a partir desses critérios inteiramente abstratos e quantitativos da produtividade. Bom, esse modelo se sobrepõe ao modelo anterior que permaneceu como um resto. Em cima disso veio a universidade de resultados, agora como segundo extrato arqueológico, e sobre ela vem o que eu chamo a “universidade operacional”. O termo operacional não é meu, é de um autor canadense chamado Freitag, que escreveu um livro chamado Naufrágio da Universidade. Universidade operacional é aquela que realiza ou concretiza as virtualidades da universidade funcional e da universidade de resultados. Como ela faz isso? Tomando a universidade como uma organização social, isto é, como uma administração ou uma gestão de recursos, e a sua distribuição sob a forma de contratos universitários. E a ênfase recai sobre o vínculo entre produtividade e especialização. Considera-se que a produtividade aumenta com o aumento do grau de especialização, que é típico da noção de organização na medida que uma organização sempre tem um problema local com um objetivo particular, uma meta, que ela vai resolver. Então, se consolida um processo de fragmentação, de hierarquização da qualidade e de hierarquização dos recursos. E isso, do ponto de vista do contrato de gestão, recebe o nome de autonomia. A autonomia não é o poder da universidade para se autodirigir e decidir currículos, avaliações etc., não tem nada a ver com o processo acadêmico. A autonomia se refere à liberdade para encontrar formas convenientes de gestão dos recursos quanto à operacionalidade, se ela tem de dar resultados e ser funcional, precisa ter um referencial. Ela é operacional para quem? É dito que para o desenvolvimento econômico do país, isto é, ela é operacional para as empresas. E portanto são as empresas que vão julgar isso, porque elas vão despejar recursos através de convênios e de fundações privadas. Ao mesmo tempo, isso produz um problema. É que os currículos não estão em consonância com essa demanda empresarial. Então, para estabelecer a consonância do currículo com a demanda empresarial, se introduz uma nova terminologia, que se chama “flexibilização”. Então, você flexibiliza o currículo, altera o currículo para responder à demanda. E depois, como tudo isso tem de ter o parâmetro da avaliação, fala-se na “qualidade total” da produção. Acontece que determinadas universidades que têm um certo padrão de trabalho, e que conseguiram sobreviver com esse padrão na funcionalidade e no resultado, desaparecerão se elas se tornarem organizacionais, que é o caso da USP.
Marina Amaral -Por quê?
Porque ela vai esfacelar o trabalho que realiza. O que se propõe como corretivo? Interdisciplinaridade. Você tem o que um companheiro meu chamava de uma faca de dois legumes, que é a produtividade estar vinculada à especialização, mas a qualidade está vinculada à interdisciplinaridade. Aí você tem uma proposta perfeitamente esquizofrênica. Agora, vamos sobrepor a isso a consonância, a sintonia fina, a harmonia que há entre o MEC e o pensamento do Banco Mundial e do BID para a reforma universitária.
Wagner Nabuco - Isso é um projeto interno?
Interno. Ele não vem de fora. O que vem de fora é um diagnóstico das universidades brasileiras, é dito o que não é aceitável para haver investimento. Mas como é feito o diagnóstico, quem fornece os dados do diagnóstico? Nós, porque para fazer o diagnóstico o Banco Mundial e o BID têm de ter gente aqui que pensa daquele jeito. Então, não é que não venham um pacote do Banco Mundial e um pacote do BID, vêm, mas eles não são um pacote vindo de fora. Eles são produzidos conosco mesmo, somos nós que produzimos o diagnóstico, e a parte dos bancos consiste em dizer: “Bom, diante desse diagnóstico não invisto se houver isto, isto e isto. E invisto se houver isto, isto e isto. Virem-se”. Como o pensamento é único, como eles pensam todos da mesma maneira, o que acontece? O Banco Mundial diz: “Investimento público maciço tem de ir para 1º e 2º graus. Virem-se, mas é lá”. Resposta do governo: municipalização e o Fundão. Há um novo desmonte do 1º e do 2º graus (que agora se chamam “fundamental” e “médio”) e ao mesmo tempo há a afirmação de que a prioridade está lá, e que a prova dessa prioridade é a municipalização e a existência do fundo. E evidentemente prova-se a tal prioridade com todas as ações de superfície: pintar os prédios, colocar computador, coisas desse tipo. Do lado da universidade, o diagnóstico veio do BID. O BID faz o diagnóstico e no rodapé está: “Dados vindos de... Dados vindos de...”. Então os dados vão todos daqui.
Wagner Nabuco - E esse diagnóstico é um papel, é um documento?
É um documento do BID sobre o ensino superior na América Latina e no Caribe. O diagnóstico usa dois crité-rios: custo/benefício e a existência ou não de um sistema de punição e recompensa. Na análise de custo/benefício, o diagnóstico é a inoperância das universidades da AL e do Caribe. E, na análise de recompensa e punição, o diagnóstico é: laxismo, falta de um sistema rigoroso de recompensa e punição. Bom, intermediando a discussão do custo/benefício, e da recompensa/punição, é feita, vamos dizer, uma avaliação dos principais problema que são: a evasão, o arcaísmo dos curriculos do ensino superior e o gasto excessivo com pessoal. É muito interessante. No documento, os problemas aparecem como se fossem dados da natureza. Tem o vulcão, maremoto, ciclone e a evasão. (risos) Não tem causa, não tem origem, não tem sociedade, não tem nada, tem a evasão. Então, a evasão, o gasto excessivo com professores e funcionários sem investimento em infra-estrutura, currículos obsoletos, inoperância na gestão das verbas. E na punição/recompensa há frouxidão nos crité-rios de avaliação. Bom, depois tem a proposta. Então, o ensino superior é dividido em quatro – eles falam “funções” –, em quatro funções. A formação de elite na pesquisa e para o Estado; a grande escola profissional; o curso técnico; e o que eles chamam de liberal arts, ou o generalista. A formação de elite é feita através de cursos de graduação, de pós-graduação e de centros de pesquisa, investimento exclusivamente público, a fundo perdido, avaliação pelos pares, só. O diagnóstico é que a América Latina e o Caribe são completamente deficitários nisto e que é preciso fazer esse investimento. Se corrigidos os problemas de gestão, certo? Depois, o profissional que é a tradição: direito, medicina, engenharia, arquitetura, e novas profissões também. Aqui há graduação, a pós-graduação é opcional e o financiamento deve ser misto, uma parte privado, uma parte público. A análise também é de que a América Latina é deficitária e obsoleta nisso. A função técnica ou o curso superior técnico é um curso de graduação de curta duração, ou seja, se uma graduação dura quatro anos, o curso técnico deve durar dois. Ele está diretamente vinculado à demanda do mercado e deve ser finan-ciado privadamente. E, depois, tem o generalista, que é um curso superior com disciplinas gerais e currículo feito pelo interessado, o qual pode estar fazendo outros cursos, ou não ter feito nenhum, e tem um diploma de curso superior montando um currículo de várias disciplinas interessantes. A função desse curso é o que eles chamam de “aditar valor” ao currículo. Ou seja, na competição do mercado de trabalho, você faz esse curso e aumenta o valor competitivo do currículo. Essa proposta está a caminho.
Francisco Alembert - E como entram os intelectuais, formados pela universidade pública, que estão aí?
Eles pensam da mesma maneira. Aquela fala curiosa do Fernando Henrique: “Eu não vou privatizar o ensino superior porque ninguém quer pagar os custos”. E depois explicou: “Não, isso tem de ser investimento de longo prazo...”. É a descrição que o BID faz da formação de elites. Aquela fala é a descrição palmar do BID para a formação de elites, que tem de ser exclusivamente com dinheiro público.
http://br.news.yahoo.com/051016/25/yed9.html
Dom, 16 Out - 19h30 Estudo prevê falência de faculdades, revelam consultorias
Agência Estado
O ciclo de crescimento do ensino superior privado acabou, ao menos no ritmo e na intensidade registrada nos últimos dez anos. O cenário, a partir de agora, principalmente para as instituições mais novas e com menos alunos, é enfrentar uma sucessão de fusões, incorporações e falências. Junto com isso, o próprio perfil de parte das faculdades deverá mudar para atender a um tipo crescente de estudante, vindo das classes C e D. As constatações, e previsões, fazem parte de um estudo desenvolvido por três consultorias da área educacional, intitulado Análise Setorial do Ensino Superior Privado no Brasil - Tendências e Perspectivas 2005-2010, que será divulgado quarta-feira, em São Paulo, num fórum educacional.
As perspectivas traçadas não são mais tão animadoras e indicam uma fase de consolidação de um mercado relativamente novo no País. Em 1997, por exemplo, havia 505 mil vagas para 392 mil alunos ingressantes. Em 2003, foram 1,721 milhão de vagas e 995 mil alunos. Ou seja, enquanto a oferta cresceu 241%, a demanda aumentou apenas 154% - o que faz com que hoje, em 2005, 42% das vagas estejam ociosas. Isso porque, das 1.762 instituições privadas que existem hoje, 998 foram criadas nos últimos seis anos - a maior parte delas, 935, têm menos de 500 alunos. E são essas as que correm mais riscos para continuarem funcionando.
"Podemos dizer que nos próximos três anos, de 400 a 500 instituições vão fechar as portas. Não quer dizer que todas vão decretar falência. Parte vai realmente fechar, algumas vão ser incorporadas por outras maiores, passando a carteira de alunos", afirma Ryon Braga, presidente da Hoper Educacional, uma das consultorias que fez o estudo, ao lado da CM Consultoria e da Ideal Invest. Ainda incipiente, as mudanças já acontecem. Ele cita os exemplos de fusões ocorridas no Centro Universitário Anhanguera, que recebeu recursos do Fundo de Investimentos do Banco Pátria, da compra das faculdades IESD e FAD pela Uniderp em Mato Grosso e a aquisição das Faculdades Metropolitanas de Londrina, no Paraná, pelo Iesb de Brasília, além da fusão entre as faculdades Hoyler e Spei em Curitiba. São exemplos de instituições pequenas, pouco conhecidas, mas que passaram a formar alunos de graduação nos últimos anos.
O descompasso se explica pelas mudanças ocorridas a partir da gestão do ex-ministro Paulo Renato, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. A partir de 1995, as regras para abertura de instituições tornaram-se mais flexíveis e, em 1999, foi regulamentada a lei que permitiu faculdades com fins lucrativos. Além disso, com a expansão do ensino fundamental, aumentou o número de formandos do ensino médio, prontos para tentarem uma graduação. De olho em uma demanda reprimida de alunos, que disputava as vagas em vestibulares concorridos, muitos empresários resolveram abrir cursos e o País registrou um grande crescimento de instituições privadas. Mesmo no atual governo, que adotou uma atitude mais restritiva para a abertura, cerca de 90 instituições foram autorizadas.
Esgotamento
A disputa pelo aluno, além da falência, traz outra conseqüência para o ensino superior. "O tempo do dinheiro fácil, do aluno fácil, acabou. Antes, as instituições só pensavam no aluno da classe A e B, que era quem conseguia fazer faculdade. Agora, parte delas começa a fazer projetos para a classe C e, em breve, classe D, que até pouco tempo não chegava à faculdade", explica o consultor Carlos Monteiro, da CM Consultoria.
"Com isso, você tem um novo perfil de aluno, menos exigente, com senso crítico diferente do aluno tradicional e com problemas de formação", diz. Desse modo, algumas faculdades estão tentando um perfil mais "popular", buscando um aluno que pode pagar mensalidades mais baratas e não passaria em um processo concorrido de seleção. Mesmo nesse caminho, há dificuldades. Isso porque a média das mensalidades, que baixou nos últimos anos por causa dessas novas instituições, está em torno de R$ 467 - e alunos de classe C não conseguem pagar nem cerca de R$ 300.
"Há uma grande demanda ainda, mas de pessoas que não têm condições de pagar. O grupo que suporta o preço já se estabilizou. Temos de buscar formas alternativas de financiamento, seja privado ou público, como o Fies e o ProUni", diz o presidente das entidades mantenedoras de estabelecimentos de ensino superior de São Paulo (Semesp), Hermes Ferreira Figueiredo. "A tendência é as escolas focarem no seu público. Como o Ibmec, por exemplo, que abriu um curso que prezou pela qualidade para alunos bem preparados que poderiam pagar. E outras, que buscam alunos da classe C, com menos exigência", diz o presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Gabriel Mário Rodrigues, reitor da Universidade Anhembi-Morumbi, uma das que optaram por cursos rápidos e diferentes dos tradicionais.
6. A sabedoria de Hugo Chávez no Roda Viva
Por Izaías Almada (da revista Novae)
Argumentos tirados da lata do lixo...
A frase acima foi usada pelo presidente Hugo Chávez como parte de uma resposta dada a um jornalista de O Estado de São Paulo no programa Roda Viva da segunda-feira, 3 de outubro.
Não sei se o leitor teve a oportunidade de assistir ao programa. Fiquei sabendo quase em cima da hora, pois a “discrição” com que foi anunciado na mídia já demonstrava mais uma vez o preconceito contra a emblemática figura de Chávez. E lá fui eu, postar-me em frente ao televisor, na expectativa de assistir a um debate de alta qualidade intelectual e política, uma vez que o tradicional programa, em inúmeras de suas edições, já quase a alcançar o milhar, o comprovou em várias oportunidades.
O de segunda-feira, no entanto, deixou a desejar. Não pela figura do presidente venezuelano, sempre franco, educado, sabedor de que devia se ater aos problemas da América Latina e – em particular – aos problemas da sua nova Venezuela. A decepção ficou por conta da mediocridade (e em alguns casos má fé mesmo) com que alguns dos entrevistadores se comportaram. Salvo as exceções de Fernando Morais e Bob Fernandes, que procuraram levantar questões pertinentes à importância e ao momento histórico do entrevistado, os outros integrantes da roda se comportaram (tão em moda na imprensa brasileira atual) mais como inquisidores do que propriamente entrevistadores. Pior ainda: inquisidores mal preparados.
Nesse particular, o destaque fica para os três profissionais de três jornalões brasileiros, Folha, Estadão e Correio Brasiliense, que fizeram a ridícula figura de ventríloquos, como se estivessem ali a repetir uma pequena lista de perguntas feitas pelos donos dos jornais onde trabalham. Apequenaram (um pouco mais) o jornalismo brasileiro com perguntas ultrapassadas, viciadas em seus argumentos, baseadas em estatísticas ultrapassadas, desmentidas pelo próprio presidente Chávez, numa demonstração inequívoca de que não estavam preparados para o debate. As velhas e surradas questões da liberdade em Cuba, de Chávez querer a cubanização da Venezuela, esquecendo-se tais profissionais que Chávez conta com o apóio de mais de 70% da população da Venezuela, depois de enfrentar várias eleições e um golpe de Estado. Repetem-se como papagaios.
Após as primeiras perguntas feitas, Chávez percebeu quem estava ali para dialogar com alguma seriedade e quem estava ali para provocar. E com os provocadores não teve contemplação. Não deu muita atenção à “sisuda e inteligente” figura de Eliane Catanhêde, articulista da FSP, que parecia não saber muito bem o que estava fazendo ali, a ponto de cometer a indelicadeza (provocação intencional) de querer que o entrevistado comparasse o seu governo com o governo de Lula.
Quando inquirido pelo tal jornalista do Estadão sobre a eventual falta de democracia e liberdade de expressão e/ou de imprensa na Venezuela, Chávez – habilidosamente e sem perder a compostura – respondeu: “tenho pena de ver um jovem jornalista como o senhor ir buscar os seus argumentos na lata do lixo (da história), como faz boa parte da imprensa venezuelana”, demonstrando que não estava ali para responder a questões que a realidade latino-americana está dando por vencida, numa nova etapa de luta de seus povos em busca de uma alternativa ao neoliberalismo globalizante tão ao gosto de jornalistas que, para não perderem o emprego, continuam a lamber o saco de seus patrões.
Perguntado ao final do programa se acreditava em Deus, pergunta original e profunda, o presidente venezuelano respondeu que se considerava um verdadeiro cristão, pois Cristo foi o primeiro e grande socialista da História e Judas, o primeiro capitalista, que traiu seu mestre (ou povo) por 30 dinheiros. Será que a maioria dos jornalistas presentes entendeu o recado?
Izaías Almada é escritor e dramaturgo.
Publicado originalmente na Caros Amigos
7. A penosa transição
Mauro Santayana
No próximo 15 de março fará 21 anos que José Sarney assumiu a presidência, em lugar de Tancredo, que se hospitalizara na véspera. Já temos quase tanto tempo de governo civil quanto de governo militar. Mas ainda não concluímos a transição política.(leia mais)
Livros e revistas
1. Estudos Históricos/Novo numero
Foi lançado o nº 35 da revista Estudos Históricos, que tem como tema "Brasil-Europa". A publicação contem os artigos: "A formação da elite medica, a Academia Nacional de Medicina e a Franca como centro de importação", de Odaci Coradini; "Um Éden germânico: Europa e América nas viagens de Oliveira Lima", de Fabio Muruci dos Santos; "O 'brasileiro de torna-viagens' e o lugar do Brasil em Portugal", de Igor Machado; "Circulação de idéias e construção nacional: Ronald de Carvalho no Itamaraty", de André Botelho; "O cosmopolitismo beligerante: a reconstrução educacional na capital do Brasil entre 1922 e 1935", de André Paulilo; "A 'vasta poeira humana' e o 'simum da desordem': paralelos entre Brasil-Russia nos anos 1920 e 1930", de Bruno Gomide; "De volta 'a Estação Europa: relatos de viagem e mudança em Alceu Amoroso Lima", de Marcelo Timotheo da Costa; "Do tempo analógico ao tempo abstrato: a musica mensurata e a construção da temporalidade moderna", de Maya Lemos. Alem dos artigos, a revista traz uma entrevista com Luiz Werneck Vianna e a resenha "Paulo Carneiro: um positivista brasileiro na Unesco", de Moema Vergara. Mais informações em www.editora.fgv.br.
2. Esporte e Sociedade/Lançamento
Em novembro será lançada a revista digital "Esporte e Sociedade", publicação quadrimestral que tem como objetivo contribuir para o avanço dos estudos sobre esporte a partir do dialogo com as ciências sociais e humanas. Mauricio Murad (UERJ - Sociologia), Pablo Alabarces (Universidade de . As contribuições (artigos e resenhas bibliográficas) deverão ser enviadas ate' o dia 28/10/2005. As normas estão disponíveis em www.lazer.eefd.ufrj.br/espsoc/.
3- "Em família: a correspondência de Oliveira Lima e Gilberto Freyre", organizado por Ângela de Castro Gomes. O livro, lançado no dia 27/9/2005, reúne as 180 cartas trocadas entre dois grandes intelectuais brasileiros: Manuel de Oliveira Lima e Gilberto Freyre, num período que vai de 1917 a 1928. Um espaço revelador de suas idéias, projetos, opiniões, interesses e sentimentos, demarcando, assim, as identidades de um ex-diplomata dedicado aos estudos históricos e de um jovem estudante, no inicio de sua formação. Mais informações em www.mercado-de-letras.com.br.
4- "O Mercosul nos discursos do governo brasileiro" (Ed. FGV), de Maria Cândida Galvão Flores. A partir da analise dos discursos de presidentes da Republica e chanceleres, o livro investiga as contradições da política externa brasileira quanto 'a estratégia do governo ao se engajar na construção do projeto de integração dos paises do Cone Sul. Mais informações em www.editora.fgv.br.
5- "Medos Corriqueiros e Sociabilidade" (Ed. Universitaria), organizada por Mauro Guilherme Pinheiro Koury. A coletânea apresenta os primeiros resultados da pesquisa sobre Medos Corriqueiros e Sociabilidade, tendo como foco a cidade de João Pessoa. E' um trabalho coletivo dos pesquisadores do GREM - Grupo de Antropologia e Sociologia da Emoção da UFPB, sob a coordenação e orientação do Prof. Mauro Koury.
6. Nas bancas o nº 4 da Revista de Historia da Biblioteca Nacional, trazendo um dossiê sobre Crianças. Rosilene Alvim escreve sobre Crianças exploradas; Renata Meirelles fala das influências culturais sobre brinquedos e brincadeiras; Renato Pinto Venâncio trata dos enjeitados. Ainda: entrevista com Luiz Filipe de Alencastro; artigos sobre a literatura infantil, o uso de bebidas pelos índios, os documentos secretos da diplomacia britânica sobre o golpe de 1964, biografia de Mauá. E Liana Maria Reis mostra que a preocupação em desarmar a população já se manifestava em Minas Gerais, no século XVIII.
7. A editora Civilização Brasileira publica Em busca da Idade Média, de Jacques Le Goff (224 p, R$ 29,90). Como diz o prof. Carlos Roberto Nogueira, da USP, “este delicioso livro é um memorial. Poucos historiadores tiveram a chance (ou o desejo) de explicar a sua trajetória, porquê suas vidas os levaram a estudar este ou aquele tema. Mas Le Goff o faz. E isso no melhor sentido do seu consagrado Fazer História.
8. Muito interessante o blog http://www.revistapontes.blogspot.com/ Aceita matérias, inclusive de estudantes, de todas as áreas das Humanas. Visite e participe!
9. HISTÓRIA DO AMOR NO BRASIL - Mary Del Priore (ganhadora dos prêmios Jabuti e Casagrande & senzala)
O livro chegará no dia 24/10 e em seguida poderá ser encontrado nas melhores livrarias do país. O que é o amor? Sentimento imutável ao longo da História ou manifestação vinculada ao seu tempo?
As pessoas namoram e se beijam hoje da mesma forma que faziam durante o período colonial? A historiadora Mary Del Priore responde a essas questões percorrendo, com competência e leveza, 450 anos de idéias, práticas e modos amorosos no Brasil. Da rígida família patriarcal até a “desordem amorosa” propiciada pela pílula e pela revolução feminista, do amor-paixão ao amor que leva ao casamento, do flerte à paquera, a autora aborda séculos de vida amorosa no Brasil. Ricamente ilustrado, História do amor no Brasil é leitura ideal para mulheres e homens que querem entender - e viver - o afeto mais cantado da História – Editora Contexto, 336 p., R$49,90.
10. Livro elucida paradeiro de desaparecidos políticos
Carta Maior
Onde foi que vocês enterraram nossos mortos? é o primeiro livro do jornalista Aluízio Palmar, ex-líder da VPR e MR-8.(leia mais)
11. A Revista de Estudos Judaicos, editada pelo Instituto Histórico Israelita Mineiro, através de sua Comissão Editorial, tem o prazer de convidar a comunidade em geral a enviar propostas para a construção de seu sexto número, a ser lançado em outubro de 2006, que terá como tema central Comunidades judaicas no Brasil. Embora ancorada nesse tema, material relativo a outros assuntos será considerado.
Com esse objetivo, estará recebendo artigos, resenhas e traduções até o dia 30 de março de 2006. Os interessados devem enviar suas contribuições em três cópias, acompanhadas de arquivo em disquete, para:
Comissão Editorial da REJ
Instituto Histórico Israelita MineiroRua Pernambuco, 326 – cep 30130-150 - Belo Horizonte - MG - Brasil
Os trabalhos devem estar em conformidade com as normas contidas em anexo. Maiores informações podem ser obtidas pelo e-mail ihim@pib.com.br
Dissertações e teses
O caminho para casa: o retorno dos Dekasseguis/DissertaçãoFabio Yoiti Hirano (hirano@nepo.unicamp.br) defendeu, em 25/3/2005, dissertação de mestrado em Demografia, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), intitulada "O caminho para casa: o retorno dos Dekasseguis", orientado por Rosana Baeninger. Segue o resumo da dissertação, feito pelo autor: "Na formação da sociedade brasileira, a imigração estrangeira contribuiu para a consolidação e desenvolvimento do pais importando e utilizando-se da mão-de-obra européia e asiática. Desempenhou o papel de pais receptor de imigrantes ate' por volta da década de 60 do século XX, para então exercer a função de 'exportador' de trabalhadores para paises da Europa, EUA e Japão a partir da segunda metade da década de 80 dentro de um novo contexto socioeconomico, cultural e político. O movimento em direção ao Japão conhecido como Dekassegui constitui o terceiro maior grupo de brasileiros no exterior, uma migração recente, que teve seu auge no começo da década de 90 e que vem mantendo uma certa continuidade. A dinamicidade do fluxo migratório deu impulso para a criação de redes sociais, interferindo para alguns na natureza temporal do movimento. O retorno destes imigrantes e a sua caracterização socio-demografica são as questões que este trabalho propõe estudar".
Temos muitas coisas interessantes. Além de notícias da ANPUH-MG, concursos diversos estão sendo anunciados.
Mas é nos artigos que temos temas instigantes. Um artigo enviado pelo prof. Jaime Pinsky, sobre direito à Cultura; um enviado pelo Lucas, discutindo questões relacionadas ao ensino de história; e duas contribuições da prof ª Mônica Liz abordando a realidade do ensino superior no Brasil dos últimos anos.
Falam os amigos
Olá prof.Ricardo, há muito tempo não me pronuncio no seu (ou nosso) boletim, mas estou sempre acompanhando, leio todas as informações e dicas semanalmente
Com relação ao REFERENDO, após ouvir várias opiniões e participar de alguns debates, sou a favor do NÃO. Acredito que o problema não está no desarmamento. Acho que seria mais sensato uma revisão e posterior alteração do nosso código penal (o atual é do século passado, da década de 40).
É necessário rever a situação dos presídios. Detentos provocando constantes rebeliões causando destruições dos patrimônios públicos, obrigando anualmente o gasto de milhões de reais por parte do Estado, para recuperação das instalações carcerárias por esse Brasil afora. Os mesmos tem seus direitos garantidos, soma-se "apenas" alguns anos a mais nas sentenças, por mais esse delito. Há caso de detentos, que, somando suas penas a cumprir, ultrapassam os cem anos.
Se para os homens de bem o trabalho é imperativo, por que para os bandidos tudo vem de graça? Alguma coisa está errada. Alterar o código penal, impor leis mais severas para casos de assaltos, roubos, latrocínios, homicídios, seqüestros, tráfico de drogas, etc., pode ser uma opção para baixar o índice da criminalidade em nosso país.
Infelizmente não existe boa vontade parlamentar em atualizar o nosso código penal. Seria talvez porque os próprios representantes do povo em Brasília ficariam seriamente comprometidos com novas leis, mais severas, para os diversos crimes, desde corrupção a assassinatos?
Tenho certeza de que com leis mais severas não teríamos diariamente notícias de parlamentares que vendem a ética; juízes que vendem sentenças; jornalistas que vendem a verdade; árbitros de futebol que vendem resultados; policiais que vendem flagrantes; fiscais que vendem notificações, etc., etc., etc....
Voltando ao referendo, fazendo uma analogia, vejo o SIM semelhante ao que ocorreu entre os EUA x Iraque: após a ONU e o próprio EUA desarmarem o Iraque, os norte americanos invadiram aquele país com um forte aparato militar, usando mísseis, tanques, helicópteros, aviões e numeroso contingente de soldados bem treinados, contra uma nação desarmada, fragilizada e indefesa, que não oferecia poder de reação. Uma covardia de um imperialismo prepotente. Os EUA seria os bandidos, cada vez mais audaciosos, e o Iraque seria os cidadãos de bem desarmados.
Um abraço.
Conrado Delazari (seu ex-aluno)
Utilidade pública
Monografias e teses
Orientação e revisão de monografias e teses com base nas normas da ABNT e fundamentação na metodologia do trabalho científico.
Qualquer área do conhecimento.
Maria Tereza - itch@terra.com.br ou pelo telefone 34119490
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Notícias
1. Rituais indígenas no Museu da República
Agência Carta Maior
Em sua sexta edição, o projeto Rito de Passagem traz ao Rio o universo de 10 povos do país, retratados em exposição, mostra de filmes, oficinas e apresentação de rituais.(leia mais)
2. Informes da ANPUH regional
a) Com este segundo Informativo, o Núcleo Minas Gerais da Associação Nacional de História (ANPUH-MG) inicia o processo de organização, divulgação e inscrição no próximo Encontro Regional, que se realizará na cidade de São João Del Rei, no período de 10 a 15 de julho de 2006. O Encontro Regional da ANPUH já se consagrou como um dos principais eventos do calendário acadêmico de Minas Gerais, tendo se tornado um espaço privilegiado de intercâmbio entre os profissionais da área e um fórum adequado para a troca de idéias e experiências, parte importante da consolidação da reflexão histórica em Minas Gerais e no Brasil.
O XV Encontro Regional de História, ao contrário do que é costume, não terá um tema central. Embora a escolha de temas nos eventos anteriores não excluísse a apresentação de trabalhos, mini-cursos e conferências desvinculados da proposta central, a atual ausência visa explicitar o grande dinamismo que a nossa disciplina tem demonstrado em Minas Gerais. Uma vez que é enorme a variedade de contribuições presentes nos últimos eventos, o que se constata também na vitalidade dos Grupos de Trabalho, a idéia é evidenciar ainda mais o seu caráter de grande reunião periódica. O Encontro Regional, assim como o Simpósio Nacional, se tornou um canal aberto de exposição do “estado da área”, razão pela qual os organizadores optaram por esta formatação. O XV Encontro, sem “tema”, busca evidenciar ainda mais seu lócus gregário, isto é, “espaço privilegiado para pensar coletivamente o estado atual da produção historiográfica em Minas Gerias” (Informativo no 1, novembro 2003), sem dirigismo ou interferência.
Informações adicionais e Divulgação de todos os Informativos:
Sítio: www.anpuhmg.ufjs.edu.br
Correio eletrônico: anpuhmg@ufsj.edu.br
Telefone: (32) 3379-2496 (das 14h às 18h)
b) Caros colegas
Como deverá ser do conhecimento de vocês estaremos realizando nosso VII ENCONTRO NACIONAL DOS PESQUISADORES DO ENSINO DE HISTÓRIA, em Belo Horizonte, entre 13 e 17 de fevereiro de 2006, na Faculdade de Educação da UFMG.
Convidamos você a se inscrever, caso ainda tenha feito.
Os procedimentos para as inscrições – quem pode se inscrever, os GTs de Pesquisa e outras informações estão disponíveis em nosso site:
Inscrições pelo site : www.fae.ufmg.br/labepeh/encontro.htm
DÚVIDAS
e-mail: 7enpeh@gmail.com ou
pelo telefone: 0xx31 3499-5303
Vocês verão que as inscrições para o evento e inscrições de trabalhos (resumos) foram prorrogadas para o dia 19 de outubro. Gostaríamos muito que vocês comparecessem ao nosso ENCONTRO apresentando seu trabalho de pesquisa. No entanto, caso você não possa apresentar trabalho, sua presença como pesquisador do ensino de História, será também muito bem-vinda.
Para facilitar a divulgação, para qual contamos com a sua valiosa colaboração, enviamos-lhe em anexo um texto contendo as principais informações.
Atenciosamente
Lana Mara de Castro Siman - coordenadora geral do evento.
3. Mestrado Profissional em Bens Culturais e Projetos Sociais/CPDOC
Estão abertas, ate' o dia 18/11/2005, as inscrições para o exame de seleção da turma de 2006 do Mestrado Profissional em Bens Culturais e Projetos Sociais do CPDOC da Fundação Getulio Vargas. Mais informações em www.cpdoc.fgv.br, através do tel.: (21) 2559-5757 ou pelo e-mail pphpbc@fgv.br.
4. Vaga para professor de Ciência Política/USP
Estão abertas, ate' o dia 27/10/2005, as inscrições para o concurso publico para provimento de um cargo de Professor Doutor, no Departamento de Ciência Política, disciplina de Relações Internacionais, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Mais informações em www.usp.br ou através do tel.: (11) 3091-4590.
5. Seleção de recém-doutores
- O Programa de pós-graduação em Antropologia Social, do Museu Nacional (UFRJ), esta' aceitando, ate' o dia 18/11/2005, a inscrição de candidatos interessados em participar do processo de seleção para usufruir uma bolsa do Programa de Absorção de Recém Doutores (PRODOC) outorgada pela CAPES por um período de 15 meses (entre janeiro de 2006 e marco de 2007). Os candidatos deverão ter obtido o titulo de doutor em Antropologia, ou em qualquer das áreas das Ciências Humanas, no Maximo 5 anos antes da data de inscrição. Mais informações em ppgasmuseu.etc.br, através do e-mail ppgas@mn.ufrj.br ou do tel.: (21) 2568-9642.
O Programa de Formação de Quadros Profissionais do Centro Brasileiro de Analise e Planejamento (Cebrap) esta' selecionando quatro pesquisadores recem-doutores, com ate' cinco anos de doutoramento, das áreas de Filosofia e Ciências Humanas, para um período de dois anos, com o inicio das atividades em marco de 2004. O prazo para as inscrições se encerra no dia 31/1/2006. Mais informações em www.cebrap.org.br ou através do tel.: (11) 5574-0399.
6. Seleção para mestrado em Antropologia Social/UFRNO
Programa de pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) esta' com inscrições abertas, ate' o dia 19/11/2005, para o curso de mestrado. Mais informações em www.cchla.ufrn.br/ppgas, através do e-mail ppgas@cchla.ufrn.br ou do tel.: (84) 3215-3547.
Internacional
1. As cores do terrorismo e Cuba
Ramón ChaoHá várias décadas, os EUA praticam uma agressão permanente contra Cuba, com invasões, ao redor de oitenta tentativas de magnicídio contra Fidel Castro, atentados com quase 4 mil mortos, um bloqueio absoluto. É um caso de terrorismo de um branco radiante.(leia mais)
2. Bloqueio dos EUA causa perdas de US$ 82 bilhões para Cuba
Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior - 10/10/2005
Implantado formalmente em 1962, pelo então presidente dos EUA John F. Kennedy, o bloqueio econômico contra Cuba viola regras do direito internacional e resoluções aprovadas pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Relatório anual aponta os pesados custos deste bloqueio para a população cubana.(leia mais)
3. DOENÇA GLOBALIZADA
Gripe aviária se tornará uma pandemia humana, alerta a OMS
Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior - 17/10/2005
Para autoridades da Organização Mundial da Saúde não há mais dúvida de que a "gripe do frango" se tornará uma pandemia humana, com um alto custo social e político. Governo brasileiro prepara-se para evitar a entrada da doença no país e diz estar pronto para começar a produzir vacina no início de 2006.(leia mais)
4. COMUNICAÇÃO E PODER – Artigo importante, em que se mostra que as recentes atitudes da mídia norte-americana, brasileira e venezuelana podem perfeitamente contribuir para a volta de regimes fascistas.
Postura da mídia abre espaço para a volta do fascismoMaurício Thuswohl - Carta Maior - 15/10/2005 Intelectuais presentes em seminário promovido pela Unesco, no Rio, avaliam que casos recentes nos EUA, onde parte dos veículos adotou a autocensura, no Brasil e na Venezuela mostram que a relação mídia-poder tem de ser tema central da análise política internacional.(leia mais)
5. Origens da nova onda de violência no Iraque
Francisco Carlos Teixeira - Carta Maior - 13/10/2005
Ramadã, votação do projeto de Constituição e julgamento de Saddam Hussein insuflam resistência e tornam o mês de outubro o mais difícil de 2005 para os soldados dos EUA no Iraque. A análise é do historiador Francisco Carlos Teixeira.(leia mais
Brasil
1. Para ONGs, crítica do Banco Mundial à transposição ainda é válida
Verena Glass - Carta Maior - 12/10/2005
Relatório do Banco Mundial de 2000 afirma que eixo norte da transposição é desnecessário, que projeto dificilmente atenderá os pobres, e sugere investimentos em alternativas. Críticas ainda são pertinentes pois projeto não mudou nos pontos em questão, diz FBOMS.(leia mais)
2.Michael Löwy retoma elo entre tragédia ambiental e capitalismo
Irracionalidade do modelo capitalista está conduzindo o planeta a um desastre de proporções incalculáveis. A situação se degrada de maneira tão rápida que evitar o desastre ambiental é tarefa para agora e não para daqui a um século. Advertência é do sociólogo Michael Löwy, autor de "Ecologia e Socialismo".
Maurício Thuswohl - Carta Maior 12/10/2005
Rio de Janeiro – Sob o domínio do capitalismo, a humanidade vem estabelecendo uma relação cada vez mais predatória com a natureza e o planeta já emite sinais visíveis de que nos aproximamos rapidamente de um cenário de desastre ambiental. Para reverter essa tendência autodestrutiva, a humanidade precisa adotar o quanto antes como sistema produtivo e econômico um socialismo humanista e ecológico. O alerta foi feito pelo sociólogo Michael Lowy na noite de segunda-feira (10) durante debate que lotou um dos auditórios da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Brasileiro radicado na França há mais de 30 anos, especialista na obra de Karl Marx e muito admirado pela esquerda dos dois países, Lowy lançou recentemente um elogiado ensaio intitulado “Ecologia e Socialismo”, onde analisa a situação ambiental em todo o mundo.
Ladeado pelos intelectuais brasileiros Leandro Konder e Carlos Nélson Coutinho, Lowy foi taxativo ao definir um cenário que qualificou como alarmante: “A irracionalidade do capitalismo nos leva a um desastre de proporções ainda incalculáveis. Os sinais desse desastre já são visíveis e atendem pelos nomes de efeito estufa, acúmulo de lixo atômico, destruição de florestas, desaparecimento de espécies e redução da diversidade biológica”, disse. Lowy afirmou que a situação ambiental do planeta se degrada de maneira tão rápida que até mesmo o “discurso de que precisamos preservar o mundo para nossos filhos” já foi superado: “Evitar o desastre ambiental é tarefa para agora, não é uma questão para daqui a um século. As conseqüências que temíamos para nossos filhos já estão aí, para nós mesmos. Imaginem então com a inevitável piora que deverá ocorrer em cinco, dez, 20 ou 30 anos”, disse.
Lowy disse acreditar que episódios como o aumento da incidência de furacões na região da América Central, Caribe e Sul dos Estados Unidos ou a insistente ocorrência de chuvas torrenciais e enchentes na Ásia, entre outros, já sejam “um início de resposta” para o aquecimento global provocado pelo capitalismo: “Até a temida previsão das cidades submersas por conseqüência do efeito estufa já começa a se concretizar com Nova Orleans”, disse. O historiador fez duras críticas ao Protocolo de Quioto, considerado por ele como “absolutamente aquém do necessário” para salvar o planeta: “Quioto é a coisa mais avançada que a elite dominante foi capaz de produzir. Trata-se de um protocolo furado, com objetivos mínimos e, ainda assim, os Estados Unidos, país que mais polui, são contra sua implementação”, disse.
O mercado para compra de créditos de carbono, previsto no protocolo e considerado positivo por boa parte do movimento ambientalista, também foi criticado por Lowy: “O mercado de carbono significa o absurdo de os grandes poluidores poderem comprar o direito de poluir. Não resolveremos o problema se pensarmos apenas na manutenção dos patamares, que nem assim é alcançada”, disse. A pouca ousadia do Protocolo de Quioto, aliada à manifesta má vontade política das maiores potências capitalistas em deter a marcha predatória, segundo Lowy, devem fazer a humanidade “pensar em soluções radicais” como a adoção do socialismo: “Defendo o eco-socialismo, partindo das idéias de Marx e somando a elas toda a discussão ecológica que foi acumulada nas últimas décadas”, disse.
“Quebrar as forças produtivas”
A maior polêmica do debate aconteceu quando Lowy criticou a visão dos primeiros marxistas que defendiam a expansão das forças produtivas no socialismo: “As forças produtivas não são neutras. As técnicas de produção capitalista destróem o meio ambiente e ameaçam a humanidade. Marx falava em quebrar a máquina burguesa e temos que aplicar essa lógica também ao aparelho produtivo”, disse. Admitindo estar fazendo “o papel de advogado do diabo”, Carlos Nélson Coutinho retrucou: “Será que é preciso quebrar as forças produtivas? A dominação da natureza também significa liberdade para a humanidade, significa a superação da alienação. Não podemos ser contrários à idéia de dominação da natureza, mas devemos combater determinadas formas que ela assume”, disse.
Coutinho disse ainda que a proposta de evitar a expansão das forças produtivas deve ser analisada com cuidado nos países do Terceiro Mundo e avaliou que, talvez por serem de países pouco desenvolvidos em suas respectivas épocas, importantes marxistas como Lênin ou Gramsci eram “entusiastas do desenvolvimento das forças produtivas e de métodos como o taylorismo e o fordismo”. Lowy respondeu que, até a década de 40, havia poucos marxistas que tivessem uma visão crítica e ecológica sobre este assunto e citou Friederich Engels ao dizer que “a natureza deve ser dominada, mas não como um exército domina um país inimigo”.
Lowy disse ainda que a expansão de forças produtivas “positivas” como o desenvolvimento da medicina e das tecnologias de comunicação deve ser logicamente estimulada, mas criticou com veemência as fontes de energia utilizadas no capitalismo: “Além de terem extração altamente poluidora, os combustíveis fósseis, como o petróleo, já têm data para acabar. A energia atômica, devido ao acúmulo de lixo atômico por milhares de anos, também deve ser descartada”, disse. Ele afirmou que, no eco-socialismo, a humanidade deve buscar outros caminhos energéticos: “Temos que encontrar novas fontes de energia renováveis e desenvolver as já conhecidas. É o caso da energia solar, mas ela não interessa ao capitalismo porque é democrática e gratuita”, disse.
Chico Mendes e MST
Michael Lowy afirmou que a luta pelo eco-socialismo já está se dando em ações concretas como o enfrentamento do movimento ambientalista e da sociedade em geral com as empresas poluidoras ou as mobilizações contra os projetos agressivos ao meio ambiente. Ele ressaltou a necessidade de se multiplicar esse tipo de ação: “Temos que nos articular desde já sob uma perspectiva radical”, disse. O historiador disse que o eco-socialismo “tem raízes no Brasil” através “das lutas sociais e ambientais que se desenrolaram e se desenrolam até hoje” e saudou a memória de Chico Mendes: “Ele é um pioneiro e exemplo maior dessa luta, pois enfrentou o latifúndio e as empresas multinacionais para defender a integridade da Amazônia”. Lowy também criticou o agronegócio no Brasil por “estar destruindo o meio ambiente” e elogiou o MST: “As cooperativas de produção e a agricultura familiar são caminhos que apontam para o futuro”, disse.
O historiador Jaime Pinsky, ex-professor da USP e da UNICAMP, atualmente editor da Editora Contexto, enviou-nos o artigo a seguir, e gostaria de receber comentários e críticas. Portanto, não deixem de enviar!!!
3. O direito à Cultura
Jaime Pinsky
É razoável definir cultura como sendo toda a produção material ou imaterial do gênero humano. Nesse sentido é que arqueólogos, antropólogos e outros estudiosos caracterizam a especificidade de uma tribo construir uma casa, plantar uma raiz, pintar o corpo ou elaborar suas lendas. Em decorrência dessa visão pode-se afirmar que conhecer a cultura de um grupo implica em dar conta das coisas que consideramos belas e boas, como também daquelas que não consideramos.
Falar gritando, surrar a esposa, construir cidades feias, desobedecer leis, buscar vantagens indevidas em cargos públicos e sonegar impostos na iniciativa privada, dirigir alcoolizado sem sentir culpa, desrespeitar faixas de pedestres, ser arrogante (quando poderoso) e dissimulado (quando buscando o poder), são características culturais freqüentemente atribuídas aos brasileiros, por exemplo.
Num sentido mais estreito, podemos falar da cultura como sendo a patrimônio cultural da humanidade, que temos o direito de usufruir. Aí falamos, por exemplo, da filosofia grega, da ética dos profetas hebreus, do direito romano, das catedrais medievais, das pinturas e esculturas de Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael, da música de Bach e Beethoven, do pensamento de Marx (querendo entender a sociedade), de Freud (buscando entender o interior das pessoas), de Einstein (tentando explicar o universo), do cinema de Charlie Chaplin, e por aí afora.
Embora tenha poucas esperanças de que venha a acontecer defendo o direito de todos terem contato com obras fundamentais da cultura humana, produções do gênio humano que justificam nossa presença neste planeta. Mais ainda, assusta-me a idéia apresentada por uma professora, em recente programa de tevê educativa, dizendo que o ensino deveria restringir-se à leitura de “textos” ligados a questões diretamente vivenciadas pelos alunos. Ora, essa corrente de educação executiva e funcional, confundida freqüentemente com construtivismo – que não é nada disso, professora – tenta explicar um mundo que não precisa da escola. Por outro lado, corre-se o risco de ensinar que a história da humanidade se reduz a falcatruas públicas e privadas, a assaltos, tráficos, assassinatos e outros menos votados.
Não se trata, é claro, de viver num mundo que não tenha contato com o que está aqui, mas trata-se de desenvolver padrões éticos e estéticos que permitam aos jovens mesurar melhor o significado de atitudes anti-sociais, que a geração que está no poder pratica descarada e despudoradamente. Mergulhar na cultura da humanidade nos qualifica melhor para dar conta do mundo em que vivemos hoje. Daí falarmos de desenvolver padrões éticos e estéticos.
Os éticos são óbvios, mas padrões estéticos também, porque não? Ouvindo música de qualidade as pessoas adquirem condições de avaliar se o que lhes é impingido pelas rádios movidas a jabaculê é, de fato, “música que o povo gosta” ou ruído selecionado pelos marqueteiros gravadoras. Lendo livros bons elas poderão descobrir o enorme prazer que a leitura proporciona, assim como a autonomia que ela nos dá: lemos onde e quando queremos, no ritmo que desejamos, não temos que ler propaganda nos intervalos, os heróis têm a aparência que nossa imaginação criadora determina). Vendo bons filmes teremos a ocasião de perceber o processo de infantilização de adultos (comédias idiotas, desenhos elementares, personagens sem conteúdo) e de assassinato da infância (violência e sexo à vontade, ou melhor, sexo com violência, como se um precisasse estar vinculado ao outro) ao qual os grandes estúdios estão nos submetendo.
Cultura, enfim, pode até deixar a alma mais sensível e complexa, mas ser humano é assumir a complexidade inerente à nossa condição. Além do mais, chorar com o violoncelo plangente de um adágio beethoveniano, ou com a relação entre Amós Oz e sua mãe no livro mais assumidamente edipiano escrito por um grande romancista, não é a mesma coisa do que derramar lágrimas em passagens improváveis de sofrimentos de heroínas protagonizadas por atrizes de quinta categoria.
Todos sabem que até o mais talentoso jogador de futebol tem que treinar muito. Talento é sorte, empenho é virtude. Assim também com a cultura. Gostar e não gostar tem a ver também com educação. Defendo, aqui, o direito de todos à Cultura. Para os que a buscam com vontade, no meio do caminho há um arco íris que nunca desaparece...
Jaime Pinsky, historiador e editor, doutor pela USP e professor titular da Unicamp, é autor de vasta obra e organizador do livro Cultura & Elegância.
Nosso ex-aluno Lucas Franco, atendendo a nosso pedido em boletim passado, enviou-nos um artigo em que discute questões educacionais relevantes. O texto também está colocado aqui para ser debatido e discutido.
4. O educador em competências:
O ‘pensar’ como meta
A respeito da pesquisa realizada recentemente pelo Instituto Paulo Montenegro, cujo resultado catastrófico foi divulgado no Boletim Mineiro de História (n.52 – nova fase 004), resolvi fazer um pequeno comentário sobre a função imprescindível dos professores/educadores brasileiros, hoje, (diante dessa situação difícil de analfabetismo) de ensinar os estudantes a pensar criticamente a sua realidade.
Lucas Henrique Franco Silva
É pensamento consensual entre os professores/educadores brasileiros, na atualidade, de que estimular os estudantes da Educação Básica a pensar, desenvolvendo-lhes a capacidade de argumentação própria, é uma necessidade irrefutável. Tal diagnóstico evidencia que a maioria dos alunos não são plenamente alfabetizados, críticos, politizados e, por conseqüência, desconhecem princípios norteadores da atuação cidadã.
A escola tradicional, como espaço restrito de repasse de conhecimentos já produzidos, não encontra, hoje, razão de existir. Isto é notório, uma vez que os objetivos educacionais contemporâneos de oportunizar a construção de indivíduos criativos, capazes de solucionar problemas e de atuar com inovação na realidade, exigem uma nova postura das instituições de ensino: a de possibilitar o debate de idéias democráticas entre todos os elementos na/da escola, deslocando o educando para o centro das atenções, na condição de ativo produtor de conhecimentos. Além disso, é fundamental que o docente/educador se atente a, pelo menos, mais duas competências indispensáveis em seu trabalho, somadas à ‘científica’. Elas são: a ‘política’, bem como a ‘afetiva’.
O processo de ensino-aprendizagem é permanente e necessita ser, cotidianamente, aprimorado. Neste sentido, a ‘competência científica’, isto é, o estudo e a pesquisa de temáticas para o aprofundamento dos conteúdos ensinados, são informações que o professor precisa transformar em conhecimentos. Esta transformação é uma prática de mediação, quando o docente/educador se propõe a fazer uma responsável ‘Transposição Didática’ (TD). A TD pressupõe a preparação de linguagens (que são variadas) ajustadas à compreensão dos estudantes, em cada momento da Educação Básica.
Ademais, é essencial destacar a ‘humanidade’ deste profissional de ensino formal, a partir de duas frentes: a ‘política’ (parcialidade) e a ‘afetiva’ (sensibilidade). Cada ser humano carrega em si um acervo de valores, concepções de mundo e de maneiras distintas de vivenciar a realidade social. A reflexão crítica deste indivíduo representa sua ‘competência política’. Convêm lembrar que, sendo os professores/educadores mediadores comprometidos com o desenvolvimento cognitivo de seus parceiros de trabalho (os estudantes) – instigando-lhes a geração de competências políticas, durante o processo educacional – as chances de se engendrar cidadãos conscientes de suas responsabilidades, opinantes e que interferem decisivamente na dinâmica social serão muito maiores. Face a essa questão considera-se a sensibilidade do professor – ao estar antenado com as angústias e expectativas do alunado, no transcorrer das relações inter-pessoais – um instrumento de fortalecimento de laços de confiabilidade entre tais atores sociais, que favorece o bom andamento do ensino e da aprendizagem.
Por fim, considera-se indispensável que os docentes da Educação Básica sejam mais do que transmissores de informações. É mister então que utilizem todos os métodos didáticos possíveis e lícitos para selecionar e transformar as muitas informações – divulgadas nos mais diversos veículos de comunicação, especialmente pela mídia – em conhecimentos, tendo como co-participantes o alunado. Todas essas competências aqui salientadas são elementos que necessitam caminhar de mãos dadas no exercício do magistério. Uma boa instrução, aliada a uma sensível preocupação com os questionamentos e demandas sociais de cada tempo, são posturas desejáveis e armas poderosas para que o educador do futuro se faça presente no agora. Em suma, fomentar a reflexão, o pensamento crítico e, portanto, o exercício da cidadania plena no educando, precisa consistir em uma meta a ser alcançada, paulatinamente, por meio da contribuição do profissional de ensino.
5. A professora Mônica Liz envia duas contribuições para nosso boletim. A primeira é um trecho de uma entrevista com Marilena Chauí, em 1999, na parte em que ela toca na questão das universidades brasileiras. Em seguida, um artigo do Yahoo notícias. Fica fácil perceber a relação entre as duas matérias. Leiam! E comentem!!!
Trecho da entrevista, publicada na Caros Amigos de agosto de 1999.
José Arbex Jr. - Professora, a questão da universidade é muito importante, até porque a maioria dos leitores é de universitários, por isso a gente insistiu no começo para a senhora explicar como era a universidade e...
Então era bom explicar o que aconteceu com ela depois da ditadura, não é?
José Arbex Jr. - Eu gostaria que a senhora explicasse a trajetória de um certo grupo de intelectuais que participaram da luta contra a ditadura e que hoje participam do desmonte da universidade pública.
Sérgio Pinto de Almeida -Até porque esses nomes permeiam a sua conversa, são citados várias vezes o Weffort, o Fernando Henrique, o Gianotti...
Bom, deixa contar um pouco. Mesmo porque os estudantes já pediram para ouvir isso várias vezes, o que foi a reforma da universidade no tempo da ditadura. O que faz a ditadura? Ela reprime a classe trabalhadora, reprime a esquerda e tira todo e qualquer poder da classe média, que entretanto é a sua base de sustentação. Então ela introduz várias formas de compensação para a classe média, e uma das coisas que ela introduziu como compensação foi a promessa de abertura da universidade como forma de ascensão social e prestígio. Por que ela faz essa promessa, e por que ela cumpre? Porque o Conselho Federal de Educação, durante todo o período da ditadura, foi dirigido pelos donos das escolas particulares. Então, o primeiro ato foi destruir a escola pública de 1º e 2º graus, sob o argumento de que os professores eram subversivos. Na verdade, é porque isso garante a ampliação da rede das escolas particulares, cujos proprietários são os membros do Conselho. Depois é introduzida essa idéia da universidade aberta para a classe média. Isso leva ao aumento do número das vagas, ao mesmo tempo é o período em que eles estão lutando contra a chamada evasão dos cérebros (isto é, grandes professores contratados por universidades estrangeiras e deixando o Brasil), então aumentam os salários dos professores e permitem um número maior de contratações (porque exercem em todos os lugares o controle de quem é contratado), introduzem o vestibular unificado e por teste, e modificam o currículo. Introduzem a noção de crédito e estabelecem um número de créditos. Introduzem a idéia de matérias obrigatórias e optativas, introduzem a licenciatura curta, que é para formar os professores de 1º e 2º graus, introduzem o ciclo básico – em alguns lugares eles não conseguiram, mas introduziram o ciclo básico. Ao mesmo tempo, deslocam os recursos públicos em duas direções: para os caciques das oligarquias da ditadura, e portanto esses caciques, esses coronéis abrem universidades federais, nas quais colocam os amigos. E uma outra parte dos recursos vai para as universidades particulares, que aí pululam em toda parte. Nesse processo eles deram o 2º grau para a baixa classe média, para compensar a baixa classe média que não ia chegar à universidade, e colocaram no 2º grau o profissionalizante. No caso do ensino superior, afunilaram a entrada na universidade, e ao mesmo tempo propuseram que a universidade começasse a ser indiretamente subvencionada pelas empresas, porque a função da universidade era formar mão-de-obra para o mercado. Com isso, não só destroçaram a universidade crítica dos anos 60, como destroçaram as universidades clássicas que havia no Brasil. Em cima dessa universidade é que foi se acoplando a mudança que, em escala mundial, a universidade sofreu. Então, essa primeira universidade da ditadura chamo de “universidade funcional”. Quer dizer, ela cumpre duas funções: pacifica a classe média e funciona para o mercado de trabalho. A etapa seguinte, que é a etapa dos anos 80, chamo de “universidade dos resultados”. É aquela universidade que, com a estrutura que nela foi colocada, deve mostrar que é produtiva. Em primeiro lugar, é preciso dividir as universidades em dois tipos – as chamadas centros de excelência, o caso da USP, e as chamadas alinhadas, isto é, as que fazem a opção preferencial pelo pobre, aquelas que fazem efetivamente vínculo com os movimentos sociais. As universidades alinhadas são consideradas o baixo clero improdutivo.
José Arbex Jr. - A PUC seria o que, nesse caso?
Está entre os centros de excelência.
Marina Amaral -Quais são as alinhadas?
As federais. Então, nos centros de excelência, a produtividade é medida pelo número de publicações, pelo número de orientandos na pós-graduação, pelo número de cursos de extensão. Bom, dá aquele rolo que vocês todos conhecem, de fazer aquela lista dos improdutivos, que é uma brincadeira.
José Arbex Jr. - José Goldemberg...
O caso é: consagrou-se a idéia de separar as universidades alinhadas improdutivas e as universidades excelentes, e dentro das excelentes dividir em “Universidade Um” e “Universidade Dois”. Universidade Um, USP e Unicamp. A Universidade Um forma as elites, na pesquisa e no mercado. A Dois forma docentes e prepara estudantes para a pós-graduação nas universidades Um. Qual é o sentido dessa brincadeira? É a distribuição dos recursos. Então, para as alinhadas não vai nada, para as excelentes vai tudo, só que vai menos para as excelentes Dois e mais para as excelentes Um.
José Arbex Jr. - Esse sistema de classificação é formal ou informal?
Ah, é informal. Aparece apenas na avaliação da produção, ninguém fala isso.
Marina Amaral –Nem nos centros de excelência?
Não, isso é a linguagem política do processo. A linguagem formal do processo é “produtivo” e “improdutivo”, e tem a classificação. Você é classificado em A, B, C e D. Essa classificação vai para as graduações, para as pós-graduações, determina a distribuição de bolsas, determina auxílios para colóquios, congressos, publicações, enfim, e para a infra-estrutura de pesquisa. Então, você tem um controle econômico da produção a partir desses critérios inteiramente abstratos e quantitativos da produtividade. Bom, esse modelo se sobrepõe ao modelo anterior que permaneceu como um resto. Em cima disso veio a universidade de resultados, agora como segundo extrato arqueológico, e sobre ela vem o que eu chamo a “universidade operacional”. O termo operacional não é meu, é de um autor canadense chamado Freitag, que escreveu um livro chamado Naufrágio da Universidade. Universidade operacional é aquela que realiza ou concretiza as virtualidades da universidade funcional e da universidade de resultados. Como ela faz isso? Tomando a universidade como uma organização social, isto é, como uma administração ou uma gestão de recursos, e a sua distribuição sob a forma de contratos universitários. E a ênfase recai sobre o vínculo entre produtividade e especialização. Considera-se que a produtividade aumenta com o aumento do grau de especialização, que é típico da noção de organização na medida que uma organização sempre tem um problema local com um objetivo particular, uma meta, que ela vai resolver. Então, se consolida um processo de fragmentação, de hierarquização da qualidade e de hierarquização dos recursos. E isso, do ponto de vista do contrato de gestão, recebe o nome de autonomia. A autonomia não é o poder da universidade para se autodirigir e decidir currículos, avaliações etc., não tem nada a ver com o processo acadêmico. A autonomia se refere à liberdade para encontrar formas convenientes de gestão dos recursos quanto à operacionalidade, se ela tem de dar resultados e ser funcional, precisa ter um referencial. Ela é operacional para quem? É dito que para o desenvolvimento econômico do país, isto é, ela é operacional para as empresas. E portanto são as empresas que vão julgar isso, porque elas vão despejar recursos através de convênios e de fundações privadas. Ao mesmo tempo, isso produz um problema. É que os currículos não estão em consonância com essa demanda empresarial. Então, para estabelecer a consonância do currículo com a demanda empresarial, se introduz uma nova terminologia, que se chama “flexibilização”. Então, você flexibiliza o currículo, altera o currículo para responder à demanda. E depois, como tudo isso tem de ter o parâmetro da avaliação, fala-se na “qualidade total” da produção. Acontece que determinadas universidades que têm um certo padrão de trabalho, e que conseguiram sobreviver com esse padrão na funcionalidade e no resultado, desaparecerão se elas se tornarem organizacionais, que é o caso da USP.
Marina Amaral -Por quê?
Porque ela vai esfacelar o trabalho que realiza. O que se propõe como corretivo? Interdisciplinaridade. Você tem o que um companheiro meu chamava de uma faca de dois legumes, que é a produtividade estar vinculada à especialização, mas a qualidade está vinculada à interdisciplinaridade. Aí você tem uma proposta perfeitamente esquizofrênica. Agora, vamos sobrepor a isso a consonância, a sintonia fina, a harmonia que há entre o MEC e o pensamento do Banco Mundial e do BID para a reforma universitária.
Wagner Nabuco - Isso é um projeto interno?
Interno. Ele não vem de fora. O que vem de fora é um diagnóstico das universidades brasileiras, é dito o que não é aceitável para haver investimento. Mas como é feito o diagnóstico, quem fornece os dados do diagnóstico? Nós, porque para fazer o diagnóstico o Banco Mundial e o BID têm de ter gente aqui que pensa daquele jeito. Então, não é que não venham um pacote do Banco Mundial e um pacote do BID, vêm, mas eles não são um pacote vindo de fora. Eles são produzidos conosco mesmo, somos nós que produzimos o diagnóstico, e a parte dos bancos consiste em dizer: “Bom, diante desse diagnóstico não invisto se houver isto, isto e isto. E invisto se houver isto, isto e isto. Virem-se”. Como o pensamento é único, como eles pensam todos da mesma maneira, o que acontece? O Banco Mundial diz: “Investimento público maciço tem de ir para 1º e 2º graus. Virem-se, mas é lá”. Resposta do governo: municipalização e o Fundão. Há um novo desmonte do 1º e do 2º graus (que agora se chamam “fundamental” e “médio”) e ao mesmo tempo há a afirmação de que a prioridade está lá, e que a prova dessa prioridade é a municipalização e a existência do fundo. E evidentemente prova-se a tal prioridade com todas as ações de superfície: pintar os prédios, colocar computador, coisas desse tipo. Do lado da universidade, o diagnóstico veio do BID. O BID faz o diagnóstico e no rodapé está: “Dados vindos de... Dados vindos de...”. Então os dados vão todos daqui.
Wagner Nabuco - E esse diagnóstico é um papel, é um documento?
É um documento do BID sobre o ensino superior na América Latina e no Caribe. O diagnóstico usa dois crité-rios: custo/benefício e a existência ou não de um sistema de punição e recompensa. Na análise de custo/benefício, o diagnóstico é a inoperância das universidades da AL e do Caribe. E, na análise de recompensa e punição, o diagnóstico é: laxismo, falta de um sistema rigoroso de recompensa e punição. Bom, intermediando a discussão do custo/benefício, e da recompensa/punição, é feita, vamos dizer, uma avaliação dos principais problema que são: a evasão, o arcaísmo dos curriculos do ensino superior e o gasto excessivo com pessoal. É muito interessante. No documento, os problemas aparecem como se fossem dados da natureza. Tem o vulcão, maremoto, ciclone e a evasão. (risos) Não tem causa, não tem origem, não tem sociedade, não tem nada, tem a evasão. Então, a evasão, o gasto excessivo com professores e funcionários sem investimento em infra-estrutura, currículos obsoletos, inoperância na gestão das verbas. E na punição/recompensa há frouxidão nos crité-rios de avaliação. Bom, depois tem a proposta. Então, o ensino superior é dividido em quatro – eles falam “funções” –, em quatro funções. A formação de elite na pesquisa e para o Estado; a grande escola profissional; o curso técnico; e o que eles chamam de liberal arts, ou o generalista. A formação de elite é feita através de cursos de graduação, de pós-graduação e de centros de pesquisa, investimento exclusivamente público, a fundo perdido, avaliação pelos pares, só. O diagnóstico é que a América Latina e o Caribe são completamente deficitários nisto e que é preciso fazer esse investimento. Se corrigidos os problemas de gestão, certo? Depois, o profissional que é a tradição: direito, medicina, engenharia, arquitetura, e novas profissões também. Aqui há graduação, a pós-graduação é opcional e o financiamento deve ser misto, uma parte privado, uma parte público. A análise também é de que a América Latina é deficitária e obsoleta nisso. A função técnica ou o curso superior técnico é um curso de graduação de curta duração, ou seja, se uma graduação dura quatro anos, o curso técnico deve durar dois. Ele está diretamente vinculado à demanda do mercado e deve ser finan-ciado privadamente. E, depois, tem o generalista, que é um curso superior com disciplinas gerais e currículo feito pelo interessado, o qual pode estar fazendo outros cursos, ou não ter feito nenhum, e tem um diploma de curso superior montando um currículo de várias disciplinas interessantes. A função desse curso é o que eles chamam de “aditar valor” ao currículo. Ou seja, na competição do mercado de trabalho, você faz esse curso e aumenta o valor competitivo do currículo. Essa proposta está a caminho.
Francisco Alembert - E como entram os intelectuais, formados pela universidade pública, que estão aí?
Eles pensam da mesma maneira. Aquela fala curiosa do Fernando Henrique: “Eu não vou privatizar o ensino superior porque ninguém quer pagar os custos”. E depois explicou: “Não, isso tem de ser investimento de longo prazo...”. É a descrição que o BID faz da formação de elites. Aquela fala é a descrição palmar do BID para a formação de elites, que tem de ser exclusivamente com dinheiro público.
http://br.news.yahoo.com/051016/25/yed9.html
Dom, 16 Out - 19h30 Estudo prevê falência de faculdades, revelam consultorias
Agência Estado
O ciclo de crescimento do ensino superior privado acabou, ao menos no ritmo e na intensidade registrada nos últimos dez anos. O cenário, a partir de agora, principalmente para as instituições mais novas e com menos alunos, é enfrentar uma sucessão de fusões, incorporações e falências. Junto com isso, o próprio perfil de parte das faculdades deverá mudar para atender a um tipo crescente de estudante, vindo das classes C e D. As constatações, e previsões, fazem parte de um estudo desenvolvido por três consultorias da área educacional, intitulado Análise Setorial do Ensino Superior Privado no Brasil - Tendências e Perspectivas 2005-2010, que será divulgado quarta-feira, em São Paulo, num fórum educacional.
As perspectivas traçadas não são mais tão animadoras e indicam uma fase de consolidação de um mercado relativamente novo no País. Em 1997, por exemplo, havia 505 mil vagas para 392 mil alunos ingressantes. Em 2003, foram 1,721 milhão de vagas e 995 mil alunos. Ou seja, enquanto a oferta cresceu 241%, a demanda aumentou apenas 154% - o que faz com que hoje, em 2005, 42% das vagas estejam ociosas. Isso porque, das 1.762 instituições privadas que existem hoje, 998 foram criadas nos últimos seis anos - a maior parte delas, 935, têm menos de 500 alunos. E são essas as que correm mais riscos para continuarem funcionando.
"Podemos dizer que nos próximos três anos, de 400 a 500 instituições vão fechar as portas. Não quer dizer que todas vão decretar falência. Parte vai realmente fechar, algumas vão ser incorporadas por outras maiores, passando a carteira de alunos", afirma Ryon Braga, presidente da Hoper Educacional, uma das consultorias que fez o estudo, ao lado da CM Consultoria e da Ideal Invest. Ainda incipiente, as mudanças já acontecem. Ele cita os exemplos de fusões ocorridas no Centro Universitário Anhanguera, que recebeu recursos do Fundo de Investimentos do Banco Pátria, da compra das faculdades IESD e FAD pela Uniderp em Mato Grosso e a aquisição das Faculdades Metropolitanas de Londrina, no Paraná, pelo Iesb de Brasília, além da fusão entre as faculdades Hoyler e Spei em Curitiba. São exemplos de instituições pequenas, pouco conhecidas, mas que passaram a formar alunos de graduação nos últimos anos.
O descompasso se explica pelas mudanças ocorridas a partir da gestão do ex-ministro Paulo Renato, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. A partir de 1995, as regras para abertura de instituições tornaram-se mais flexíveis e, em 1999, foi regulamentada a lei que permitiu faculdades com fins lucrativos. Além disso, com a expansão do ensino fundamental, aumentou o número de formandos do ensino médio, prontos para tentarem uma graduação. De olho em uma demanda reprimida de alunos, que disputava as vagas em vestibulares concorridos, muitos empresários resolveram abrir cursos e o País registrou um grande crescimento de instituições privadas. Mesmo no atual governo, que adotou uma atitude mais restritiva para a abertura, cerca de 90 instituições foram autorizadas.
Esgotamento
A disputa pelo aluno, além da falência, traz outra conseqüência para o ensino superior. "O tempo do dinheiro fácil, do aluno fácil, acabou. Antes, as instituições só pensavam no aluno da classe A e B, que era quem conseguia fazer faculdade. Agora, parte delas começa a fazer projetos para a classe C e, em breve, classe D, que até pouco tempo não chegava à faculdade", explica o consultor Carlos Monteiro, da CM Consultoria.
"Com isso, você tem um novo perfil de aluno, menos exigente, com senso crítico diferente do aluno tradicional e com problemas de formação", diz. Desse modo, algumas faculdades estão tentando um perfil mais "popular", buscando um aluno que pode pagar mensalidades mais baratas e não passaria em um processo concorrido de seleção. Mesmo nesse caminho, há dificuldades. Isso porque a média das mensalidades, que baixou nos últimos anos por causa dessas novas instituições, está em torno de R$ 467 - e alunos de classe C não conseguem pagar nem cerca de R$ 300.
"Há uma grande demanda ainda, mas de pessoas que não têm condições de pagar. O grupo que suporta o preço já se estabilizou. Temos de buscar formas alternativas de financiamento, seja privado ou público, como o Fies e o ProUni", diz o presidente das entidades mantenedoras de estabelecimentos de ensino superior de São Paulo (Semesp), Hermes Ferreira Figueiredo. "A tendência é as escolas focarem no seu público. Como o Ibmec, por exemplo, que abriu um curso que prezou pela qualidade para alunos bem preparados que poderiam pagar. E outras, que buscam alunos da classe C, com menos exigência", diz o presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Gabriel Mário Rodrigues, reitor da Universidade Anhembi-Morumbi, uma das que optaram por cursos rápidos e diferentes dos tradicionais.
6. A sabedoria de Hugo Chávez no Roda Viva
Por Izaías Almada (da revista Novae)
Argumentos tirados da lata do lixo...
A frase acima foi usada pelo presidente Hugo Chávez como parte de uma resposta dada a um jornalista de O Estado de São Paulo no programa Roda Viva da segunda-feira, 3 de outubro.
Não sei se o leitor teve a oportunidade de assistir ao programa. Fiquei sabendo quase em cima da hora, pois a “discrição” com que foi anunciado na mídia já demonstrava mais uma vez o preconceito contra a emblemática figura de Chávez. E lá fui eu, postar-me em frente ao televisor, na expectativa de assistir a um debate de alta qualidade intelectual e política, uma vez que o tradicional programa, em inúmeras de suas edições, já quase a alcançar o milhar, o comprovou em várias oportunidades.
O de segunda-feira, no entanto, deixou a desejar. Não pela figura do presidente venezuelano, sempre franco, educado, sabedor de que devia se ater aos problemas da América Latina e – em particular – aos problemas da sua nova Venezuela. A decepção ficou por conta da mediocridade (e em alguns casos má fé mesmo) com que alguns dos entrevistadores se comportaram. Salvo as exceções de Fernando Morais e Bob Fernandes, que procuraram levantar questões pertinentes à importância e ao momento histórico do entrevistado, os outros integrantes da roda se comportaram (tão em moda na imprensa brasileira atual) mais como inquisidores do que propriamente entrevistadores. Pior ainda: inquisidores mal preparados.
Nesse particular, o destaque fica para os três profissionais de três jornalões brasileiros, Folha, Estadão e Correio Brasiliense, que fizeram a ridícula figura de ventríloquos, como se estivessem ali a repetir uma pequena lista de perguntas feitas pelos donos dos jornais onde trabalham. Apequenaram (um pouco mais) o jornalismo brasileiro com perguntas ultrapassadas, viciadas em seus argumentos, baseadas em estatísticas ultrapassadas, desmentidas pelo próprio presidente Chávez, numa demonstração inequívoca de que não estavam preparados para o debate. As velhas e surradas questões da liberdade em Cuba, de Chávez querer a cubanização da Venezuela, esquecendo-se tais profissionais que Chávez conta com o apóio de mais de 70% da população da Venezuela, depois de enfrentar várias eleições e um golpe de Estado. Repetem-se como papagaios.
Após as primeiras perguntas feitas, Chávez percebeu quem estava ali para dialogar com alguma seriedade e quem estava ali para provocar. E com os provocadores não teve contemplação. Não deu muita atenção à “sisuda e inteligente” figura de Eliane Catanhêde, articulista da FSP, que parecia não saber muito bem o que estava fazendo ali, a ponto de cometer a indelicadeza (provocação intencional) de querer que o entrevistado comparasse o seu governo com o governo de Lula.
Quando inquirido pelo tal jornalista do Estadão sobre a eventual falta de democracia e liberdade de expressão e/ou de imprensa na Venezuela, Chávez – habilidosamente e sem perder a compostura – respondeu: “tenho pena de ver um jovem jornalista como o senhor ir buscar os seus argumentos na lata do lixo (da história), como faz boa parte da imprensa venezuelana”, demonstrando que não estava ali para responder a questões que a realidade latino-americana está dando por vencida, numa nova etapa de luta de seus povos em busca de uma alternativa ao neoliberalismo globalizante tão ao gosto de jornalistas que, para não perderem o emprego, continuam a lamber o saco de seus patrões.
Perguntado ao final do programa se acreditava em Deus, pergunta original e profunda, o presidente venezuelano respondeu que se considerava um verdadeiro cristão, pois Cristo foi o primeiro e grande socialista da História e Judas, o primeiro capitalista, que traiu seu mestre (ou povo) por 30 dinheiros. Será que a maioria dos jornalistas presentes entendeu o recado?
Izaías Almada é escritor e dramaturgo.
Publicado originalmente na Caros Amigos
7. A penosa transição
Mauro Santayana
No próximo 15 de março fará 21 anos que José Sarney assumiu a presidência, em lugar de Tancredo, que se hospitalizara na véspera. Já temos quase tanto tempo de governo civil quanto de governo militar. Mas ainda não concluímos a transição política.(leia mais)
Livros e revistas
1. Estudos Históricos/Novo numero
Foi lançado o nº 35 da revista Estudos Históricos, que tem como tema "Brasil-Europa". A publicação contem os artigos: "A formação da elite medica, a Academia Nacional de Medicina e a Franca como centro de importação", de Odaci Coradini; "Um Éden germânico: Europa e América nas viagens de Oliveira Lima", de Fabio Muruci dos Santos; "O 'brasileiro de torna-viagens' e o lugar do Brasil em Portugal", de Igor Machado; "Circulação de idéias e construção nacional: Ronald de Carvalho no Itamaraty", de André Botelho; "O cosmopolitismo beligerante: a reconstrução educacional na capital do Brasil entre 1922 e 1935", de André Paulilo; "A 'vasta poeira humana' e o 'simum da desordem': paralelos entre Brasil-Russia nos anos 1920 e 1930", de Bruno Gomide; "De volta 'a Estação Europa: relatos de viagem e mudança em Alceu Amoroso Lima", de Marcelo Timotheo da Costa; "Do tempo analógico ao tempo abstrato: a musica mensurata e a construção da temporalidade moderna", de Maya Lemos. Alem dos artigos, a revista traz uma entrevista com Luiz Werneck Vianna e a resenha "Paulo Carneiro: um positivista brasileiro na Unesco", de Moema Vergara. Mais informações em www.editora.fgv.br.
2. Esporte e Sociedade/Lançamento
Em novembro será lançada a revista digital "Esporte e Sociedade", publicação quadrimestral que tem como objetivo contribuir para o avanço dos estudos sobre esporte a partir do dialogo com as ciências sociais e humanas. Mauricio Murad (UERJ - Sociologia), Pablo Alabarces (Universidade de . As contribuições (artigos e resenhas bibliográficas) deverão ser enviadas ate' o dia 28/10/2005. As normas estão disponíveis em www.lazer.eefd.ufrj.br/espsoc/.
3- "Em família: a correspondência de Oliveira Lima e Gilberto Freyre", organizado por Ângela de Castro Gomes. O livro, lançado no dia 27/9/2005, reúne as 180 cartas trocadas entre dois grandes intelectuais brasileiros: Manuel de Oliveira Lima e Gilberto Freyre, num período que vai de 1917 a 1928. Um espaço revelador de suas idéias, projetos, opiniões, interesses e sentimentos, demarcando, assim, as identidades de um ex-diplomata dedicado aos estudos históricos e de um jovem estudante, no inicio de sua formação. Mais informações em www.mercado-de-letras.com.br.
4- "O Mercosul nos discursos do governo brasileiro" (Ed. FGV), de Maria Cândida Galvão Flores. A partir da analise dos discursos de presidentes da Republica e chanceleres, o livro investiga as contradições da política externa brasileira quanto 'a estratégia do governo ao se engajar na construção do projeto de integração dos paises do Cone Sul. Mais informações em www.editora.fgv.br.
5- "Medos Corriqueiros e Sociabilidade" (Ed. Universitaria), organizada por Mauro Guilherme Pinheiro Koury. A coletânea apresenta os primeiros resultados da pesquisa sobre Medos Corriqueiros e Sociabilidade, tendo como foco a cidade de João Pessoa. E' um trabalho coletivo dos pesquisadores do GREM - Grupo de Antropologia e Sociologia da Emoção da UFPB, sob a coordenação e orientação do Prof. Mauro Koury.
6. Nas bancas o nº 4 da Revista de Historia da Biblioteca Nacional, trazendo um dossiê sobre Crianças. Rosilene Alvim escreve sobre Crianças exploradas; Renata Meirelles fala das influências culturais sobre brinquedos e brincadeiras; Renato Pinto Venâncio trata dos enjeitados. Ainda: entrevista com Luiz Filipe de Alencastro; artigos sobre a literatura infantil, o uso de bebidas pelos índios, os documentos secretos da diplomacia britânica sobre o golpe de 1964, biografia de Mauá. E Liana Maria Reis mostra que a preocupação em desarmar a população já se manifestava em Minas Gerais, no século XVIII.
7. A editora Civilização Brasileira publica Em busca da Idade Média, de Jacques Le Goff (224 p, R$ 29,90). Como diz o prof. Carlos Roberto Nogueira, da USP, “este delicioso livro é um memorial. Poucos historiadores tiveram a chance (ou o desejo) de explicar a sua trajetória, porquê suas vidas os levaram a estudar este ou aquele tema. Mas Le Goff o faz. E isso no melhor sentido do seu consagrado Fazer História.
8. Muito interessante o blog http://www.revistapontes.blogspot.com/ Aceita matérias, inclusive de estudantes, de todas as áreas das Humanas. Visite e participe!
9. HISTÓRIA DO AMOR NO BRASIL - Mary Del Priore (ganhadora dos prêmios Jabuti e Casagrande & senzala)
O livro chegará no dia 24/10 e em seguida poderá ser encontrado nas melhores livrarias do país. O que é o amor? Sentimento imutável ao longo da História ou manifestação vinculada ao seu tempo?
As pessoas namoram e se beijam hoje da mesma forma que faziam durante o período colonial? A historiadora Mary Del Priore responde a essas questões percorrendo, com competência e leveza, 450 anos de idéias, práticas e modos amorosos no Brasil. Da rígida família patriarcal até a “desordem amorosa” propiciada pela pílula e pela revolução feminista, do amor-paixão ao amor que leva ao casamento, do flerte à paquera, a autora aborda séculos de vida amorosa no Brasil. Ricamente ilustrado, História do amor no Brasil é leitura ideal para mulheres e homens que querem entender - e viver - o afeto mais cantado da História – Editora Contexto, 336 p., R$49,90.
10. Livro elucida paradeiro de desaparecidos políticos
Carta Maior
Onde foi que vocês enterraram nossos mortos? é o primeiro livro do jornalista Aluízio Palmar, ex-líder da VPR e MR-8.(leia mais)
11. A Revista de Estudos Judaicos, editada pelo Instituto Histórico Israelita Mineiro, através de sua Comissão Editorial, tem o prazer de convidar a comunidade em geral a enviar propostas para a construção de seu sexto número, a ser lançado em outubro de 2006, que terá como tema central Comunidades judaicas no Brasil. Embora ancorada nesse tema, material relativo a outros assuntos será considerado.
Com esse objetivo, estará recebendo artigos, resenhas e traduções até o dia 30 de março de 2006. Os interessados devem enviar suas contribuições em três cópias, acompanhadas de arquivo em disquete, para:
Comissão Editorial da REJ
Instituto Histórico Israelita MineiroRua Pernambuco, 326 – cep 30130-150 - Belo Horizonte - MG - Brasil
Os trabalhos devem estar em conformidade com as normas contidas em anexo. Maiores informações podem ser obtidas pelo e-mail ihim@pib.com.br
Dissertações e teses
O caminho para casa: o retorno dos Dekasseguis/DissertaçãoFabio Yoiti Hirano (hirano@nepo.unicamp.br) defendeu, em 25/3/2005, dissertação de mestrado em Demografia, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), intitulada "O caminho para casa: o retorno dos Dekasseguis", orientado por Rosana Baeninger. Segue o resumo da dissertação, feito pelo autor: "Na formação da sociedade brasileira, a imigração estrangeira contribuiu para a consolidação e desenvolvimento do pais importando e utilizando-se da mão-de-obra européia e asiática. Desempenhou o papel de pais receptor de imigrantes ate' por volta da década de 60 do século XX, para então exercer a função de 'exportador' de trabalhadores para paises da Europa, EUA e Japão a partir da segunda metade da década de 80 dentro de um novo contexto socioeconomico, cultural e político. O movimento em direção ao Japão conhecido como Dekassegui constitui o terceiro maior grupo de brasileiros no exterior, uma migração recente, que teve seu auge no começo da década de 90 e que vem mantendo uma certa continuidade. A dinamicidade do fluxo migratório deu impulso para a criação de redes sociais, interferindo para alguns na natureza temporal do movimento. O retorno destes imigrantes e a sua caracterização socio-demografica são as questões que este trabalho propõe estudar".
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