Número 157
Prometi que não ia falar mais do assunto, mas não tem jeito. Vejam isso, retirado do blog do Nassif e reproduzido no blog do Paulo Henrique Amorim:
Lula, Satiagraha e a Real Politik
Atenção, um novo capítulo se abre para o caso Satiagraha.
O governo Lula acertou um acordo com a Editora Abril – e, por extensão, com Daniel Dantas – para anular a Operação Satiagraha. O acordo foi montado da seguinte maneira:1. É impossível interferir nos trabalhos em andamento do Ministério Público Federal e do juiz De Sanctis. A ofensiva de Gilmar Mendes foi um tiro no pé.
2. A estratégia acertada consistirá em tentar anular o inquérito de Protógenes, no âmbito da Polícia Federal. A versão preparada é que o inquérito continha irregularidades que precisariam ser sanadas. E a Polícia Federal colocou seus homens de ouro para “salvar” o inquérito. O trabalho dos “homens de ouro, na verdade, será o de garantir a anulação do inquérito.
3. Ao mesmo tempo, o governo aproveitará o factóide dos 52 funcionários da ABIN que participaram da operação - uma ação de colaboração já prevista pelo Sistema Brasileiro de Inteligência - para consumar a degola de Paulo Lacerda. A matéria do Estadão de domingo, o da "demissão em off" estava correta. Sabe-se, internamente no governo, que a operação foi normal. Assim como se tem plena convicção de que o tal “grampo” entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres foi uma armação. Mas Lula se curvou à real politik.
4. De sua parte, jornais e jornalistas mais envolvidos com o jogo estão reforçando essa versão do “inquérito ilegal” e do messianismo do delegado Protógenes. A armação, agora, terá o reforço da concordância tácita do Palácio.
5. O pacto foi referendado pela Ministra-Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. O Ministro Tarso Genro foi o que se mostrou mais constrangido com a operação, mas acabou se curvando à força dos fatos. Com essa operação, Lula e Dilma passam a ser aceitos no grande salão nobre, pavimentando a candidatura da Ministra para as próximas eleições.
6. O seu principal adversário, José Serra, já é outro aliado que entrou à reboque da Editora Abril. Está pagando um preço caro, com a descaracterização do seu discurso político.
7. A bola, agora, está com o Ministério Público e o Juiz De Sanctis, que terão que trabalhar com essa nova peça do jogo: a intenção de se anular o inquérito.Não sei por que, mas o evento da Abril me lembrou aquela cena épica de Francis Ford Copolla, o fecho do filme. Enquanto todos estão na grande ópera, os inimigos são fuzilados na calada da noite. Na grande festa foram selados os destinos do delegado Protógenes e Paulo Lacerda, dois funcionários públicos cumpridores da lei. Anotem os nomes deles e os repassem para seus filhos e netos: foram dois brasileiros dignos, sacrificados por um jogo sujo.
É o fim da grande batalha pela instituição da legalidade no país? Longe disso. É apenas um novo capítulo. Tanto assim, que integrantes próximos ao jogo estão completamente incomodados, assim como vários colegas jornalistas, que entenderam que esse jogo de cena foi longe demais e está comprometendo a imagem da categoria como um todo.Com tanta testemunha, tanto conflito de consciência, julgam ser possível varrer o elefante para debaixo do tapete? É muita falta de fé no estágio atual de desenvolvimento do país.
(*) Em tempo: um leitor assíduo do Conversa Afiada nos enviou essa informação preciosa.
(*) Em tempo: um leitor assíduo do Conversa Afiada nos enviou essa informação preciosa.
Vejam onde o Supremo Presidente almoçou ontem: "Agenda do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, para terça-feira (16)
13h - Almoço com a diretoria da Editora Abril. Local: Avenida das Nações Unidas 7.221 – Bairro Pinheiros, São Paulo."
http://www.stf.gov.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=96088
13h - Almoço com a diretoria da Editora Abril. Local: Avenida das Nações Unidas 7.221 – Bairro Pinheiros, São Paulo."
http://www.stf.gov.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=96088
A capa da Veja desta semana mostra que a revista está se dedicando, também, ao humor. Só pode ser piada!!!
No Blog do Azenha a notícia que deve estar deixando a Miriam Leitão arrancando os cabelos laqueados de todo dia. E ouvi dizer que o Kamel está sem beber água há sete dias!!! Tudo culpa do Bushinho!!!
"OS ESTADOS UNIDOS À BEIRA DA COMUNIZAÇÃO: BUSH NACIONALIZA SEGURADORA
"OS ESTADOS UNIDOS À BEIRA DA COMUNIZAÇÃO: BUSH NACIONALIZA SEGURADORA
Atualizado em 17 de setembro de 2008 às 02:32 Publicado em 17 de setembro de 2008 às 02:30
Chamem a Miriam Leitão. Convoquem urgentemente o Arnaldo Jabor. Tirem o Ali Kamel da cama.
A mão invisível do mercado aprontou mais uma.
Parece que andou se aproveitando da situação e cometendo atentado ao pudor contra a carteira de milhões de norte-americanos.
Será que o Hugo Chávez abduziu o George Bush?
Será que o Evo Morales baixou na Casa Branca?
Para quem está chegando agora, ontem à noite o governo dos Estados Unidos decidiu colocar 85 bilhões de dólares de dinheiro público para estatizar uma seguradora.
Nacionalizaram o prejuízo.
Esperarei sentado pelas manchetes escandalizadas de "O Globo" e pelos editoriais enfezados do "Estadão".
Agora é aquela hora em que a "mão de obra" intelectual tem que provar o valor.
Vamos nos divertir com a ginástica intelectual da turma que pregava a "destruição criativa" do capitalismo para os bens alheios.
É o que nos resta."
Luiz Carlos Bresser Pereira escreveu na Folha de 22.9:
A crise se aprofunda
Como em 1929, a crise atual é gerada pela especulação de agentes financeiros em busca de maiores ganhos
NA ÚLTIMA semana a crise bancária americana se aprofundou dramaticamente, e já não há mais dúvida de que estamos diante da mais grave crise econômica mundial desde 1929. Como naquela época, estamos diante de uma crise gerada pela especulação de agentes financeiros em busca de maiores ganhos. Como naquela ocasião, os especuladores lograram contornar a regulação bancária existente. Diferentemente do ocorrido nos anos 1930, porém, o governo americano e, mais amplamente, os governos dos países ricos, munidos da teoria macroeconômica keynesiana, revelam competência muito maior em enfrentar e parcialmente anular os efeitos perversos da crise.
A crise financeira de 1929 representou um desmentido flagrante da teoria econômica neoclássica, que foi aos poucos substituída pela macroeconomia keynesiana. Durante os 40 anos seguintes à Grande Depressão, o mundo prosperou apoiado por políticas econômicas competentes. A partir de meados dos anos 1970, porém, teve início a ofensiva ideológica neoliberal que restaurará o domínio da teoria econômica neoclássica e neoliberal nas universidades -teoria desnecessariamente orientada a desmoralizar o Estado e justificar mercados auto-regulados. Os países ricos, porém, não utilizaram as teorias neoliberais que ficaram restritas à universidade e aos países em desenvolvimento.
Nos anos 1980, houve a grande crise da dívida externa que não foi conseqüência de erros da política econômica, mas da oferta de empréstimos irresponsáveis pelos grandes bancos internacionais e do erro dos países em desenvolvimento de aceitá-los. Entretanto, se os formuladores da política monetária dos países ricos não seguiram a teoria econômica neoliberal, o mesmo não se pode dizer de seus bancos. Eles acreditaram na tese do mercado auto-regulado, rejeitaram a necessária regulação de suas "inovações financeiras" usando os argumentos daquela teoria, e agora estão quebrando. Se essas quebras ficassem limitadas às próprias empresas irresponsáveis, não haveria grande problema. Porém, como levam à crise toda a economia mundial, fica clara a perversidade do problema criado. Nesse quadro, apenas um fato é positivo: a política keynesiana que vem sendo adotada, e, por isso, não há possibilidade de voltarmos aos níveis de queda da renda e de desemprego dos anos 1930.
O Brasil já está sendo atingido pela crise através da queda do preço das commodities, da baixa das ações devido às saídas de capitais e da depreciação do real. Dada a notória apreciação do real, sua depreciação com essas saídas poderia ser bem-vinda. Na última semana, porém, um ataque especulativo interno contra o real, acelerando sua depreciação, mostrou que a economia brasileira voltou a se fragilizar internacionalmente, apesar dos US$ 208 bilhões de reservas. E obrigou o BC a intervir vendendo dólares. Os especuladores locais puderam vender reais e comprar dólares porque o déficit em conta corrente voltou a se manifestar, uma vez que a liquidez em reais da economia brasileira subiu muito.
Como mostrou Yoshiaki Nakano no Fórum de Economia da FGV, o aumento de reservas dos dois últimos anos, através de compras de dólares pelo BC, não correspondeu ao equivalente aumento da dívida pública, mas ao aumento da quantidade de moeda. Portanto, da mesma forma que as reservas foram construídas através do aumento de liquidez em reais, sua diminuição pode levar à rápida desaparição das reservas internacionais se houver qualquer perda de confiança.
LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 74, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Macroeconomia da Estagnação:Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994".Internet: http://www.bresserpereira.org.br/lcbresser@uol.com.br
LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 74, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Macroeconomia da Estagnação:Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994".Internet: http://www.bresserpereira.org.br/lcbresser@uol.com.br
E aos 91 anos, lúcido como sempre, nosso velho e querido historiador Eric Hobsbawm encontra tempo para ironizar o Bushinho:
Bush estatiza mais que Putin, diz Hobsbawm
MAURÍCIO MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O capitalismo está em convulsão, assegura o historiador britânico Eric Hobsbawm, autor de clássicos como "Era dos Extremos". Ele se atém ao ditado do banqueiro inglês Lord Overstone, que no século 19 resumiu os humores do sistema financeiro: "Quietude, progresso, confiança, prosperidade, excitação, especulação, convulsão, pressão, estagnação, fim e, novamente, quietude".
Aos 91 anos, vivendo em Londres, Hobsbawm se desculpou por não conceder uma entrevista à Folha, mas enviou comentários por e-mail. Disse que a atual crise "marca o fim da desregulamentação e do fundamentalismo de mercado" e que EUA e Europa "estão descobrindo o que a América Latina e a Ásia conhecem de longa data -o quão séria uma crise do capitalismo pode ser".
"O que eu gostaria de dizer sobre a atual crise está descrita no artigo "Capitalismo em Convulsão'", disse Hobsbawm. O texto é de John Plender, publicado pelo "Financial Times".
Plender diz que a desaparição do Lehman Brothers faz pensar sobre o "modelo de independência dos bancos de investimento", mesmo problema dos bancos centrais: "Os políticos vão querer cobrar um preço" na hora da recapitalização, diz ele.
Em tempos em que o governo Bush abandona a ideologia para assumir as rédeas do capitalismo, Hobsbawm ironiza: "Quem poderia imaginar que Bush teria de nacionalizar sua economia numa escala muito maior que [Vladimir] Putin?".
Este artigo foi escrito antes da crise se manifestar com toda a intensidade. Bela análise, que os fatos só confirmam.
O que há de novo no front
Eva Paulino Bueno
É possível que o discurso de Barak Obama aceitando a nomeação como candidato democrata para a presidência dos Estados Unidos tenha sido um dos discursos mais assistidos nos últimos anos. Talvez até mesmo tenha sido o discurso mais assistido até hoje. Sem exagero. Simplesmente existem mais aparelhos de televisão, e a eleição do próximo presidente americano assume uma importância sem precedentes, não só para este país, mas também para o mundo inteiro.
Quero utilizar este espaço para indagar, primeiro, porque esta eleição é tão importante nos Estados Unidos. Em seguida, faremos uma breve análise do que os dois candidatos, Barak Obama e John McCain, trazem à arena política do país e do mundo. Depois, usando o que está sendo dito e escrito nos últimos dias na imprensa americana, faremos um balanço do que se sabe e do que se espera destes dois candidatos.
1.
O ponto inicial que temos que mencionar para entender a importância desta eleição são os fatores econômicos, que são os que atingem a população do país e afetam outras nações neste nosso mundo globalizado. Os Estados Unidos se encontram dentro de uma crise econômica e financeira de graves proporções, e esta crise afeta todos os outros setores da sociedade. Para entender a crise, poderíamos voltar até o começo do século XX e ver o que fez dos Estados Unidos uma potência econômica, mas para isto precisaríamos escrever livros. Não temos tempo, nem espaço; então, vamos fazer somente uma rápida visita aos anos 80, em que imperaram, primeiramente Ronald Reagan (ator de filmes categoria “B”), e George Herbert Walker Bush (também conhecido como Bush I). E aqui, temos que usar nosso famoso ditado que “uma andorinha só não faz verão”: um presidente republicano sozinho não afunda um país. Neste caso, foram necessários vários governos para levar o país à borda da bancarrota. Os Estados Unidos tem uma indústria muito forte, e universidades onde se fazem pesquisas de ponta, e é um país que tradicionalmente tem dado guarida a muitos cientistas e estudiosos do mundo interior. Este é um país de vastas proporções e enormes reservas naturais, e além de tudo, tem uma população que entende o valor do trabalho. Mas o governo pode afetar negativamente mesmo um país assim. Senão vejamos: quando Bill Clinton foi eleito e assumiu a presidência em 1992, os governos de Reagan e de Bush I tinham juntado uma dívida nacional no valor de 4 trilhões de dólares. Durante o governo de Clinton, foram elevados os impostos aos ricos, aumentaram os empregos, pagou-se esta dívida, e o país viveu uma relativa paz. Ao deixar o governo, Bill Clinton havia pago a dívida de 4 trilhões de dólares e juntado um crédito positivo de 236 bilhões de dólares. Isto não foi feito como um passe de mágica, mas com responsabilidade fiscal, impostos a quem mais tem, respeito pelos mais fracos, e cuidado com a coisa pública.[1]
Quando George W. Bush assumiu a presidência em 2000, depois de uma eleição contestada até o último voto, ele imediatamente deu descontos de impostos ao 1% da população mais rica no valor de 630 bilhões de dólares, e passou a juntar outros 200 bilhões para garantir sua reeleição, o que aconteceu em 2004, também com uso de táticas específicas, que discutiremos adiante. Neste momento, os Estados Unidos têm um déficit nunca visto em toda sua história. Bancos estão falindo. Companhias estão fechando, despedindo empregados em massa. Outras companhias estão consolidando, também despedindo empregados, diminuindo o número de produtos fabricados. Pessoas estão perdendo suas casas. Empregos estão ficando mais e mais difíceis de se obter, e os salários estão caindo. A violência aumenta, devido principalmente à falta de oportunidades e ao desespero de muitas pessoas. Enquanto isto, uma guerra ruge no Iraque e outra no Afeganistão, custando, além de bilhões de dólares, as vidas de soldados americanos e de gente destes dois países. E, também enquanto isto, aumenta o número de adeptos do Taliban — que assumiram a responsabilidade do ataque de 11 de setembro de 2001 — e os maiores responsáveis por aqueles ataques ainda continuam soltos.
Esta situação de instabilidade econômica nos Estados Unidos acaba afetando muitos outros países, especialmente aqueles cujos sistemas bancários estão de alguma maneira ligados ao sistema americano. Assim, as dificuldades com os bancos começaram com Bear Stearns nos Estados Unidos, e seguiram com o IKB e o West LB na Alemanha, e o Northern Rock no Reino Unido. Os mercados de ações, até para leigos como eu, parecem extremamente instáveis. Além disto, o cidadão estadunidense vê a cada semana novas tentativas de privatização do seguro social, que foi criado no governo de Franklin D. Roosevelt como parte do programa New Deal, em 1935. Isto é: a administração Bush II, elevada ao poder graças às mutretas de uma Corte Suprema regida por juízes de extrema direita, não só quer comprometer os que vivem hoje, mas também gerações futuras, que estariam sem esta possibilidade de se aposentar e receber o que aplicou no fundo de seguro social.
O segundo ponto também está relacionado aos fatores econômicos, mas de uma forma oblíqua: a questão da continuação da guerra no Afeganistão e da guerra do Iraque. A do Afeganistão, que ostensivamente ia agarrar Osama Bin Laden e seus comparsas, acabou se transformando em algo que não se entende direito, mas que parece que não tem nenhuma previsão de fim. O público parece ter perdido o interesse, talvez porque os ataques espetaculares estão diminuindo, embora ainda morram soldados e civis. Esta guerra saiu das primeiras páginas. O que continua sem parar é o gasto de dinheiro, a destruição de vidas e propriedades no Afeganistão, assim como o aumento de jovens se juntando ao que nos Estados Unidos se convencionou chamar de “terroristas”. Deve ser muito ruim ver o próprio país invadido por estrangeiros, sejam eles lá quem forem. Muitos destes que se juntam ao Taliban vêm de famílias que sofreram vexames, destruição e morte como resultado da invasão estrangeira, que não lhes trouxe nenhum benefício. O Oeste, com os Estados Unidos à frente, chegou prometendo mundos e fundos, mas assim que o governo taliban (aliás, um bando de assassinos) foi derrotado, não se deram as condições estruturais para que o país se auto-governasse, e as forças estrangeiras permaneceram no país sem ter um rumo certo, enquanto o taliban se reorganizava nas montanhas e voltava à vida e ao ataque.
Quanto à guerra do Iraque, convém lembrar — como se fosse possível esquecer — a continuada pressão por parte do governo Bush II para começá-la. Em especial, constava de seus argumentos que Saddam tinha armas de destruição massiva e podia atacar os Estados Unidos. A um certo ponto, Bush II disse que queria destruir Saddam Hussein porque ele havia ameaçado seu pai (Bush I). O que não entrava na equação (é interessante como se esquecem estas coisas) era o fato que Saddam Hussein uma vez foi o garoto propaganda dos Estados Unidos: não tinha laços com a religião muçulmana e serviu para atacar ferozmente o Irã (assim recrudescendo o fundamentalismo e o fanatismo da facção dominante naquele país, em detrimento da população civil). Naquele tempo, os Estados Unidos não protestaram o fato que os filhos de Saddam Hussein aterrorizavam a população iraquiana e que seus sequazes assassinavam, torturavam, violavam, sem o menor receio de punição. Saddam enriquecia, posava de ditador com seu bigode, rodeado de outros bigodes, sorrindo na certeza de ser intocável. Mas, assim que Saddam – provavelmente lembrando-se dos bons tempos em que tudo que fazia era aceito, e não medindo exatamente o que isto significava – atacou o seu vizinho Kuwait e ameaçou os interesses das grandes companhias petrolíferas, a coisa mudou, como vimos em 1990/1991. Uma coisa temos que admitir, no entanto, sobre Bush I: ele teve o bom senso de não atacar Bagdá e retirou as tropas do país.[2] Mas, Bush II tinha que ligar o ataque de 11 de setembro de 2001 com o Iraque, e assim foi. A avalanche de “experts” escrevendo e falando a favor da guerra foi algo incrível para quem vivia aqui naquela época.[3] As razões, como também muitos apontaram então, e têm mostrado desde o início desta malfadada guerra, tinham mais a ver com a posse do petróleo que de qualquer outra coisa. [4] Mas, para o consumo público, o que se fala é em “democracia”, “liberdade”. Muitos engolem. Assim podemos entender como os que perdem filhos, ou maridos, ou esposas, ou irmãos, ou irmãs, ou pais, podem repetir, diante das câmeras, que seus entes-queridos morreram “defendendo nossa liberdade”. Podemos também entender isto como uma maneira de recuperar, de alguma forma, a horrível perda. Ninguém gostaria de dizer que seu filho/a, irmã/o, esposo/a, pai/mãe morreram para que companhias milionárias fiquem ainda mais ricas vendendo gasolina e outros derivados do petróleo. Seria horrível demais. Então talvez doa menos usar uma abstração e dizer que foi em nome dela — da famosa liberdade – que eles morreram.
O país se encontra em uma espécie de pesadelo, em que mesmo as pessoas que no início se manifestaram a favor da guerra do Iraque começam a sentir que tudo foi um engodo, destinado a efervescer os sentimentos “patrióticos” enquanto na surdina os que realmente ganham com as guerras se dispunham a ganhar ainda mais. O pior, neste momento, é que já se perdeu tanto, que muita gente acha que os Estados Unidos não podem simplesmente sair do Iraque e do Afeganistão. Alguns dizem que seria “uma vergonha”. Enquanto isto, a dívida nacional se acumula, o povo perde mais e mais poder aquisitivo, existe uma espécie de angústia generalizada em todos os setores. [5]
2.
Que podem prometer os candidatos a presidente? O que se pode saber deles no prazo em que suas vidas são conhecidas do público?
Uma das críticas mais freqüentes que o campo do senador John McCain tem contra o senador Barak Obama é que este último “não tem experiência para ser presidente”. Obama, de fato, é uma presença nova, sendo que sua primeira eleição foi para senador no estado de Illinois de 1997 a 2004. No ano 2000, ele não conseguiu ser eleito para a Câmara dos Deputados, e no ano 2003 anunciou que seria candidato a senador nas eleições de 2003. Ele obteve vitória daquela vez, e é senador então desde 2004. O momento que muitos marcam como seu lançamento no cenário nacional foi durante a convenção democrática em julho de 2004, quando ele proferiu o discurso principal e arrancou aplausos de todos os presentes. Quando Obama lançou sua candidatura, muitos acharam que no máximo ele ficaria atrás da senadora Hillary Clinton, que tem uma lista de serviço público de quase 4 décadas, além de ser a esposa do ex-presidente Bill Clinton. Mas a base de Obama cresceu durante a fase das eleições primárias e ele foi nomeado o candidato democrata.
Sua vida até aqui, embora não tenha sido vivida no olho público como a de Clinton e McCain, tem sido uma vida de serviço, de organizador. E, como muitos apontam, o fato de ele ter chegado aonde chegou, depois de uma infância de dificuldades e ausência do pai, mostra seu caráter, além da sua inteligência e seu carisma. Ao escolher o senador Joe Biden como seu vice-presidente, Obama mostrou que fez uma cuidadosa seleção entre muitos que poderiam ter sido escolhidos, e decidiu por alguém que tem uma longa carreira no senado, e comprovados credenciais de serviço pela causa do povo americano.
O senador John McCain, como todos sabemos, lutou no Vietnã, e é senador pelo Arizona há 26 anos. Sabemos também — e sua campanha não cansa de repetir — que ele foi prisioneiro político no Vietnã, sofreu tortura que deixou seu braço direito imobilizado. Considerado um “maverick” no partido republicano por causa de algumas posições independentes que tomou ao longo dos anos, John McCain também é conhecido por seu “pavio curto”: mesmo durante o período das eleições primárias, quando todos os candidatos estão como seda com a imprensa, ele se irritou com um repórter diante das câmaras.
Outro fator interessante da carreira de John McCain é que, embora ele tenha tido alguns exemplos de “independência”, seu record mostra que durante a sua carreira ele votou com George Bush 90% das vezes. Ele votou a favor da guerra do Iraque, e ainda insiste que é uma guerra certa e justa, e desafia a quem disser que não, chamando-os de “não patriotas” e acusando-os de serem a favor dos terroristas. Quando alguém lhe pergunta sobre a guerra, e se acontece de haver uma câmara em close up, se pode ver como se crispam seus músculos do rosto. Este homem tem realmente o pavio curto, e vota com o partido. Em outras palavras: sua independência é muito pequena, e ele vai seguir a linha bushiana, com certeza, salpicada, talvez aqui e ali por alguns momentos de decisão rápida sem ver as conseqüências, que às vezes acertam, outras não.
Um exemplo desta tendência a decisões sem pesar o resultado foi escolher como sua vice-presidente a atual governadora do Alaska, Sarah Palin, que foi prefeita de uma cidadezinha de menos de 7 mil pessoas de 1996 a 2002 e é governadora do estado desde dezembro de 2006. Embora a campanha republicana tenha acusado Barak Obama de inexperiência, McCain escolhe uma pessoa cuja atuação política de algum porte não chega a dois anos! Antes disto, Sarah Palin foi vereadora da mesma cidadezinha, e era “hockey mom” — uma versão de “soccer mom” (mãe com filhos que jogam futebol), e participou na associação de pais e professores da escola de seus filhos.
É possível dizer-se que para todos — desde o senador mais empafiado ao eleitor mais desavisado do partido republicano — Sarah Palin foi uma surpresa. McCain a anunciou como uma conservadora contra o aborto, possuidora de armas de fogo e defensora da idéia de se furar poços de petróleo nos parques reservas naturais no Alaska (um assunto favorito dos republicanos). Pat Buchanan, um conservador muito conhecido, disse que Sarah Palin é provavelmente “a conservadora mais dinâmica do país”, enquanto que Lori Viars, uma conservadora de Ohio, disse que Palin “é melhor do que eles esperavam”.[6] Depois do anúncio desta escolha, vários detalhes estão sendo revelados. Por exemplo: McCain tinha falado com Sarah Palin três vezes antes de convidá-la. Obviamente, ele não consultou nenhuma pessoa ao tomar esta decisão, e agora, aos poucos, vão se revelando detalhes da vida da candidata, problemas seus e de sua família, suas perseguições políticas a gente que não obedece. Nos últimos dias, a revelação de que sua filha de 17 anos está grávida foi mais um choque, ao qual os republicanos reagiram dizendo que este é um assunto da família, e que Barak Obama recusou-se a comentar, dizendo que esta é uma questão para a família Palin e não para o público. McCain, nos quatro dias desde a revelação do nome da sua companheira de chapa no sábado dia 30 de agosto, repete que a escolheu depois de pesar todos os nomes que tinha à sua disposição e que sabia dos fatos de sua vida. Mas o fato é que, desde terça feira, dia 2 de setembro, Sarah Palin não é vista em público e muitos se perguntam o que estará acontecendo.
Uma novela, realmente. O estranho nisto tudo, para quem vê de alguma distância, é que os próprios republicanos estão tagarelando sobre a vida e a carreira política de Sarah Palin, e acusando a mídia e os democratas de estarem fazendo isto.
3.
Então, aqui nos encontramos, à véspera de uma eleição que pode determinar o futuro do país e, de uma certa forma, as relações internacionais daqui em diante. Obama e McCain, ambos senadores, representam uma maneira diferente de ver os problemas dos Estados Unidos, e de como resolvê-los.
Barak Obama, com sua biografia de filho de africano do Kênia e mãe americana branca, viveu muito da angústia que acompanha muitos dos americanos. Sua luta para conhecer-se, saber quem é, relacionar-se com sua herança étnica e cultural branca e negra, foi revelada em seu livro Dreams of My Father. Sua escolha por lutar pelos trabalhadores, ao invés de assumir um cargo lucrativo em Wall Street, é algo comentável. Sua carreira no senado está documentada em detalhes, e se sabe, portanto, que ele votou contra e falou contra a guerra do Iraque. Mas, além disto tudo, o que se sabe de Barak Obama é que ele opta pela diplomacia, e que acredita que os soldados e veteranos devem ser atendidos e a guerra do Iraque terminada de maneira responsável, sem exigir mais sacrifícios das forças armadas e do povo americano.
De John McCain, sabemos que é senador há 26 anos, que diz que fala o que pensa, que tem pavio curto e que toma decisões no sabor do momento. Os conservadores ultra-ortodoxos desconfiam dele porque ele é a favor do casamento de gays. Por outro lado, ouvimos também, dele mesmo, que a guerra do Iraque vai durar quanto tenha que durar, até cem anos se for necessário. Sabemos — e ele não deixa ninguém esquecer — que foi prisioneiro de guerra no Vietnã, e talvez por isto não tenha se oposto à tortura. Sabemos, enfim, que ele tem o apoio do lobby representando companhias que fabricam armas e bombas. (A convenção republicana — composta de muitos lobbyists e milionários – rugia em grandes festas em Twin Cities, enquanto o furacão Gustav rugia no Golfo do México e as pessoas foragidas se preocupavam como iam conseguir dinheiro para se manterem durante esta emergência.)
Fora estas coisas, o que não sabemos é como o poder nestes níveis é trabalhado por detrás das cortinas. Não sabemos dos arranjos, dos acertos, dos “toma lá, dá cá” que podem estar ocorrendo neste momento em Washington, no miolo das campanhas políticas, e que vão decidir o destino de muitas pessoas em muitos lugares do mundo. É estarrecedor.
Logicamente, qualquer pessoa pode mudar. E não podemos esquecer que ambos candidatos são seres humanos, e ambos podem falhar. Mas o eleitorado – e pluribus [7] – o eleitorado americano deve (ou deveria) estar muito consciente da sua responsabilidade em relação não só ao país, mas ao mundo inteiro. Neste momento de grandes tensões internacionais, um passo em falso, uma palavra mal pesada, uma decisão impensada, e uma guerra de conseqüências irreversíveis pode ser desencadeada.
Para os que não votam para a presidência dos Estados Unidos, resta esperar e torcer. E, para os que crêem, é bom rezar. Os Estados Unidos têm muitas pessoas de responsabilidade e consciência. Esperemos que elas todas votem, e votem com a cabeça, pesando tudo o que esta eleição significa. Esperemos também que desta vez as mutretas eleitorais e a Corte Suprema não consigam mudar o rumo da história.
Pensando bem, talvez seja hora de todos – crentes e não crentes – rezarmos.
Este artigo foi escrito antes da crise se manifestar com toda a intensidade. Bela análise, que os fatos só confirmam.
O que há de novo no front
Eva Paulino Bueno
É possível que o discurso de Barak Obama aceitando a nomeação como candidato democrata para a presidência dos Estados Unidos tenha sido um dos discursos mais assistidos nos últimos anos. Talvez até mesmo tenha sido o discurso mais assistido até hoje. Sem exagero. Simplesmente existem mais aparelhos de televisão, e a eleição do próximo presidente americano assume uma importância sem precedentes, não só para este país, mas também para o mundo inteiro.
Quero utilizar este espaço para indagar, primeiro, porque esta eleição é tão importante nos Estados Unidos. Em seguida, faremos uma breve análise do que os dois candidatos, Barak Obama e John McCain, trazem à arena política do país e do mundo. Depois, usando o que está sendo dito e escrito nos últimos dias na imprensa americana, faremos um balanço do que se sabe e do que se espera destes dois candidatos.
1.
O ponto inicial que temos que mencionar para entender a importância desta eleição são os fatores econômicos, que são os que atingem a população do país e afetam outras nações neste nosso mundo globalizado. Os Estados Unidos se encontram dentro de uma crise econômica e financeira de graves proporções, e esta crise afeta todos os outros setores da sociedade. Para entender a crise, poderíamos voltar até o começo do século XX e ver o que fez dos Estados Unidos uma potência econômica, mas para isto precisaríamos escrever livros. Não temos tempo, nem espaço; então, vamos fazer somente uma rápida visita aos anos 80, em que imperaram, primeiramente Ronald Reagan (ator de filmes categoria “B”), e George Herbert Walker Bush (também conhecido como Bush I). E aqui, temos que usar nosso famoso ditado que “uma andorinha só não faz verão”: um presidente republicano sozinho não afunda um país. Neste caso, foram necessários vários governos para levar o país à borda da bancarrota. Os Estados Unidos tem uma indústria muito forte, e universidades onde se fazem pesquisas de ponta, e é um país que tradicionalmente tem dado guarida a muitos cientistas e estudiosos do mundo interior. Este é um país de vastas proporções e enormes reservas naturais, e além de tudo, tem uma população que entende o valor do trabalho. Mas o governo pode afetar negativamente mesmo um país assim. Senão vejamos: quando Bill Clinton foi eleito e assumiu a presidência em 1992, os governos de Reagan e de Bush I tinham juntado uma dívida nacional no valor de 4 trilhões de dólares. Durante o governo de Clinton, foram elevados os impostos aos ricos, aumentaram os empregos, pagou-se esta dívida, e o país viveu uma relativa paz. Ao deixar o governo, Bill Clinton havia pago a dívida de 4 trilhões de dólares e juntado um crédito positivo de 236 bilhões de dólares. Isto não foi feito como um passe de mágica, mas com responsabilidade fiscal, impostos a quem mais tem, respeito pelos mais fracos, e cuidado com a coisa pública.[1]
Quando George W. Bush assumiu a presidência em 2000, depois de uma eleição contestada até o último voto, ele imediatamente deu descontos de impostos ao 1% da população mais rica no valor de 630 bilhões de dólares, e passou a juntar outros 200 bilhões para garantir sua reeleição, o que aconteceu em 2004, também com uso de táticas específicas, que discutiremos adiante. Neste momento, os Estados Unidos têm um déficit nunca visto em toda sua história. Bancos estão falindo. Companhias estão fechando, despedindo empregados em massa. Outras companhias estão consolidando, também despedindo empregados, diminuindo o número de produtos fabricados. Pessoas estão perdendo suas casas. Empregos estão ficando mais e mais difíceis de se obter, e os salários estão caindo. A violência aumenta, devido principalmente à falta de oportunidades e ao desespero de muitas pessoas. Enquanto isto, uma guerra ruge no Iraque e outra no Afeganistão, custando, além de bilhões de dólares, as vidas de soldados americanos e de gente destes dois países. E, também enquanto isto, aumenta o número de adeptos do Taliban — que assumiram a responsabilidade do ataque de 11 de setembro de 2001 — e os maiores responsáveis por aqueles ataques ainda continuam soltos.
Esta situação de instabilidade econômica nos Estados Unidos acaba afetando muitos outros países, especialmente aqueles cujos sistemas bancários estão de alguma maneira ligados ao sistema americano. Assim, as dificuldades com os bancos começaram com Bear Stearns nos Estados Unidos, e seguiram com o IKB e o West LB na Alemanha, e o Northern Rock no Reino Unido. Os mercados de ações, até para leigos como eu, parecem extremamente instáveis. Além disto, o cidadão estadunidense vê a cada semana novas tentativas de privatização do seguro social, que foi criado no governo de Franklin D. Roosevelt como parte do programa New Deal, em 1935. Isto é: a administração Bush II, elevada ao poder graças às mutretas de uma Corte Suprema regida por juízes de extrema direita, não só quer comprometer os que vivem hoje, mas também gerações futuras, que estariam sem esta possibilidade de se aposentar e receber o que aplicou no fundo de seguro social.
O segundo ponto também está relacionado aos fatores econômicos, mas de uma forma oblíqua: a questão da continuação da guerra no Afeganistão e da guerra do Iraque. A do Afeganistão, que ostensivamente ia agarrar Osama Bin Laden e seus comparsas, acabou se transformando em algo que não se entende direito, mas que parece que não tem nenhuma previsão de fim. O público parece ter perdido o interesse, talvez porque os ataques espetaculares estão diminuindo, embora ainda morram soldados e civis. Esta guerra saiu das primeiras páginas. O que continua sem parar é o gasto de dinheiro, a destruição de vidas e propriedades no Afeganistão, assim como o aumento de jovens se juntando ao que nos Estados Unidos se convencionou chamar de “terroristas”. Deve ser muito ruim ver o próprio país invadido por estrangeiros, sejam eles lá quem forem. Muitos destes que se juntam ao Taliban vêm de famílias que sofreram vexames, destruição e morte como resultado da invasão estrangeira, que não lhes trouxe nenhum benefício. O Oeste, com os Estados Unidos à frente, chegou prometendo mundos e fundos, mas assim que o governo taliban (aliás, um bando de assassinos) foi derrotado, não se deram as condições estruturais para que o país se auto-governasse, e as forças estrangeiras permaneceram no país sem ter um rumo certo, enquanto o taliban se reorganizava nas montanhas e voltava à vida e ao ataque.
Quanto à guerra do Iraque, convém lembrar — como se fosse possível esquecer — a continuada pressão por parte do governo Bush II para começá-la. Em especial, constava de seus argumentos que Saddam tinha armas de destruição massiva e podia atacar os Estados Unidos. A um certo ponto, Bush II disse que queria destruir Saddam Hussein porque ele havia ameaçado seu pai (Bush I). O que não entrava na equação (é interessante como se esquecem estas coisas) era o fato que Saddam Hussein uma vez foi o garoto propaganda dos Estados Unidos: não tinha laços com a religião muçulmana e serviu para atacar ferozmente o Irã (assim recrudescendo o fundamentalismo e o fanatismo da facção dominante naquele país, em detrimento da população civil). Naquele tempo, os Estados Unidos não protestaram o fato que os filhos de Saddam Hussein aterrorizavam a população iraquiana e que seus sequazes assassinavam, torturavam, violavam, sem o menor receio de punição. Saddam enriquecia, posava de ditador com seu bigode, rodeado de outros bigodes, sorrindo na certeza de ser intocável. Mas, assim que Saddam – provavelmente lembrando-se dos bons tempos em que tudo que fazia era aceito, e não medindo exatamente o que isto significava – atacou o seu vizinho Kuwait e ameaçou os interesses das grandes companhias petrolíferas, a coisa mudou, como vimos em 1990/1991. Uma coisa temos que admitir, no entanto, sobre Bush I: ele teve o bom senso de não atacar Bagdá e retirou as tropas do país.[2] Mas, Bush II tinha que ligar o ataque de 11 de setembro de 2001 com o Iraque, e assim foi. A avalanche de “experts” escrevendo e falando a favor da guerra foi algo incrível para quem vivia aqui naquela época.[3] As razões, como também muitos apontaram então, e têm mostrado desde o início desta malfadada guerra, tinham mais a ver com a posse do petróleo que de qualquer outra coisa. [4] Mas, para o consumo público, o que se fala é em “democracia”, “liberdade”. Muitos engolem. Assim podemos entender como os que perdem filhos, ou maridos, ou esposas, ou irmãos, ou irmãs, ou pais, podem repetir, diante das câmeras, que seus entes-queridos morreram “defendendo nossa liberdade”. Podemos também entender isto como uma maneira de recuperar, de alguma forma, a horrível perda. Ninguém gostaria de dizer que seu filho/a, irmã/o, esposo/a, pai/mãe morreram para que companhias milionárias fiquem ainda mais ricas vendendo gasolina e outros derivados do petróleo. Seria horrível demais. Então talvez doa menos usar uma abstração e dizer que foi em nome dela — da famosa liberdade – que eles morreram.
O país se encontra em uma espécie de pesadelo, em que mesmo as pessoas que no início se manifestaram a favor da guerra do Iraque começam a sentir que tudo foi um engodo, destinado a efervescer os sentimentos “patrióticos” enquanto na surdina os que realmente ganham com as guerras se dispunham a ganhar ainda mais. O pior, neste momento, é que já se perdeu tanto, que muita gente acha que os Estados Unidos não podem simplesmente sair do Iraque e do Afeganistão. Alguns dizem que seria “uma vergonha”. Enquanto isto, a dívida nacional se acumula, o povo perde mais e mais poder aquisitivo, existe uma espécie de angústia generalizada em todos os setores. [5]
2.
Que podem prometer os candidatos a presidente? O que se pode saber deles no prazo em que suas vidas são conhecidas do público?
Uma das críticas mais freqüentes que o campo do senador John McCain tem contra o senador Barak Obama é que este último “não tem experiência para ser presidente”. Obama, de fato, é uma presença nova, sendo que sua primeira eleição foi para senador no estado de Illinois de 1997 a 2004. No ano 2000, ele não conseguiu ser eleito para a Câmara dos Deputados, e no ano 2003 anunciou que seria candidato a senador nas eleições de 2003. Ele obteve vitória daquela vez, e é senador então desde 2004. O momento que muitos marcam como seu lançamento no cenário nacional foi durante a convenção democrática em julho de 2004, quando ele proferiu o discurso principal e arrancou aplausos de todos os presentes. Quando Obama lançou sua candidatura, muitos acharam que no máximo ele ficaria atrás da senadora Hillary Clinton, que tem uma lista de serviço público de quase 4 décadas, além de ser a esposa do ex-presidente Bill Clinton. Mas a base de Obama cresceu durante a fase das eleições primárias e ele foi nomeado o candidato democrata.
Sua vida até aqui, embora não tenha sido vivida no olho público como a de Clinton e McCain, tem sido uma vida de serviço, de organizador. E, como muitos apontam, o fato de ele ter chegado aonde chegou, depois de uma infância de dificuldades e ausência do pai, mostra seu caráter, além da sua inteligência e seu carisma. Ao escolher o senador Joe Biden como seu vice-presidente, Obama mostrou que fez uma cuidadosa seleção entre muitos que poderiam ter sido escolhidos, e decidiu por alguém que tem uma longa carreira no senado, e comprovados credenciais de serviço pela causa do povo americano.
O senador John McCain, como todos sabemos, lutou no Vietnã, e é senador pelo Arizona há 26 anos. Sabemos também — e sua campanha não cansa de repetir — que ele foi prisioneiro político no Vietnã, sofreu tortura que deixou seu braço direito imobilizado. Considerado um “maverick” no partido republicano por causa de algumas posições independentes que tomou ao longo dos anos, John McCain também é conhecido por seu “pavio curto”: mesmo durante o período das eleições primárias, quando todos os candidatos estão como seda com a imprensa, ele se irritou com um repórter diante das câmaras.
Outro fator interessante da carreira de John McCain é que, embora ele tenha tido alguns exemplos de “independência”, seu record mostra que durante a sua carreira ele votou com George Bush 90% das vezes. Ele votou a favor da guerra do Iraque, e ainda insiste que é uma guerra certa e justa, e desafia a quem disser que não, chamando-os de “não patriotas” e acusando-os de serem a favor dos terroristas. Quando alguém lhe pergunta sobre a guerra, e se acontece de haver uma câmara em close up, se pode ver como se crispam seus músculos do rosto. Este homem tem realmente o pavio curto, e vota com o partido. Em outras palavras: sua independência é muito pequena, e ele vai seguir a linha bushiana, com certeza, salpicada, talvez aqui e ali por alguns momentos de decisão rápida sem ver as conseqüências, que às vezes acertam, outras não.
Um exemplo desta tendência a decisões sem pesar o resultado foi escolher como sua vice-presidente a atual governadora do Alaska, Sarah Palin, que foi prefeita de uma cidadezinha de menos de 7 mil pessoas de 1996 a 2002 e é governadora do estado desde dezembro de 2006. Embora a campanha republicana tenha acusado Barak Obama de inexperiência, McCain escolhe uma pessoa cuja atuação política de algum porte não chega a dois anos! Antes disto, Sarah Palin foi vereadora da mesma cidadezinha, e era “hockey mom” — uma versão de “soccer mom” (mãe com filhos que jogam futebol), e participou na associação de pais e professores da escola de seus filhos.
É possível dizer-se que para todos — desde o senador mais empafiado ao eleitor mais desavisado do partido republicano — Sarah Palin foi uma surpresa. McCain a anunciou como uma conservadora contra o aborto, possuidora de armas de fogo e defensora da idéia de se furar poços de petróleo nos parques reservas naturais no Alaska (um assunto favorito dos republicanos). Pat Buchanan, um conservador muito conhecido, disse que Sarah Palin é provavelmente “a conservadora mais dinâmica do país”, enquanto que Lori Viars, uma conservadora de Ohio, disse que Palin “é melhor do que eles esperavam”.[6] Depois do anúncio desta escolha, vários detalhes estão sendo revelados. Por exemplo: McCain tinha falado com Sarah Palin três vezes antes de convidá-la. Obviamente, ele não consultou nenhuma pessoa ao tomar esta decisão, e agora, aos poucos, vão se revelando detalhes da vida da candidata, problemas seus e de sua família, suas perseguições políticas a gente que não obedece. Nos últimos dias, a revelação de que sua filha de 17 anos está grávida foi mais um choque, ao qual os republicanos reagiram dizendo que este é um assunto da família, e que Barak Obama recusou-se a comentar, dizendo que esta é uma questão para a família Palin e não para o público. McCain, nos quatro dias desde a revelação do nome da sua companheira de chapa no sábado dia 30 de agosto, repete que a escolheu depois de pesar todos os nomes que tinha à sua disposição e que sabia dos fatos de sua vida. Mas o fato é que, desde terça feira, dia 2 de setembro, Sarah Palin não é vista em público e muitos se perguntam o que estará acontecendo.
Uma novela, realmente. O estranho nisto tudo, para quem vê de alguma distância, é que os próprios republicanos estão tagarelando sobre a vida e a carreira política de Sarah Palin, e acusando a mídia e os democratas de estarem fazendo isto.
3.
Então, aqui nos encontramos, à véspera de uma eleição que pode determinar o futuro do país e, de uma certa forma, as relações internacionais daqui em diante. Obama e McCain, ambos senadores, representam uma maneira diferente de ver os problemas dos Estados Unidos, e de como resolvê-los.
Barak Obama, com sua biografia de filho de africano do Kênia e mãe americana branca, viveu muito da angústia que acompanha muitos dos americanos. Sua luta para conhecer-se, saber quem é, relacionar-se com sua herança étnica e cultural branca e negra, foi revelada em seu livro Dreams of My Father. Sua escolha por lutar pelos trabalhadores, ao invés de assumir um cargo lucrativo em Wall Street, é algo comentável. Sua carreira no senado está documentada em detalhes, e se sabe, portanto, que ele votou contra e falou contra a guerra do Iraque. Mas, além disto tudo, o que se sabe de Barak Obama é que ele opta pela diplomacia, e que acredita que os soldados e veteranos devem ser atendidos e a guerra do Iraque terminada de maneira responsável, sem exigir mais sacrifícios das forças armadas e do povo americano.
De John McCain, sabemos que é senador há 26 anos, que diz que fala o que pensa, que tem pavio curto e que toma decisões no sabor do momento. Os conservadores ultra-ortodoxos desconfiam dele porque ele é a favor do casamento de gays. Por outro lado, ouvimos também, dele mesmo, que a guerra do Iraque vai durar quanto tenha que durar, até cem anos se for necessário. Sabemos — e ele não deixa ninguém esquecer — que foi prisioneiro de guerra no Vietnã, e talvez por isto não tenha se oposto à tortura. Sabemos, enfim, que ele tem o apoio do lobby representando companhias que fabricam armas e bombas. (A convenção republicana — composta de muitos lobbyists e milionários – rugia em grandes festas em Twin Cities, enquanto o furacão Gustav rugia no Golfo do México e as pessoas foragidas se preocupavam como iam conseguir dinheiro para se manterem durante esta emergência.)
Fora estas coisas, o que não sabemos é como o poder nestes níveis é trabalhado por detrás das cortinas. Não sabemos dos arranjos, dos acertos, dos “toma lá, dá cá” que podem estar ocorrendo neste momento em Washington, no miolo das campanhas políticas, e que vão decidir o destino de muitas pessoas em muitos lugares do mundo. É estarrecedor.
Logicamente, qualquer pessoa pode mudar. E não podemos esquecer que ambos candidatos são seres humanos, e ambos podem falhar. Mas o eleitorado – e pluribus [7] – o eleitorado americano deve (ou deveria) estar muito consciente da sua responsabilidade em relação não só ao país, mas ao mundo inteiro. Neste momento de grandes tensões internacionais, um passo em falso, uma palavra mal pesada, uma decisão impensada, e uma guerra de conseqüências irreversíveis pode ser desencadeada.
Para os que não votam para a presidência dos Estados Unidos, resta esperar e torcer. E, para os que crêem, é bom rezar. Os Estados Unidos têm muitas pessoas de responsabilidade e consciência. Esperemos que elas todas votem, e votem com a cabeça, pesando tudo o que esta eleição significa. Esperemos também que desta vez as mutretas eleitorais e a Corte Suprema não consigam mudar o rumo da história.
Pensando bem, talvez seja hora de todos – crentes e não crentes – rezarmos.
[1] Logicamente, muitos têm críticas ao governo de Bill Clinton, especialmente no que toca à diminuição da ajuda aos que vivem do que se chama “Welfare” — a ajuda do governo a gente desempregada, com problemas físicos e mentais, mães solteiras, etc. Também há os que se opõem a sua atuação na NAFTA.
[2] Muitos veteranos retornaram desta guerra sofrendo de doenças até então desconhecidas, que foram negadas por muitas das autoridades médicas militares.
[3] Naturalmente, não faltaram os desavisados e os maliciosos que escreveram a favor desta Guerra. Ver, por exemplo, o que diz Michael Peirce em http://www.lewrockwell.com/peirce/peirce59.html
[4] Um dos mais conhecidos exemplos de pessoas que ligam esta Guerra com o petróleo é o diretor de cinema Michael Moore, especialmente com seu filme Fahrenheit 9/11.
[5] Inclusive os serviços de atendimento mental e psicológico nas universidades têm observado um aumento no índice de depressão de seus alunos, comparando-se com números de antes do ano 2000.
[6] Ver o New York Times de 29 de agosto de 2008, em http://thecaucus.blogs.nytimes.com/2008/08/29/defining-sarah-palin/
[7] Esta expressão vem de E PLURIBUS UNUM, que está no selo oficial dos Estados Unidos desde o Ato do Congresso de 1782, e quer dizer, "dos muitos, um". E aparece nas moedas americanas desde 1795, e inclusive aparece nas moedas cunhadas em 2007, junto com "In God we trust."
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É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída
O cinismo deste pseudojornalista-que-tenta-inutilmente-copiar-o-Paulo-Francis é impressionante. Pelo menos assume que deveria estar em outro local que não a redação de uma revista.
Mainardi e a profissão mais antiga do mundo
Em breve será muito comum ouvirmos as pessoas dizerem que certo tipo de articulismo é a profissão mais antiga da humanidade. E, no entanto, estarão lidando com fenômeno recente e urbano.
Gilson Caroni Filho (do site da Agência Carta Maior)
Há algum tempo,em outubro de 2005, o jornalista Renato Rovai advertia quanto aos riscos que o tipo de jornalismo praticado por Mainardi e outros articulistas de Veja trazia para a imprensa como instituição e o jornalismo como profissão.
"Os tiros do padrão Veja de jornalismo estão sendo dados enquanto o silêncio acomodado da maior parte dos jornalistas segue impávido. Parece que é assim mesmo, que faz parte do jogo. Não é. Não se pode deixar que seja. Os profissionais mais jovens ainda merecem um desconto. Os mais experientes, calados, são cúmplices. Estão ajudando a desmoralizar a profissão. E pagaremos todos por isso”. (Revista Fórum, outubro de 2005)
Em dezembro do mesmo ano, Olavo de Carvalho, em cruzada aberta contra o Observatório da Imprensa afirmava que pelos critérios da esquerda, "o simples salário de jornalista profissional, tão limpo quando pago a esquerdistas, se torna uma espécie de propina corruptora quando vai para o bolso de alguém politicamente incorreto".
O "esquerdista", subsidiado por uma tão onipresente quanto imaginária "Internacional Comunista", sempre atuante nos arrazoados do auto-intitulado “filósofo”, seria o jornalista Alberto Dines, editor do Observatório. O "politicamente incorreto", o iconoclasta de estimação da família Civita era, obviamente, o polemista (?) Diogo Mainardi. É assim que Olavo costuma reorganizar as questões que o atormentam no campo das idéias: com simplificações e rótulos. É nesse marco que se processam suas “impagáveis abstrações.”
Passados três anos da publicação dos dois textos, o “oráculo de Ipanema”, em entrevista ao Jornal Laboratório da Facha (edição nº 23, julho/agosto de 2008), tece considerações sobre o que julga ser a natureza de uma categoria profissional. Confirma os piores temores de Rovai e, por conseqüência, esclarece as dúvidas “olavianas” sobre os critérios que definem o tipo de pagamento pelos serviços prestados por ela.
Lembrando da argumentação usada pelo pai do articulista, o publicitário Ênio Mainardi, para trocar as redações pela publicidade ("se era para ser uma prostituta, seria, então, uma prostituta de classe") os estudantes Daniela Lima e Diego Ferreira perguntaram a Diogo se ele se considerava uma prostituta no jornalismo.
A resposta não podia ser mais categórica: “hoje, em dia, jornalistas e publicitários ganham a mesma coisa, saíram da Vila Mimosa para as ruas mais elegantes da cidade (...) Talvez seja essa a minha maior preocupação: ser menos prostituta possível”.
Não ficou claro se Mainardi produziu uma peça de péssimo gosto ou tentou esboçar análise de um novo projeto de construção da identidade do campo jornalístico brasileiro. Uma tosca tentativa de iniciar o debate sobre novas funções éticas da imprensa. Um processo que passa pela redefinição de como se dará a elaboração crítica da informação a partir de insuspeitas exigências da nova tecnologia.
Enquanto os especialistas não se debruçam detidamente sobre as questões levantadas na entrevista, uma coisa é certa: a distância entre Vila Mimosa, famosa área de prostituição do Rio de Janeiro, e a redação de conhecida revista semanal, na Avenida das Nações, 7221, em São Paulo, diminuiu consideravelmente. Em breve será muito comum ouvirmos as pessoas dizerem que certo tipo de articulismo é a profissão mais antiga da humanidade. E, no entanto, estarão lidando com fenômeno recente e urbano.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa.
NAVEGAR É PRECISO
1. Site da Agência Carta Maior – http://www.cartamaior.com.br/
ESPECIAL BOLÍVIA (I)
Uma guerra que começou há muito tempoOs conflitos que a Bolívia enfrenta hoje são uma nova etapa de uma antiga guerra. A história do país é uma história de massacres de indígenas, camponeses e trabalhadores, desde os tempos coloniais até hoje. A diferença, hoje, é que a oligarquia boliviana está sendo governada por um "índio", algo inaceitável para ela. > LEIA MAIS Internacional 17/09/2008
Acusado de massacre, governador de Pando é presoApontado pelo Ministério Público boliviano como o mandante de um massacre que resultou em pelo menos 25 mortos, Leopoldo Fernández foi detido por forças do Exército e está preso em La Paz. Presidente Evo Morales comemorou o "cumprimento da Constituição". > LEIA MAIS Internacional 16/09/2008
• Mídia acoberta terroristas da Bolívia
2. Site da Revista Ciência Hoje – http://cienciahoje.uol.com.br/128563
Mas o que isso tem a ver com meio ambiente? 19/09/2008
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O biólogo Jean Remy Guimarães abre sua coluna de estréia na CH On-line discutindo dois temas do noticiário recente: os rumores de que o LHC poderia gerar um pequeno buraco negro e a crise econômica norte-americana. Mas o que fazem esses assuntos em uma coluna sobre meio ambiente? O autor mostra que eles têm tudo a ver com a busca de um modelo de vida sustentável.
3. Site do Portal Terra - http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3193777-EI295,00.html
Arqueólogos no Peru afirmam que acreditam ter encontrado partes da ossada de uma mulher grávida que foi sacrificada em uma tumba pré-Inca na província de Lambayeque, no norte do país.
4. Site do Jornal Brasil de Fato – http://www.brasildefato.com.br/
Economia
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Arqueólogos no Peru afirmam que acreditam ter encontrado partes da ossada de uma mulher grávida que foi sacrificada em uma tumba pré-Inca na província de Lambayeque, no norte do país.
4. Site do Jornal Brasil de Fato – http://www.brasildefato.com.br/
Economia
Para Leda Paulani, a crise é resultado da financeirização da economia e, se não começasse pelo mercado imobiliário, apareceria por meio de um outro setor
Discriminação
Pesquisa internacional mostra que o crescimento deste tipo de postura é simultâneo em diversos países europeus, reflexo das preocupações quanto à imigração, à globalização e aos problemas econômicos.
América do Sul em transe
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Editorial Brasil de Fato (edição 290)
Vivemos uma nova realidade na América Latina que implicará mudanças na velha receita dos EUA e da extrema direita para manobrar o Continente
Meméilia Moreira
Sarah Palin, desconhecida governadora do Alasca escolhida por republicano para ser vice em sua chapa, reascende campanha
Pré-sal só levará ao desenvolvimento se impulsionar distribuição de renda
Guilherme C. Delgado
A questão crucial do pré-sal, como foi o "Petróleo é nosso" nos anos 50 do século passado, é a do aproveitamento da oportunidade para desenvolver o país
Hamilton Octávio de Souza
Está claro que a crise econômica que abala os Estados Unidos, devido principalmente aos erros das políticas neoliberais que entregam a economia ao jogo descontrolado dos mercados, atinge também o Brasil.
5. Site da Revista Escola – http://revistaescola.abril.com.br/online/reportagem/passo-passo-lei-piso-salarial-nacional-301701.shtml
Especial: tudo sobre a lei do piso nacional
Em uma série de cinco reportagens, entenda a polêmica sobre a norma criada para valorizar a carreira docente. Conheça os detalhes dos debates constitucionais, financeiros, políticos e saiba como usar corretamente o horário extraclasse, período ampliado pela nova legislação.
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VALE A PENA LER
1. Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira
Fórmula para o Caos - A Derrubada de Salvador Allende (1970-1973)
Rio de Janeiro: Record/Civilização Brasileira, 2008
Un nuevo libro del politólogo e historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira se conocerá en las próximas semanas.
Fórmula para el caos- la caída de Salvador Allende (1970-1973) es un libro que se conocerá simultáneamente en portugués y en español y será presentado en Brasil y Chile simultáneamente.
A guerra é pelo saber (Ladislau Dowbor)
NOTICIAS
1. O projeto "LabepeH promove DIÁLOGOS" segue com sua programação de 2008, com a palestra: As Tecnologias no processo de desenvolvimento profissional de professores de História: relato de uma experiência proferida por Andréia de Assis Ferreira, com relatos de experiência dos professores da RME/BH: Mariano Alves Diniz Filho, Herbert Timóteo, João Carlos de Andrade, Heliane Melo e Pedro Luiz.
Data: 25 de setembro de 2008, 19 horas, Auditório Luis Pompeu, FaE - UFMG.
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2.
Informações: http://www.historiacultural2008.ucg.br/
Veja também
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3. Sociologia da Fotografia e da Imagem – José de Souza Martins
O fascínio da fotografia sobre todos nós está naquilo que por meio dela nossos olhos visitam em nosso passado, no de nossos antepassados e de nossos contemporâneos. Neste livro, o autor mostra como a Sociologia e, também, a Antropologia podem encontrar em fotografias e imagens indícios de relações sociais, de mentalidades, de formas de consciência social, de maneiras de ver o mundo, de nele viver e de compreendê-lo.
Publicação da Editora Contexto – 208 p, R$ 37,00
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Esquerda católica no Brasil –
Holywwod a serviço do Pentágono –
Cercos na Roma de Trajano –
A rendição de Asterix –
Constantinopla em chamas (4ª Cruzada) –
Pré-História Brasileira –
Padre Vieira, o orador que lutou para modernizar o império português.
NOTICIAS
1. O projeto "LabepeH promove DIÁLOGOS" segue com sua programação de 2008, com a palestra: As Tecnologias no processo de desenvolvimento profissional de professores de História: relato de uma experiência proferida por Andréia de Assis Ferreira, com relatos de experiência dos professores da RME/BH: Mariano Alves Diniz Filho, Herbert Timóteo, João Carlos de Andrade, Heliane Melo e Pedro Luiz.
Data: 25 de setembro de 2008, 19 horas, Auditório Luis Pompeu, FaE - UFMG.
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2.
Informações: http://www.historiacultural2008.ucg.br/
1 Comentários:
Às 6:03 PM , Maria José Speglich disse...
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