Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

3.12.08

Número 166







Temos várias colaborações neste número do Boletim. Gosto quando acontece isso. Pelo menos significa que uma meia dúzia de pessoas ainda se dá ao trabalho de vir aqui toda semana e dar uma olhada nos assuntos...
Bem, estou aqui a matutar quanto tempo o Daniel Dantas vai levar para se safar da prisão e da multa que lhe foram imputadas. Um certo ministro do STF já deve estar preparando a defesa dele, claro...
Bom proveito com as colaborações de hoje!


Colaboração de Helena Campos

O bloqueio a Cuba
Ariel Terrero Escalante, Jornalista da revista cubana Bohemia, em visita ao
Brasil (publicado na seção Opinião, do Jornal Estado de Minas, de 28.11.2008)

Recorrente e ubíquo, o bloqueio econômico, comercial e financeiro a Cuba emerge nos portos, bancos, aeroportos, redes elétricas e de computadores (internet), venda de alimentos e disputas filosóficas sobre o ser e o nada.

Enquanto frios observadores se entretêm com definições técnicas – embargo ou bloqueio? –, a política dos Estados Unidos em relação à ilha se evidencia também entre as ruínas da passagem dos furacões Ike e Gustav, entre agosto e setembro. O governo dos EUA, a reboque de doações humanitárias de outros países ao governo de Havana, ofereceu, inicialmente, US$ 100 mil, soma ridícula frente às ofertas de nações como Brasil e Timor Leste, de US$ 500 mil. Diante da
recusa cubana, Washington, calculadamente, engordou a cifra, pois era evidente que não teria de assinar o cheque.
Por que Cuba rechaçou a ajuda estadunidense? Resulta difícil aceitar acenos de um país que persegue com mais insídia qualquer gestão comercial da ilha com o exterior. Exigiu enviar uma equipe para avaliar os danos estimados por Havana de impactos dos furacões, dos quais nenhum outro país duvidou. Cuba não engoliu a pílula, ainda que tenha entreaberto uma porta para a boa vontade do vizinho. Em nota oficial, solicitou permissão para comprar materiais indispensáveis e suspensão das restrições que impedem empresas norteamericanas de oferecer créditos para a aquisição de alimentos nos EUA. A Casa Branca resistiu em, temporariamente, conceder essa ferramenta natural ao comércio mundial: o crédito. A Oficina de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac) persegue até operações correntes de pequenas quantias – em fevereiro, multou os norte-americanos Banco Atlantic e RMO Inc. As represálias se estenderam a bancos estrangeiros, como o poderoso UBS suíço, em mais uma prova do caráter extraterritorial do bloqueio.
George W. Bush se vestiu de Madre Teresa de Calcutá, no ano em que seus rastreadores impediram importantes compras cubanas (medicamentos, seringas, equipamentos médicos e condões), conforme expediente do governo de Havana à Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Cuba não logrou comprar 3 milhões de seringas descartáveis, por US$ 256 mil, para vacinação infantil, intermediada pela Aliança Mundial para Vacinas e Imunização.
O Departamento do Tesouro dos EUA negou licença à organização nãogovernamental
(ONG) norte-americana Population Services International (PSI) para colaboração com Cuba, que incluía o envio e distribuição de condões a grupos vulneráveis a Aids. Até o The New York Times qualificou o bloqueio como obsoleto e contraditório em relação às supostas intenções “caridosas” da Casa Branca. Os custos do bloqueio se tornam mais lesivos em ocasiões como a do golpe dos furacões à limitada produção cubana de alimentos.

Aos obstáculos para adquirir sementes norte-americanas, ter acesso a tecnologias para a criação de galinhas e para a indústria de arroz, se agregam armadilhas às empresas estrangeiras para comercializar com Cuba: barrou a venda de embalagens de empresa mexicana à ilha, por conter alumínio dos EUA.

Outras indústrias evitam comprar níquel cubano para não ferir regras norteamericanas
que limitam a importação de produtos que contenham a matériaprima.
O brutal dano de US$ 9 milhões provocado pelos furacões é uma pequena amostra, se comparada ao sangramento do bloqueio a Cuba: são mais de US$ 3 milhões por ano em virtude dos custos ascendentes do bloqueio, desde que os EUA se propuseram a render, por fome e desespero, o povo cubano, como rezam documentos de Washington.
A única atitude correta, ética e ajustada ao direito internacional e à vontade das 185 nações integrantes da Assembléia Geral da ONU, que apóiam Cuba, seria eliminar, total e definitivamente, o cruel bloqueio econômico, comercial e financeiro aplicado durante quase meio século contra a ilha. É grande a expectativa em relação ao novo governo do país do Norte, tendo à frente Barack Obama. Não creio que Cuba seja prioridade para a Casa Branca, nem que a
emaranhada rede de leis do bloqueio seja apagada com a assinatura de um presidente. Não será imediata a oportunidade histórica para a mudança, ainda que sejam evidentes o esgotamento e as frestas da muralha levantada pelos EUA ao redor da ilha socialista. No entanto, as chaves da mudança não estão em Washington. As forças que ajudarão a pôr o fim ao bloqueio estão sendo criadas, na verdade, pela porção sul-americana das Américas.

Colaboração de Janaina Moreira

Sobre a crise mundial

“Vou fazer um slideshow pra você.
Está preparado? É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas na África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.
Gente pobre.
Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas do governo.
Criam ONGs.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.
Resolver, capicce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam esse número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões de dólares o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.

Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bilhões nos EUA, 1.5 trilhões na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia”.

(texto de Neto, diretor de criação e sócio da Bullet, sobre a crise mundial)




Colaboração de Mônica Miranda

BARAK OBAMA: MAIS DO MESMO?
Elaine Tavares, jornalista.

Breve histórico dos democratas.
- 1836: Andrew Jackson acabou com o colégio eleitoral e ignorou decisões do Congresso estadunidense, permitiu a invasão, por brancos, de milhares de hectares de terras indígenas.
- 1912 -1921: Thomas Woodrow Wilson jurou manter o país fora da primeira guerra mundial, mas “para garantir a democracia no mundo”, nela entrou. Considerado idealista, ganhou o Nobel da Paz, defendeu a “livre determinação dos povos”, invadiu o México, Nicarágua, Panamá, Republica Dominicana, Haiti, em nome da democracia.
- 1933-1945: Franklin Delano Roosevelt entrou na segunda guerra, criou o programa de proteção aos grandes donos da terra e empresariado. Para evitar uma explosão social, também criou sistema de ajuda aos empobrecidos (você já viu essa história?). Criou decreto outorgando ao exército prender, sem ordem judicial ou acusação formal, qualquer japonês em solo estadunidense, confinando em campos de concentração mais de 100 mil homens, mulheres e crianças, muitos nascidos em solo estadunidense.
- 1945: Harry Truman lançou bomba atômica sobre as duas cidades japonesas, matando mais de 200 mil civis, mesmo estando o Japão quase rendido. Criou a CIA, responsável por golpes contra a democracia na América Latina. Invadiu a Coréia, Irã, Vietnã, Guatemala, Iugoslávia, Grécia. Criou o Plano Marshall, enviando dinheiro para comprar governantes com tendências socialistas.
- John Fitzgerald Kennedy tentou invadir Cuba, prosseguiu guerra do Vietnã e plano Marshall, invasão do Laos.
- Lyndon Baines Johnson prosseguiu guerra do Vietnã, invadiu Panamá, Republica Dominicana e Camboja.
- Jimmy Carter tentou negociar a paz e foi criticado por isso, sendo visto como “fraco”. Aumentou o orçamento militar, iniciou abertura na América Latina, que estava sob ditadura financiada pelos USA.
- Willian “Bill” Jefferson Clinton invadiu o Iraque, Haiti, Zaire, Libéria, Albânia, Colômbia, Afeganistão e Iraque.
Diante desse histórico dos democratas, o que fará Obama? Negará a história do partido dos Democratas? Usará a estratégia, histórica, de safar o país da crise, com uma boa guerra? Fará prevalecer a democracia, neste caso, significa intervir em qualquer país, a qualquer momento, sempre que seja detectada “toda e qualquer ameaça aos interesses das grandes corporações”. A autora alerta que os paises que estão traçando novos rumos devem colocar as barbas de molho, incluindo Venezuela, Bolívia, Equador, Paraguai.

Publicado no jornal ADUFRJ em 11/11/08.



Colaboração de Denise Gaudard
Um Presidente sortudo e os escravos modernos daera do etanol
Por Denise de Mattos Gaudard (*)

A insensibilidade, a demagogia e a ignorância conseguiram superar qualquer boa intenção objetivada pelo presidente Lula. Nem o fato dele querer justificar a existência e até a continuidade das condições degradantes de trabalho que são oferecidas aos cortadores de cana, mas principalmente o fato de, com esta declaração, se tornar primeiro presidente abertamente conivente e interveniente com a omissão das usinas.

Não é à toa que as administrações das usinas seguem tranqüilas e continuam sem fornecer direitos básicos aos cortadores contratados, tais como os exigidos pela Lei que as obriga a direcionar 2% de seu faturamento para a capacitação dos bóias-frias, um dos principais instrumentos de formação que visam mitigar a falta de opção destes quando ficam desempregados ou por que, após apenas 12 safras, ficam fisicamente imprestáveis para qualquer outra atividade ou por que são alijados das usinas em função da mecanização, que avança dia a dia

A sociedade civil organizada não pode mais continuar dando as costas e fingindo não saber o que se passa dentro da maior parte das grandes usinas do setor sucro alcooleiro. Os abusos são de diversas formas e constantes. Os azarados bóias-frias são pressionados a produzir um mínimo de 15 toneladas diárias, pois do contrario podem ser demitidos; são levianamente roubados em complexas "metodologias" de contagem; tudo que a usina lhes fornece é integralmente descontado em seus suados ganhos. Desde a comida, passando pelos instrumentos de trabalho, que são totalmente inadequados e obsoletos, machucando as mãos e pés ate sangrar. Tudo é cobrado pelas usinas, até o transporte que os leva às plantações e os alojamentos que muitas vezes não passam de tendas de lona, sem qualquer condição de higiene básica. Muitos ficam doentes e só tem o INSS para tratá-los e se param por mais de dois dias, são sumariamente demitidos. Todas semana ouvimos relatos de pelo menos uma morte por semana causada por excesso de trabalho dos cortadores de cana.

Nosso digno presidente tem realmente muita sorte por não precisar mais se empregar como um bóia-fria "contratado" em usina de cana de açúcar, mas o mínimo que ele poderia fazer alem de observar um pouco mais as conseqüências de suas infelizes palavras seria aumentar a atuação das equipes volantes de fiscalização do ministério do trabalho para que as leis trabalhistas básicas sejam pelo menos cumpridas e estes coitados não se tornem os novos escravos modernos travestidos de trabalhadores rurais na nova era do ciclo da cana e agora, do etanol.

(*) Denise de Matos Gaudard é consultora socioambiental e desenvolve projetos de energias renováveis e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) visando o mercado de créditos de carbono.
Idealizadora do PROJETO BIOREDES que vem viabilizando a implantação de redes de coleta seletiva usando metodologia e economicamente acessível e que processa e fabrica de biodiesel com base em óleo vegetal usado (OVU). O projeto é voltado para comunidades de baixa renda, cooperativas de catadores urbanos, conveniados com pequenos e médios municípios e com empresas financiadoras parceiras. Escreve artigos sobre Mercado Créditos de Carbono, MDL e afins no Portal CONPET - PETROBRÁS/MME (
http://www.conpet.gov.br/artigos/artigo.php?segmento=empresa&id_artigo=25) e em varias outras mídias nacionais, eletrônicas e escritas.





Pagamos o preço do descaso urbanístico

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu o ritual que se espera de alguém em sua posição. Visitou áreas devastadas por enchentes em Santa Catarina e liberou recursos com alguma presteza. É injusta a crítica de que Lula demorou a agir.
De fato, ele tinha compromissos de estado, como a visita do presidente da Rússia, Dmitri Medvedev. E, na manhã da última segunda-feira, antes de começar a reunião ministerial, Lula orientou ministros a agir rapidamente, o que foi feito.
De imediato, o importante é socorrer as vítimas. É preciso que a ajuda chegue rapidamente a quem necessita. Será necessário um acompanhamento gerencial rigoroso para avaliar se os recursos realmente chegarão lá na ponta, como se costuma dizer na burocracia.
E as causas de fundo? Quais são?
Houve um rápido processo de urbanização do Brasil no século passado, sobretudo na segunda metade. As cidades cresceram rapidamente sem planejamento urbanístico, visto como frescura por administradores obreiros.
São Paulo tinha as suas marginais que inundavam todos os anos, problema que diminuiu bastante faz poucos anos. O Rio padece a cada verão. As moradias em encostas em Belo Horizonte também. Até as tesourinhas do Plano Piloto de Brasília, aquelas passagens de nível que parecem autorama, são armadilhas em tempos de chuva --isso numa cidade com menos de 50 anos e que foi supostamente bem planejada. Todas as grandes cidades brasileiras sofrem com bueiros entupidos --e boa parte dessa culpa é de quem joga lixo na rede pública de esgoto.
O que se vê agora em Santa Catarina é uma repetição do que aconteceu no início dos anos 80. Passaram-se 30 anos, tempo suficiente para um planejamento urbanístico conseqüente produzir resultado.
A gente sabe que o cobertor é curto. Há uma briga danada pelos recursos dos orçamentos públicos. Num país com as carências do Brasil, o sujeito que tem um barracão no alto do morro está bem melhor do que aquele que dorme na sarjeta. Favelas e moradias irregulares viraram uma triste realidade.
Há ainda a corrupção, um problema endêmico no Brasil, mas muito menor hoje do que foi no passado. Obviamente, existem prioridades sociais, como melhorar nossos sistemas educacional e de saúde.
Dito isso, parece óbvio que o planejamento urbanístico deva virar uma prioridade dos administradores nos níveis federal, estadual e municipal. A ausência desse planejamento é a principal responsável por tragédias como a de Santa Catarina. É preciso pensar o crescimento das cidades. Dentro do possível, ordenar ou minimizar a bagunça que já existe. Fiscalizar construções irregulares não só de peixinhos, mas também dos tubarões. E oferecer uma alternativa razoável para quem tem um teto na beira do precipício.
Sem essas medidas, não adianta culpar o presidente, o governador, o prefeito, São Pedro e o aquecimento global. Mas adiantaria muito cobrar medidas dos três primeiros e pensar bastante antes de entupir com lixo a rede pública de esgoto.

Kennedy Alencar, 41, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos às 23h30.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/kennedyalencar/ult511u472352.shtml





Novamente o terror
Alberto Dines (http://ultimosegundo.ig.com.br/opiniao/alberto_dines/2008/11/28/novamente_o_terror_3096819.html)

O alívio mundial foi iniciado na noite de 4 de Novembro, tão logo foi confirmada a vitória de Barack Obama e estendeu-se até a última quarta-feira, 26. A distensão durou somente três semanas. A sensação de que o mundo estava prestes a mudar não resistiu à implacável realidade: além das dimensões cada vez mais dramáticas do crash financeiro, o terrorismo islâmico voltou a exibir sua infinita capacidade de inventar táticas sanguinárias para matar inocentes.
Enquanto os especialistas e as autoridades indianas discutem as hipóteses sobre a identidade e motivações do grupo islâmico que executou a chacina em Mumbai está evidente que Novembro de 2008 inseriu-se no circuito de terror iniciado em Nova York em 11 de Setembro de 2001. Madri (11 de Março de 2004) e Londres (7 de Julho de 2005) foram lances complementares, menores nas conseqüências, mas claramente inseridos dentro da monstruosa rede global de terrorismo. Pouco importa se os “Mujahedin de Deccan” são fundamentalistas paquistaneses engajados no acirramento das explosivas relações entre duas potencias nucleares. Ou são fundamentalistas indianos tentando chamar a atenção para uma suposta discriminação do governo de Nova Delhi contra seus cidadãos muçulmanos. Ou, terceira hipótese, se fazem parte da mesmíssima Al-Qaeda exibindo um novo formato da sua bestialidade anti-ocidental.
É irrelevante a inexistência de homens-bomba na ação contra os três grandes hotéis, hospital, estação ferroviária e centro religioso judaico na segunda mais importante cidade indiana. Os terroristas eram suicidas, sabiam que não escapariam com vida, chegaram de barco justamente porque não contavam com o regresso. Pretendiam imolar-se, chegar ao paraíso empurrados por jatos de sangue.
Difícil ignorar que este massacre em Mumbai foi um aviso claro e direto ao presidente eleito Barack Obama. O intervalo entre o entusiasmo da eleição e as emoções da sua posse em 20 de janeiro seria ideal para uma ação espetacular.
O terror tem a sua racionalidade, o seu marketing, seus cronogramas. O erro de Bush foi apostar na repressão estúpida, equiparar-se ao adversário, abrir mão da superioridade moral daqueles que respeitam a vida e a inteligência.
Barack Obama que há dias declarou o terrorismo como inimigo Número Um agora convenceu-se de que não foi uma declaração convencional, rotineira. Existem apenas quatro BRICs -- Brasil, Rússia, Índia e China – os três últimos já envolvidos em conflitos locais com grupos islâmicos. A geopolítica do terror acaba de colocar a Índia na zona conflagrada do antigo 1º Mundo – o chamado Ocidente -- alvo preferencial da Al-Qaeda. Acabaram-se os limites entre Ocidente e Oriente.
Distante mas não distanciado, o Brasil tem obrigação de prestar atenção ao surpreendente lance da inclusão da sua companheira de grupo no tabuleiro mundial do terror. Inebriados com a visão de uma nova era, de repente estamos sendo sacudidos por um perverso despertador. É preciso ouví-lo, prestar a atenção. O sonho e as esperanças desfraldadas na memorável campanha eleitoral americana apenas começaram a tremular mas convém dar um tempo até que se materialize a profecia de Isaías a respeito das espadas transformadas em arados. O mundo pós-racial e pós-ideológico esboçado com a vitória de Obama necessita da indispensável complementação representada pelo pós-clericalismo. Religiões podem ser remédios para o espírito, mas transformadas em projetos de poder acabam por desaguar no turbilhão da violência política.
O sonho e as esperanças desfraldadas na memorável campanha eleitoral americana apenas começaram a tremular mas convém dar um tempo até que se materialize a profecia de Isaías a respeito das espadas transformadas em arados.
O mundo pós-racial e pós-ideológico esboçado com a vitória de Obama necessita da indispensável complementação representada pelo pós-clericalismo. Religiões podem ser remédios para o espírito, mas transformadas em projetos de poder acabam por desaguar no turbilhão da violência política.
Mumbai trouxe a religião de volta aos campos de batalha.


VALE A PENA LER

1. Nas bancas o número 23 da Historia Viva Grandes Temas.
O tema deste número é As muitas conquistas da América.
Espanha, Portugal, Inglaterra, França.
O continente antes dos europeus.
Os navegadores chegam à América.
A conquista e as primeiras colônias.



2. Noticiamos, alguns números atrás, o lançamento da coleção Caminhos do Trem, iniciativa da História Viva.
O primeiro número está nas bancas – Nos trilhos do café.
Aborda o surgimento das primeiras ferrovias brasileiras.





3. Nas bancas o número 62 da Revista História Viva.
Dossiê: A odisséia dos primeiros humanos
Artigos principais: Capitalismo em crise – Natal no front – Comunismo potiguar – O índio na pintura brasileira – Michael Collins, o herói irlandês morto por seus companheiros – Liberais e conservadores: dois lados da mesma moeda.



4. Libelo contra o racismo Livro sistematiza argumentos do geneticista Sergio Pena pela desracialização da humanidade
O geneticista Sergio Pena, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é uma referência nacional na discussão da questão racial. Ele tem vindo a público com freqüência para mostrar como a visão da humanidade dividida em raças, cristalizada em parte da sociedade, é totalmente incompatível com as descobertas recentes da genética. Pena acaba de voltar a esse debate com o lançamento do livro Humanidade sem raças?
Humanidade sem raças? Sergio D. J. Pena São Paulo, 2008, Publifolha Tel.: (11) 3224-2201 72 páginas – R$ 12,90






NAVEGAR É PRECISO

1. Blog do Mello

Trabalho escravo em bairro nobre do Rio
Posted: 27 Nov 2008 06:24 AM CST
Cerca de 70 pessoas foram encontradas em situação análoga à de escravo na Fazenda Parque Recreio, na terça-feira, no Recreio dos Bandeirantes, durante inspeção realizada por representantes do Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro, Superintendência Regional do Trabalho e Polícia Federal. Diversas irregularidades trabalhistas foram encontradas no local, entre elas servidão por dívida, salários não pagos, alojamentos impróprios e carteiras de trabalho retidas.
Isso é o que informa reportagem publicada no Globo Online. O dono da área e da obra é o empresário Pasquale Mauro, que, segundo a mesma reportagem, é dono do Hospital Riomar, que fica no condomínio Riomar. No site do hospital, lê-se:
Trata-se de Hospital Geral, de caráter privado e aberto à classe médica, dentro dos mais aprimorados padrões técnicos e éticos.
Fico imaginando o que esse empresário entende por aprimorados padrões técnicos e éticos. Porque os empregados da obra na Fazenda Parque Recreio foram contratados por um gato, nos estados de Pernambuco e Paraíba, com a promessa de que receberiam R$ 800 por mês. No entanto, o alojamento em que ficavam era tão adequado aos seres humanos que esses lhe deram o apelido “carinhoso” de Carandiru. Até um menor foi encontrado pela fiscalização.
Ele conta que recentemente foi vítima de acidente de trabalho, cortou um dos dedos em uma máquina e foi levado ao hospital pelos próprios colegas de trabalho. "Quase perdi o dedo. Levei 12 pontos e continuo trabalhando normalmente", disse.
Evidentemente, o empresário dirá que não é responsável por nada disso, que tudo é culpa do gato, etc., porque enquanto não se aprovar no Brasil a cadeia para o responsável final e a desapropriação de terras de quem é flagrado com trabalhadores em situação análoga à de escravo, tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes.
Mas, fica o aviso e o alerta: que tal uma visitinha do Ministério Público ao Hospital do empresário para verificar os mais aprimorados padrões técnicos e éticos oferecidos por lá?
Porque esse comportamento empresarial geralmente é contagioso e faz muito mal à saúde.
Clique aqui para ler as notícias de hoje do Blog do Mello


2. Blog do Rovai - http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/blog/default.asp#5399
Tucano acusado de chacina de Unaí (MG) é condecorado

3. Site da Agência Carta Maior – www.cartamaior.com.br

Bancos recebem ajuda de US$ 4 trilhões. E o resto do planeta?Estudo destaca que já foram empregados, para o auxílio às instituições financeiras, mais de quatro trilhões de dólares, um valor quarenta vezes superior ao que se investe para combater a pobreza e a mudança climática. Os US$ 152,5 bilhões investidos pelos EUA para o resgate de uma só empresa, a AIG, supera longe os 90,7 bilhões de dólares que esse país e os europeus destinaram à ajuda para o desenvolvimento em 2007. > LEIA MAIS


4. Blog Pelos Corredores do Planalto -

http://blogdovalmutran.blogspot.com/2008/11/investigado-em-todas-as-frentes-daniel.html

Investigado em todas as frentes Daniel Dantas fica ainda mais rico

5. Site do Observatório da Imprensa - http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/index.asp

JORNALISMO ECONÔMICO

Quando a reportagem faz toda a diferença

Rolf Kuntz

1 Comentários:

  • Às 7:52 PM , Blogger Maria José Speglich disse...

    Kennedy Alencar


    Milagre Kennedy Alencar fazer uma critica desse tipo. Em geral ele é apenas um anti Lula e um anti PT, Critica a dilma por tudo.

     

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