Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

22.2.06

Número 027 nova fase


Um belo programa para o pós-carnaval!
Na verdade, a procura foi tão grande, que não será apenas 6 e 7, dia 8 também haverá atividades. Confira a programação ao final

O carnaval está chegando

E, provavelmente, a partir da quarta feira que vem o país volte a funcionar normalmente. Algumas notícias desta semana merecem reflexões. A primeira está estampada na manchete principal da Folha de São Paulo de hoje.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a ser o candidato favorito para a eleição presidencial de outubro. Segundo o Datafolha, se o pleito fosse hoje, Lula venceria tanto o prefeito de São Paulo José Serra quanto o governador paulista Geraldo Alckmin. Pela primeira vez desde agosto do ano passado, o Datafolha apurou que Lula está à frente do prefeito de São Paulo também no segundo turno.
A reportagem mostra que, na pesquisa anterior, o presidente Lula já havia recuperado votos entre os mais pobres e com menos escolaridade. Agora, também cresceu entre os que ganham mais de dez mínimos e têm mais anos de estudo. O Datafolha mostra ainda que a avaliação do governo Lula ficou estável desde o início do mês, quando o presidente recuperou a aprovação anterior à época do mensalão: 39% o vêem como regular, 37% como ótimo ou bom e 22% como ruim ou péssimo.


Isso nos mostra que a desmoralização das CPIs, em virtude do envolvimento da maioria das excelências nos escândalos e na maracutaia geral, acabou provocando o efeito inverso que a oposição desejava? Talvez. Na verdade, creio que essas pesquisas feitas agora, quando a campanha eleitoral ainda não está encaminhada, e nem se sabe ainda quem serão os candidatos, essas pesquisas, creio eu, não tem muito valor. No caso específico do presidente, me parece que elas são importantes para demonstrar que a estratégia usada pelo Planalto funcionou. Parece que a memória curta dos brasileiros não é um mito, é uma realidade.
Penso que antes de agosto a campanha não deve deslanchar. É claro que até lá a oposição continuará a jogar pedras no PT e no presidente, mas com a Copa do Mundo acontecendo... pouca gente irá prestar atenção nisso...

Outra notícia interessante e que reforça a péssima imagem dos políticos brasileiros:

Um levantamento do Ministério Público de São Paulo revelou que os políticos do Estado devem R$ 36 bilhões aos cofres públicos. O líder do ranking, segundo o jornal O Globo, é o ex-prefeito da capital paulista Celso Pitta (PTB), com R$ 10,3 bilhões. Paulo Maluf (PP) aparece em segundo lugar com R$ 9,55 bilhões, seguido por Marta Suplicy, com R$ 1,16 bilhão.
Os políticos são alvo de 119 processos por improbidade administrativa e de ação civil pública. A dívida total de R$ 36 bilhões representa mais que o dobro do Orçamento do município de São Paulo, no valor de R$ 17,2 bilhões.
Atualmente, o MP move 1,3 mil inquéritos por improbidade administrativa contra deputados e senadores, ex-prefeitos e ex-servidores municipais e estaduais, diz o jornal. Corrupção, má-gestão e enriquecimento ilícito estão entre os principais crimes apontados pela promotoria.

36 bilhões...só em São Paulo... Quanto será no resto do país? O que se poderia fazer com essa grana toda???


No Boletim da Revista Ciência Hoje, importante artigo do geneticista mineiro Sérgio Danilo Pena, que desmascara o conceito de Raça. Como se sabe, tal conceito foi formulado no século XIX e serviu, principalmente, para justificar o imperialismo europeu.

As diferentes categorias raciais da humanidade são construções sociais e não têm qualquer respaldo genético. Apesar disso, esse conceito foi integrado à medicina e é usado para o estudo e sistematização das populações. Além disso, a classificação por raças tem sido usada para justificar a ordem social e a dominação de certos grupos por outros. Em termos de material genético ou DNA, os humanos são muito similares, já que o Homo sapiens sapiens, a subespécie à qual o homem moderno pertence, surgiu há ‘apenas’ 150 mil anos, na África. As diferenças morfológicas, como a cor da pele e a textura do cabelo, são ainda mais recentes, resultado das primeiras migrações e representam apenas adaptações às diferentes condições geográficas e climáticas dos diferentes continentes. Portanto, o uso desse parâmetro para avaliações clínicas ou desenvolvimento de medicamentos é equivocado.

Essa é a opinião do geneticista Sérgio Danilo Pena, do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que esteve no Rio de Janeiro em dezembro último para participar do ciclo Vesalius de conferências, na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Segundo Pena, o conceito atual de raças foi fortemente influenciado pela classificação taxonômica proposta pelo antropólogo alemão Johann Friedrich Blumenbach (1752-1840), em 1795, na terceira edição de seu livro De Generis Humani Varietate Nativa (Das variedades naturais da humanidade). O antropólogo dividiu a humanidade em cinco ramos raciais: caucasóide, mongolóide, etiópica, americana e malaia. Essa divisão tinha como base a origem geográfica dos povos e considerava os caucasóides, grupo que incluía nativos da Europa, do Oriente Médio, do norte da África e da Índia, como o tipo perfeito, já que Blumenbach acreditava que o berço da humanidade tivessem sido as montanhas do Cáucaso, na Geórgia.

No século 19, características morfológicas e cosméticas se tornaram mais importantes para a identificação racial, e as classes criadas por Blumenbach passaram a ser associadas às cores da pele. Os caucasóides se tornaram ‘brancos’ e os africanos, ou etiópicos, ‘negros’. “Biologicamente, não faz sentido falar em raças humanas, já que esses traços respondem por uma parcela pequena do genoma”, reforça o geneticista. “De fato, no fundo, somos todos africanos”, acrescenta.

Ancestralidade africana


Para exemplificar a incapacidade de classificações raciais servirem como base para a medicina, Pena cita dois estudos realizados por seu grupo. Os pesquisadores utilizaram seqüências de DNA que variam entre as populações (polimorfismos) para investigar a correlação entre raça e ancestralidade. O primeiro trabalho foi feito com 173 indivíduos de Queixadinha, no município de Caraí, em Minas Gerais. Além de analisar os polimorfismos, dois observadores (um biólogo e um clínico), seguindo a classificação adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dividiram os participantes em brancos (29), pretos (30) ou pardos (114), baseando-se na cor da pele da porção interna do braço, na cor e textura do cabelo, na forma do nariz e dos lábios e na cor dos olhos.

Com os resultados da pesquisa, os cientistas puderam calcular um Índice de Ancestralidade Africana (IAA) para cada indivíduo que participou do estudo. Os dados demonstraram haver uma alta variabilidade de IAA nas três classes de cor, bem como uma enorme sobreposição entre elas, diferentemente do que acontecia quando se analisavam portugueses ou africanos de São Tomé. “Os brancos de Queixadinha não são tão europeus quanto os portugueses, e os pretos não são tão africanos quanto os indivíduos de São Tomé”, explica Pena. O trabalho foi repetido em São Paulo (SP), com 916 pessoas, e obteve resultados similares. Ou seja, a grande miscigenação da população brasileira torna não confiável o uso de características físicas para identificar grupos de cor.

“Mesmo em locais onde não há tanta miscigenação, como nos Estados Unidos, esse tipo de classificação não é eficiente”, ressalta o geneticista. Ele conta que há grande variedade genética entre os indivíduos, de modo que não é possível ter certeza sobre respostas terapêuticas supostamente derivadas de características “raciais”. Pena vê com cautela medicamentos que alegam ter eficácia ou efeitos colaterais diferenciados em membros de raças distintas, que é o caso de 15 dos 185 novos remédios introduzidos no mercado norte-americano entre 1995 e 1998. Em 2005, por exemplo, a Federal Drug Adminstration (FDA), órgão de vigilância sanitária dos Estados Unidos, aprovou a comercialização do BiDil, droga para o tratamento de insuficiência cardíaca congestiva em negros.

“A atuação dessas drogas se baseia em um determinado perfil farmacogenético. Não há como saber se um indivíduo possui as características necessárias a não ser que se façam os testes genômicos apropriados. Pertencer a uma ‘raça’ não é garantia de sucesso, pois, no consultório, trata-se o paciente de modo individual”, observa o geneticista. Ele vai mais longe e diz que as pesquisas médicas já feitas, baseadas unicamente na avaliação de cor, são de valor discutível. “Todas deveriam ser urgentemente refeitas levando em conta os novos conhecimentos genômicos”, afirma.

Além de abolir o conceito de raça da medicina, Pena acredita que se deve ‘desracializar’ a sociedade. Para ele, a política de cotas para o ingresso na universidade deveria ser direcionada para estudantes de escolas públicas, em vez de negros. “Corremos o risco de polarizar ainda mais a questão racial”, conclui.

Fred Furtado


Falam amigos e amigas

1. Boa tarde Profº Ricardo.
Hoje, pela manhã, estive com a profª. Liana Maria Reis e ela elogiou muito o Seu livro "História de Minas". Ontem vi o convite no seu blog, mas já eram quase 21:00 e me arrependo por não ter ido ao lançamento, mesmo assim, parabenizo-o pelo mesmo.
Ana Paula
Obrigado, Ana Paula. Um elogio da professora Liana Reis é realmente um prêmio!

2. Olá Ricardo!
Parabéns pela oficial chegada de seu livro ao nosso convívio, assim que puder irei adquirí-lo. O Boletim continua excelente, os temas abordados sempre muito relevantes p/ incentivar os leitores à reflexão. Confesso que ainda não redigi um comentário por pura timidez, mas quem sabe mais adiante eu o faça, ainda me sinto pouco informada à respeito de muitos acontecimentos históricos para argumentar com conteúdo. Sei que isso virá através do tempo, da leitura e das experiências que adquirir, afinal, estou começando o 2ºano do curso apenas. Sabe no que se refere ao meu curso, é preciso que busquemos por conta própria um aprofundamento dos temas, pois nossos professores, na maioria, deixam um pouco a desejar quanto a metodologia que usam, acredito que lhes falte uma certa reciclagem.
Bem, espero que seu trabalho seja um sucesso de vendas, tanto quanto é de público, pelo que pude sentir.

Abraços.
Simone.
Obrigado, Simone. Não se preocupe, em breve você perderá a “timidez” e estará escrevendo bons artigos para publicarmos aqui. Eu espero!!!

3. Prezado Professor,

Encontrei seu blog (Boletim Mineiro de História) na internet. Gostaria de participar de listas de discussões e conhecer novos colegas da área e, quem sabe, colaborar em algo mais. Também sou professora de História e estou em BH desde dezembro. Ainda não conheço ninguém aqui...
Atenciosamente,
Vandernilza Rocha Cruz

Bem, você acaba de ficar conhecida... centenas de colegas nossos lêem este boletim e poderão entrar em contato com você. Bem-vinda a BH!

Internacional

1. Ainda se pode acreditar no socialismo? Boa parte das pessoas não acredita mais. Creio que esta discussão precisa ser levada mais a sério. É necessário buscar uma nova conceituação para o socialismo no século XXI? Afinal de contas, aquilo que aconteceu na URSS, na Europa Oriental, na China, em Cuba, na Coréia do Norte, na Albânia.... em algum momento chegou a ser parecido com o socialismo pensado no século XIX? Tais questões precisariam estar sendo discutidas com mais vigor... Veja o que Bia Barbosa nos coloca na matéria abaixo:

PÓS-NEOLIBERALISMO
Paradigma do socialismo deve se abrir a novas experiências emancipadoras
Bia Barbosa – Carta Maior
Conclusão de seminário internacional realizado no Rio é a de que experiências como a revolução cubana não devem ser as únicas a serem consideradas na busca pela superação do modelo neoliberal. Exemplo da Ilha, no entanto, segue vivo. Mesmo sendo um objetivo complexo no século XXI, a construção do socialismo deve ser enfrentada, diz o cubano Adalberto Ronda Varona, diretor do Centro de Estudos sobre a América. (leia mais)

2. Enquanto isso... os norte-americanos continuam a exportar seu modelo de democracia para o Oriente Próximo....

Grupo diz que quase cem prisioneiros morreram sob custódia americana no Iraque e no Afeganistão
Agências Internacionais
RIO - Noventa e oito prisioneiros morreram no Iraque e no Afeganistão enquanto estavam sob custódia dos Estados Unidos. O número foi levantado pelo grupo americano de direitos humanos Human Rights First e divulgado pelo programa "Newsnight", da rede BBC.
Dos 98, 34 podem ter sido homicídios, e outros 11 são considerados suspeitos. Um número estimado entre oito e 12 prisioneiros foi torturado até a morte, segundo o grupo. O Pentágono não comentou o levantamento no programa

3. A revista eletrônica Diplo (Lê Monde Diplomatique) deste mês traz um artigo impressionante que, infelizmente, não posso reproduzir aqui, uma vez que só assinantes têm direito a abrir o site.
Mas posso comentar, é o que farei.
A matéria tem como título O NOVO GULAG. Para quem não sabe, Gulag é o nome pelo qual ficaram conhecidos os campos de trabalho forçado na antiga URSS, onde se manifestou com toda a intensidade o terrorismo da época stalinista.
Pois bem, o novo Gulag é a base norte-americana de Guantanamo, em Cuba.Lá estão ocorrendo dezenas de manifestações de protesto, desde 2002, que o governo e os militares norte-americanos insistem em tentar esconder. Graças à Anistia Internacional e a outras ONGs ligadas aos direitos humanos, consegue-se saber um pouco daquilo que eles tentam esconder.
A matéria cita, por exemplo, 6 greves de fome realizadas por detentos. Seis conhecidas!!! Os militares alimentam os detentos à força para impedir que eles morram.
O que os prisioneiros querem? Transcrevo:


"Queremos que respeitem nossa religião; [...] queremos processos justos e advogados; queremos alimentação suficiente e água não suja [...]; queremos ver a luz do sol [...]; queremos saber por que estamos há tanto tempo no campo número 5, há mais de um ano em certos casos [...]; queremos cuidados médicos [...]; nós devemos ter contato com nossas famílias, escrever para elas e receber suas cartas [...]; todos devem ser tratados da mesma forma [...]; reclamamos uma comissão imparcial que verifique e mostre publicamente a situação existente em Guantanamo".

A questão religiosa presente na primeira reivindicação é porque boa parte dos prisioneiros são muçulmanos que são obrigados a ver os soldados jogarem o Corão ao chão.
A base de Guantanamo é controlada por tropas especiais, uma unidade conhecida pela sigla ERF (Força de Reação Extrema), famosa por sua brutalidade.
Tentativas de suicídio coletivo foram também apontadas pelas ONGs. 28 tentativas foram realizadas nos primeiros 18 meses de funcionamento do campo. Em agosto de 2003 mais de vinte prisioneiros tentaram o suicídio em suas celas; num único dia foram 10 tentativas. Segundo os responsáveis pela base, tais atitudes refletem apenas a “vontade de chamar a atenção” dos prisioneiros...

Brasil

1. Ainda existem Esquerda e Direita? Como tantos conceitos, muitas pessoas querem derrubar também estes, sabe-se lá com quais intenções. Mas a Folha de São Paulo me apareceu com uma “neodireita”...o que seria isso? Miguel de Rosário mostra que de fato o “neo” não significa necessariamente um “novo”... aliás, fala-se tanto em neoliberalismo... e ele é igualzinho ao velho...

No armário do esquecimento
Por Miguel de Rosário
A chamada "neodireita" citada em reportagem da Folha pode estar de roupagem nova, mas é velha por dentro. Só aceita discutir ética quando é para atacar o adversário. Ataca a esquerda com os mesmos batidos argumentos da guerra fria. Seu melhor lugar continua sendo um quente e aconchegante armário. http://www.novae.inf.br/pensadores/armario_util.htm

2. Esta notícia é uma denuncia grave e que mereceria ser lida com atenção.O que levaria cinco antropólogos a se desligarem da FUNAI? Suas críticas precisam ser ouvidas!!! Ou iremos dar atenção a eles apenas depois que os últimos índios estiverem mortos?

Antropólogos(as) solicitam desligamento do Conselho Indigenista da FUNAI
Cinco antropológos(as) que compõem o Conselho Indigenista da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) pediram seus desligamentos do órgão. Bruna Franchetto, Gilberto Azanha, Isa Maria Pacheco, José Augusto Laranjeira Sampaio e Rubem Ferreira Thomas de Almeida saíram por motivos de discordância com as ações do órgão, que de acordo com eles as ações da FUNAI "se fundamentam em concepções arcaicas sobre os povos indígenas, seja no campo da ação política, seja nas orientações teóricas dos métodos das Ciências Sociais e da Antropologia". Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/02/344402.shtml

3. Nestes tempos em que os Rolling Stones reaparecem e que até o Jabor faz uma crônica relembrando os anos 60, vale a pena ler este artigo de Luis Carlos Lopes, que mostra a diferença fundamental entre duas épocas.

Luis Carlos Lopes
Esquecimento e poder
Nos anos de chumbo, o país ainda não tinha sido tão contaminado pela mosca azul do sucesso, do consumo e dos irracionalismos filosóficos de nosso tempo. O individualismo tinha menor espaço e ainda se falava em projetos coletivos. (leia mais)

4. E a reforma universitária??? Há tanto tempo se fala dela...e ninguém chega a um acordo. Enquanto isso, as entidades privadas vão faturando e se colocando como as maiores do país.

Mauricio Piccin
Uma reforma às avessas
Anteprojeto da reforma universitária elaborado pelo Ministério da Educação não tem consenso. Esse é um momento em que o movimento de educação e o conjunto da sociedade devem construir suas propostas, a partir de um profundo balanço, para influenciar no debate eleitoral e servir de mecanismo para organizar grandes lutas em 2007. (leia mais)

Noticias

Áustria julga historiador que negou Holocausto

Por Mark Heinrich
VIENA (Reuters) - O historiador britânico David Irving afirmou na segunda-feira ser culpado das acusações de ter negado 17 anos atrás a existência do Holocausto, mas disse a uma corte austríaca que os arquivos pessoais do nazista Adolf Eichmann haviam-no feito mudar de idéia.
Irving, 68, pode ser condenado a até dez anos de prisão na Áustria devido a declarações dadas por ele em uma entrevista concedida em 1989 e em discursos pronunciados quando visitou o país, onde é crime negar o genocídio nazista de judeus.
"Não sou um negacionista do Holocausto. Obviamente, mudei de opinião", disse Irving, um historiador que publicou muitos livros sobre a história da Alemanha nazista e sobre a Segunda Guerra Mundial.
As declarações foram dadas a repórteres quando ele se dirigia para uma corte de Viena.
Questionado pelo juiz presidente Peter Liebetreu sobre se havia negado, em discursos feitos em 1989, que os nazistas tinham matado milhões de judeus, Irving disse que havia feito isso até ver os arquivos pessoais de Adolf Eichmann, o principal organizador do Holocausto.
"Eu disse aquilo com base em meus conhecimentos à época. Mas, em 1991, quando vi os papéis de Eichmann, não falei mais aquilo e não diria isso agora", afirmou Irving.
"Os nazistas realmente assassinaram milhões de judeus", disse o historiador, que respondeu às perguntas da corte em alemão fluente.

PROMOTORIA

As declarações de Irving não conseguiram impressionar o promotor Michael Klackl, que chamou o réu, em seu pronunciamento inicial, de um falsificador da história fantasiado de mártir por extremistas da direita.
"O David Irving que ouvi hoje na corte não era o David Irving que conheci quando me preparava para este julgamento", disse Klackl à Reuters quando a corte entrou em recesso para almoço.
"A corte terá de decidir se Irving fez uma confissão honesta ou se apenas adotou uma tática (para reduzir sua pena)", afirmou o promotor.
O historiador foi detido em novembro com base em um mandato de prisão expedido em 1989. Ele pode ser condenado a uma pena que vai de um a dez anos de prisão. Segundo Klackl, a confissão de Irving poderia convencer a corte a impor uma pena menos severa.
O advogado do réu, Elmar Kresbach, pediu que a Justiça fosse leniente porque Irving havia mudado de opinião e não era uma ameaça à democracia austríaca.
O promotor, no entanto, disse que o acusado continuava a ser um ícone dos neonazistas e dos historiadores revisionistas em todo o mundo.
Uma corte formada por oito jurados leigos e três juízes deve divulgar o veredicto ainda na segunda-feira.
Irving acabou detido quando estava a caminho de um encontro da fraternidade estudantil austríaca Olympia, de extrema direita, a fim de fazer um discurso. O réu compareceu a encontros de historiadores negacionistas mesmo depois da época em que afirma ter mudado de opinião a respeito do Holocausto.

Livros e revistas

1. A Revolução alemã (1918-1923) de Isabel Loureiro, Ed. Unesp, 128 p., R$ 18
Aborda o período histórico alemão marcado pelo início da República de Weimar e os primeiros anos do Nazismo.


II Simpósio Escravidão e Mestiçagem: Histórias Comparadas (ANPUH)
Belo Horizonte, 6, 7 e 8 de março de 2006
Auditório Sônia Viegas
FAFICH/UFMG - Campus Pampulha

Programa
06 de março
Sessão de abertura - 08:30 às 09:00

Conferência de abertura - 09:00 às 10:00

Histórias comparadas, histórias conectadas: escravidão e mestiçagem no mundo ibérico
Eduardo França Paiva - Prof. Dr. UFMG

TEMA: ECONOMIA, TRABALHO, DEMOGRAFIA E RELAÇÕES SOCIAIS NO MUNDO ESCRAVISTA MODERNO

Mesa 1: Economia - 10:00 às 12:00
Família escrava e composição étnica das escravarias de São José do Rio das Mortes (1743-1850)
Afonso de Alencastro Graça Filho - Prof. Dr. UFSJ

Propriedade e Demografia Escrava em Porto Feliz(São Paulo, 1798-1843)
Roberto Guedes Ferreira - Prof. Dr. U. Salgado de Oliveira/Niterói

Aspectos demográficos dos escravos despachados da Bahia para as diversas regiões das gerais na segunda metade do século XVIII
Alexandre Vieira Ribeiro – Doutorando/UFRJ

Escravidão poder e família escrava no sertão baiano(século XIX)
Washington Santos Nascimento - Prof. UESB/BA

A trajetória econômica do Rio das Velhas: um estudo das estruturas de posse de escravos e das relações com o mercado internacional de escravos(século XVIII)
Raphael Freitas Santos - Prof. Ms. Faculdade ASA
Carolina Perpetuo Socorro - Prof. Ms. Faculdade ASA


Mesa 2: Trabalho - 13:00 às 14:30

Saberes, petrechos e escravos: oficiais mecânicos e senhores no corpo social das minas Setecentista
José Newton Coelho Meneses - Prof. Dr. UFMG

De barqueiros a artistas: ocupações dos escravos no Mosteiro de São Bento, século XVIII
Silvia Barbosa Guimarães - Mestranda/UFRJ
Jorge Victor de Araújo Souza – Mestrando/UFRJ

Trabalho livre e trabalho escravo em três distritos de Minas Gerais na primeira metade do século XIX
Leandro Braga de Andrade - Mestrando/UFMG
Mesa 3 : Demografia - 14:30 às 16:00

Aspectos da luta social na colonização do Brasil: crioulos e pardos forros na Capitania de Minas Gerais
Marco Antônio Silveira - Prof. Dr. C. U. Newton Paiva

A preocupação com a estatística nos quadros do Império Ultramarino português e os dados sobre a Vila de Barbacena, no inicio do século XIX
Adriano Braga Teixeira – Mestrando/UFRJ

Tendências demográficas no tráfico de escravos para Minas Gerais e nas Capitanias/Províncias do Centro-Sul: 1809-1830
Fábio W. A. Pinheiro - Mestrando/UFRJ

Características demográficas dos escravos em Araxá - MG, 1816-1888
Déborah Oliveira Martins dos Reis

Mesa 4: Relações sociais - 16:30 às 18:30

As relações sociais no mundo moderno, a partir nas certidões de casamento envolvendo escravos
Eva Vilma Ferreira Neto – Mestranda/UNESP

O braço armado do senhor: recursos e orientações valorativas nas relações sociais escravistas - Minas gerais na primeira metade do século XVIII
Carlos Leonardo Kelmer Mathias - Doutorando/UFRJ

Batismo e apadrinhamento de filhos de mães escravas. São Paulo do Muriaé - 1852-1888
Vitória Fernanda Schettini de Andrade - Mestranda /U. Severino Sombra/RJ

Fugas escravas em Desterro: as rotas marítimas
Martha Rebelatto - Pós-graduanda em História/UFSC

Casamento de escravos - São João del Rei, século XVIII e primeira metade XIX
Denilson de Cássio Silva - Graduado em História/UFSJ

07 de março

TEMA: VIDA COTIDIANA: ESCRAVOS, LIBERTOS E LIVRES POBRES


Mesa 5: Cotidiano, grupos e etnias - 08:30 às 10:30

Minas do ouro, universo da pobreza, da violência e do crime: cativos, forros e pobres nas vilas mineira do século XVIII
Liana Maria Reis - Profa. Dra. PUC/MG
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Controlando o ócio: homens livres e vadiagem no Rio de Janeiro no final do século XIX
Érica Elizabete da Silva - Graduada História/UFRJ

Flagrante do cotidiano: um olhar o universo cultural dos homens livres pobres em São João del Rei(1840-1860)
Edna Maria Resende – Doutoranda/UFMG e Profa. UNIPAC/Barbacena

Violência e identidade no cotidiano sertanejo: escravos, forros e livres - século XIX
Alysson Luiz Freitas de Jesus - Prof. Ms. UNIMONTES

Escravidão e violência no cotidiano feminino do século XIX
Regina Célia Lima Caleiro - Profa. Dra. UNIMONTES

Relações entre o período escravista e as interações raciais hodiernas em Chapada do Norte - Vale do Jequitinhonha (MG)
Liliana de Mendonça Porto - Profa. Dra. UFPR


Mesa 6: Religiosidade e territorialidade - 11:00 às 12:30

A justiça contra o feiticeiro: a devassa de Pai Caetano
Edna Mara Ferreira da Silva – Mestranda/UFJF e Professora UEMG/Campanha

Práticas religiosas apresentadas por escravos em Cataguases e em Vassouras no século XIX
Márcia Amantino – Profa. Dra. U. Salgado de Oliveira/Niterói

Controles cotidianos: escravidão, territórios negros e controle policial em Salvador(1870-1887)
Lígia Santana – Mestre/UFBA

Mesa 7: Negras, crioulas e mestiças - 13:30 às 15:00

Mulheres africanas forras: identidade e inserção social na linguagem visual nas roupas e acessórios
Vilmara Lucia Rodrigues – Mestranda/UFRJ

Bertolda eu? Mulheres negras, estereótipos e literatura (Rio de Janeiro, século XIX)
Giovana Xavier da C. Côrtes – Doutoranda/UNICAMP

Servir de "portas a dentro": pensando Recife e Salvador na segunda metade do século XIX
Maciel Henrique Silva - Prof. Ms. CEFET-PE



TEMA: ALFORRIAS E ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO NO MUNDO MODERNO


Mesa 8: Alforrias - 15:30 às 17:00

Práticas de alforrias nos Impérios Ibero-americanos em perspectiva comparada
Andréa Lisly Gonçalves- Profa. Dra. UFOP

Os escravos e as alforrias no final do século XIX
Silvana Fanni – Mestranda/U. Severino Sombra

Incentivos paternalistas e prática da alforria em duas vilas paulistas entre o final do século XVIII e o inicio do século XIX
Adriano Bernardo Moraes Lima – Doutorando/UNICAMP e Prof. C.U. Campos de Andrade

Alforria, estigma e Ascensão Social de libertos nos Campos dos Goitacases (1750-1830)
Márcio de Sousa Soares – Doutorando/UFF


Mesa 09 : Abolição - 17:15 às 18:45

"Não há mais escravos, os tempos são outros": identidades e cidadania negra na época da abolição
Wlamyra R. de Albuquerque - Profa. Dra. UEFS/BA

O abolicionismo das Minas: um estudo comparado do movimento abolicionista nas cidades de Ouro Preto e Juiz de Fora nas últimas décadas da escravidão
Luiz Gustavo Santos Cota – Mestrando/UFJF
Thiago Bueno Pereira – Mestrando/UFJF

A Polícia e a Abolição na Bahia
Iacy Maia Mata – Profa. Ms. F. Jorge Amado/BA

A lei do Ventre Livre e o batismo de ingênuos
Mirian Moura Lott – Doutoranda/UFMG
08 de março


TEMA: ALFORRIAS E ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO NO MUNDO MODERNO

Mesa 10: Justiça e direito - 08:30 às 09:50

Escravidão, alforria e direito no Brasil Oitocentista: reflexões sobre o "Princípio da Liberdade" na fronteira sul do Império Brasileiro
Keila Grinberg - Profa. Dra. UNIRIO

A lei do Ventre Livre e as alforrias na esfera privada
Shryse Piroupo do Amaral - Doutoranda/UFBA

Apelos judiciais de escravos e as comissões de investigações: Minas Gerais, séculos XVIII e XIX
Jener Cristiano Gonçalves – Mestrando/UFMG
Gandaia: direito e trabalho dos negros nos morros das Minas
Francisco Eduardo de Andrade – Prof. Dr. UEMG/Divinópolis


TEMA: MUNDO MESTIÇO, MUNDO ESCRAVISTA: TRÂNSITO DE CULTURAS

Mesa 11: Mestiçagem biológica, etnias e universos conectados - 10:00 às 12:30

Escravidão e mestiçagem na crônica andina colonial
Eliane Gracindo de Sá - Profa. Dra. UERJ

Os quadrilheiros no caleidoscópio: um exercício de história comparada - Portugal, Brasil e Peru
Francis Albert Cotta – Prof. Dr. UEMG/Diamantina

Matas plurais e imoralidades matrimoniais: o "despique" entre negros e índios cabanos de Jacuípe (AL-PE/1835-1850)
Janaina Cardoso de Melo – Doutoranda/UFRJ e Profa. FUNESA/AL e UFRJ

Origens africanas ou identificações mineiras? Uma discussão sobre a construção das identidades africanas nas minas gerais do século XVIII
Rodrigo Castro Rezende – Mestrando/UFMG

Nações africanas nas irmandades negras mineiras do século XVIII
Juliana Aparecida Lemos Lacet – Mestranda/UFBA

Irmãos do Rosário: enterramento de pretos e mestiços nas vilas do açúcar no setecentos pernambucano
Myziara Miranda S. Vasconelos – Mestrando/UFMG

Trânsito externo, a América portuguesa e o malogro da interiorização holandesa
Isnara Pereira Ivo – Doutoranda/UFMG e Profa. UESB/BA


Mesa 12: Cultura e arte - 13:30 às 15:00

Negros artistas: mobilidade social e trocas culturais no ambiente de criação mineiro Setecentista
Camila Fernanda Guimarães Santiago – Doutoranda/UFMG

Porciúncula ou a mestiçagem do olhar
Alex Fernandes Boher – Mestrando/UFMG

Sonoridades mestiças entre dois mundos
Janaina Girotto – Mestranda/UFRJ


Chafarizes e Máscaras: notas sobre a participação africana no Barroco Mineiro
Fabiano Gomes da Silva - Mestrando/UFMG


Mesa 13: Historiografia, educação e sociabilidade - 15:30 às 17:20

Na África eu nasci, no Brasil eu me criei: a evangelização dos escravos nas Minas do Ouro
Renato da Silva Dias - Prof. Dr. UNIMONTES

Um novo tempo para os estudos sociais do negro: o Primeiro Congresso Afro-Brasileiro do Recife, 1934
Clilton Silva da Paz – Mestrando/UFRJ

Imigrantes e Libertos ou libertos e imigrantes
Alexandre Carlos Gugliotta – Mestrando/UFF

Mestiçagem e prática educativas na Vila de São João Del Rei
Kelly L. Julio – Mestranda/UFMG

Rio, samba e batucada
Suzana Cristina de Souza Ferreira – Doutoranda/UFMG e Profa. UEMG/Diamantina

Plenária Simpósio Escravidão e Mestiçagem(ANPUH) - 17:30 às 18:30

Conferência de encerramento - 18:30 às 19:30

Repensando o conceito do paternalismo escravista nas Américas
Douglas Cole Libby - Prof. Dr. UFMG


INFORMAÇÕES:
SECRETARIA DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA/UFMG
TEL/FAX.: (31) 3499.5045

INSCRIÇÕES:
http://www.escravidao.cjb.net/

REALIZAÇÃO:
. SIMPÓSIO ESCRAVIDÃO E MESTIÇAGEM – ANPUH
. GRUPO DE PESQUISA ESCRAVIDÃO, MESTIÇAGEM, TRÂNSITO DE CULTURAS E GLOBALIZAÇÃO - SÉCULOS XV A XIX – UFMG/CNPq


APOIO:
. FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS/UFMG
. DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA/ FAFICH/UFMG
. PROGR. DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA/FAFICH/UFMG
. EDITORA UFMG
. EDITORA ZOUK

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