Número 19 nova fase
Começo hoje com uma foto da professora Laura Nogueira Oliveira, grande amiga e colega nossa. Ela foi aprovada no concurso para professor do CEFET-MG. Parabéns, Laura... tínhamos certeza de sua aprovação, porque conhecemos sobejamente a sua competência!!!
Bem, chegamos à última semana do ano de 2005. Ano que nos reservou surpresas e decepções, notadamente no campo da política. Acredito que ninguém, mesmo aqueles que não eram ligados ao PT, podiam imaginar o que estava ocorrendo. Foi muita lama que se espalhou, revelando muita coisa “podre no reino da Dinamarca”. De um lado, a podridão dos Valérios, Delúbios e outros que emporcalharam o nome do PT; de outro lado, a podridão dos “de sempre”, que se aproveitaram de tudo para tentar recuperar o poder que haviam perdido e que lhes parecia difícil retomar.
Pensava em fazer uma retrospectiva, mas li a que o Mino Carta escreveu na Carta Capital desta semana. Ele diz tudo e me permito reproduzi-lo aqui:
UM BRASIL POR FAZER
É preciso remontar, na história mais ou menos recente, para localizar um ano tão simbólico da prepotência e da arrogância dos donos do poder, e da imaturidade do País, como 2005.
Por Mino Carta
2005, ao se encerrar, presta-se a uma conclusão e a uma pauta. Encadeadas. Houvesse dúvidas, cairiam: o Brasil é país imaturo, marcado por uma espécie de inviabilidade, até hoje orgânica, com a democracia. Com a contemporaneidade. Com o próprio progresso, embora inscrito na bandeira.
Tal a conclusão, ao considerar a elite predadora e o povo resignado. E o abismo que separa a minoria feroz, incompetente, pretensiosa, e a maioria, larguíssima, submissa e atônita. Cordial, já houve quem dissesse.
Não é por acaso que o Brasil é vice-campeão mundial em má distribuição de renda, bate recordes nos números da criminalidade, exibe índices de escolaridade ínfimos e mantém em vida doenças endêmicas erradicadas no resto do planeta.
Não é por acaso que os poderes da República portam-se freqüentemente como debochados em bares do arrabalde, que o ódio de classe ainda viceja com extrema virulência, que a mídia é o sabujo dos senhores, e que, mais do que nunca, vale a regra vetusta: aos amigos tudo, aos inimigos a lei.
É preciso remontar, na história mais ou menos recente, aos tempos do golpe de 1964, e do posterior golpe dentro do golpe, para localizar um ano tão simbólico da prepotência e da arrogância dos donos do poder, e da imaturidade do País, como 2005.
Quanto à pauta de 2006, faísca na sombra. Temos, todos nós, brasileiros sempre esperançosos, um Brasil por fazer. É tarefa imensa como o tamanho da Terra e do tempo perdido, mas seria bom se os primeiros passos fossem dados logo mais.
Ignácio Ramonet, editor do jornal Le Monde, escreveu importante artigo sobre os campos de tortura que os norte-americanos estão criando em vários países. Pedi autorização, mas ainda não a recebi, para publicar o artigo. Enquanto isso, vou comenta-lo.
Ele diz, inicialmente, que não podemos acreditar em Bush quando ele afirma que os Estados Unidos não torturam. “Bush não é confiável. Sobre a questão da tortura, menos ainda”, diz ele. Afirma que relatórios elaborados por instituições acima de qualquer suspeita como a Cruz Vermelha Internacional, Anistia Internacional ou Human Rights Watch , confirmam que, depois dos atentados de 11 de setembro, e em nome da luta contra o "terrorismo internacional” a tortura passou a ser aplicada de forma sistemática.
“Decidido, desde o dia seguinte ao 11 de setembro, a instaurar tribunais de exceção e a criar, fora dos Estados Unidos – portanto fora de qualquer jurisdição norte-americana – a prisão de Guantanamo, para aí manter "prisioneiros de campo de batalha" (qualificação diferente de "prisioneiros de guerra", o que evita o recurso às Convenções de Genebra), a administração Bush mudou as regras do jogo”.
Dessa forma, em todos os campos, seja em Cuba, no Afeganistão ou no Iraque, a tortura tem sido constante, conforme descobriram os repórteres dos jornais Washington Post e New York Times. Mais ainda, um verdadeiro escândalo tem perturbado as relações de vários países europeus com os Estados Unidos, pois a CIA tem tomado atitudes que são um verdadeiro acinte à soberania de vários países.
Ramonet explica o que tem sido feito: “Outras investigações revelaram que a Central Intelligence Agency (CIA) transporta suspeitos pelo mundo afora – para a Alemanha, Itália, Suécia ou outros países – para poder levá-los a "países amigos" como a Arábia Saudita, Jordânia, Egito ou onde eles possam ser torturados sem limites. Mais recentemente, relatórios mostraram que a CIA dispunha de uma verdadeira rede de prisões secretas pelo mundo – qualificada pela Anistia Internacional como "gulags da nossa época" –, dos quais alguns estariam situados em países da União Européia (Polônia?) e da Europa Oriental (Romênia?)”.
É a violência legalizada. Interessante reler Hannah Arendt. No texto “Imperialismo”, segunda parte do monumental estudo sobre o totalitarismo, ela mostra que um dos subprodutos da dominação colonial foi justamente a disseminação da tortura na África e na Ásia, prática que depois se tornou comum na Alemanha hitlerista e na URSS stalinista.
Semelhanças com nosso tempo?
Falam amigos e amigas
1. Professor Ricardo,
Obrigado pelo Boletim e desejo ao senhor e a família, um Feliz Natal e um Ano Novo de muita paz, saúde e prosperidade.
Sebastião Elias e família
2. Caro Ricardo,
Sempre leio o boletim mas quase nunca respondo. Gostaria de parabenizá-lo, sinceramente, pelo curso de pós-graduação na Estácio de Sá. Pelos nomes envolvidos no projeto vejo que será um belo curso e que terá grandes oportunidades para seu crescimento.
Gostaria de lhe informar que nos últimos e-mails você esqueceu de colocar o link para o blog... víncular o endereço do blog no e-mail agiliza o acesso... eu sei...falha nossa...prometo que não se repetirá...
outra dica que gostaria de dar é que a parte de "notícias" viesse no corpo do e-mail, pois as noticias chamam muito a atenção para quem procura as novidades sobre concursos, editais, lançamentos de livros e etc... a idéia da criação do blog foi justamente para que não se carregasse o email do pessoal. Muitos emails voltavam porque os boletins ficavam com muitos KB e estouravam as caixas. Por isso é que considero essa sua idéia interessante, mas inviável. De qualquer forma, obrigado pela sugestão.
Abraços
Ivan Saigg
Festival de besteiras
1. Mulheres de um vilarejo da Croácia, no leste europeu, venceram todas as vagas para preencher o conselho local e prometem não deixar mais que seus conterrâneos do sexo masculino voltem a ocupar os cargos.
As moradoras de Lozisca, na ilha de Brac, ganharam os sete assentos do conselho após decidirem que estavam cansadas de ver os homens do local sem fazer nada pela comunidade, segundo o site Ananova. "Nós não estávamos satisfeitas com o trabalho que os homens fizeram e lançamos uma campanha para tomar o poder político e fazer algo por Lozisca", diz Merica Bogdan, uma das eleitas.
"Os homens nunca mais terão poder aqui. Nós concordamos em deixar que os homens estejam em nossas camas, mas nunca mais na política", afirmou.
2. Segundo informações do site ContactMusic, depois de Christina Aguilera, agora é a vez de Eminem torturar presos com suas músicas.
O governo norte-americano está sendo acusado de usar as músicas do rapper como forma de tortura, de acordo com uma ONG que luta pelos direitos humanos.
De acordo com o site, as músicas de Eminem chegaram a ser tocadas sem parar durante 20 dias. Os presos foram obrigados a ouvir as canções e alguns deles não conseguiram dormir.
Brasil
1. Será que finalmente alguém criou coragem neste país para enfrentar os poderosos donos da Bahia?
Do portal Terra
Um grupo de 23 desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) encaminhou nesta quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de interpelação judicial contra o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), por declarações supostamente ofensivas ao Poder Judiciário da Bahia. O STF também recebeu um pedido semelhante do próprio TJ.
Os desembargadores alegam nas ações que em pronunciamento no plenário do Senado, ACM teria feito "afirmações dúbias e ambíguas, caracterizadas, em tese, de crimes contra a honra, em especial os crimes de calúnia e difamação", contra os integrantes do Tribunal de Justiça estadual.
Segundo as ações, ACM teria denunciado no discurso que "desembargadores recebiam anéis de brilhantes e apartamentos há muito tempo". Teria afirmado ainda em plenário a existência de suposto esquema de tráfico de influência na eleição para a escolha do presidente do TJ-BA.
Os magistrados informam que as ações contra ACM têm o objetivo de pedir esclarecimentos ao senador quanto às declarações feitas, a fim de viabilizar futura ação penal por crimes previstos na Lei de Imprensa.
Os desembargadores sustentam que as declarações foram feitas de forma geral e que o senador deve apontar "de forma clara e expressa" a quem dirigiu as afirmações. Nesse sentido, pedem ao Supremo a concessão de liminar para determinar a interpelação judicial do senador e a notificação dele para que apresente suas explicações sobre o caso.
2. Contra a biossegurança
Gabriel Fernandes
Se a adoção dos transgênicos depende do boicote a normas que protegem a biodiversidade e a segurança alimentar, temos que assumir que há algo de errado nessa história. Faremos com o Protocolo de Cartagena o que os EUA fazem com Quioto?(leia mais)
3. ARQUIVOS DA DITADURA
Documentos são transferidos da Abin para o Arquivo Nacional
Vera Rotta - Carta Maior - 21/12/2005
A carga de 13 arquivos de aço, 220 mil microfichas e 1.259 caixas do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), do Conselho de Segurança Nacional (CSN) e da Comissão Geral de Investigação (CGI) já está no Arquivo Nacional.(leia mais)
4. A catalogação do acervo de Primo Carbonari traz à tona um velho Brasil
Por Ana Paula Sousa - De Carta Capital (Colaboração de Pablo Ricardo)
Nos estúdios de Primo Carbonari, ainda de pé no alto da Casa Verde, zona norte de São Paulo, há tantos refletores, latas de filmes e velhas câmeras que o visitante fica até meio zonzo. A tontura acontece porque os olhos querem fazer um giro de 180 graus por tudo aquilo. Mas acontece também porque, na casa com vista para o verde da Serra da Cantareira, há um tremendo cheiro de vinagre.
Câmera, ação.
50 mil rolos filmados, 3 mil edições do cinejornal exibidas e imagens de posses de Vargas a Collor
O odor tem nome técnico: “síndrome do vinagre”. É um mal que não acomete nem gente nem lugares. Atinge filmes. E indica a deterioração do suporte de acetato onde são fixadas as imagens que podem ser projetadas na tela. É dessa deterioração que estão sendo salvas as cenas que Carbonari, como produtor e diretor, captou pelo Brasil de 1929 a 1990.
“Agora já diminuiu bem. Quando a gente chegou... Cada lata que a gente abria, nossa! A gente ia pra casa e continuava sentindo o cheiro”, diz o estagiário que, feito arqueólogo em sítio antigo, se debruça sobre esse acervo. Os números dão a dimensão da lida: são 8 mil rolos, o que equivale a 1,54 milhão de metros de filme, o suficiente para fazer 589 longas-metragens de 90 minutos.
Primo Carbonari, que está com 85 anos e anda adoentado, filmava tudo o que passava pela sua frente. Comprou tanto filme que ganhou um prêmio pela metragem. Eleito pela Kodak como o homem que mais comprou negativo na América Latina, recebeu um quadro de presente. A empresa mandou um artista norte-americano vir ao Brasil para pintar seu retrato, que está até hoje pregado numa das paredes do estúdio da Casa Verde.
Depois de trabalhar para o Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda (Deip), que produzia cinejornais para lá de chapa-branca, ele fundou, em 1950, a Primo Carbonari Produções Cinematográficas. Foi aí que passou a fazer, ele próprio, os cinejornais que antecediam a projeção de longas-metragens nos cinemas, em cumprimento a uma lei criada em 1932, que exigia a exibição dos chamados “complementos”. Como era amigo do dono do principal circuito exibidor de São Paulo, emplacava com facilidade sua produção na cidade. Ao Rio, Carbonari quase não chegou. No Nordeste e no Centro-Oeste entrava em parte das cidades.
Lente aberta.
O fascínio pelos militares fica evidente nas imagens de desfiles e homenagens
Foram mais de 3 mil as edições assinadas por Carbonari. Dado o tom oficioso e a monotonia narrativa, geraram muita imagem do poder no Brasil e também muita vaia e piadinha. Uma das melhores era dita em italiano: “Primo Carbonari, doppo entrare” (Primeiro Carbonari, depois entrar). Enquanto os cinejornais corriam pela tela, as conversas corriam soltas na sala ou no saguão do café.
Piadas à parte, é fato que, de tanto filmar, Carbonari acabou por rascunhar o Brasil. Ou melhor, um certo Brasil. “Ele filmou a posse de todos os presidentes, de Getúlio Vargas a Collor”, começa a inventariar Eugênio Puppo, coordenador do projeto Ampla Visão, que inclui a catalogação e recuperação de todo o acervo e ainda a produção de um longa-metragem com um punhado dessas imagens.
A vida política nacional era a grande paixão de Carbonari. Seu apreço pelos militares era público e o levava a exageros. “O que há de militares, de desfiles de 7 de Setembro, de condecorações e de formaturas em Agulhas Negras é inacreditável”, espanta-se o próprio Puppo. “Ele filmou em detalhes toda a vida militar. Tanques, aviões, tudo.”
Diante de tal descrição, faz-se urgente a pergunta: por que então seu acervo é importante? “Porque esse acervo é um túnel do tempo para conhecermos o Brasil”, responde Puppo. “Desde que vistas com distanciamento crítico, essas imagens revelam nuances do poder e os hábitos e costumes da elite que ele retratou.”
Num país de memória capenga, em que imagens se perderam por variadas razões, os cinejornais e documentários de Carbonari aparecem como uma chance de salvar parte desse registro. De acordo com Puppo, apenas 3% do acervo Amplavisão – nome dado ao cinejornal por Carbonari em referência ao Cinemascope –se perdeu de maneira irreparável.
“Esse acervo tem importância histórica na medida em que pode trabalhar a dimensão imagética de uma época”, pontua o professor Eduardo Morettin, da ECA-USP, que estuda a representação da história no cinema. Mas ele pondera: “Hoje, o distanciamento crítico o favorece, mas não podemos nos esquecer de que o Carbonari era visto de maneira negativa, porque representava os interesses dos militares”. Isso sem falar em seu primarismo técnico.
Morettin chama a atenção para aquele que costuma ser o problema de qualquer recuperação. “Há sempre uma tendência à idealização. Por outro lado, ajuda a resgatar o discurso de uma época e, usando a expressão cunhada pelo Paulo Emílio (Salles Gomes), a desvendar os rituais do poder.”
Puppo garante que é isso que pretende fazer no longa-metragem. “Quero fazer uma revisão crítica e não uma antologia”, define o diretor, que tem a consultoria do crítico Jean-Claude Bernardet. Por ora, quem quiser conhecer parte dessas imagens pode dar uma espiada no site www.heco.com.br/amplavisao, que ainda não está completo, mas que deve ser, no futuro, uma boa fonte de pesquisa.
Quem não viu Carbonari no cinema, provavelmente vai achar graça numa operação de olhos que, à época, levou gente a passar mal nas salas, ou nos textos nacionalistas que cobrem as imagens da série Através do Pára-brisa do Meu Carro, que percorreu o Brasil.
De um lado, é preciso manter o olhar crítico ao ver esse Brasil que, apesar do ar passadista, diz muito sobre a maneira como o País foi construído. Do outro lado, é aproveitar esse acervo que sobreviveu à histórica falta de preservação das imagens nacionais.
5. "Anti-racismo, o comunismo do século XXI"
Emir Sader
Se formos tomar 2005 pelas expressões, muitas palavras e atitudes passaram despercebidas, mas pelos seus significados revelam a essência de pontos de vista que, de repente, se tornam hegemônicos. Nesse aspecto, Alckmin e Serra merecem atenção.(leia mais)
Internacional
1. TÓQUIO (Reuters) - O imperador do Japão, Akihito, exortou os japoneses a entenderem a história de maneira correta, em aparente referência às crescentes disputas com a China e com a Coréia do Sul sobre o passado militarista do país.
Akihito deu as declarações em uma entrevista coletiva recente e que teve uma tradução divulgada nesta sexta-feira para celebrar seu aniversário.
"Acredito ser muito importante para o povo do Japão esforçar-se para entender de maneira precisa sua história passada, bem como os tempos que se seguiram, e isso é muito importante quando o povo do japonês interage com o povo do mundo", disse.
Akihito fez o comentário ao responder a uma pergunta sobre sua visita a Saipain neste ano para lembrar as dezenas de milhares de mortos em batalha entre o Japão e os Estados Unidos naquele local, em 1944.
Livros de história adotados nas escolas japonesas são alvo de críticas daqueles que consideram que o material minimiza as agressões do país durante a guerra. Isso gera polêmica na China e na Coréia do Sul, onde o tema é um dos fatores que abala as relações entre os vizinhos asiáticos.
Akihito falou também sobre a importâncias das mulheres na casa imperial, semanas depois que um painel do governo recomendou que elas tenham permissão para ascender ao trono, o que evitaria uma crise de sucessão.
O imperador recusou-se a comentar se a tradição japonesa de sucessão apenas masculina, que data de séculos, deve ser alterada.
"Em relação ao papel desempenhado pelos membros femininos na família imperial até agora, elas, a meu ver, devem ter desempenhado funções importantes, de forma tangível e intangível", disse o imperador de 72 anos.
Há quarenta anos não nascem homens na família imperial japonesa, o que forçou o país a estudar opções para a continuidade da linha real.
Se as regras de sucessão mudarem, a princesa Aiko, neta de Akihito com 4 anos, poderá se tornar um dia a primeira imperatriz do Japão desde o século 18.
2. MILÃO (Reuters) - Um tribunal de Milão emitiu uma ordem de prisão européia para 22 agentes da CIA suspeitos de sequestrar um religioso egípcio na cidade em 2003, informou nesta sexta-feira uma fonte judicial.
Os magistrados milaneses suspeitam de que uma equipe de 22 agentes de CIA sequestraram Hassan Mustafa Osama Nasr em uma rua de Milão e o levaram para interrogatório no Egito, onde ele teria supostamente sido torturado. Essa noticia confirma aquilo que Ramonet falava a respeito das torturas que os soldados norte-americanos andam a fazer no mundo inteiro.
3. Começam as comemorações pelos 400 anos do nascimento de Rembrandt - Carta Maior / Ansa
Entre outros eventos para celebrar o mestre, uma exposição reunirá mais de 400 obras sob o título Todos os Rembrandts (leia mais)
Mais repercussões da eleição de Evo Morales na Bolivia.
4. Povo boliviano elege Evo Morales - um aymara na presidência
por Elaine Tavares
Quem já viu o povo o povo boliviano em rebelião sabe o que significa a vitória de Evo Morales, neste dia 18 de dezembro, nas urnas de todo o país.O rosto aymara, quadrado e de nariz majestoso, é um pouco a cara de cada um daqueles homens e mulheres que ao longo de mais de 180 anos de república vêm ensaiando esse momento de assumir, de verdade, o mando do país. Pela primeira vez, em toda a história da Bolívia, um muito digno representante da gente autóctone se faz presidente da nação com mais de 50% dos votos.
Portanto, sem passar pela votação do congresso, apenas pela mão das gentes.Por isso, pelas ruas, o que mais se vê é uma alegria sem igual e o balançar da sagrada "wiphala", a bandeira multicolorida que representa a nação aymara-quéchua. "Uma outra América está em marcha", dizem os mais entusiasmados, enquanto outros recomendam: "Ojo!", que no linguajar latino-americano significa olho muito vivo. Enquanto isso, nos EUA, alguns tremem.
Quem é o novo presidente
Evo Morales nasceu em 29 de outubro de 1959, na pequena comunidade de Isallavi, distrito de Oruro, a mítica cidade mineira. Mas, sua família era de camponeses. Durante toda a infância foi pastor de lhamas e amargou a vida dura de quem habita as áreas rurais. Os pais Dionísio e Maria tiveram sete filhos, dos quais apenas três sobreviveram. Destes tempos no ayllu (comunidade) Evo lembra das vezes em que a fome apertava e ele partia, com o pai, para buscar, bem longe, a farinha de milho que seria repartida entre todos no ayllu. Nestes longos trajetos entre Oruro e Cochabamba, o pequeno aymara recolhia as cascas de laranja que os viajantes jogavam pelas janelas dos barcos, e que ficavam pela beira da estrada. Era o que lhe matava a fome. Naqueles dias sonhava em ter uma vida melhor para ele e os seus. Mas, no altiplano, tudo parecia muito distante.
Por outro lado, o garotinho já fazia das suas na escola. Era um diferente. Convocado pela professora a desenhar um burro ele o desenhou e pintou de vermelho, amarelo e verde. Foi motivo de riso por meses, mas sustentou sua cria. Com 13 anos criou um clube de futebol, o Fraternidad, e junto com o pai, tosquiava as lhamas para garantir dinheiro para a compra de bolas e uniformes. Com 16, já era o técnico da seleção do distrito.
A mudança para Chapare, na região de Cochabamba, foi um passo importante para o jovem que já havia servido ao exército. Queria estudar, tinha ganas de fazer sempre mais. Mas, foi uma notícia cruel que dirigiu sua vida para o rumo do sindicato. Era o governo de García Meza e, em Chapare, se soube da história de um sindicalista que tinha sido queimado vivo. Aquilo serviu para que a indignação se transformasse em ação e com outros jovens criou grupos de apoio ao sindicato. Não demorou muito e lá estava ele, diretor, fazendo a luta. Em pouco tempo já era uma liderança nacional, sempre enfrentando o debate sobre o direito de os autóctones cultivarem a coca, planta ancestral que praticamente sustenta as gentes do altiplano andino. "Quem inventou a cocaína não foram os aymaras, nem os quéchuas. O branco fez isso e agora quer destruir nossas plantações. Isso nunca!"
A política sempre foi seu espaço e esta não é a primeira vez que concorre à presidência. Esteve no páreo quando o vencedor foi Sanchez de Lozada, o "gringo" que foi defenestrado pelo povo em 2004. Desta vez, mesmo com a vergonhosa campanha anti-Evo feita pelos meios de comunicação de massa, o povo boliviano decidiu olhar-se no espelho e perceber que sim: podia! E foi por isso que durante todo o domingo, aymaras, quéchuas e mesmo os brancos enfrentaram as longas caminhadas pelos vazios bolivianos na busca do sonho de, finalmente, governar o país a partir de uma "mirada" diferente. Com quase 70% de população autóctone, a Bolívia quer ver ascender um novo jeito de governar, sob a marca de "Awyayala", a grande pátria originária. Evo Morales é essa promessa.
Os desafios a enfrentar
República desde 1825, a Bolívia não tem sido um país fácil de governar.Invadida e acossada pelo homem branco desde a conquista, mesmo a liberdade foi dura. As guerras de libertação de Espanha ceifaram muitas vidas e foram conduzidas pelos chamados "criolos", brancos nascidos no continente. Quando deixou de ser colônia passou para a mão dos latifundiários, caudilhos e gente do dinheiro. Nunca esteve sob o controle das gentes trabalhadoras. Apenas num breve período, no primeiro governo de Paz Estessoro, essa possibilidade se abriu e algumas conquistas foram alcançadas. Mas, o corrente são as ditaduras, os governos autoritários e os oportunistas.
É certo que cada um deles foi enfrentado com valentia pelos bolivianos. Desde 1825 o país já passou por mais de 200 golpes de Estado, rebeliões e conflitos. E, em cada uma dessas situações o que mais se viu foi a força das gentes, enfrentando fuzis, balas, fechando estradas, balançando as bandeiras e chutando para fora do governo aqueles que não cumpriram as promessas. Evo Morales é cria desse povo. Já enfrentou tudo. O preconceito, a discriminação, a prisão. Agora é presidente e tem nas mãos um grande desafio. A América Latina se levanta, quer recolocar em questão o que Hugo Chàvez, da Venezuela, chama de "outra integração", porque de uma cor diferente, fora da área de influência das cores do Tio Sam. Vai ser a hora de provar se o povo boliviano está mesmo representado nele.
"Votamos a vida toda, mas nunca elegemos. Agora sim, elegemos!" Essa é a frase que ribomba na cabeça das gentes. E isso é uma tremenda responsabilidade. No Brasil, o povo brasileiro passou por isso. Elegeu Lula e tem sofrido com suas constantes guinadas neoliberais. Da mesma forma, há receios na Bolívia. Quem pode saber o que vai acontecer? Se os Estados Unidos não vão interferir, como sempre fazem, acusando de alguma fraude ou usando seu argumento mais manjado: a falta de democracia. É, porque quando um povo, pobre, marginalizado e desprezado se levanta, sempre há quem ache que é preciso recoloca-lo em seu lugar de subserviência. Esta vai ser sempre uma ameaça.
Mas, por enquanto, na Bolívia, tudo é festa. A cara quadrada, de nariz majestoso, está em todos os jornais, nas ruas, nos bares. As gentes se olham no grande espelho e vêem-se refletidas, filhas de "awyayala", iguais. É, sem dúvida, um novo tempo. O gás, a integração latino-americana, a nacionalização das empresas mineradoras, a assembléia popular constituinte, os problemas da privatização da água, as questões dos camponeses, tudo isso e muito mais, ficam para mais tarde. Agora é hora do ágape, da celebração da profecia de Tupac Katari, o aymara que foi esquartejado por lutar pela liberdade: "Hoje apenas matam a mim. Mas, amanhã, voltarei. E serei milhões". Assim é!
Pachacamak (o ser supremo) vibra, e Evo Morales promete: "vou mandar na Bolívia obedecendo ao povo". Uma nova América pode, sim, estar em marcha.
Elaine Tavares é jornalista.
5. Diário da nova Bolívia
Emir Sader
Evo Morales derrotou o monopólio privado da mídia, as pesquisas de opinião e seus representantes políticos. Um estudo da Associação Latino-americana para a Comunicação Social mostra que 89% das matérias sobre Morales eram negativas(leia mais)
6. Fidel ridiculariza Bush
Por Nelson Acosta
HAVANA (Reuters) - O presidente cubano, Fidel Castro, ridicularizou nesta sexta-feira uma comissão criada pelo presidente norte-americano George W. Bush para impulsionar a transição democrática na ilha do governo comunista.
A Comissão de Ajuda a uma Cuba Livre foi instaurada pelo governo Bush como parte de seus esforços para acabar com o governo de Fidel.
"Vou dizer o que penso dessa famosa comissão: é uma turma de come merdas que não merece o respeito do mundo", disse ele durante um discurso na Assembléia Nacional, o Parlamento cubano.
Havana disse que a comissão e seu programa de 500 páginas, lançado no ano passado para uma transição democrática em Cuba, eram claramente um plano de anexação.
O presidente cubano criticou a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, que afirmou nesta semana que, após 46 anos de Fidel no poder, estava na hora de uma mudança em Cuba.
"Pode haver coisa mais insana que colocar a louca para falar sobre transição?", indagou o presidente cubano.
"A esta hora? Não, homem, não. Estão loucos. Que lástima", acrescentou ele diante dos mais de 500 deputados da Assembléia Nacional.
Revistas e jornais
1. Os judeus no Brasil, organizado por Keila Grinberg, ed. Civilização Brasileira, 476p., R$ 49,90
Traça um amplo painel da imigração judaica no Brasil. O livro é dividido em duas partes: “Inquisição, judeus e cristãos-novos no Brasil colonial” e “Imigração e identidade judaica no Brasil contemporâneo”.
2. Memória e História, de Boris Fausto, ed. Graal, 261 p., R$ 39,00 – é uma compilação de crônicas com temas variados.
3. História do mundo em 6 copos, de Tom Standage, ed. Jorge Zahar, 256 p., R$ 33,00 – O pesquisador mostra como a cerveja, o vinho, os destilados, o café, o chá e a coca-cola participaram da formação das sociedades.
4. Revista Pontes - www.revistapontes.cjb.net- ISSN 1808 6462
CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
NESTA EDIÇÃO, nº 6 :
- Lazer e camadas populares: Reflexões a partir da obra de E. P. Thompson
- Navegando a favor, mas contra a corrente: a exploração do Vale do Amazonas pela marinha americana
- Entrevistado: Prof. Dr. Jose Murilo de Carvalho
- A política externa dos E.U.A. e a integração sul-americana: reflexão história e perspectivas
Sites interessantes
1. Portugal e os cinco escudos mouros
Foi lutando contra os mouros numa longa guerra étnica e religiosa que Portugal se instituiu como povo independente no século XII. » Saiba mais
2. Leia no http://www.historianet.com.br/home/
Brasil Império
O Café e a Província Fluminense no Brasil dos Braganças
O apogeu da produção cafeeira fluminense, entre 1830 a 1875, eqüivaleu, em média, a 65% da produção brasileira. Essa produção gerou uma extraordinária riqueza para os fazendeiros fluminenses que construíram suas casas, como palácios rurais, e mantendo um estilo de vida caracterizado pelo luxo.
No mais, recebi hoje da Tatiane e repasso para vocês todos:
Dentro de alguns dias, um Ano Novo vai chegar a esta estação. Se não puder ser o maquinista, seja o seu mais divertido passageiro. Procure um lugar próximo à janela desfrute cada uma das paisagens que o tempo lhe oferecer, com o prazer de quem realiza a primeira viagem. Não se assuste com os abismos, nem com as curvas que não lhe deixam ver os caminhos que estão por vir. Procure curtir a viagem da vida, observando cada arbusto, cada riacho, beirais de estrada e tons mutantes de paisagem. Desdobre o mapa e planeje roteiros. Preste atenção em cada ponto de parada, e fique atento ao apito da partida. E quando decidir descer na estação onde a esperança lhe acenou não hesite. Desembarque nela os seus sonhos. Desejo que a sua viagem pelos dias desse novo ano seja de PRIMEIRA CLASSE...FELIZ ANO NOVO!!!
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