Número 061
Lançamento do livro História de Minas Gerais, na Feira do livro de Itabirito, dia 7 de outubro
Domingo passado foi o Dia do Professor. Não sei se foi impressão minha, mas não vi praticamente ninguém falar disso... O que nos deixa perplexos, afinal sempre se falou, e muito, nesse dia. Desde os famigerados discursos do “sacerdócio” até as duras críticas da coisificação dos mestres... sempre se falou. Até mesmo cumprimentos, só recebi dois, quando, geralmente, minha caixa postal ficava abarrotada de cartões, mensagens... tempos estranhos esses nossos... A minha colega professora Luciana, da UFV, me enviou esta notícia, que saiu dia 15 no jornal O Dia. Será que tem alguma relação?
Drama nas escolas: entre livros e remédios
Violência leva mestres a sofrer síndrome do pânico e depressão
Andréia Lopes - andreia.lopes@odianet.com.br
Jefferson Machado - jefferson.machado@odianet.com.br
Rio - Hoje é dia de parabenizar os professores pelo trabalho e dedicação prestados a milhares de alunos. Tarefa que realizam, muitas vezes, sob a pressão da violência dentro das quatro paredes da sala de aula. Ou na vizinhança de seu local de trabalho. Esse fator tem sido devastador à saúde desses profissionais, que passam a desenvolver doenças como depressão e síndrome do pânico. Ano passado, segundo a Secretaria Estadual de Educação, 81.503 entraram de licença, mais de 10 mil além das concedidas em 2004: 67.178.
Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), 61% dos professores da rede que pediram licença médica na Superintendência de Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho alegavam sofrer de estresse, depressão, síndrome do pânico e ansiedade.
Cláudia (nome fictício), 39 anos, foi uma das vítimas do mal da violência. Ela ficou 8 meses afastada e precisou de um ano e meio de terapia para superar a agressão de aluna de 18 anos que a fez desmaiar de dor após arrastá-la pelo cabelo em março do ano passado. O crime rendeu à jovem condenação a três meses de serviço comunitário em asilo de Caxias. Ela deixou a escola.
Exaustão emocional ataca 48%
Houve um tempo em que professores sofriam apenas com problemas nas cordas vocais ou alergias a giz. Hoje, eles se tornam vítimas de doenças inerentes a pressões como a da violência, a que estão expostos, muitas vezes, devido à profissão.
Baseada em dados da rede estadual de ensino do Rio, de 2002, dissertação de mestrado de Luciana Gomes na Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, enumerou casos de ansiedade e insegurança. Síndromes como a do pânico e burnout — alta exaustão emocional — também foram detectadas. Esta última, de acordo com dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), foi detectada em 48% dos professores.
A mesma pesquisa constatou que o drama provoca "alta rotatividade" nas escolas, já que muitos pedem transferência ou acabam recorrendo a licenças médicas.
Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, crê na valorização do mestre e no aumento da qualidade e investimento da Educação para superar a crise: "O professor está inserido em conjunto de problemas. O papel social e a remuneração deveriam ser condizentes com o desafio que enfrenta".
'FIQUEI CHEIA DE HEMATOMAS'
"Em 15 anos de profissão, nunca imaginei que isso pudesse acontecer em uma relação aluno-professor. Sofri agressão gratuita, simplesmente por ter falado para a aluna ficar quieta ou deixar a sala, porque a conversa dela estava atrapalhando. Iniciamos uma pequena discussão e, quando achei que havia acabado, me virei para o quadro.
Nesse momento, ela me jogou um livro e veio para cima de mim. Saí correndo para outra sala. Ela foi atrás e começou a me bater e puxar os meus cabelos. Só largou depois que outros alunos conseguiram agarrá-la. Fiquei a ponto de desmaiar e cheia de hematomas pelo corpo. Foi muito traumatizante. Minha família queria que eu abandonasse a profissão." Claudia, professora em Caxias, 39 anos
Mais de 10 mil professores reféns do medo
Conseguir entrar e sair das salas de aula pode ser uma grande e perigosa exposição para professores, dependendo de onde a escola se localiza. Mais de 10 mil profissionais das redes estadual e municipal que atuam na capital trabalham em áreas de risco e tentam lecionar em meio a balas perdidas e ameaças que vêm do outro lado dos muros da unidade. São reféns do medo cerca de 10.400 professores, entre os 77 mil da rede estadual e 35.680 da municipal.
Professora de Português que não quis ser identificada chegou a ser assaltada dentro de escola onde trabalhava, em Brás de Pina, Zona Norte do Rio. "Achei que o colégio fosse um local de proteção. Hoje dou voltas de carro e falo no celular com alguém da escola para me esperar na porta", conta.
Levantamento da Prefeitura do Rio, através do Instituto Pereira Passos, revelou que a violência fora das salas de aula na rede municipal cresceu 10% entre 2001 e 2005. O estudo indica que os professores que mais sofrem são os que trabalham em bairros da Zona Norte, como Méier e Inhaúma, além do subúrbio e Zona Oeste.
Pesquisa da educadora Tânia Zagury com 1.172 professores em 42 cidades, entre elas o Rio, mostrou que a maior dificuldade do mestre em sala de aula é manter a disciplina dos alunos (22%). E 44% deles justificaram que estudantes não têm limites, são rebeldes, agressivos ou faltam com respeito.
Denúncia ao Ministério Público
O problema de segurança pública que atinge professores e se reflete no aumento das licenças médicas é tão grave, que o Sindicato dos Profissionais em Educação (Sepe) resolveu fazer levantamento cruzando informações de licenças médicas e exonerações, e encaminhará ao Ministério Público. "A realidade aponta para desgaste profundo da classe e um número de licenças absurdo. Isso é apenas a ponta do iceberg", conta a coordenadora Vera Nepomuceno.
Depois de inúmeras denúncias de casos de violência, o vereador Eliomar Coelho (PSOL) fez projeto de lei para criar o Programa Interdisciplinar de Participação Comunitária para Prevenção e Combate à Violência em escolas do município. Entre os objetivos da proposta, formação de grupos de trabalho e implantação de ações contra a violência.
'EU COBRO, ELES ME AMEAÇAM'
Meu problema começou há três anos. Quando cobro empenho dos alunos, eles me ameaçam. Uma vez, um deles me disse que conhecido seu tinha um fuzil. Outro falou que iria ao Conselho Tutelar me denunciar por discriminação. A sala de aula nos últimos 10 anos piorou. Hoje, os estudantes não respeitam o professor e acham que têm sempre a razão. Quando me formei, tinha sonhos e ideais, hoje isso acabou. Se pudesse, largaria tudo e ficaria bem longe do que não está me fazendo bem. Desde janeiro, tomo remédios controlados para combater minha depressão, mas acredito que, mesmo depois do tratamento, não conseguirei ser a pessoa que eu era há seis anos. Já pedi licença médica." Helena (nome fictício), professora em Caxias, 37 anos
O problema não é apenas no Rio de Janeiro, como sabemos. Em São Paulo, em Belo Horizonte, em praticamente todas as grandes cidades a situação se repete, sem que se faça qualquer coisa para impedir as agressões.
Convido você, leitor(a) que também é professor(a) a comentar este artigo. Envie sua colaboração, vamos publicá-la no próximo boletim. Fale da sua realidade, se ela é semelhante, mostre projetos que conseguiram reverter a situação. Quem sabe a experiência de alguns possa ajudar outros?
No boletim desta semana alguns artigos interessantes sobre ética e política, sobre o Prêmio Nobel. Notícias variadas, inclusive o boletim da ANPUH. Ao final, o dossiê sobre as eleições 2006.
Em Itabirito, a Feira do livro realizou-se no espaço da antiga Estação Ferroviária, que completa 120 anos em 2007.
BRASIL
1. Uma interessante discussão sobre ética e política na revista da Fapesp:
Entre a virtude e a fortuna
Como analisar a ética da política sem se perder no moralismo
Carlos Haag
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3077&bd=1&pg=1&lg=
2. Nossa primeira imperatriz, quem diria… nada democrática...
Lady Macbeth tropical
Cartas de dona Leopoldina revelam articuladora política que odiava a democracia
Leia em http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3079&bd=1&pg=1&lg=
INTERNACIONAL
1. No boletim passado publicamos artigo enviado pela Andréa, a respeito da fala do papa Bento XVI que criou tanta polêmica entre os muçulmanos. Hoje trazemos um artigo sobre o mesmo tema, do pensador português Boaventura de Sousa Santos.
Boaventura de Sousa Santos
A exatidão do erro (clique sobre o resumo para abrir o artigo)
É claro que o papa Bento XVI não cometeu um erro quando em seu discurso falou sobre o Islã. Por isso, é necessário analisar os reais objetivos políticos de suas declarações. O primeiro e o mais óbvio é o de apor o selo do Vaticano na guerra de Bush contra o Islã e na guerra de civilizações mais vasta que a fundamenta. - 11/10/2006
O Prêmio Nobel da Paz e o da Literatura foram bastante significativos, conforme se pode ver nos dois artigos abaixo.
2. NOBEL 2006 :: PAZ
Crédito para a pobreza (clique no texto para abrir o site da revista Ciência Hoje) 13/10/2006
3. ESPECIAL NOBEL 2006 :: LITERATURA
Retratos da mistura entre Oriente e Ocidente 13/10/2006
O Nobel de literatura foi concedido pela primeira vez a um escritor turco: Orhan Pamuk. O autor foi escolhido por abordar em suas obras a mistura de culturas entre Ocidente e Oriente e a convivência entre os valores tradicionais do Islamismo e os do mundo europeu atual. Seus romances têm forte caráter social, baseado nos conflitos na Turquia, fronteira entre a Europa e a Ásia
4. Novamente o pensador Boaventura de Sousa Santos comparece em nosso boletim para refletir sobre as mentiras dos governos, notadamente o governo norte-americano.
Boaventura de Sousa Santos
1. Seleção para Mestrado e Doutorado/UFRN
As inscrições para as provas de seleção para o Mestrado e Doutorado em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) abertas ate' 6/11/2006. Mais informações em www.cchla.ufrn.br/pgcs
2. Seleção para Mestrado/UFSC
As inscrições para as provas de seleção para o Mestrado da Universidade Federal de Santa Catarina em Serviço Social, Direitos Humanos e Questão Social estarão abertas ate /11/2006. Mais informações em www.pgss.cse.ufsc.br.
3. Guerra, ritual e parentesco entre os Maxakali/Dissertação
Marina Guimarães Vieira (marinagvieira@ig.com.br) defendeu, em 29/8/2006, dissertação de mestrado em Antropologia Social no Museu Nacional (UFRJ), intitulada "Guerra, ritual e parentesco entre os Maxakali: um esboço etnográfico", orientada por Aparecida Vilaça. Este e' o resumo da dissertação, feito pela autora: "O trabalho consiste em uma breve caracterização etnográfica do povo indígena maxakali, localizado no Vale do Mucuri, nordeste de MinaS Gerais. Abordo as formas de sociabilidade Maxakali em diversos contextos como o parentesco, o ritual e a guerra, no intuito de demonstrar que o sociais Maxakali constitui-se através de um movimento incessante de captura e domesticação de potencias selvagens (estrangeiras). Procuro inserir a relação com os Brancos - muito presentes na vida atual dos Maxakali - em continuidade com as demais relações de alteridade, analisando mais detalhadamente a apropriação da escrita e da instituição escolar."
4. A Revista Estudos Históricos do Centro de Pesquisa e Documentação de Historia Contemporânea do Brasil (CPDOC), esta' recebendo colaborações para seu próximo numero, cujo eixo temático será Brasil-Africa. O prazo para submissão de artigos e' ate' 31/12/2006. Mais informações em www.cpdoc.fgv.br
5. A Revista Tomo do Núcleo de pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais/Mestrado em Sociologia esta' recebendo colaborações para o seus dois próximos números, com previsão de lançamento para este ano. Mais informações em www.posgrap.ufs.br/periodicos
6. Eventos Estrada Real:
18/10 a 22/10 – Barbacena - 39º Festa das Rosas e Flores
22/10 a 23/10 - Congonhas - 2º Desafio Estrada Real
22/10 – Ipoema – Tambores na Estrada Real
21/11 – Belo Horizonte - XVII Feira Nacional de Artesanato
LIVROS E REVISTAS
1. A Editora Contexto lançou há poucos meses o livro História das guerras. Devido ao enorme sucesso, pudemos tornar o livro mais acessível e lançamos uma versão mais barata. A partir do dia 16/10, estará disponível a nova edição em formato 14x21, capa brochura com orelha, e por R$ 37,00.A Livraria Cultura, em sua loja virtual, já está realizando pré-venda do livro com preço ainda mais especial.
Algumas guerras mudaram o curso da História. Este livro, encomendado a historiadores, sociólogos, geógrafos e jornalistas brasileiros, dá conta de quinze momentos-chave em que as armas substituíram a política (ou foram sua extensão, como queria Clausewitz) e decidiram o futuro da humanidade.Textos elucidativos, cuidadosamente pesquisados e escritos com clareza farão com que este se torne um livro de leitura obrigatória, obra de referência na área.
Autores: Demétrio Magnoli (Org.) André Martin,Armando Vidigal ,Cláudio Camargo ,Elaine Senise Barbosa, Fátima Regina Fernandes,Francisco Doratioto,Henrique Carneiro, José Rivair Macedo, Luiz De Alencar Araripe, Marco Mondaini, Pedro Paulo Funari, Pedro Tota, Renata Senna Garraffoni, William Waack.
2. Revista Lua Nova nº 68 traz artigos sobre as ações afirmativas e sobre as perspectivas para o Mercosul, entre outros. 256 p, R$ 15,00
3. Nossa Origem, organizado por Hilton P. Silva e Claudia Rodrigues Carvalho. 236 p, R$29,00. Ensaios sobre o povoamento das Américas.
SITES INTERESSANTES
No www.historianet.com.br
Fim das ideologias? (clique no titulo para abrir a matéria)
Novamente ouvimos a mesma história. Não que a história se repita, mas os interesses daqueles que decretaram o “fim das ideologias” permanecem ainda dominantes.
BOLETIM ANPUH 21/2006.
1. PROPOSIÇÃO DE SIMPÓSIOS E MINI-CURSOS PARA O SNH 2007: PRAZO FINAL SE APROXIMA. Em pouco mais de duas semanas se encerrará o período de recebimento de propostas de Simpósios Temáticos e Mini-cursos para o XXIV Simpósio Nacional de História, a se realizar entre 15 e 20 de julho de 2007, nas dependências da UNISINOS, em São Leopoldo (RS). Simpósios e Mini-cursos poderão ser propostos por até dois associados, com título de doutor (é aceita a titulação mínima de mestre, no caso dos Mini-cursos), preferencialmente de instituições diferentes. Mais informações no site do evento: www.uss.br/web/page/politicaeculturainsc.asp
(b) O Programa de Pós-Graduação em História da UFPR e o ProDoc/Capes convidam para o seminário: "Facetas do Império na História: conceitos e métodos", a se realizar entre 6 e 9 de Novembro, de 9h30 às 12h00no Departamento de História da UFPR. A programação está disponível no site www.ufpr.br/~andreadore e, em breve, os textos das palestras estarão on-line. Inscrições e maiores informações pelo e-mail: lfslima@ufpr.br e pelo site indicado. Haverá certificação.
3. SELEÇÃO DE MESTRADO E DOUTORADO
(a) O processo seletivo ao Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura, para 2007, em nível de Mestrado e Doutorado, do Departamento de História da PUC-Rio está com inscrições abertas (até 24/11). Para conhecer o Edital, clique aqui.
(b) O Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Católica de Goiás (campus de Goiânia) divulga o processo seletivo para seu Mestrado Acadêmico “Cultura e Poder”. O edital está disponível no seguinte endereço eletrônico: http://agata.ucg.br/formularios/ucg/mestrados/historia/arquivos/
As inscrições estão abertas até 30 de novembro. Informações: (62) 3946-1251 (das 18hs às 21h30) Contatos: Av. Universitária, n.° 1069, Setor Universitário, Caixa Postal 86, 74.605-010 - Goiânia/GO. E-mail: hcapel@persogo.com.br E-mail: tmarra@ucg.br
(c) O Programa de Pós-Gradução em História da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), com área de concentração em "História do Tempo Presente", informa a abertura do processo seletivo. O curso de mestrado comporta duas linhas de pesquisa: "Culturas Políticas e Sociabilidades" e "Linguagens e Identificações". O edital e demais informações estão disponíveis na página da web: www.ppgh.udesc.br . As inscrições encerram no dia 10 de novembro de 2006.
(d) Foi lançado o Edital 2007 para a seleção do Mestrado em História da UFRN. As inscrições estarão abertas entre os dia 01 e 30/11/2006. Para consultar o Edital, acesse http://www.cchla.ufrn.br/ppgh/pdfs/edital2007_2.pdf .
4. CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS
CIVITAS – Revista de Ciências Sociais, publicação do PG Ciências Sociais da PUCRS, divulga novo prazo para recebimento de textos: 15 de novembro de 2006. A temática a ser abordada no próximo número da Revista CIVITAS é "O mundo empresarial e a questão social". A chamada é aberta a todos os autores que apresentem textos que, na perspectiva das ciências sociais, abordem a temática proposta a partir dos seguintes enfoques: o empresariado e mundo do trabalho; organizações empresariais, representação de interesses e ação política; grupos econômicos e poder político; a dimensão cultural da vida empresarial; a atuação empresarial no espaço das políticas e projetos sociais; empresas e os projetos de economia alternativa. Informações sobre apresentação e formatação dos textos, além de outras informações podem ser obtidas através do e-mail civitas@pucrs.br ou pelo tel. (51)33203681
5. LANÇAMENTO DE REVISTAS
O novo número da Fênix - Revista de História e Estudos Culturais [Vol. 3, Ano III, nº 3; julho/agosto/setembro de 2006] já está disponível e pode ser consultado no seguinte endereço: www.revistafenix.pro.br
DOSSIE ELEIÇÕES 2006
1. Ana Claudia Vargas envia esta carta de Augusto Boal:
Rio de Janeiro, 9 de Outubro de 2006
Meu Caro Albert Einstein,
Estava eu lendo um dos seus livros - sim, acontece... - quando tropecei nesta bela frase:
"O mundo é um lugar perigoso para se viver; não porque existam pessoas más, mas porque, aquelas que não são más, não fazem nada contra a maldade!"
Acho que você exagerou nessa divisão de bom e mau que, aqui no Brasil, soa um pouco maniqueísta, mas compreendemos que você se expresse melhor quando fala de Ciência do que de temas mais complexos como a política brasileira, por exemplo - ninguém é perfeito. Muitos de nós, bons, fazemos alguma coisa; alguns, até mais do que imaginávamos ser capazes. Isto posto, temos que admitir que este Outubro será longo, intenso, e terá, no seu bojo, 48 meses.
Para evitar 48 meses de tristezas e desastres, temos que trabalhar duro nestas três semanas para dizer, querido Einstein, que você pode entender muito de Física - Quântica ou não - mas, de brasileiros, entendemos nós.
Somos, na maioria, gente boa: nossas vidas, e nossos fichários no Dops e noutras organizações do Terrorismo de Estado, atestam e confirmam. Somos bons, mas o que significa ser bom ou mau nestas eleições?
É sabido que muitos eleitores votam em si mesmos, isto é, votam nos candidatos dos quais algum benefício recebem, seja uma dentadura postiça - como suas consciências, postiças e à venda -, ou um cargo em algum órgão oficial. Nem todos são maus, alguns são desesperados, poucos são recuperáveis.
Muitos há que votam mal porque acreditam que a mídia seja imparcial e justa, não percebem as manipulações feitas pelos entrevistadores nos programas de debates e nas manchetes dos jornais. São bons... e votam mal. Eu sei, tudo é relativo, meu caro, mas pode-se votar mal sendo-se bom?
Ser bom é votar a favor da população como um todo, incluindo carentes: em uma Sociedade, somos todos Sócios! Não devemos buscar apenas o próprio ganho, dentadura ou cargo, mas o bem coletivo.
Ser bom é votar em brasileiros e não nas corporações multinacionais e seus coadjuvantes nativos; votar na Independência e Vida!, e não entregar seu voto aos países hegemônicos que governam o mundo pela violência militar, econômica e mediática!
Ser bom é votar naquele que criou a Bolsa Família que tirou 11 milhões de famílias brasileiras da miséria absoluta e da fome; não se trata de dar esmola, mas de exigir crianças na escola, vacinação e trabalho.
Ser bom é votar naquele que recusou a tutela estrangeira da Alca, e desenvolveu laços comerciais e culturais com os países irmãos do Mercosul, África e Ásia, sem deixar de consolidar os que já existiam com outros países do mundo;
Ser bom é votar naquele que teve altos e baixos nesta primeira Presidência: baixou a inflação de 14 para menos de 3%, alteou o salário mínimo de 50 para o equivalente a 150 dólares;
Ser bom é votar naquele que criou mais de 500 Pontos de Cultura no Brasil inteiro, apoiando democraticamente embriões culturais que já existiam, jamais impondo um modelo único.
Ser bom é votar no governo que, através da Polícia Federal, prendeu, em três anos e meio, mais quadrilhas de colarinho branco do que todos os governantes anteriores, desde Pedro Álvares Cabral, cortando inclusive na própria carne do partido que fundou. Fala-se pouco disso, mas devemos lembrar que os escândalos que estão vindo à tona foram descobertos pela PF, que é parte do Estado administrado por este governo - o governo que revelou o crime não pode ser acusado de criminoso;
Ser mau, muito mau - horrendo! -, é votar em quem aplaudiu a privatização das nossas galinhas dos ovos de ouro, prata e bronze, Usiminas, Vale do Rio Doce, Embratel, Telebrás...
Ser mau é votar em quem ameaça privatizar a Petrobrás, Banco do Brasil, Correios, a terra e o ar, o céu e o mar...
Isto não é "ouvi dizer": é entrevista que o candidato adversário deu ao Globo no dia 15 de Janeiro. Este insalubre, malsão e malvado desígnio foi obliquamente reiterado na pg. 9 do Globo de 8 de Outubro, pela manhã, e negado à noite na TV. Como acreditar que um candidato pretenda fazer algo contrário ao que fizeram seus partidos quando no poder?
Ser mau é votar em quem bloqueou mais de 60 CPIs na Assembléia Estadual, permitiu o florescimento de PCCs, e ameaça uma reforma da Previdência (Globo, idem, ibidem). Alguém que vive usando palavras vazias como “choques de gestão”, como se fosse programa de governo: palavras polissêmicas que permitem qualquer interpretação, a torto e a direito.
Temos três semanas para convencer os bons que votaram mal, a votarem certo e bem - Lula, 13! - e não outro número, como alguns safados andaram espalhando em santinhos pelo Nordeste. Este é o conselho que você nos dá, meu caro Einstein: agir e reagir . Sim, somos capazes! Estamos em campo!
O combate político não se faz apenas mostrando o certo e execrando o torto: faz-se pela pressão na rua e em casa, no trabalho e no lazer, em toda parte, inclusive na Internet que, no seu tempo, caríssimo Albert, não existia. Nem sei como você conseguiu descobrir que a luz faz curvas, sem o auxílio de PC ou MacIntosh.
Temos que pressionar o governo para continuar fazendo o bem que está fazendo, e a Reforma Agrária, ainda esquecida.
Lembrando a História recente: o mal da nossa esquerda sempre foi a sua suicida fragmentação. Claro que temos que nos juntar ou separar segundo nossas opções ideológicas, e defender, sem renúncias, nossas idéias! Nos momentos decisivos, porém, temos que nos unir diante do adversário compacto. Por maiores que sejam as diferenças, temos em comum o mais importante: queremos um país que pense e aja por si mesmo, sem cabresto.
A partir de 64, formaram-se tantas siglas combatentes, tantas divisões e dissidências, dissidências das divisões e divisões das dissidências, tantas estratégias corretas que, por serem tantas, estavam todas erradas. Eu não quero cometer o mesmo erro porque me lembro das suas nefastas conseqüências, físicas e morais.
Votar nulo é votar no pior - isto não é opinião, é matemática! Albert, meu amigo, você tinha razão: sempre haverá gente ruim. Mas ninguém pode dizer que ser “bom” é ficar quieto, calado, enquanto o Brasil decide se continuará soberano ou se vamos ter, outra vez, que pedir a benção ao Enxofre.
Caro Albert, obrigado pela inspiração póstuma que você nos deu - sempre é tempo. Você é um gênio mesmo: eu já sabia disso, mas agora ficou provado!
Bom descanso, enquanto eu acabo de ler o seu livro. Está bastante bom, sabe? Tem uma coisinha aqui, outra ali que talvez não seja bem assim como você pensa, mas, globalmente... Desculpe: a gente conversa depois das eleições. Vamos trabalhar!
Parabéns, sinceros e eloqüentes.
Augusto Boal
Por que este assunto não volta à mídia??? O que há por trás disso???
2. Do Correio Caros Amigos:
A farsa nossa de cada dia
Por Guilherme Scalzilli
Há evidências de contaminação política na grande imprensa desde a posse de Lula. O problema de realçá-la retrospectivamente, à luz de posturas vigentes durante a gestão FHC, consiste em enfrentar o malicioso argumento de que contextos diversos pressupõem abordagens desiguais dos contemporâneos. Alguns colunistas evitam o dilema, alegando que a averiguação de eventuais desvios do governo atual independe de parâmetros morais fornecidos pelos antecessores. Portanto, não seria relevante que a imprensa tenha agido de forma diferente no passado.
A idéia é falsa porque tenta retirar o foco dos jornalistas, eximindo-os de responsabilidades no complexo sistema gerador da corrupção. Numa democracia plena, certas convicções não podem estar sujeitas a conveniências. Um repertório de valores manchado por contradições serve à impunidade e à manipulação, justificando as piores violências – se hoje condenamos o que ontem era razoável, e vice-versa, qualquer absurdo futuro se torna viável. Todos sabem disso, claro. Mas preferem refugiar-se num moralismo cínico, subitamente cego e imediatista por exigências do momento. E é difícil combatê-lo, sob o risco de ser tachado de corrupto ou censor.
O chamado “escândalo do dossiê” resolve esse problema de modo exemplar. Agora não se trata de cobrar coerência entre comportamentos separados pelo esquecimento e pela obsolescência característica do periodismo. O proselitismo político emerge no calor do próprio noticiário.
Não resta dúvida de que a histeria em torno do suposto dossiê teve a finalidade imediata de abafar a famosa entrevista à IstoÉ, na qual os Vedoin, chefes da máfia das ambulâncias, envolveram José Serra e Barjas Negri no esquema criminoso. Os sinais do acobertamento são evidentes. Dos três possíveis crimes envolvidos (tentativa de compra de falso testemunho, denunciação caluniosa e lavagem de dinheiro), dois dependem da veracidade das informações prestadas pelos entrevistados. Apenas o último delito, no entanto, foi investigado pela imprensa, que ignorou todas as denúncias. As indignações transferiram-se imediatamente para o PT, poupando Serra e Negri de constrangimentos.
A gritaria dos moralistas de ocasião diluiu as flagrantes incongruências que seu “jornalismo” exibiu na cobertura do episódio. Jefferson, Waldomiro, Buratti, Karina e assemelhados eram informantes confiáveis. Os Vedoin, não. Quando personagens obscuros, ou mesmo delinqüentes confessos, depõem contra petistas, considera-se justificável divulgar suas acusações: as denúncias possuiriam relevância e publicá-las seria eticamente tolerável, tratando-se de fontes identificadas. Quando alguém bole com tucanos poderosos, essa lógica desaparece: os Vedoin não possuem credibilidade, a IstoÉ deveria ter checado as informações previamente. A ninguém ocorreu algo semelhante quando a revista Veja propagou as estapafúrdias teorias dos dólares trazidos de Cuba em caixas de uísque.
O jornalismo oposicionista cobra rigor nas apurações sobre a origem do dinheiro que pagaria o dossiê. Novamente, “a população tem o direito de saber” – argumento que sustentou a sanha investigativa contra os acusados de mensalão e do caixa dois. Mas não pareceu tão importante devassar Antero Paes de Barros e Eduardo Azeredo com a mesma fúria, esclarecer as ligações do PSDB com Marcos Valério ou descobrir a origem do depósito que o caseiro Francenildo recebeu, através do pai, na véspera de seus depoimentos contra Palocci. Tampouco existe o mesmo “interesse público” em determinar se o governador eleito do principal Estado do país esteve envolvido com uma quadrilha que, segundo o próprio Ministério Público, operava desde 1998. Lula sabia. Serra não.
Conturbar a disputa paulista às vésperas da votação seria oportunismo eleitoral. Tamanha cautela não vale para o petista Humberto Costa, candidato ao governo de Pernambuco. E definitivamente não se aplica a Lula. É assombroso constatar que o desprezo conferido às fotos comprometedoras de Serra com os Vedoin foi acompanhado de grandes esforços para expor as ligações do presidente com os acusados pelo dossiê. Enquanto os tucanos apareciam como vítimas de um ardil sujo, petistas viraram gângsters ordinários, condenados publicamente por “admitirem conhecer” pessoas ligadas aos suspeitos. Tudo isso em plena fase de investigações, sem qualquer conclusão oficial.
Enxergou-se na demora em apurar o caso uma atitude politizada da Polícia Federal, mas ninguém estranhou as semelhanças entre o episódio atual e o de março de 2002, quando o mesmo Serra foi beneficiado por uma ação da PF contra Roseana Sarney. Dois episódios similares, em muitos sentidos.
Não divulgar fotos do dinheiro recém-apreendido é condescendência das autoridades. Mas revelar a íntegra do dossiê seria abuso. A atuação de membros do governo na campanha de Lula constitui falta gravíssima; já o procurador que manifesta inclinações partidárias e ordena prisões infundadas está no pleno gozo de suas atribuições.
E assim vamos aplaudindo o teatro de aberrações em que se transformou o jornalismo brasileiro. Não importa como o adjetivemos, de meramente tendencioso a golpista; sua utilidade para a propaganda política está bem protegida pelas chantagens de uma pseudo-ética ocasional e dissimulada. Obtusos somos nós, que o questionamos.
Guilherme Scalzilli é historiador e escritor. www.guilherme.scalzilli.nom.br
3. Não é nova, é velha direita mesmo
Por Renato Rovai [5/10/2006]
Geraldo Alckmin tem jeito e cara de picolé de chuchu, expressão bem-humorada criada pelo jornalista José Simão, da Folha de S.Paulo, para seu estilo insosso. Mas não é um candidato com gosto de nada, como pode até ser interessante para ele se apresentar. Como um político que só se preocupa em “administrar bem” e “cuidar das pessoas”, que não tem viés ideológico. Ao contrário, o candidato a presidente pelo PSDB é um representante da direita mais arcaica do ponto de vista moral, mais neoliberal no viés econômico e mais truculenta na ação política.
A história política do candidato que governa como Alckmin e disputa eleições como Geraldo é a prova cabal do seu direitismo clássico. Alckmin não pode ser entendido como fenômeno de uma nova direita, que mantém sua opção econômica liberal, mas com valores mais progressistas em relação a questões morais, por exemplo. Entre outras coisas, sua já conhecida relação com o Opus Dei destrói tal possibilidade. Nesse campo, um governo Alckmin seria muito mais à direita, por exemplo, do que o realizado pelo seu antecessor tucano, Fernando Henrique Cardoso.
Quando Alckmin disputava com José Serra a indicação à candidatura a presidente pelo PSDB, a revista Época, das organizações Globo, revelou em reportagem que ele mantinha encontros semanais com o articulista de O Estado de S.Paulo, Carlos Alberto Di Franco, ocasiões em que recebia orientações espirituais. Di Franco é um dos numerários mais influentes da Obra. Desses encontros, realizados quinzenalmente no Palácio dos Bandeirantes e confirmados pelo próprio Di Franco à Época, participavam aproximadamente 30 pessoas. Um pequeno trecho da entrevista do articulista de O Estado à revista da Globo dá sinais de que lições eram transmitidas nas palestras.
ÉPOCA – O senhor não acha que a proibição de ir ao cinema, teatro ou estádio de futebol conflita com seu trabalho de jornalista?
Di Franco – Para mim nunca foi problema. Não é que não pode, a expressão está mal colocada. Não vai ao cinema porque não quer ir ao cinema. Os numerários vivem, voluntariamente, uma série de abstenções em função de sua entrega como numerários.
ÉPOCA – Como o senhor faz com o cilício (cinto usado para autoflagelação)?
Di Franco – O cilício é uma mortificação corporal ultratradicional na Igreja. Se você falar com qualquer pessoa que viva o cristianismo é a coisa mais corriqueira e comum.
ÉPOCA – O senhor usa, duas horas por dia?
Di Franco – Sim, como qualquer numerário.
ÉPOCA – Quando o senhor está com o cilício se concentra no sofrimento de Cristo?
Di Franco – Essa pequena mortificação você oferece por várias intenções. A partir de hoje vou oferecer para você.(...)
ÉPOCA – É muito difícil o celibato?
Di Franco – Qualquer pessoa tem desejo, é normal. Eu sinto atração pelas mulheres, claro que sinto, sobretudo pelas bonitas.
ÉPOCA – O senhor é virgem?
Di Franco – Você está entrando em território perigoso. Mas sou, se quer saber sou.”
A relação do candidato tucano com o Opus Dei não é algo superficial ou novo, como tentam sugerir agora seus aliados. O tio de Alckmin, José Geraldo Rodrigues de Alckmin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), indicado pelo ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, também foi o primeiro supernumerário do Brasil. Seu pai, Geraldo José, pertencia à Obra. E quando era prefeito de Pindamonhangaba, em 1978, data do cinqüentenário do Opus Dei, Alckmin homenageou o fundador da organização, o espanhol Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), batizando uma rua com seu nome. A Obra ainda foi importante para o atual candidato a presidente em outra ocasião, quando conseguiu a anulação do primeiro casamento de dona Lu Alckmin. Antes de conhecer Alckmin, ela se casou e foi morar em Londres com aquele que seria seu primeiro marido. Ficou um tempo por lá, mas depois voltou alegando que teria descoberto que ele vivia numa comunidade hippie e que ela não teria se acostumado à situação. Após conhecer Alckmin, para que pudesse ter um casamento religioso, a Opus Dei foi fundamental. Por conta das relações que tinha com esse setor da Igreja Católica, a família do atual candidato conseguiu anular o primeiro casamento da ex-primeira dama do estado de São Paulo. Alckmin, evidente, nega que haja relação entre a anulação do primeiro casamento da esposa e seu relacionamento com a Opus Dei.
O tal choque de gestão
Mas se as questões morais têm lá sua importância no que diz respeito principalmente a grupos discriminados, deve-se levar a sério o discurso de Geraldo Alckmin relativo ao choque de gestão. Eleito, fará tudo para implementar sua visão de Estado, absolutamente neoliberal. Ainda no governo Mário Covas, então como vice-governador, presidiu a comissão estadual de privatizações, que tirou do controle do Estado as Centrais Elétricas de São Paulo (Cesp), Eletropaulo, Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e Comgás, além de negociar concessões das principais rodovias estaduais e privatizar o Banespa. Não à toa, Alckmin é o candidato dos sonhos do empresariado paulista.
Recentemente encaminhou a proposta de venda da Nossa Caixa e da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), de novas linhas do metrô que estão em construção, do porto de São Sebastião e de rodovias da região de Campinas. Mesmo com tantas privatizações, hoje a dívida do estado chega a R$ 123 bilhões. E o sucessor de Alckmin, o atual governador Cláudio Lembo, recentemente revelou que a gestão “eficiente” do antecessor lhe reservou um rombo surpresa de R$ 1,2 bilhão para este ano.
A falta de investimentos públicos afeta principalmente a população de baixa renda. Política social para Alckmin é aumentar o efetivo policial e amontoar jovens em cadeias e unidades da Febem, o que provocou a maior crise de segurança pública da história do Brasil. Além de ter gerado o PCC, que não existia antes da eleição do PSDB para o governo do estado, o governo Alckmin é o recordista em massacres. Como já publicado por Fórum, de 12 a 20 do mês de março morreram por arma de fogo 492 pessoas em São Paulo. Uma tragédia sem precedentes.
Na atual campanha, para mostrar sensibilidade social apresenta como contraponto ao programa Bolsa Família do governo Lula, o famoso Bom Prato, que vende refeições a um real. O sítio do governo do estado consultado no dia 2 de outubro explica o programa: “um projeto de inclusão social desenvolvido pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento em parceria com entidades do 3º setor. Tem um cardápio elaborado e monitorado por nutricionistas, com refeições compostas de arroz, feijão, carne, farinha de mandioca, salada, legumes, suco, frutas e pão ao preço de R$ 1,00”. Mas tem mais: “Hoje já são 26 unidades que servem mais de 36.700 refeições por dia, uma média de 1.200 por unidade”. Depois de 12 anos de governo, ou seja, 144 meses, o programa social modelo é a construção de 26 restaurantes populares.
Atenção aos movimentos sociais
O ex-presidente da CUT, João Felício, em entrevista na edição 36 de Fórum, fez uma afirmação contundente a respeito da postura do candidato tucano enquanto governador. “O Geraldo Alckmin é anti-sindical. Não conseguimos audiência com o governador, nem a CUT Estadual nem a Nacional.” O então presidente da CUT estadual, Edílson de Paula, confirma e dá um exemplo. Diz que quando conseguiu agendar um encontro, ficou oito horas trancado em uma sala no Palácio dos Bandeirantes e acabou não sendo recebido pelo governador para uma negociação. Edílson tentava evitar a demissão de 1.700 funcionários da Febem. “A gente sabia que ele estava na sala em frente, mas ficamos o tempo todo esperando.”
Em relação à Febem, o desempenho do ex-governador paulista confirma sua ortodoxia ultraconservadora e até certo ponto de aspecto fascista. As histórias contadas pela presidente da Associação de Mães e Amigos de Crianças e Adolescentes em Risco (Amar), Conceição Paganale, são de arrepiar. Na Febem de São Paulo, a juventude é espancada, torturada e muitas vezes estimulada a organizar rebeliões para justificar a agressão, costuma dizer Paganele. Hoje ela enfrenta um processo por dano, incitação ao crime, formação de quadrilha e facilitação de fuga por conta de sua luta em defesa dos jovens. Quem a processa é o governo de Geraldo Alckmin, por meio da Corregedoria da Fundação. Durante a gestão Alckmin, a Febem acumulou 170 rebeliões, mais de 3,5 mil fugas e assistiu à morte de 26 jovens e cinco funcionários.
Todas as CPIs engavetadas
Se a mídia paulista tão rígida moralmente em relação ao governo Lula fosse coerente exigiria fiscalização e CPIs, por exemplo, para os gastos com o Trecho Oeste do Rodoanel. O governo poderia fazer aditamentos ao contrato em até 25% do valor original, mas o custo da obra saiu 75% a mais. Isso é apenas um caso. Nos 12 anos de governo tucano-pefelista em São Paulo, tudo que deveria ser investigado ficou sob o tapete, exatamente ao contrário do que Alckmin exige em relação aos casos envolvendo o governo federal. Nenhuma CPI para 800 processos no Tribunal de Contas do Estado só na gestão Alckmin.
Para conseguir barrar a investigação das denúncias, o então governador contou com maioria na Assembléia Legislativa. Uma das pistas de como essa base teria sido construída apareceu numa reportagem realizada à época da disputa entre e Serra e Alckmin – foi só naquele momento que a mídia comercial paulista expôs um pouco as mazelas do atual candidato a presidente. Na ocasião, a Folha de S.Paulo, cuja direção preferia Serra, trouxe reportagem mostrando que as estatais Nossa Caixa e Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) foram usadas para favorecer jornais, revistas e programas de rádio e televisão mantidos ou indicados por deputados da base aliada na Assembléia Legislativa. Um deles, Afanásio Jazadji (PFL), que não se reelegeu, assumiu que foi beneficiado em negociação comandada pelo próprio Alckmin para evitar a vitória de Rodrigo Garcia (PFL) na disputa da presidência da Mesa. O escândalo ficou conhecido por “mensalinho”, mas teve curta repercussão e não foi investigado.
E os amigos?
Num encontro festivo de uma estatal paulista, um deputado estadual do PSDB em conversa privada com este jornalista disse o que boa parte do tucanato paulista, principalmente ligado a José Serra, acha, fala, mas não permite publicação. Segundo ele, Alckmin posa de santo, mas é a encarnação do demônio. Não atua de forma partidária, mas apenas com o seu grupo íntimo. Além de ter a péssima mania de não cumprir acordos (cuidado, Aécio Neves!), persegue de maneira cruel àqueles que não se submetem à sua tutela.
No exercício do cargo, Alckmin levou para dentro do Estado sua ação ultraconservadora, mas também os “seus garotos”, como definiu o ex-presidente FHC quando ele tentou fazer de Saulo de Castro Abreu o candidato a prefeito do PSDB para enfrentar Marta Suplicy. Além de Saulo, o outro manda-chuva na sua gestão era Gabriel Chalita, católico ultraconservador como Alckmin, e cotado para ser ministro da Educação em um hipotético governo do tucano.
Chalita tem um currículo “invejável”, com apenas 37 anos, já escreveu 39 livros. Destaque para o best-seller Seis lições de Solidariedade com Dona Lu, obra baseada nos diários da primeira-dama paulista. “Conto que ela chorou praticamente um ano inteiro a morte da mãe”, revelou o secretário da Educação em uma entrevista à Veja São Paulo.
Chalita é ligado à rede católica Canção Nova, conservadora como a Opus Dei. No governo do estado ele teria operado junto a Alckmin a cessão de uma fazenda de 87 hectares – cerca de 54 vezes o parque Ibirapuera, um dos maiores parques de São Paulo –, em Lorena (a 188 km da capital paulista), à Canção Nova. A fazenda fora solicitada por pelo menos dois órgãos do próprio governo. O Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), que pretendia utilizar o local para reforma agrária, e a Faculdade de Engenharia Química de Lorena (Faenquil), vizinha à área, que pretendia ampliar seu campus. Mas o secretário de Educação tinha destino mais interessante para o latifúndio. Hoje, Chalita tem um programa de duas horas todas as quartas na emissora de TV da rede Canção Nova e um programa diário na rede da rádio. E Alckmin, como ele gosta de perguntar, será que não sabia de nada?
4. Dois blogs de amigas que vale a pena navegar por eles, pois apresentam muito material sobre os candidatos:
http://mariafro.blogspot.com/
http://www.tamoscomraiva.blogger.com.br/
5. Banco estatal beneficiou aliados de Alckmin (enviado por Maria da Conceição C. Oliveira)
FREDERICO VASCONCELOS da Folha de S.Paulo
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) direcionou recursos da Nossa Caixa para favorecer jornais, revistas e programas de rádio e televisão mantidos ou indicados por deputados da base aliada na Assembléia Legislativa.
Documentos obtidos pela Folha confirmam que o Palácio dos Bandeirantes interferiu para beneficiar com anúncios e patrocínios os deputados estaduais Wagner Salustiano (PSDB), Geraldo "Bispo Gê" Tenuta (PTB), Afanázio Jazadji (PFL), Vaz de Lima (PSDB) e Edson Ferrarini (PTB).
A cúpula palaciana pressionou o banco oficial para patrocinar eventos da Rede Vida e da Rede Aleluia de Rádio. Autorizou a veiculação de anúncios mensais na revista "Primeira Leitura", publicação criada por Luiz Carlos Mendonça de Barros, ministro das Comunicações no governoFernando Henrique Cardoso. Ele é cotado para assessorar Alckmin na área econômica. Recentemente, a Quest Investimentos, empresa de Mendonça de Barros, foi escolhida para gerir um novo fundo da Nossa Caixa.
O banho de ética anuncia do pelo candidato tucano à Presidência da República torna-se uma ducha de água fria com o resultado de uma auditoria na área de publicidade da Nossa Caixa, que revela o descontrole nas contas, e com a investigação, pelo Ministério Público do Estado, a partir de denúncia anônima, sobre o uso político-partidário do banco oficial.
Entre setembro de 2003 e julho de 2005, as agências de propaganda Full Jazz Comunicação e Propaganda Ltda. e Colucci Propaganda Ltda. continuaram prestando serviços sem amparo legal, pois o banco não renovara os contratos, conforme a Folha revelou em reportagem de dezembro último. O caso está sendo apurado pelo promotor de Justiça da Cidadania Sérgio Turra Sobrane.
Ao analisar 278 pagamentos às duas agências no período em que operaram sem contrato --no total de R$ 25 milhões--, a auditoria interna apontou irregularidades em 255 operações (91,73%).
Não foram localizados documentos autorizando pagamentos que somavam R$ 5,1 milhões. Em 35% dos casos, não havia comprovantes da realização dos serviços. Em 62,23%, os pagamentos não respeitaram o prazo mínimo legal de 30 dias. O patrocínio de campanhas de marketing direto era autorizado verbalmente.
A responsabilidade por esses pagamentos é atribuída ao ex-gerente de marketing Jaime de Castro Júnior, 48, ex-auditor do banco, com 28 anos de casa. Ele admitiu ter liberado pagamentos em valores acima dos limites que podia autorizar e, a partir de 2002, sem ter procuração para tal. "Reafirmo que assumi a responsabilidade pela liberação dos pagamentos, dados sua urgência e os interesses da instituição", afirmou à comissão de sindicância.
Ele foi demitido por justa causa, em dezembro, pelo presidente do banco, Carlos Eduardo Monteiro, sob a acusação de "mau procedimento", "desídia" e "indisciplina". O ex-presidente do banco Valdery Frota de Albuquerque também foi responsabilizado.PressõesPor entender que a comissão de sindicância poupou outros envolvidos, inclusive o presidente do banco, o ex-gerente preparou um relatório de 42 páginas em que revela outras irregularidades e as pressões que recebeu do Palácio dos Bandeirantes. "Houve atendimentos a solicitações de patrocínio e mídia, de deputados estaduais da base aliada, nas ocasiões de votação de projetos importantes para o governo do Estado", afirma Castro Júnior nessa peça.
O ex-gerente explicitou: "Por ser um órgão do governo do Estado, a pressão de cunho político para liberação de anúncios, verbas para eventos e patrocínios sempre foi muito forte. Fosse através da Secretaria da Comunicação, diretamente por deputados, vereadores, secretarias de Estado, do gabinete do governador, para atendimentos de natureza política, para sustentação da base política do governo do Estado".
Há suspeitas de que o esquema envolve outras empresas do Estado. Consultadas, Sabesp, Prodesp, CDHU e Dersa não responderam questionário da Folha.
O direcionamento da publicidade pelo Palácio dos Bandeirantes veio à tona com a quebra de sigilo da correspondência (e-mails) de Castro Júnior, autorizada pela direção do banco nas investigações.
Essa troca de mensagens indica que as determinações para a veiculação de interesse dos tucanos partiram do assessor especial de Comunicação do governo do Estado, jornalista Roger Ferreira.
Ele atuou nas equipes de marketing das campanhas presidenciais de Fernando Henrique Cardoso e José Serra. Foi chefe da Assessoria de Comunicação da Caixa Econômica Federal, entre 1999 e 2002, na gestão de Valdery Frota de Albuquerque, que o levou para assessorá-lo na Nossa Caixa.
Jornada dupla
Antes de trabalhar com Alckmin no Palácio dos Bandeirantes, Ferreira foi assessor da presidência da Nossa Caixa, entre março e outubro de 2003. Recebia R$ 17 mil mensais, salário superior ao do presidente do banco. O jornalista foi contratado pela agência Full Jazz, empresa cujos serviços deveria controlar. A agência pagava a Ferreira, que fornecia nota fiscal da RF Produções e Editora Ltda., com sede em São Lourenço da Serra (SP).
A agência cobrava esses "serviços" do banco, com acréscimo de 10% a título de honorários. Trata-se de forma de driblar a legislação que veda a contratação sem licitação de serviços de publicidade e divulgação.
Segundo Castro Júnior, "a partir de sua contratação, o sr. Roger Ferreira passou a manter estreito relacionamento com as duas agências de propaganda, por ordem da presidência, coordenando as ações de marketing, notadamente aquelas pertinentes a campanhas e anúncios na mídia"."Ele não poderia jamais ser contratado pela agência. Houve uma ilegalidade", diz o advogado Toshio Mukai, especialista em contratos e licitações públicas. Com a saída de Ferreira, Monteiro determinou a contratação da jornalista Shirley Emerich, para substituí-lo, no mesmo esquema da Full Jazz e o mesmo salário. Ela deixou a Nossa Caixa em julho de 2005, com o rompimento do contrato com a agência. Castro Júnior diz que não havia rubricas contábeis específicas para os pagamentos mensais dessas contratações.
Link desta matéria:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u76962.shtml
6. A conspiração do Opus Dei
Altamiro Borges
Com Alckmin, o Opus Dei está excitado, com planos ousados para conquistar maior poder político na América Latina.
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=362
7. O 1º GOLPE DE ESTADO JÁ HOUVE. E O 2º?
Paulo Henrique Amorim
Um golpe de Estado levou a eleição para o segundo turno.
É o que demonstra de forma irrefutável a reportagem de capa da revista Carta Capital que está nas bancas ("A trama que levou ao segundo turno"), de Raimundo Rodrigues Pereira. E merecia um sub-titulo: "A radiografia da imprensa brasileira".
Fica ali demonstrado:
1) As equipes de campanha de Alckmin e de Serra chegaram ao prédio da Polícia Federal, em São Paulo, antes dos presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos;
2) O delegado Edmilson Bruno tirou fotos do dinheiro de forma ilegal e a distribuiu a jornalistas da Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, do jornal O Globo e da rádio Jovem Pan;
3) O delegado Bruno contou com a cumplicidade dos jornalistas para fazer de conta que as fotos tinham sido roubadas dele;
4) O delegado Bruno procurou um repórter do Jornal Nacional para entregar as fotos: "Tem de sair à noite na tevê., Tem de sair no Jornal Nacional";
5) Toda a conversa do delegado com os jornalistas foi gravada;
6) No dia 29, dois dias antes da eleição, dia em que caiu o avião da Gol e morreram 154 pessoas, o Jornal Nacional omitiu a informação e se dedicou à cobertura da foto do dinheiro;
7) Ali Kamel, "uma espécie de guardião da doutrina da fé" da Globo, segundo a reportagem, recebeu a fita de audio e disse: "Não nos interessa ter essa fita. Para todos os efeitos não a temos", diz Kamel, segundo a reportagem
8) A Globo omitiu a informação sobre a origem da questão: 70% das 891 ambulancias comercializadas pelos Vedoin foram compradas por José Serra e seu homem de confiança, e sucessor no Ministério da Saúde, Barjas Negri.
9) A Globo jamais exibiu a foto ou o vídeo em que aparece Jose Serra, em Cuiabá, numa cerimônia de entrega das ambulâncias com a fina flor dos sanguessugas;
10) A imprensa omitiu a informação de que o procurador da República Mario Lucio Avelar é o mesmo do "caso Lunus", que detonou a candidatura Roseana Sarney em 2002, para beneficiar José Serra. ( A Justiça, depois, absolveu Roseana de qualquer crime eleitoral. Mas a campanha já tinha morrido.)
11) Que o procurador é o mesmo que mandou prender um diretor do Ibama que depois foi solto e ele, o procurador, admitiu que não deveria ter mandado prender;
12) Que o procurador Avelar mandou prender os suspeitos do caso do dossiê em plena vigência da lei eleitoral, que só deixa prender em flagrante de delito.
13) Que o Procurador Avelar declarou: "Veja bem, estamos falando de um partido político (o PT) que tem o comando do país. Não tem mais nada. Só o País. Pode sair de onde o dinheiro?"
14) A reportagem de Raimundo Rodrigues Pereira conclui: "Os petistas já foram presos, agora trata-se de achar os crimes que possam ter cometido."
Na mesma edição da revista Carta Capital, ao analisar uma pesquisa da Vox Populi, que Lula tem 55%, contra 45% de Alckmin, Mauricio Dias diz: " ... dois fatos tiraram Lula do curso da vitória (no primeiro turno). O escândalo provocado por petistas envolvidos na compra do dossiê da familia Vedoin ... e secundariamente o debate promovido pela TV Globo ao qual o presidente não compareceu."
Quer dizer: o golpe funcionou.
Mino Carta, o diretor de redação da Carta Capital, diz em seu blog, aqui no IG ( http://blogdomino.blig.ig.com.br/), que houve uma reedição do golpe de 89, dado com a mão de gato da Globo, para beneficiar Collor contra Lula. " A trama atual tem sabor igual , é mais sutíl, porém . Mais velhaca ," diz Mino.
Permito-me acrescentar outro exemplo.
Em 1982, no Rio , quase tomaram a eleição para Governador de Leonel Brizola. Os militares, o SNI, e a Policia Federal (como o delegado Bruno, agora, em 2006) escolheram uma empresa de computador para tirar votos de Brizola e dar ao candidato dos militares, Wellington Moreira Franco. O golpe era quase perfeito, porque contava também com a cumplicidade de parte de Justiça Eleitoral e, com quem mais? Quem mais?
O golpe contava com as Organizações Globo ( tevê, rádio e jornal, como agora) que coonestaram o resultado fraudulento e preparam a opinião pública para a fraude gigantesca.
Que só não aconteceu, porque Brizola "ganhou a eleição duas vezes: na lei e na marra", como, modestamente, escrevi no livro "Plim-Plim – a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral", editora Conrad, em companhia da jornalista Maria Helena Passos.
Está tudo pronto para o segundo golpe.
O Procurador Avelar está lá.
Quantos outros delegados Bruno há na Policia Federal (de São Paulo, de São Paulo !).
A urna eletrônica no Brasil é um convite à fraude. Depende da vontade do programador. Não tem a contra-prova física do voto do eleitor. Brizola aprendeu a amarga lição de 82 e passou resto da vida a se perguntar : "Cadê o papelzinho ?", que permite a recontagem do voto ?
E se for tudo parar na Justiça Eleitoral? O presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello já deixou luminosamente claro , nas centenas de entrevistas semanais que concede a quem bater à sua porta, que é favor da candidatura Alckmin.
E o segundo golpe? Está a caminho. As peruas da GW já saíram da garagem.
Leia também:
Delegado Bruno: "cadê o repórter do JN?"
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/394501-395000/394626/394626_1.html
8. Enviado pela Andréa:
Alckmin está desinformado sobre avião presidencial
Sobre viagens, demagogia e aviões.
Matéria do jornal OGlobo (para usuários cadastrados), hoje, com balanço do debate, informa que "o Airbus Corporate Jetliner comprado pelo governo federal para viagens internacionais do presidente da República, conhecido como Aerolula, estava previsto para ser adquirido no plano de reaparelhamento da Força Aérea Brasileira (FAB) aprovado pelo Congresso em julho de 2000, no governo Fernando Henrique Cardoso. O avião custou R$ 167 milhões e foi pago com dinheiro do orçamento da FAB.
O Airbus pertence à Aeronáutica e não à Presidência da República e permite ao presidente despachar de seu interior. O brigadeiro Francisco Joseli Parente Camelo, coordenador das viagens internacionais da Presidência da República, disse que a compra do Airbus foi um excelente negócio. Ele disse que, entre fevereiro de 1999 e abril de 2001, o governo gastou US$ 5 milhões em aluguel de aviões para algumas viagens internacionais do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)." "Com a média do número de viagens de Fernando Henrique e do presidente Lula, o que foi gasto com o novo avião vai estar pago em dez anos. Seu tempo de vida útil é de 30 anos. Foi um negócio excelente.
O avião não é do Lula, é do Estado brasileiro", disse o brigadeiro a OGlobo. De acordo com a Folha de S.Paulo (para assinantes), se a bravata de Alckmin, de vender o avião para construir cinco hospitais, for colocada em prática, significa "criar uma despesa permanente com base em uma receita transitória. Ainda que a venda do avião, que custou aos cofres públicos cerca de R$ 125 milhões, seja suficiente para as obras (um hospital inaugurado em agosto em Juiz de Fora custou R$ 37 milhões, mas há opções mais baratas), faltariam recursos para manter posteriormente os hospitais em funcionamento. Além disso, os deslocamentos presidenciais poderiam ficar mais caros, a longo prazo. Segundo dados da Aeronáutica, o aluguel de um avião privado para o transporte do presidente no governo FHC custava US$ 12 mil por hora voada, contra US$ 2.100 no uso do AeroLula."
Suspeito que os tucanos, que tanto criticam Lula como se o avião tivesse sido comprado para ele, e não para o Estado brasileiro, devem achar o máximo o Air Force One, avião da Presidência da República dos Estados Unidos. O que vocês acham?
9. LUIS NASSIF (14/10/2006)
Réquiem do jornalismo
Reproduzido de Luis Nassif Online
Raimundo Pereira sempre teve compromissos políticos. Mas manteve intacto o compromisso com o jornalismo, que desenvolveu desde os tempos brilhantes da revista "Realidade".
Sua matéria na "Carta Capital" (Os fatos ocultos) sobre a cobertura da imprensa das fotos do dinheiro que seria pago pelo "dossiê Vedoin" é uma aula de jornalismo sobre o antijornalismo que parece ter tomado definitivamente conta da mídia.
Nos últimos anos houve vários exemplos de matérias encomendadas, várias evidências de mistura de jogadas empresariais e reportagens, e várias coberturas em que se misturavam cumplicidade com a polícia e autodefesa de jornalistas - como no caso do Bar Bodega, em que muitosjornalistas conviveram por um mês com um delegado que, depois se soube, torturou meninos injustamente acusados do crime, e nenhuma das testemunhas jamais veio a público denunciar o complô.
Mas em nenhum desses casos houve uma abrangência tão grande de veículos e uma falta de limites tão acentuada - independentemente da gravidade dos episódios cobertos - quanto a cobertura da foto dos maços de notas que seriam utilizados para a compra do "dossiêVendoin".
A reportagem de Raimundo não é partidária, não é militante, não é raivosa, não trata a falta de escrúpulos com falta de escrúpulos - como tem sido a marca desses tempos de escuridão, nessas batalhas absurdas de capas atacando Lula e atacando a oposição. É fria e lógica como uma cirurgia de especialista. Não desperdiça palavras, não gasta acusações, apenas confronta princípios básicos de jornalismo com a atitude de cada veículo, repórteres e direção, no episódio em pauta.
Menciona gravações do delegado que vazou os maços de nota, a cumplicidade com jornalistas, jornais acobertando mentiras, como a versão de que as fotos haviam sido furtadas - versão divulgada a pedido do próprio delegado, conforme gravações preservadas por repórteres indignados e impotentes.
A exemplo de tantas campanhas absurdas dos anos 90, não adianta invocar a presença do "inimigo", do crime a ser combatido pouco importando os meios. Os atingidos pela cobertura não foram Lula, nem os "aloprados", nem mesmo o primeiro turno das eleições: foi o exercício do jornalismo, pelas mãos de algumas pessoas que, pelo cargo que ocupam, deveriam ser os maiores guardiões desses princípios.
Os 67 mil exemplares da "Carta Capital" não se equiparam à tiragem das grandes publicações. Mas cada exemplar com a matéria de Raimundo ficará pairando no ar, como um alerta sobre o que ocorre com jornalistas e publicações, quando colocam paixões e interesses acima dos princípios jornalísticos.
10. Saiu na Folha de São Paulo, do dia 7 de outubro.
O autor é um cientista político dos mais sérios que a UFMG possui em seus quadros.
Vale a pena ler o que ele diz a respeito do conservadorismo.
TENDÊNCIAS/DEBATES
A candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência representa uma plataforma conservadora?
SIM
Moralismo, ineficiência e atraso
LEONARDO AVRITZER
GERALDO ALCKMIN é um candidato conservador nos dois principais significados que o termo permite: no de preservar o status quo dos setores dominantes da sociedade brasileira e no de capitanear uma reação conservadora nas poucas áreas nas quais o Brasil mudou nos últimos anos: nos campos do pluralismo moral e religioso, das políticas heterodoxas na economia e das políticas de direitos humanos. Permitam-me elaborar de que maneira Alckmin é conservador em cada um deles.
Nos governos FHC e Lula, o Brasil avançou significativamente na separação entre religião e Estado e na aceitação do pluralismo religioso. Essa é uma dimensão central do republicanismo e de um importante processo de pluralização moral da sociedade brasileira. Alckmin parece ser, nesse quesito, o mais conservador dos candidatos à Presidência desde a redemocratização. Suas relações com o Opus Dei incluem, segundo a revista "Época", ter um confessor ligado à ordem e realizar reuniões periódicas com membros da ordem no Palácio dos Bandeirantes. Essas relações revelam uma mistura perigosa entre religião e Estado e entre público e privado. Além disso, o Opus Dei é conhecido internacionalmente por ligações escusas e secretas com o poder político. Alckmin rejeitou falar sobre suas relações com o Opus Dei na campanha. O Brasil pode se surpreender com essas relações caso escolha Alckmin.
No que diz respeito à questão econômica, um consenso tem se formado no Brasil nos últimos anos acerca dos limites das políticas neoliberais. Os quatro anos do segundo mandato FHC foram os anos de menor crescimento econômico na história recente do país. O crescimento nos últimos quatro anos foi um pouco melhor, mas aquém do que o país necessita.
Nesse momento, o consenso maior dentro do governo Lula é por uma política mais agressiva de crescimento econômico. Alckmin tende a reverter o debate econômico na direção da retomada das privatizações. Segundo a revista "Exame", Alckmin estaria muito próximo de economistas liberais ortodoxos como Malan, Armínio Fraga e José Pastore. Suas prioridades para a economia seriam o corte de gastos públicos, uma nova reforma previdenciária e a retomada das privatizações.
No caso mais conhecido de privatização hoje em São Paulo, o da linha 4 do Metrô, o Estado investirá 70% dos recursos, e a receita tarifária ficará integralmente com o parceiro privado por 30 anos. Esse é o padrão de privatização que podemos esperar em uma era Alckmin. Ele certamente significará índices muito baixos ou nulos de crescimento econômico motivados pelo fundamentalismo neoliberal.
O último ponto é a política de segurança e de direitos humanos. Alckmin tem uma política de segurança que, ao mesmo tempo, desrespeita os direitos humanos e é ineficiente. A sua apologia da violência policial e sua política carcerária parecem ter sido capazes de conjugar o pior dos dois mundos. O resultado todos conhecem: o aumento da população carcerária do Estado somente ampliou a vulnerabilidade do cidadão comum e sua insegurança física.
Nesse caso, o conservadorismo tem duas facetas: a incapacidade de pensar uma política de segurança moderna, aliada ao desrespeito secular das elites pelos direitos da população mais pobre. O resultado, mais uma vez, é uma política conservadora tanto nas suas concepções morais quanto no seu resultado administrativo.
Responder se Alckmin é um candidato conservador não significa necessariamente fazer um juízo de valor acerca do conservadorismo. Afinal, existem momentos nos quais conservar elementos da ordem política pode ser considerado uma atitude positiva.
Mas não é esse o caso da candidatura Alckmin. Ela é conservadora em dois sentidos muito específicos: no de querer retornar a um status quo que não permitirá o crescimento econômico nos próximos anos e no de querer insistir em valores morais próprios de uma sociedade oligárquica que contrariam uma agenda de ampliação de direitos no país.
LEONARDO AVRITZER, 47, mestre em Ciência Política pela UFMG, Doutor em Sociologia pela New School for Social Research (NY, EUA) e Pós-Doutor pelo MIT (Boston, EUA), é professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
11. Imperdível este texto!!! Como todos sabem, um dos serviçais tucanos mais aparecido é o Arnaldo Jabor. Agora suas bobagens estão refutadas numa carta aberta...em grande estilo!!! Não deixe de ler!!!
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=380
12. Ironia pouca é bobagem... Fernando Soares Campos narra o debate da Band sob outro prisma, ligeiramente diferente daquele que a grande mídia ofereceu...
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=375
13. O PODER E OS SEM-PODER (enviado por Ana Claudia Vargas)
Por Leonardo Boff
A atual campanha para a Presidência se reveste de certa dramaticidade. É mais do que escolher um político para ocupar o centro do poder estatal. O que está em jogo são dois projetos de Brasil. Um representa o projeto dos detentores do poder, do ter, do saber e da comunicação. Seus atores ocupam há séculos o espaço público e o Estado. Construíram um Brasil para si, de costas para o povo do qual, no fundo, sentem vergonha, pois o consideram ignorante, atrasado e "religioso".
O outro projeto é dos sem-poder, dos destituídos de cidadania e excluídos dos benefícios sociais. Historicamente, resistiram e se rebelaram, mas sempre foram derrotados. Entretanto, conseguiram se organizar e criar um contrapoder com capacidade de disputar o mais alto cargo da Nação.
Geraldo Alckmin representa o projeto das classes dominantes. Na verdade, elas não possuem um projeto-Brasil, pois o consideram ultrapassado. Agora, vigora o projeto-mundo no qual o Brasil deve se inserir mesmo como sócio menor. Seguem as receitas do neoliberalismo que implicam o enfeudamento da política pela economia, aprofundando as desigualdades sociais. Esse projeto foi implantado durante o governo FHC. Se vitorioso, Alckmin o retomará com fervor.
Lula representa o projeto alternativo. Cansado das elites, o povo votou em si mesmo elegendo Lula como presidente. Carismático, tentou, com relativo sucesso, fazer uma transição: de um Estado elitista e neoliberal para um Estado republicano e social. Para salvar o Titanic que ameaçava afundar, teve que fazer concessões à macroeconomia de viés neoliberal, mas deu, como nenhum governo antes, centralidade ao social com programas que beneficiaram cerca de 40 milhões de pessoas. Desta opção pelo social pode nascer um outro tipo de Brasil com uma democracia inclusiva que resgate a dignidade de milhões de excluídos e marginalizados. O significado histórico de reeleger Lula é permitir-lhe acabar esse começo de construção de um outro Brasil possível.
Leonardo Boff é escritor e teólogo, autor de "A águia e a galinha", dentre outros inúmeros livros e artigos.
14. A vitória de Alckmin é a tábua de salvação de ACM.
Leia no site www.revistaforum.com.br
15. Flávio Aguiar
O dossiê do dossiê (IV): Minority report
A eleição está deixando meu amigo Saul Leblon com incontinência epistolar. Olhem só a mensagem que ele me mandou, citando o filme ‘Minority report’ e a última edição da revista Veja, que tenta arrastar Freud Godoy à cena do dossiê e ainda chama o Marco Aurélio Garcia de 'bin laden'. - 16/10/2006
16. CRÔNICA - LULA MIRANDA
A mídia expõe as suas vergonhas – as lições de um jornalismo sórdido
Foi vergonhoso e infame o triste papel feito pelos jornalistas e chefes de jornalismo da Folha, do “Estadão” e da TV Globo, bem como a inconfessável teia de sordidez em que se enredaram. > LEIA MAIS
17. Nelson Breve
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