Número 137
EDITORIAL
Chegando de viagem e com espaço de tempo muito curto para dar conta de colocar este número no ar, aproveito um artigo do blog do Azenha, muito bom, sobre a velha questão ecológica-econômica-político-social que estamos vivendo.
Chegando de viagem e com espaço de tempo muito curto para dar conta de colocar este número no ar, aproveito um artigo do blog do Azenha, muito bom, sobre a velha questão ecológica-econômica-político-social que estamos vivendo.
AMBIENTALISTA DIZ QUE COM ESSE SISTEMA ECONÔMICO O MUNDO ESTÁ A CAMINHO DO ABISMO
Atualizado em 29 de abril de 2008 às 20:37 Publicado em 29 de abril de 2008 às 13:22
WASHINGTON - Podem acrescentar o "ismo" que vocês quiserem. Na Venezuela dizem que é o socialismo do século 21. No Paraguai há tons de "cristianismo comunitário". Idéias díspares que pipocam aqui e ali, a busca de uma saída, a constatação de que do jeito que está não dá. É óbvio que reproduzir o sistema econômico existente - em que a "liberdade individual" foi promovida com o objetivo de tornar uma criança de seis anos uma consumidora integral - não tem futuro. Nem o sistema, nem a criança. Aliás, no Brasil o cãozinho de estimação é um consumidor voraz e mesmo que ele não peça o dono às vezes gasta mais com ele do que com a "criadagem".
É só extrapolar o que vivemos hoje nas grandes cidades brasileiras para o mundo como um todo. É só pensar no "direito" de cada chinês e indiano a ter um automóvel cada. É só casar esse objetivo com a escassez de energia. É só constatar do que é capaz o capitalismo desvairado: o Reino Unido exporta 20 toneladas de água engarrafada por ano para a Austrália e importa outras 20 toneladas. Fonte: New York Times. Quanto custa em termos de energia essa viagem maluca da água "comoditizada", como diz a Amyra?
Gus Speth, um ambientalista americano que é professor de Yale e criou dois grupos importantes de defesa do meio ambiente - o Natural Resources Defense Council e o World Resources Institute - escreveu o livro "The Bridge at the Edge of the World" em que basicamente diz que não tem jeito.
Ele escreve: "Metade das florestas tropicais e temperadas sumiram. Cerca de metade das wetlands também. Estima-se que 90% dos peixes predadores grandes sumiram. Vinte por cento dos corais também. As espécies estão desaparecendo em um ritmo mil vezes mais rápido que o normal. Químicos tóxicos persistentes podem ser encontrados às dúzias em cada um de nós."
Não li o livro, ainda. As resenhas dizem que ele propõe uma "mudança transformadora do próprio sistema." Speth afirma que o pragmatismo e o incrementalismo dos ecologistas não leva a lugar algum. Talvez ele tenha visto uma edição recente da National Geographic. Na capa, o perigo do aquecimento solar. Na contracapa, um anúncio do gigante SUV da Chevrolet que foi escolhido "carro verde do ano", uma banheira que queima 1 litro de gasolina a cada cinco quilômetros na cidade mas, se o dono achar uma bomba, pode ser abastecido com o álcool de milho.
O triste é notar que no Brasil, da extrema-direita à extrema-esquerda, com raríssimas exceções, essas idéias não fazem parte do discurso político. Não são articuladas. O desenvolvimentismo com dinheiro do BNDES é o que temos de mais avançado. É nossa idéia de "progresso". Progresso rumo a quê?
(www.viomundo.com.br)
FALAM AMIGOS E AMIGAS
Ana Claudia Vargas envia
As indulgências do paraíso terrestre
Marcos Sá Corrêa O Eco, 24 de abril de 2008
As coisas mudam depressa, seja no meio ambiente como na internet. Mas, até segunda ordem, o Ecoogler fica sendo a última palavra em salvação da Amazônia a cliques de mouse, se quer dizer alguma coisa o número de mensagens que o recomendam via correio eletrônico. Trata-se, na prática, do Google atrelado a um programa de reflorestamento à distância. A idéia, em si, não tem nada de nova. Mas esta vem com o trunfo de se basear na tecnologia de busca por trás da empresa que mais cresce no mundo real dos negócios. E oferece à freguesia, além dos serviços normais do Google, a chance de adquirir uma vaga no paraíso ecológico, botando árvores onde até agora a economia só sabia tirar florestas.
As coisas mudam depressa, seja no meio ambiente como na internet. Mas, até segunda ordem, o Ecoogler fica sendo a última palavra em salvação da Amazônia a cliques de mouse, se quer dizer alguma coisa o número de mensagens que o recomendam via correio eletrônico. Trata-se, na prática, do Google atrelado a um programa de reflorestamento à distância. A idéia, em si, não tem nada de nova. Mas esta vem com o trunfo de se basear na tecnologia de busca por trás da empresa que mais cresce no mundo real dos negócios. E oferece à freguesia, além dos serviços normais do Google, a chance de adquirir uma vaga no paraíso ecológico, botando árvores onde até agora a economia só sabia tirar florestas.
Cada consulta no Ecoogler vale uma folha. Folha mesmo, verde-clorofila, na ponta de um galho. E é assim, de folha em folha, que uma fundação suíça chamada Aquaverde investe esses créditos na restauração da cobertura vegetal de Rondônia, numa parceria com índios Suruí, aparentemente rebelados contra o desatamento risonho e franco do estado. Em seu site, a Aquaverde, fundada em Genebra seis anos atrás, oferece a opção de dar de presente, por e-mail, a qualquer destinatário, uma árvore fincada em sua intenção nos confins da Amazônia. É preciso uma certa fé para vislumbrar a redenção da Amazônia em caminhos como o do Ecoogler. Terça-feira, na hora do almoço, o site, que tem páginas de acesso em inglês, espanhol e italiano, registrava ao todo 7.899.914 acessos. Trocada em miúdos, essa audiência representava 789 árvores plantadas. E faltavam 86 folhas para a próxima árvore.
Ufa! Não deu, na primeira visita, para acelerar o fechamento da conta. Afinal, não é todo recém-chegado que tem 86 perguntas prontas para fazer ao Ecoogler. Mas, 24 horas depois, o número de acessos batia em 8.195.657. Num dia, 295.743 pessoas haviam passado por ali. Em seu rastro, o número de árvores saltara a 819. Trinta a mais do que na véspera. Faltavam 4.343 acessos – ou folhas - para completar mais uma muda plantada. Dez minutos depois – ou seja, o tempo de fazer esta subtração – o placar do Ecoogler acusava mais 1.418 consultas. A árvore seguinte estava a pouco mais de duas mil folhas. Raramente pareceu tão concreta a promessa de que devagar se vai longe.
No Ecoogler, a experiência tem a vantagem de sair de graça. Não se perde nada com ele, além do tempo para encontrá-lo pela primeira vez. Daí para a frente, ele pode ser um Google como o outro, sempre de prontidão, no alto da página. A gratuidade ajuda a livrá-lo do da maledicência que paira sobre o mercado de seqüestro mundial do carbono, acusado de vender indulgências ambientais mais ou menos como a Europa medieval traficava descontos na taxa de pecados que cada um levaria para a outra vida. Na época, além de orações, jejuns ou esmolas, valiam pontos na eternidade bancar a construção de templos ou promoção de cruzadas. E os créditos eram negociados por corretores oficiais da misericórdia divina, às vezes de aldeia em aldeia, onde houvesse almas dispostas a acertar as contas com o Purgatório.
Hoje, com cada ser humano carregando uma cota de pecado original calculada em sete toneladas anuais de CO2 per capita, o investimento é mais concreto. Mas nem tanto que cada um possa zerar no fundo do próprio quintal a parte que lhe cabe no efeito estufa. Ainda é preciso acreditar que algum intermediário fará isso em seu nome, lá em cima, ou pelo menos, lá longe. As apostas no varejo do carbono movimentam anualmente mais de 150 milhões de dólares. E crescem sem parar. Não é de hoje que se compram por aí passagens de avião ou carros novos com programas de reflorestamento embutidos no preço. No Brasil, como parte de uma campanha pelo “desmatamento evitado”, o banco HSBC inclui desde o ano passado em suas apólices para seguros de automóveis uma doação automática para duas reservas de araucárias, mantidas pela SPVS no Paraná. Com isso, neutralizam as emissões de seu cano de descarga.
Há dezenas de tabelas na internet – que costumam ser pelo menos divertidas, e às vezes conseguem ser educativas – para orçar o custo ambiental de nossos hábitos cotidianos e monetizar a compensação on-line, em favor de ativistas que promovam o uso de energia eólica na Índia ou o uso de biocombustores na África. Toda economia em emissões vale créditos. Mas o reflorestamento oferece, como brinde, uma conta que todo mundo é capaz de entender. Uma árvore de bom porte e vida longa tira do ar uns 730 quilos de CO2 por ano, durante mais ou menos um século. Com dez árvores, portanto, limpa-se uma ficha ambiental de uma biografia inteira.
FALANDO DE HISTORIA
AS MARCAS DE UMA UTOPIA
FALANDO DE HISTORIA
AS MARCAS DE UMA UTOPIA
A geração de jovens que literalmente fez arder as ruas e praças da Europa, dos Estados Unidos e da América Latina, sendo esbordoada, espadeirada ou até fuzilada por sua ousadia, fez arder também uma série de conceitos e pré-conceitos que cercavam, e por vezes, cerceavam o amor. > LEIA MAIS
Observações a respeito das leituras sobre 1968[Alípio Freire]
Leituras e versões oficiais da direita têm a intenção e objetivo muito claro de desqualificar a história daquele tempo,fazendo com que aquelas manifestações/erupções não sejam apropriadas enquanto parte da saga do povo brasileiro.
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1001
FALANDO DE EDUCAÇÃO
A função racial da Universidade
FALANDO DE EDUCAÇÃO
A função racial da Universidade
Como já não é possível condenar as cotas sociais, os conservadores deciciram atacar a discriminação positiva em favor dos negros. Declaram-se republicanos e meritocratas. É como se vivessem num país onde não houve escravidão e não é preciso enfrentar agora a desigualdade racial (Por Bruno Cava)
Leia em http://diplo.uol.com.br/2008-04,a2360
BRASIL
Oi & BRASIL TELECOM
Leia em http://diplo.uol.com.br/2008-04,a2360
BRASIL
Oi & BRASIL TELECOM
Para os amigos, tudo. Até uma nova lei
Por Carlos Brickmann em 29/4/2008 (do Observatório da Imprensa)
Por Carlos Brickmann em 29/4/2008 (do Observatório da Imprensa)
Alguns atribuem a frase ao ex-presidente Getúlio Vargas; mas parece mais provável que seja de outro presidente da República Velha, Arthur Bernardes, nas primeiras décadas do século passado. "Para os amigos, tudo; aos inimigos, a lei".
O Brasil mudou, como mostra o escândalo da compra da Brasil Telecom pela Oi: agora, para os amigos, também se oferece a lei. A gigantesca transação, que acaba de ser fechada, é integralmente ilegal: a Lei de Outorgas, em pleno vigor, proíbe uma operadora de telefonia fixa de comprar outra empresa do mesmo ramo que opere em outra praça. Mas ninguém se importou com isso (e a imprensa tratou a ilegalidade como uma side-story, uma curiosidade, mais vinculada aos amores e ódios de alguns jornalistas pelo banqueiro Daniel Dantas do que à manutenção da integridade legal). O BNDES, parte do governo, se dispôs a financiar boa parte da operação, mesmo sabendo que a lei a proíbe. E não é pouca coisa, não: são quase 2,6 bilhões de reais.
Nossa imprensa (e nossa sociedade) aceitou a tese de que, já que o governo se propõe a mudar a lei, desrespeitá-la não chega a ser grave. Afinal de contas, a lei vai ficar bonitinha, certinha, para regularizar o fato consumado.
E, se alguém perguntar por que a lei não foi mudada antes, para que a operação já se realizasse de maneira correta, dentro do novo quadro jurídico, a resposta é simples: os amigos merecem mais do que uma lei genérica, à qual possam adaptar-se. Para os amigos, a lei deve ser sob medida, tailor-made. Primeiro se faz o negócio, depois se muda a lei, de maneira a que cada detalhe sirva perfeitamente à transação que já foi feita, e permitindo que se torne legal o uso maciço de dinheiro público em benefício de grupos particulares – particulares, sim, mas amigos de quem vale a pena ser amigo.
O golpe dos preços
A Lei de Outorgas, que proíbe a compra de uma operadora de telefonia fixa por outra, de outra praça, tem um objetivo claro: estimular a concorrência. E é duro ver nos meios de comunicação, sem qualquer crítica, aquela velha história de que uma empresa de porte, operando em escala, terá condições de oferecer preços menores. Afinal de contas, qualquer jornalista que trabalhe na área econômica sabe com perfeição que o que rebaixa preços é a concorrência. Sem concorrência, por que o conglomerado Oi-Brasil Telecom iria baixar seus preços?
História velha
Aliás, mesmo que o pessoal não soubesse que a concorrência é importante na redução de preços, um caso bem recente deveria no mínimo acionar-lhes a memória. Lembra quando a Brahma comprou a Antarctica? Os objetivos eram dois: primeiro, garantir que uma grande empresa brasileira ganhasse porte para resistir às multinacionais; segundo, baixar os preços.
A grande empresa brasileira ganhou porte e se tornou um alvo muito mais desejável pelas multinacionais. Hoje, sua sede é na Bélgica. E alguém se lembra de alguma redução no preço de algum de seus produtos?
NUESTRA AMERICA
Triste balanço do "livre" comércio
Num caso emblemático da crise alimentar no planeta, a alta dos preços desencadeia protestos no México, obriga o governo a subsidiar a importação e desequilibra a balança comercial. Em 14 anos, Nafta devastou a economia e obrigou milhões de empobrecidos a deixar o país (Por Anne Vigna)
Leia em http://diplo.uol.com.br/2008-4,a2328
O Paraguai e a agenda de Lugo
Leia em http://diplo.uol.com.br/2008-4,a2328
O Paraguai e a agenda de Lugo
Desafios do novo presidente serão libertar a economia do país do tripé - monocultura da soja, criação de gado para exportação e importação de produtos sem impostos; renegociar acordo de Itaipu reduziria a dependência por dólares
Leia em www.brasildefato.com.br
INTERNACIONAL
NOVA CORRIDA IMPERIALISTA
Leia em www.brasildefato.com.br
INTERNACIONAL
NOVA CORRIDA IMPERIALISTA
Na "era dos impérios", no final do século XIX, as potências européias conquistaram e submeteram - em poucos anos - todo o continente africano, com exceção da Etiópia. Agora, neste início do século XXI, tudo indica que a África será - pela terceira vez - o espaço privilegiado da competição imperialista que está recém começando. A menos que exista um outro Deus, que seja africano. A análise é de José Luís Fiori. > LEIA MAIS Internacional
O dilema de Barack Obama
O dilema de Barack Obama
Seu discurso realça a luta por direitos para todos na era pós-industrial. Sua história de vida encarna a esperança de outra globalização possível. Suas posições estão bem à esquerda da média do Partido Democrata. Mas como ele enfrentará o desafio da disputa eleitoral, num país marcado pelo conservadorismo? (Por John Gerring e Joshua Yesnowitz)
Leia em http://diplo.uol.com.br/2008-04,a2352
ARTE&CULTURA
Eurocentrismo e racismo nos clássicos da filosofia e das ciências sociais
por Walter Praxedes*
Realizar uma pesquisa para encontrar aspectos eurocêntricos e racistas nas obras dos mais reconhecidos pensadores considerados clássicos chega a ser uma tarefa simples. O problema é que geralmente esta não é uma preocupação dos estudiosos e dos professores universitários. Em conseqüência, nos cursos de licenciatura e de bacharelado para a formação de novos professores e pesquisadores, os acadêmicos passam anos estudando os autores para aprender a contribuição original de cada um para o conhecimento “universal”, atribuindo possíveis deslizes etnocêntricos como próprios do contexto intelectual de produção das obras.
Muitas vezes relevamos o fato de filósofos, cientistas, sacerdotes, artistas, viajantes e colonizadores classificarem os grupos humanos que abordavam em seus trabalhos como pertencentes a raças e etnias misteriosas, donas de comportamentos selvagens, idéias atrasadas, costumes e religiões primitivas e bizarras, aparência horripilante e idéias irracionais. Como se o nosso mundo não-europeu fosse habitado por seres aos quais era negado o reconhecimento como humanos. O homo sapiens foi dividido pela filosofia e pela ciência européias em “uma hierarquia de raças que desumanizou e reduziu os subordinados tanto ao olhar científico como ao desejo dos superiores” (SAID, 2004: pág. 52)
Em seu livro “Rediscutindo a mestiçagem no Brasil”, o professor Kabengele Munanga demonstra como inúmeros autores europeus considerados clássicos e inatacáveis em nossos currículos advogam as mais ensandecidas teorias racistas. Segundo Kabengele,
“Na vasta reflexão dos filósofos das luzes sobre a diferença racial e sobre o alheio, o mestiço é sempre tratado como um ser ambivalente, visto ora como o “mesmo”, ora como o “outro”. Além do mais, a mestiçagem vai servir de pretexto para a discussão sobre a unidade da espécie humana. Para Voltaire, é uma anomalia, fruto da união escandalosa entre duas raças de homens totalmente distintas. A irredutibilidade das raças humanas não está apenas na aparência exterior: “não podemos duvidar que a estrutura interna de um negro não seja diferente da de um branco, porque a rede mucosa é branca entre uns e preta entre outros”. Os mulatos são uma raça bastarda oriunda de um negro e uma branca ou de um branco e uma negra” (MUNANGA, 1999: pág. 23).
O filósofo Emmanuel Kant, por exemplo, presença obrigatória nos currículos dos cursos de filosofia em nosso país e no mundo a fora, na sua obra Observações sobre o sentimento do belo e do sublime, de 1764, trata do que denomina como “diferenças entre os caracteres das nações”, segundo ele, na tentativa “apenas de esboçar traços que neles exprimem os sentimentos do sublime e do belo”, mas sem a intenção de “ofender a ninguém”.
“Na minha opinião, escreve Kant, entre os povos do nosso continente, os italianos e os franceses são aqueles que se distinguem pelo sentimento do belo; já os alemães, os ingleses e espanhóis, pelo sentimento de sublime [...] O espanhol é sério, reservado e sincero [...] O francês possui um sentimento dominante para o belo moral. É cortês, atencioso e amável [...] No início de qualquer relação o inglês é frio, mantendo-se indiferente a todo estranho. Possui pouca inclinação a pequenas delicadezas; todavia, tão logo é um amigo, se dispõe a grandes favores [...] O alemão no amor, tanto quanto nas outras espécies de gosto, é assaz metódico, e, unindo o belo e o nobre, é suficientemente frio no sentimento de ambos para ocupar a mente com considerações acerca do decoro, do luxo ou daquilo que chama a atenção [...]” (KANT, 1993, pág. 65-70)
Depois de caracterizar os povos dos outros continentes, desta vez realçando aqueles aspectos que considera extravagantes, grosseiros e exagerados, Kant expõe as suas opiniões sobre os negros, suas manifestações culturais e formas de religiosidade, revelando toda a sua ignorância e arrogância. Para Kant:
“Os negros da África não possuem, por natureza, nenhum sentimento que se eleve acima do ridículo. O senhor Hume desafia qualquer um a citar um único exemplo em que um Negro tenha mostrado talentos, e afirma: dentre os milhões de pretos que foram deportados de seus países, não obstante muitos deles terem sido postos em liberdade, não se encontrou um único sequer que apresentasse algo grandioso na arte ou na ciência, ou em qualquer outra aptidão; já entre os brancos, constantemente arrojam-se aqueles que, saídos da plebe mais baixa, adquirem no mundo certo prestígio, por força de dons excelentes. Tão essencial é a diferença entre essas duas raças humanas, que parece ser tão grande em relação às capacidades mentais quanto à diferença de cores. A religião do fetiche, tão difundida entre eles, talvez seja uma espécie de idolatria, que se aprofunda tanto no ridículo quanto parece possível à natureza humana. A pluma de um pássaro, o chifre de uma vaca, uma concha, ou qualquer outra coisa ordinária, tão logo seja consagrada por algumas palavras, tornam-se objeto de adoração e invocação nos esconjuros. Os negros são muito vaidosos, mas à sua própria maneira, e tão matraqueadores, que se deve dispersá-los a pauladas.” (KANT, 1993: pág. 75-76)
Um outro grande expoente do pensamento filosófico ocidental, Hegel, via nos nativos americanos “mansidão e indiferença, humildade e submissão perante um crioulo (branco nascido na colônia), e ainda mais perante um europeu”. Segundo o filósofo alemão “ainda custará muito até que europeus lá cheguem para incutir-lhes uma dignidade própria. A inferioridade desses indivíduos, sob todos os aspectos, até mesmo o da estatura, é fácil de se reconhecer” (HEGEL, 1999: pág. 74-75). Sobre os negros, o grande filósofo alemão escreve que
“a principal característica dos negros é que sua consciência ainda não atingiu a intuição de qualquer objetividade fixa, como Deus, como leis, pelas quais o homem se encontraria com a própria vontade, e onde ele teria uma idéia geral de sua essência [...] O negro representa, como já foi dito o homem natural, selvagem e indomável. Devemos nos livrar de toda reverência, de toda moralidade e de tudo o que chamamos sentimento, para realmente compreendê-lo. Neles, nada evoca a idéia do caráter humano[...] A carência de valor dos homens chega a ser inacreditável. A tirania não é considerada uma injustiça, e comer carne humana é considerado algo comum e permitido [...] Entre os negros, os sentimentos morais são totalmente fracos – ou, para ser mais exato inexistentes. (HEGEL, 1999, pág. 83-86)
Depois de fazer tais considerações, o filósofo conclui esta parte de sua obra argumentando que não irá mais tratar da África, pois a mesma “não faz parte da história mundial; não tem nenhum movimento ou desenvolvimento para mostrar” (HEGEL, 1999: pág. 88) e mesmo o Egito, embora situado no norte da África, Hegel o interpreta “como transição do espírito humano do Oriente para o Ocidente, mas ele não pertence ao espírito africano”. O continente africano, é assim eliminado da “história universal”, enquanto é retirada dos povos que lá habitam a condição de seres humanos. Esta é uma das heranças eurocêntricas da filosofia de Hegel, o filósofo que mais influenciou na elaboração do pensamento dialético de Karl Marx.
Nos clássicos da sociologia as representações depreciativas sobre o “outro” não-europeu também podem ser facilmente encontradas. O fundador e criador do nome da disciplina, Augusto Comte, no seu famoso Curso de Filosofia Positiva se pergunta, na Lição 52, “Por que a raça branca possui, de modo tão pronunciado, o privilégio efetivo do principal desenvolvimento social e porque a Europa tem sido o lugar essencial dessa civilização preponderante?” Ele mesmo responde: “Sem dúvida já se percebe, quanto ao primeiro aspecto, na organização característica da raça branca, e sobretudo quanto ao aparelho cerebral, alguns germes positivos de sua superioridade” (COMTE, citado por ARON, 1982: pág. 121-122).
O também francês Alexis de Tocqueville, que viveu na mesma época de Comte, e é considerado um dos grandes clássicos da ciência política, realizou uma viagem para os Estados Unidos, nos anos de 1831 e 1832, da qual resultou o seu livro mais conhecido, A democracia na América. Na segunda parte da obra o autor discute sobre “o futuro provável das três raças que habitam o território dos Estados Unidos”. Segundo Tocqueville, ente os homens que compõem a jovem nação “o primeiro que atrai os olhares, o primeiro em saber, em força, em felicidade, é o homem branco, o europeu, o homem por excelência; abaixo dele surgem o negro e o índio. Essas duas raças infelizes não têm em comum nem o nascimento, nem a fisionomia, nem a língua, nem os costumes. Ocupam ambas uma posição igualmente inferior no país onde vivem...” (TOCQUEVILLE, 1977: pág. 243-244). Tocqueville reconhece a opressão exercida pelos colonizadores europeus sobre os negros e índios, mas também não deixa de considerar os mesmos como selvagens e inferiores. Sobre os negros, o nobre francês não economiza adjetivos depreciativos em sua obra:
“O escravo moderno não difere do senhor apenas pela liberdade. Mas ainda pela origem. Pode-se tornar livre o negro, mas não seria possível fazer com que não ficasse em posição de estrangeiro perante o europeu. E isso ainda não é tudo: naquele homem que nasceu na degradação, naquele estrangeiro introduzido entre nós pela servidão, apenas reconhecemos os traços gerais da condição humana. O seu rosto parece-nos horrível, a sua inteligência parece-nos limitada, os seus gostos são vis, pouco nos falta para que o tomemos por um ser intermediário entre o animal e o homem” (TOCQUEVILLE, 1977: pág. 262).
Nem mesmo na obra de um dos autores mais influentes sobre a sociologia contemporânea como Max Weber, deixamos de encontrar expressões grosseiras e racistas em referência aos negros. Weber, é o autor do livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, que foi considerado por alguns estudiosos brasileiros o melhor livro de não-ficção do século XX (Folha de São Paulo 11/04/1999). Na segunda parte da obra em que Weber mais trabalhou em sua vida, Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva, o autor discute de passagem a idéia de “pertinência à raça”, e comenta que, “nos Estados Unidos, uma mínima gota de sangue negro desqualifica uma pessoa de modo absoluto, enquanto que isso não ocorre com pessoas com quantidade considerável de sangue índio” (WEBER, 1991: pág. 268). Até este ponto o texto parece descritivo e é apresentado como uma constatação da situação existente naquele país. Mas, logo a seguir, o Weber sempre tão cuidadoso em tentar controlar os juízos de valor emitidos em sua obra afirma:
Além da aparência dos negros puros, que do ponto de vista estético, é muito mais estranha do que a dos índios e certamente constitui um fator de aversão, sem dúvida contribui para esse fenômeno a lembrança de os negros, em oposição aos índios, terem sido um povo de escravos, isto é, um grupo estamentalmente desqualificado” (WEBER, 1991: pág. 268).
Como podemos ler acima, além da “aparência dos negros puros”..., que “certamente constitui um fator de aversão” para o grande sociólogo alemão, ele também considera que entre as “maiores diferenças raciais...”, “como eu pude observar”, argumenta Weber, também deve constar o que ele denomina como “o propalado cheiro de negro” (WEBER, 1991: pág. 272).
O pensamento clássico europeu não difunde representações depreciativas apenas sobre negros e índios. Èmile Durkheim, por exemplo, outro autor considerado um dos fundadores da sociologia na França, em seu livro Da Divisão do Trabalho Social, ao tratar das diferenças entre os gêneros masculino e feminino, se baseou nas pesquisas do cientista Lebon, para quem
“...o volume do crânio do homem e da mulher, mesmo quando se comparam pessoas de igual idade, estatura e peso iguais, apresenta diferenças consideráveis em favor do homem e esta desigualdade vai igualmente crescendo com a civilização, de maneira que, do ponto de vista da massa do cérebro e, por conseguinte, da inteligência, a mulher tende a diferenciar-se cada vez mais do homem. A diferença que existe, por exemplo, entre a média dos crânios dos parisienses é quase o dobro daquela observada entre os crânios masculinos e femininos do antigo Egito” (Lebon, citado por Durkheim, 1978: pág. 28).
Observemos que no raciocínio de Lebon, no qual Durkheim se baseia para elaborar a sua teoria sobre a divisão do trabalho nas sociedades modernas, conforme um povo vai crescendo em civilização maior o crânio e a quantidade de massa encefálica dos seus membros e, também, maior a diferença de inteligência entre o homem e a mulher, sempre em favor do homem.
Durkheim é também autor de As formas elementares da vida religiosa, que é uma obra ainda hoje muito respeitada pelos estudiosos das disciplinas de sociologia e antropologia. O que chama a atenção no texto são os adjetivos que o autor utiliza para se referir às religiões não-européias. Para Durkheim, do seu ponto de vista, era importante estudar “a religião mais primitiva e mais simples que atualmente seja conhecida, fazer sua análise e tentar explicá-la”. O autor considera importante estudar “as formas caducas de civilização”, mas não “pelo prazer de relatar coisas bizarras e singularidades”, e sim para que seja revelado um “aspecto essencial e permanente da humanidade”, que é o que ele chama de “natureza religiosa do homem”. Embora Durkheim considere importante estudar o fenômeno religioso, ele não deixa de considerar que existe uma hierarquia entre as religiões, “umas podem ser ditas superiores às outras no sentido em que elas põem em jogo funções mentais mais elevadas, são mais ricas em idéias e sentimentos, nelas figuram mais conceitos, menos sensações e imagens, sua sistematização é mais engenhosa” (DURKHEIM, 1978: pág. 205-206). No final da introdução de sua obra, Durkheim parece se desculpar por estudar as religiões que considera “primitivas”, afirmando que não pretendida “atribuir virtudes particulares às religiões inferiores [... ]. Ao contrário, elas são rudimentares e grosseiras. [...] Mas a sua própria grosseria as torna instrutiva; pois elas constituem assim experiências cômodas, onde os fatos e suas relações são mais fáceis de perceber” (DURKHEIM, 1978: pág. 210).
Preocupado em demonstrar como as relações sociais de produção e o desenvolvimento das forças produtivas são os fatores primordiais para entendermos os processos de estruturação e mudança nas sociedades, Karl Marx abordou muito pouco o problema das diferenças entre as supostas raças humanas em sua obra. O eurocentrismo do pensamento de Marx pode ser constatado de outra maneira, como já demonstrou Edward Said (1990: pág. 161-190). Em um texto de 1853, ou seja, de um Marx já maduro, aparece uma reflexão sobre os “Resultados futuros da dominação britânica da Índia”, com a qual é avaliada a atuação colonialista da Inglaterra na Índia e suas conseqüências. Para Marx (1982: pág. 520) “a Inglaterra tem que cumprir na Índia uma dupla missão: uma destrutiva, outra regeneradora – a aniquilação da velha sociedade asiática e o estabelecimento dos fundamentos da sociedade ocidental na Ásia”. Marx está considerando a ocidentalização da Índia como uma missão regeneradora, mas ele ainda expõe de forma mais evidente o seu eurocentrismo ao comparar outras civilizações como a indiana e a inglesa. Vejamos:
Árabes, Turcos, Tártaros, Mongóis, que sucessivamente invadiram a Índia, cedo ficaram indianizados, uma vez que, segundo uma lei eterna da história, os conquistadores bárbaros são eles próprios conquistados pela superior civilização dos seus súditos. Os Britânicos foram os primeiros conquistadores superiores e, por conseguinte, inacessíveis à civilização hindu. Destruíram-na, rebentando com as comunidades nativas, arrancando pela raiz a indústria nativa e nivelando tudo o que era grande e elevado na sociedade nativa. As páginas históricas da sua dominação na Índia quase não relatam mais nada para além essa destruição. A obra de regeneração mal transparece através de um montão de ruínas. Apensar disso ela começou. (MARX, 1982: pág. 520).
Em um outro texto jornalístico de 1853, “A dominação britânica na Índia”, Marx não deixava de denunciar a violência do colonialismo inglês, mas considerava tal violência como necessária para a modernização e ocidentalização da civilização indiana. A filosofia da história de inspiração hegeliana é evidenciada quando Marx afirma que “não podemos esquecer que estas idílicas comunidades aldeãs, por muito inofensivas que possam parecer, foram sempre o sólido alicerce do despotismo oriental, confinara o espírito humano ao quadro mais estreito possível, fazendo dele o instrumento dócil da superstição, escravizando-o sob o peso de regras tradicionais, privando-o de toda a energia histórica” (MARX, 1982: pág. 517). Marx denuncia a violência das civilizações da Índia, considerando a vida das populações indianas como “indigna, estagnada e vegetativa”, uma “espécie de existência passiva”, que “desencadeava forças de destruição selvagens, sem objetivos e sem limites, e tornavam o próprio assassínio um rito religioso no Indostão”. Sobre as religiões da Índia, Marx também não economiza expressões depreciativas, atribuindo-lhes “um culto da natureza brutalizador, que exigia a sua degradação no fato de o homem, o senhor da natureza, cair de joelhos em adoração de kanuman, o macaco, e Sabbala, a vaca”. Por tudo isso, Marx, ao final do seu texto, como se fosse um colonialista, absolve a violência do colonialismo Inglês: “quaisquer que possam ter sido os crimes da Inglaterra, ela foi o instrumento inconsciente da história ao provocar essa revolução” (MARX, 1982, pág. 517-518).
Como vimos, não encontramos nos textos mencionados acima, nenhuma distinção relevante entre o pensamento de Marx e os dos filósofos Hegel e Kant, quando o assunto são as populações não européias e suas formas de vida material e religiosidade. Apenas para ilustrar mais uma vez a semelhança de abordagem, no texto citado, em que demonstra toda a sua arrogância eurocêntrica com relação aos negros, Kant também desqualifica os indianos, em termos muito parecidos aos utilizados por Marx. Para Kant,
“Os indianos possuem um gosto dominante para o caricaturesco, daquela espécie que atinge o extravagante. Sua religião consiste em caricaturas. Ídolos de forma monstruosa, o dente inestimável do poderoso macaco Hanuman, as penitências desnaturadas do faquir (frades mendicantes pagãos) etc, fazem parte desse gosto. O sacrifício voluntário da mulher na mesma fogueira que consome o cadáver do marido é uma horrível extravagância. (KANT, 1993: pág. 75)
A partir destes exemplos retirados aleatoriamente de textos europeus considerados clássicos, podemos nos interrogar porque muitos autores e professores das disciplinas de ciências humanas estudam os seus pensadores favoritos colocando em último plano ou simplesmente deixando de abordar os conteúdos políticos colonialistas dos seus textos. Para usarmos as palavras de Edward Said, “os filósofos podem conduzir suas discussões sobre Locke, Hume e o empirismo sem jamais levar em consideração o fato de que há uma conexão explícita, nesses escritores clássicos, entre suas doutrinas “filosóficas” e a teoria racial, as justificações da escravidão e a defesa da exploração colonial” (SAID, 1990: pág. 25). Ainda, segundo o mesmo autor, “muitos humanistas de profissão são, em virtude disso, incapazes de estabelecer a conexão entre, de um lado, a longa e sórdida crueldade de práticas como a escravidão, a opressão racial e colonialista, o domínio imperial e, de outro, a poesia, a ficção e a filosofia da sociedade que adota tais práticas” (SAID, 1995: pág. 14).
Conclusão
Todas as expressões ignorantes e depreciativas sobre os povos e culturas não-européias citadas acima, de autoria de alguns dos maiores expoentes das ciências sociais e da filosofia ocidentais, permitem concluirmos, acompanhando a reflexão de Boaventura de Sousa Santos, que “a experiência social em todo o mundo é muito mais ampla e variada do que o que a tradição científica ou filosófico ocidental conhece e considera importante [...], e que a compreensão do mundo excede em muito a compreensão ocidental do mundo” (SOUSA SANTOS, 2004: pág. 778-779). Decorre desta argumentação a necessidade de abrirmos os centros de produção de conhecimento em todo o mundo, mas principalmente os situados nos países que sofrem com a hegemonia política, econômica e cultural dos centros dominantes do capitalismo, para a identificação e a construção de saberes mais apropriados sobre as diferenças entre as culturas e grupos humanos e sobre as suas diferentes necessidades materiais e simbólicas.
No lugar destas formas preconceituosas e discriminatórias de classificação dos seres humanos espalhados pelo Globo, podemos construir uma política de reconhecimento da heterogeneidade cultural da humanidade e da pluralidade das formas de existência material e relação com o ambiente. Com isso, podemos superar o pensamento eurocêntrico que acredita e difunde que há um padrão único para a beleza e para a inteligência, o europeu, e que nos leva a avaliarmos a nós mesmos e aos nossos alunos de acordo com tal padrão, esquecendo que é apenas um padrão próprio de culturas específicas de uma região do mundo. Quando utilizamos como critérios de beleza ou de verdade as formas de arte e de pensamento europeus estamos sendo cúmplices com as instituições dominantes e legitimando a sua dominação. Como educadores, temos a dupla tarefa de aprender e ensinar a nos vermos através de critérios próprios, livres dos pontos de vista eurocêntricos.
Evidentemente, essa superação do eurocentrismo não quer dizer que devemos ignorar os códigos culturais, experiências e linguagens de origem européia, como as ciências, artes e religiões, mas quer dizer que devermos ter a capacidade de critícá-las, dimensionando-as como formas particulares de expressão cultural de populações e grupos particulares, sem dúvida relevantes, mas que não são superiores a nenhuma outra forma de expressão cultural dos grupos humanos espalhados pelo mundo.
Referências
ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo, Martins Fontes / Brasília, Editora da UnB, 1982.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte, Editora UFMG, 1998.
BONNICI, Thomas. O pós-colonialismo e a literatura: estratégias de leitura. Maringá, Eduem, 2000.
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. / As formas elementares da vida religiosa. In: Coleção Os pensadores. São Paulo, Abril Cultural, 1978.
GIROUX, Henry A. Cruzando as fronteiras do discursos educacional – novas políticas em educação. Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 1999.
HALL, Stuart. “Notas sobre a desconstrução do “popular”. In: HALL, S. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte, Editora UFMG; Brasília, Representação da UNESCO no Brasil, 2003.
HEGEL, G.W. Friedrich. Filosofia da História. Brasília, Editora da UnB, 1999.
KANT, Emmanuel. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime. Campinas, Papirus, 1993.
MARX, Karl. “A dominação britânica na Índia”. / “Resultados futuros da dominação britânica na Índia”. In: MARX & ENGELS. Obras escolhidas. Tomo I. Lisboa, Edições Avante! / Moscou, Edições Progresso, 1982.
MIGNOLO, Walter. “Os esplendores e as misérias da “ciência”: colonialidade, geopolítica do conhecimento e pluri-versalidade epistêmica”. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (org). Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo, Cortez, 2004.
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Petrópolis, Vozes, 1999.
RIBEIRO, Darcy. As Américas e a civilização. Petrópolis, Vozes, 1979.
SAID, Edward W. Cultura e imperialismo. São Paulo, Companhia das Letras, 1995.
__________. Freud e os não-europeus. São Paulo, Boitempo, 2004.
__________. Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente. São Paulo, Companhia das Letras, 1990.
SANTOS, Boaventura de Sousa. “Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências”. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (org). Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo, Cortez, 2004.
TAYLOR, Charles. Argumentos filosóficos. São Paulo, Loyola, 2000.
TOCQUEVILLE, Alexis. A democracia na América. Belo Horizonte, Editora Itatiaia / São Paulo, Editora da USP, 1977.
WEBER, Max. Economia e sociedade. Vol 1. Brasília, Editora da UnB, 1991.
* Docente na Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Sociais; Doutor em Educação pela USP e co-autor de O Mercosul e a sociedade global (São Paulo, Ática, 1998) e Dom Hélder Câmara: Entre o poder e a profecia, publicada no Brasil pela Editora Ática (1997) e na Itália pela Editrice Queriniana (1999).
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É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída
LIVROS E REVISTAS
1.
Depois do grande sucesso do História das guerras, a Editora Contexto tem o prazer de lançar, do mesmo organizador, Demétrio Magnoli, outro livro imperdível: História da paz.
Leia em http://diplo.uol.com.br/2008-04,a2352
ARTE&CULTURA
Eurocentrismo e racismo nos clássicos da filosofia e das ciências sociais
por Walter Praxedes*
Realizar uma pesquisa para encontrar aspectos eurocêntricos e racistas nas obras dos mais reconhecidos pensadores considerados clássicos chega a ser uma tarefa simples. O problema é que geralmente esta não é uma preocupação dos estudiosos e dos professores universitários. Em conseqüência, nos cursos de licenciatura e de bacharelado para a formação de novos professores e pesquisadores, os acadêmicos passam anos estudando os autores para aprender a contribuição original de cada um para o conhecimento “universal”, atribuindo possíveis deslizes etnocêntricos como próprios do contexto intelectual de produção das obras.
Muitas vezes relevamos o fato de filósofos, cientistas, sacerdotes, artistas, viajantes e colonizadores classificarem os grupos humanos que abordavam em seus trabalhos como pertencentes a raças e etnias misteriosas, donas de comportamentos selvagens, idéias atrasadas, costumes e religiões primitivas e bizarras, aparência horripilante e idéias irracionais. Como se o nosso mundo não-europeu fosse habitado por seres aos quais era negado o reconhecimento como humanos. O homo sapiens foi dividido pela filosofia e pela ciência européias em “uma hierarquia de raças que desumanizou e reduziu os subordinados tanto ao olhar científico como ao desejo dos superiores” (SAID, 2004: pág. 52)
Em seu livro “Rediscutindo a mestiçagem no Brasil”, o professor Kabengele Munanga demonstra como inúmeros autores europeus considerados clássicos e inatacáveis em nossos currículos advogam as mais ensandecidas teorias racistas. Segundo Kabengele,
“Na vasta reflexão dos filósofos das luzes sobre a diferença racial e sobre o alheio, o mestiço é sempre tratado como um ser ambivalente, visto ora como o “mesmo”, ora como o “outro”. Além do mais, a mestiçagem vai servir de pretexto para a discussão sobre a unidade da espécie humana. Para Voltaire, é uma anomalia, fruto da união escandalosa entre duas raças de homens totalmente distintas. A irredutibilidade das raças humanas não está apenas na aparência exterior: “não podemos duvidar que a estrutura interna de um negro não seja diferente da de um branco, porque a rede mucosa é branca entre uns e preta entre outros”. Os mulatos são uma raça bastarda oriunda de um negro e uma branca ou de um branco e uma negra” (MUNANGA, 1999: pág. 23).
O filósofo Emmanuel Kant, por exemplo, presença obrigatória nos currículos dos cursos de filosofia em nosso país e no mundo a fora, na sua obra Observações sobre o sentimento do belo e do sublime, de 1764, trata do que denomina como “diferenças entre os caracteres das nações”, segundo ele, na tentativa “apenas de esboçar traços que neles exprimem os sentimentos do sublime e do belo”, mas sem a intenção de “ofender a ninguém”.
“Na minha opinião, escreve Kant, entre os povos do nosso continente, os italianos e os franceses são aqueles que se distinguem pelo sentimento do belo; já os alemães, os ingleses e espanhóis, pelo sentimento de sublime [...] O espanhol é sério, reservado e sincero [...] O francês possui um sentimento dominante para o belo moral. É cortês, atencioso e amável [...] No início de qualquer relação o inglês é frio, mantendo-se indiferente a todo estranho. Possui pouca inclinação a pequenas delicadezas; todavia, tão logo é um amigo, se dispõe a grandes favores [...] O alemão no amor, tanto quanto nas outras espécies de gosto, é assaz metódico, e, unindo o belo e o nobre, é suficientemente frio no sentimento de ambos para ocupar a mente com considerações acerca do decoro, do luxo ou daquilo que chama a atenção [...]” (KANT, 1993, pág. 65-70)
Depois de caracterizar os povos dos outros continentes, desta vez realçando aqueles aspectos que considera extravagantes, grosseiros e exagerados, Kant expõe as suas opiniões sobre os negros, suas manifestações culturais e formas de religiosidade, revelando toda a sua ignorância e arrogância. Para Kant:
“Os negros da África não possuem, por natureza, nenhum sentimento que se eleve acima do ridículo. O senhor Hume desafia qualquer um a citar um único exemplo em que um Negro tenha mostrado talentos, e afirma: dentre os milhões de pretos que foram deportados de seus países, não obstante muitos deles terem sido postos em liberdade, não se encontrou um único sequer que apresentasse algo grandioso na arte ou na ciência, ou em qualquer outra aptidão; já entre os brancos, constantemente arrojam-se aqueles que, saídos da plebe mais baixa, adquirem no mundo certo prestígio, por força de dons excelentes. Tão essencial é a diferença entre essas duas raças humanas, que parece ser tão grande em relação às capacidades mentais quanto à diferença de cores. A religião do fetiche, tão difundida entre eles, talvez seja uma espécie de idolatria, que se aprofunda tanto no ridículo quanto parece possível à natureza humana. A pluma de um pássaro, o chifre de uma vaca, uma concha, ou qualquer outra coisa ordinária, tão logo seja consagrada por algumas palavras, tornam-se objeto de adoração e invocação nos esconjuros. Os negros são muito vaidosos, mas à sua própria maneira, e tão matraqueadores, que se deve dispersá-los a pauladas.” (KANT, 1993: pág. 75-76)
Um outro grande expoente do pensamento filosófico ocidental, Hegel, via nos nativos americanos “mansidão e indiferença, humildade e submissão perante um crioulo (branco nascido na colônia), e ainda mais perante um europeu”. Segundo o filósofo alemão “ainda custará muito até que europeus lá cheguem para incutir-lhes uma dignidade própria. A inferioridade desses indivíduos, sob todos os aspectos, até mesmo o da estatura, é fácil de se reconhecer” (HEGEL, 1999: pág. 74-75). Sobre os negros, o grande filósofo alemão escreve que
“a principal característica dos negros é que sua consciência ainda não atingiu a intuição de qualquer objetividade fixa, como Deus, como leis, pelas quais o homem se encontraria com a própria vontade, e onde ele teria uma idéia geral de sua essência [...] O negro representa, como já foi dito o homem natural, selvagem e indomável. Devemos nos livrar de toda reverência, de toda moralidade e de tudo o que chamamos sentimento, para realmente compreendê-lo. Neles, nada evoca a idéia do caráter humano[...] A carência de valor dos homens chega a ser inacreditável. A tirania não é considerada uma injustiça, e comer carne humana é considerado algo comum e permitido [...] Entre os negros, os sentimentos morais são totalmente fracos – ou, para ser mais exato inexistentes. (HEGEL, 1999, pág. 83-86)
Depois de fazer tais considerações, o filósofo conclui esta parte de sua obra argumentando que não irá mais tratar da África, pois a mesma “não faz parte da história mundial; não tem nenhum movimento ou desenvolvimento para mostrar” (HEGEL, 1999: pág. 88) e mesmo o Egito, embora situado no norte da África, Hegel o interpreta “como transição do espírito humano do Oriente para o Ocidente, mas ele não pertence ao espírito africano”. O continente africano, é assim eliminado da “história universal”, enquanto é retirada dos povos que lá habitam a condição de seres humanos. Esta é uma das heranças eurocêntricas da filosofia de Hegel, o filósofo que mais influenciou na elaboração do pensamento dialético de Karl Marx.
Nos clássicos da sociologia as representações depreciativas sobre o “outro” não-europeu também podem ser facilmente encontradas. O fundador e criador do nome da disciplina, Augusto Comte, no seu famoso Curso de Filosofia Positiva se pergunta, na Lição 52, “Por que a raça branca possui, de modo tão pronunciado, o privilégio efetivo do principal desenvolvimento social e porque a Europa tem sido o lugar essencial dessa civilização preponderante?” Ele mesmo responde: “Sem dúvida já se percebe, quanto ao primeiro aspecto, na organização característica da raça branca, e sobretudo quanto ao aparelho cerebral, alguns germes positivos de sua superioridade” (COMTE, citado por ARON, 1982: pág. 121-122).
O também francês Alexis de Tocqueville, que viveu na mesma época de Comte, e é considerado um dos grandes clássicos da ciência política, realizou uma viagem para os Estados Unidos, nos anos de 1831 e 1832, da qual resultou o seu livro mais conhecido, A democracia na América. Na segunda parte da obra o autor discute sobre “o futuro provável das três raças que habitam o território dos Estados Unidos”. Segundo Tocqueville, ente os homens que compõem a jovem nação “o primeiro que atrai os olhares, o primeiro em saber, em força, em felicidade, é o homem branco, o europeu, o homem por excelência; abaixo dele surgem o negro e o índio. Essas duas raças infelizes não têm em comum nem o nascimento, nem a fisionomia, nem a língua, nem os costumes. Ocupam ambas uma posição igualmente inferior no país onde vivem...” (TOCQUEVILLE, 1977: pág. 243-244). Tocqueville reconhece a opressão exercida pelos colonizadores europeus sobre os negros e índios, mas também não deixa de considerar os mesmos como selvagens e inferiores. Sobre os negros, o nobre francês não economiza adjetivos depreciativos em sua obra:
“O escravo moderno não difere do senhor apenas pela liberdade. Mas ainda pela origem. Pode-se tornar livre o negro, mas não seria possível fazer com que não ficasse em posição de estrangeiro perante o europeu. E isso ainda não é tudo: naquele homem que nasceu na degradação, naquele estrangeiro introduzido entre nós pela servidão, apenas reconhecemos os traços gerais da condição humana. O seu rosto parece-nos horrível, a sua inteligência parece-nos limitada, os seus gostos são vis, pouco nos falta para que o tomemos por um ser intermediário entre o animal e o homem” (TOCQUEVILLE, 1977: pág. 262).
Nem mesmo na obra de um dos autores mais influentes sobre a sociologia contemporânea como Max Weber, deixamos de encontrar expressões grosseiras e racistas em referência aos negros. Weber, é o autor do livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, que foi considerado por alguns estudiosos brasileiros o melhor livro de não-ficção do século XX (Folha de São Paulo 11/04/1999). Na segunda parte da obra em que Weber mais trabalhou em sua vida, Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva, o autor discute de passagem a idéia de “pertinência à raça”, e comenta que, “nos Estados Unidos, uma mínima gota de sangue negro desqualifica uma pessoa de modo absoluto, enquanto que isso não ocorre com pessoas com quantidade considerável de sangue índio” (WEBER, 1991: pág. 268). Até este ponto o texto parece descritivo e é apresentado como uma constatação da situação existente naquele país. Mas, logo a seguir, o Weber sempre tão cuidadoso em tentar controlar os juízos de valor emitidos em sua obra afirma:
Além da aparência dos negros puros, que do ponto de vista estético, é muito mais estranha do que a dos índios e certamente constitui um fator de aversão, sem dúvida contribui para esse fenômeno a lembrança de os negros, em oposição aos índios, terem sido um povo de escravos, isto é, um grupo estamentalmente desqualificado” (WEBER, 1991: pág. 268).
Como podemos ler acima, além da “aparência dos negros puros”..., que “certamente constitui um fator de aversão” para o grande sociólogo alemão, ele também considera que entre as “maiores diferenças raciais...”, “como eu pude observar”, argumenta Weber, também deve constar o que ele denomina como “o propalado cheiro de negro” (WEBER, 1991: pág. 272).
O pensamento clássico europeu não difunde representações depreciativas apenas sobre negros e índios. Èmile Durkheim, por exemplo, outro autor considerado um dos fundadores da sociologia na França, em seu livro Da Divisão do Trabalho Social, ao tratar das diferenças entre os gêneros masculino e feminino, se baseou nas pesquisas do cientista Lebon, para quem
“...o volume do crânio do homem e da mulher, mesmo quando se comparam pessoas de igual idade, estatura e peso iguais, apresenta diferenças consideráveis em favor do homem e esta desigualdade vai igualmente crescendo com a civilização, de maneira que, do ponto de vista da massa do cérebro e, por conseguinte, da inteligência, a mulher tende a diferenciar-se cada vez mais do homem. A diferença que existe, por exemplo, entre a média dos crânios dos parisienses é quase o dobro daquela observada entre os crânios masculinos e femininos do antigo Egito” (Lebon, citado por Durkheim, 1978: pág. 28).
Observemos que no raciocínio de Lebon, no qual Durkheim se baseia para elaborar a sua teoria sobre a divisão do trabalho nas sociedades modernas, conforme um povo vai crescendo em civilização maior o crânio e a quantidade de massa encefálica dos seus membros e, também, maior a diferença de inteligência entre o homem e a mulher, sempre em favor do homem.
Durkheim é também autor de As formas elementares da vida religiosa, que é uma obra ainda hoje muito respeitada pelos estudiosos das disciplinas de sociologia e antropologia. O que chama a atenção no texto são os adjetivos que o autor utiliza para se referir às religiões não-européias. Para Durkheim, do seu ponto de vista, era importante estudar “a religião mais primitiva e mais simples que atualmente seja conhecida, fazer sua análise e tentar explicá-la”. O autor considera importante estudar “as formas caducas de civilização”, mas não “pelo prazer de relatar coisas bizarras e singularidades”, e sim para que seja revelado um “aspecto essencial e permanente da humanidade”, que é o que ele chama de “natureza religiosa do homem”. Embora Durkheim considere importante estudar o fenômeno religioso, ele não deixa de considerar que existe uma hierarquia entre as religiões, “umas podem ser ditas superiores às outras no sentido em que elas põem em jogo funções mentais mais elevadas, são mais ricas em idéias e sentimentos, nelas figuram mais conceitos, menos sensações e imagens, sua sistematização é mais engenhosa” (DURKHEIM, 1978: pág. 205-206). No final da introdução de sua obra, Durkheim parece se desculpar por estudar as religiões que considera “primitivas”, afirmando que não pretendida “atribuir virtudes particulares às religiões inferiores [... ]. Ao contrário, elas são rudimentares e grosseiras. [...] Mas a sua própria grosseria as torna instrutiva; pois elas constituem assim experiências cômodas, onde os fatos e suas relações são mais fáceis de perceber” (DURKHEIM, 1978: pág. 210).
Preocupado em demonstrar como as relações sociais de produção e o desenvolvimento das forças produtivas são os fatores primordiais para entendermos os processos de estruturação e mudança nas sociedades, Karl Marx abordou muito pouco o problema das diferenças entre as supostas raças humanas em sua obra. O eurocentrismo do pensamento de Marx pode ser constatado de outra maneira, como já demonstrou Edward Said (1990: pág. 161-190). Em um texto de 1853, ou seja, de um Marx já maduro, aparece uma reflexão sobre os “Resultados futuros da dominação britânica da Índia”, com a qual é avaliada a atuação colonialista da Inglaterra na Índia e suas conseqüências. Para Marx (1982: pág. 520) “a Inglaterra tem que cumprir na Índia uma dupla missão: uma destrutiva, outra regeneradora – a aniquilação da velha sociedade asiática e o estabelecimento dos fundamentos da sociedade ocidental na Ásia”. Marx está considerando a ocidentalização da Índia como uma missão regeneradora, mas ele ainda expõe de forma mais evidente o seu eurocentrismo ao comparar outras civilizações como a indiana e a inglesa. Vejamos:
Árabes, Turcos, Tártaros, Mongóis, que sucessivamente invadiram a Índia, cedo ficaram indianizados, uma vez que, segundo uma lei eterna da história, os conquistadores bárbaros são eles próprios conquistados pela superior civilização dos seus súditos. Os Britânicos foram os primeiros conquistadores superiores e, por conseguinte, inacessíveis à civilização hindu. Destruíram-na, rebentando com as comunidades nativas, arrancando pela raiz a indústria nativa e nivelando tudo o que era grande e elevado na sociedade nativa. As páginas históricas da sua dominação na Índia quase não relatam mais nada para além essa destruição. A obra de regeneração mal transparece através de um montão de ruínas. Apensar disso ela começou. (MARX, 1982: pág. 520).
Em um outro texto jornalístico de 1853, “A dominação britânica na Índia”, Marx não deixava de denunciar a violência do colonialismo inglês, mas considerava tal violência como necessária para a modernização e ocidentalização da civilização indiana. A filosofia da história de inspiração hegeliana é evidenciada quando Marx afirma que “não podemos esquecer que estas idílicas comunidades aldeãs, por muito inofensivas que possam parecer, foram sempre o sólido alicerce do despotismo oriental, confinara o espírito humano ao quadro mais estreito possível, fazendo dele o instrumento dócil da superstição, escravizando-o sob o peso de regras tradicionais, privando-o de toda a energia histórica” (MARX, 1982: pág. 517). Marx denuncia a violência das civilizações da Índia, considerando a vida das populações indianas como “indigna, estagnada e vegetativa”, uma “espécie de existência passiva”, que “desencadeava forças de destruição selvagens, sem objetivos e sem limites, e tornavam o próprio assassínio um rito religioso no Indostão”. Sobre as religiões da Índia, Marx também não economiza expressões depreciativas, atribuindo-lhes “um culto da natureza brutalizador, que exigia a sua degradação no fato de o homem, o senhor da natureza, cair de joelhos em adoração de kanuman, o macaco, e Sabbala, a vaca”. Por tudo isso, Marx, ao final do seu texto, como se fosse um colonialista, absolve a violência do colonialismo Inglês: “quaisquer que possam ter sido os crimes da Inglaterra, ela foi o instrumento inconsciente da história ao provocar essa revolução” (MARX, 1982, pág. 517-518).
Como vimos, não encontramos nos textos mencionados acima, nenhuma distinção relevante entre o pensamento de Marx e os dos filósofos Hegel e Kant, quando o assunto são as populações não européias e suas formas de vida material e religiosidade. Apenas para ilustrar mais uma vez a semelhança de abordagem, no texto citado, em que demonstra toda a sua arrogância eurocêntrica com relação aos negros, Kant também desqualifica os indianos, em termos muito parecidos aos utilizados por Marx. Para Kant,
“Os indianos possuem um gosto dominante para o caricaturesco, daquela espécie que atinge o extravagante. Sua religião consiste em caricaturas. Ídolos de forma monstruosa, o dente inestimável do poderoso macaco Hanuman, as penitências desnaturadas do faquir (frades mendicantes pagãos) etc, fazem parte desse gosto. O sacrifício voluntário da mulher na mesma fogueira que consome o cadáver do marido é uma horrível extravagância. (KANT, 1993: pág. 75)
A partir destes exemplos retirados aleatoriamente de textos europeus considerados clássicos, podemos nos interrogar porque muitos autores e professores das disciplinas de ciências humanas estudam os seus pensadores favoritos colocando em último plano ou simplesmente deixando de abordar os conteúdos políticos colonialistas dos seus textos. Para usarmos as palavras de Edward Said, “os filósofos podem conduzir suas discussões sobre Locke, Hume e o empirismo sem jamais levar em consideração o fato de que há uma conexão explícita, nesses escritores clássicos, entre suas doutrinas “filosóficas” e a teoria racial, as justificações da escravidão e a defesa da exploração colonial” (SAID, 1990: pág. 25). Ainda, segundo o mesmo autor, “muitos humanistas de profissão são, em virtude disso, incapazes de estabelecer a conexão entre, de um lado, a longa e sórdida crueldade de práticas como a escravidão, a opressão racial e colonialista, o domínio imperial e, de outro, a poesia, a ficção e a filosofia da sociedade que adota tais práticas” (SAID, 1995: pág. 14).
Conclusão
Todas as expressões ignorantes e depreciativas sobre os povos e culturas não-européias citadas acima, de autoria de alguns dos maiores expoentes das ciências sociais e da filosofia ocidentais, permitem concluirmos, acompanhando a reflexão de Boaventura de Sousa Santos, que “a experiência social em todo o mundo é muito mais ampla e variada do que o que a tradição científica ou filosófico ocidental conhece e considera importante [...], e que a compreensão do mundo excede em muito a compreensão ocidental do mundo” (SOUSA SANTOS, 2004: pág. 778-779). Decorre desta argumentação a necessidade de abrirmos os centros de produção de conhecimento em todo o mundo, mas principalmente os situados nos países que sofrem com a hegemonia política, econômica e cultural dos centros dominantes do capitalismo, para a identificação e a construção de saberes mais apropriados sobre as diferenças entre as culturas e grupos humanos e sobre as suas diferentes necessidades materiais e simbólicas.
No lugar destas formas preconceituosas e discriminatórias de classificação dos seres humanos espalhados pelo Globo, podemos construir uma política de reconhecimento da heterogeneidade cultural da humanidade e da pluralidade das formas de existência material e relação com o ambiente. Com isso, podemos superar o pensamento eurocêntrico que acredita e difunde que há um padrão único para a beleza e para a inteligência, o europeu, e que nos leva a avaliarmos a nós mesmos e aos nossos alunos de acordo com tal padrão, esquecendo que é apenas um padrão próprio de culturas específicas de uma região do mundo. Quando utilizamos como critérios de beleza ou de verdade as formas de arte e de pensamento europeus estamos sendo cúmplices com as instituições dominantes e legitimando a sua dominação. Como educadores, temos a dupla tarefa de aprender e ensinar a nos vermos através de critérios próprios, livres dos pontos de vista eurocêntricos.
Evidentemente, essa superação do eurocentrismo não quer dizer que devemos ignorar os códigos culturais, experiências e linguagens de origem européia, como as ciências, artes e religiões, mas quer dizer que devermos ter a capacidade de critícá-las, dimensionando-as como formas particulares de expressão cultural de populações e grupos particulares, sem dúvida relevantes, mas que não são superiores a nenhuma outra forma de expressão cultural dos grupos humanos espalhados pelo mundo.
Referências
ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo, Martins Fontes / Brasília, Editora da UnB, 1982.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte, Editora UFMG, 1998.
BONNICI, Thomas. O pós-colonialismo e a literatura: estratégias de leitura. Maringá, Eduem, 2000.
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. / As formas elementares da vida religiosa. In: Coleção Os pensadores. São Paulo, Abril Cultural, 1978.
GIROUX, Henry A. Cruzando as fronteiras do discursos educacional – novas políticas em educação. Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 1999.
HALL, Stuart. “Notas sobre a desconstrução do “popular”. In: HALL, S. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte, Editora UFMG; Brasília, Representação da UNESCO no Brasil, 2003.
HEGEL, G.W. Friedrich. Filosofia da História. Brasília, Editora da UnB, 1999.
KANT, Emmanuel. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime. Campinas, Papirus, 1993.
MARX, Karl. “A dominação britânica na Índia”. / “Resultados futuros da dominação britânica na Índia”. In: MARX & ENGELS. Obras escolhidas. Tomo I. Lisboa, Edições Avante! / Moscou, Edições Progresso, 1982.
MIGNOLO, Walter. “Os esplendores e as misérias da “ciência”: colonialidade, geopolítica do conhecimento e pluri-versalidade epistêmica”. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (org). Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo, Cortez, 2004.
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Petrópolis, Vozes, 1999.
RIBEIRO, Darcy. As Américas e a civilização. Petrópolis, Vozes, 1979.
SAID, Edward W. Cultura e imperialismo. São Paulo, Companhia das Letras, 1995.
__________. Freud e os não-europeus. São Paulo, Boitempo, 2004.
__________. Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente. São Paulo, Companhia das Letras, 1990.
SANTOS, Boaventura de Sousa. “Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências”. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (org). Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo, Cortez, 2004.
TAYLOR, Charles. Argumentos filosóficos. São Paulo, Loyola, 2000.
TOCQUEVILLE, Alexis. A democracia na América. Belo Horizonte, Editora Itatiaia / São Paulo, Editora da USP, 1977.
WEBER, Max. Economia e sociedade. Vol 1. Brasília, Editora da UnB, 1991.
* Docente na Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Sociais; Doutor em Educação pela USP e co-autor de O Mercosul e a sociedade global (São Paulo, Ática, 1998) e Dom Hélder Câmara: Entre o poder e a profecia, publicada no Brasil pela Editora Ática (1997) e na Itália pela Editrice Queriniana (1999).
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É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída
LIVROS E REVISTAS
1.
Depois do grande sucesso do História das guerras, a Editora Contexto tem o prazer de lançar, do mesmo organizador, Demétrio Magnoli, outro livro imperdível: História da paz.
Escreveram capítulos no livro: Fernando Gabeira, Celso Lafer, Marcos Azambuja, William Waack, Gilson Schwartz, Roberto Romano, José Rivair Macedo, Elaine Senise Barbosa, Mônica Herz, Samuel Feldberg, Luiz de Alencar Araripe, Luís Fernando Panelli César, Maria Helena Valente Senise e Flavio de Campos.
Sempre houve pessoas empenhadas em evitar guerras, prevenir situações de conflito, preservar a natureza e evitar a proliferação de artefatos nucleares. Mas será que, ainda assim, a insanidade dos homens conduzirá o planeta à sua destruição por conta de guerras nucleares e desequilíbrio ecológico? Será que temos feito esforços adequados para manter a paz entre nações e a habitabilidade deste nosso abrigo comum? Este livro estabelece, de certa forma, um diálogo com História das guerras, recentemente publicado pela Editora Contexto. Ele mostra como trabalharam os arquitetos que desenharam o planeta e ajudaram a construir o mundo em que vivemos. Em meio a guerras e situações de conflito, a paz pode surgir como fruto de conquistas, de esforços diplomáticos, conciliação entre poderosos e acordos entre iguais e desiguais.
448 páginas, 49 reais
2. Nas bancas o numero de maio da revista Cult. Traz um dossiê sobre a sociologia de Max Weber. Em entrevista, Joel Bakan, autor do livro que deu origem ao filme A corporação, explica o caráter psicopata das corporações e o perigo de se entregar a elas as rédeas da economia mundial.
3. Nas bancas o fascículo 2 da série sobre imigração japonesa para o Brasil, edição especial da revista Historia Viva.
NOTICIAS
1. O Departamento de História da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes em parceria com outras IES do norte de Minas convida para participação e apresentação de trabalhos no IX Congresso Regional de História que se realizará entre os dias 09 e 13 de junho/2008. O congresso tem como tema “Territórios da História” e pretende discutir e problematizar os vários espaços constituídos da História, tanto na pesquisa, quanto no ensino e na atuação profissional, enfatizando as disputas, as conquistas e os desafios. A idéia de território remete ao exercício de poder (seja de ordem política, econômica, cultural e institucional) de um grupo social sobre um determinado espaço.
Maiores informações em
www.unimontes.br/eventos/2008/ixcongressohistoria
448 páginas, 49 reais
2. Nas bancas o numero de maio da revista Cult. Traz um dossiê sobre a sociologia de Max Weber. Em entrevista, Joel Bakan, autor do livro que deu origem ao filme A corporação, explica o caráter psicopata das corporações e o perigo de se entregar a elas as rédeas da economia mundial.
3. Nas bancas o fascículo 2 da série sobre imigração japonesa para o Brasil, edição especial da revista Historia Viva.
NOTICIAS
1. O Departamento de História da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes em parceria com outras IES do norte de Minas convida para participação e apresentação de trabalhos no IX Congresso Regional de História que se realizará entre os dias 09 e 13 de junho/2008. O congresso tem como tema “Territórios da História” e pretende discutir e problematizar os vários espaços constituídos da História, tanto na pesquisa, quanto no ensino e na atuação profissional, enfatizando as disputas, as conquistas e os desafios. A idéia de território remete ao exercício de poder (seja de ordem política, econômica, cultural e institucional) de um grupo social sobre um determinado espaço.
Maiores informações em
www.unimontes.br/eventos/2008/ixcongressohistoria
2. A Estudos Históricos é uma revista semestral dedicada à História do Brasil vista de uma perspectiva multidisciplinar. Para compor seus próximos dossiês, o CPDOC estará recebendo artigos referentes aos seguintes temas:
· Memória
· América Latina
· Modernidade e modernização
· Estados nacionais. Globalização
Acesse o endereço: www.cpdoc.fgv.br/revista para conhecer a revista e obter informações sobre prazo e instruções de envio, e regras para apresentação de originais.
3. Os documentos que integram o arquivo particular do ex-presidente Ernesto Geisel, doado ao CPDOC em 1998, foram digitalizados e agora podem ser consultados gratuitamente no portal.
A documentação cobre praticamente todas as principais questões nacionais do período que dependiam de decisão do presidente da República, e através de sua leitura pode-se acompanhar parte do processo de tomada de decisões políticas referentes a todos os setores da vida nacional, em sua instância máxima. Em alguns documentos, Geisel fazia comentários e anotações à margem, permitindo desse modo reconstituir o encaminhamento que dava aos assuntos. Quando isso não acontece, ficamos ao menos sabendo - o que não deixa de ser importante - que assuntos eram levados, e como eram levados, ao presidente, para sua decisão.
Trata-se, acima de tudo, de um tipo de documentação raramente disponível para a pesquisa histórica, mesmo se considerarmos o conjunto de acervos de ex-presidentes da República.
Acesse: http://www.cpdoc.fgv.br.
4. VI Seminário de Museologia, História e Documentação
Sesc Pousada – Juiz de Fora – MG – 05 a 07/06/08
PROGRAMAÇÃO
DIA 05 / 06 – 5ª. FEIRA
08h – 09h30
Recepção / Credenciamento
09h30 – 10h
Momento Cultural
Grupo de Contadores de Histórias do Instituto Metodista Granbery
10h – 10h30
Pronunciamento de Abertura
Roberto Pontes da Fonseca, Reitor do Granbery e do Centro Universitário Metodista Bennett
10h30 – 12h30
Painel: Memória é Cultura
- Coordenador:
Jorge Moura, Diretor do Sesef – Serviço Social das Estradas de Ferro.
- Expositores / Debatedores:
Itapuan Bôtto Targino, Membro do IHGP – Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.
Eleonora Santa Rosa, Secretária de Estado da Cultura de Minas Gerais.
12h30 – 14h
Almoço / Livre
14h – 14h30
Memória Institucional – Instituto Metodista Bennett.
Vilna Baggio Barreto, Coordenadora do Programa de Arte e Cultura do Instituto Metodista Bennett.
14h30 – 15h30
Exposição: Cuidando da Memória – A Experiência do Município de Passa Quatro – MG.
Antonio Claret Mota Esteves, Vice-Prefeito Municipal de Passa Quatro.
15h30 – 16h
Intervalo
16h – 18h
Painel: Cuidando da Memória – Contribuições do Museólogo, do Historiador e do Arquivista.
- Coordenador:
José Alves Fortes, Secretário Municipal de Cultura de Além Paraíba, MG.
- Expositores / Debatedores:
Carina Martins Costa, Doutoranda em História, Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas – FGV / RJ.
Cláudio Nelson Barbosa, Diretor-Secretário do COFEM – Conselho Federal de Museologia.
Lucina Matos, Arquivista do Arquivo Nacional.
DIA 06 / 06 – 6ª. FEIRA
08h – 08h30h
Exposição – 11 Anos de Sonhos, Lutas e Realizações.
Victor José Ferreira, Presidente do MPF – Movimento de Preservação Ferroviária.
08h30 – 09h
Exposição: (Des)Cuidando da Memória – O Acervo Documental Ferroviário
José Cássio Ignarra, Diretor Técnico do MPF.
09h – 10h
Exposição: Comboio Cultural.
Juliana Braga e Rubens Rangel, Produtores e Gestores Culturais.
10h – 10h30
Intervalo
10h30 – 12h30
Painel: Cuidando da Memória – Experiências.
- Coordenador (a):
Soleide Leão Soares, Especialista em Educação Patrimonial da Secretaria de Estado da Cultura de Sergipe.
- Expositores / Debatedores:
André M. Borges, Diretor do Museu de História e Ciências Naturais de Além Paraíba.
Thaís Gomes Fraga, Coordenadora do Núcleo de Memória da Rede Metodista do Sul.
12h30 – 14h
Almoço / Livre
14h – 15h
Exposição: 150 Anos de História da E.F. Central do Brasil.
Helena Guimarães Campos, Coordenadora do Núcleo Ferroviário da ONG Trem.
15h – 16h
Exposição: A Exploração Cultural do Patrimônio Ferroviário
Evelyn Maria Meniconi, Professora da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais – PUC Minas.
16h – 16h30
Intervalo
16h30 – 17h30
Exposição: Cuidando da Memória – A Experiência do Museu Mariano Procópio.
Francisco Antonio de Mello Reis, Diretor Superintendente da Fundação Museu Mariano Procópio.
17h30 – 18h30
Exposição: Memória Ferroviária em Minas Gerais – O Projeto da PUC Minas
Leandro Abreu, do Centro de Memória da PUC Minas.
20h30
Momento Cultural
- Trilhos Sonoros
Apresentação Musical
Duo Uniarte: Omar Fadul (flauta) e Tíbor Fíttel (piano).
- Sessão de autógrafos
Livro: “A Estrada que Trilhei”
Autor: Engº Aury Sampaio, Presidente da Comissão Nacional do Brasil do Congresso Panamericano de Estradas de Ferro.
DIA 07 / 06 - SÁBADO
09h – 13h
Oficinas Temáticas Simultâneas
A – Organização e Gestão de Museus de Pequeno e Médio Porte
Equipe do Museu Mariano Procópio
B – Organização e Gestão de Arquivos
Aparecida Regina Caetano da Rocha, Coordenadora do Serviço de Gestão de Documentos e Arquivos da UMESP – Universidade Metodista de São Paulo.
C – Elaboração de Projetos e Captação de Recursos
Antônio Pastori, Analista de Projetos do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
REALIZAÇÃO ABOTTC – Assoc. Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais
Cogeime – Instituto Metodista de Serviços Educacionais - Instituto Metodista Granbery
MPF – Movimento de Preservação Ferroviária
APOIO INSTITUCIONAL SESC / MG
LOCAL DO EVENTO / HOSPEDAGEM OFICIAL
Sesc Pousada Juiz de Fora Rua do Contorno, s/nº - Nova Califórnia Juiz de Fora – MG
sescmgpj@uai.com.br Tel. (32) 3233-1005
INFORMAÇÕES / INSCRIÇÕES
Granbery www.granbery.edu.br/memoria2008 memoria2008@granbery.edu.br
Tel. (32) 2101-1866 – Fax (32) 2101-1803
CERTIFICADOS Serão fornecidos para participantes com, no mínimo, 75% de freqüência.
TAXAS DE PARTICIPAÇÃO
Estudantes: R$ 10,00 (dez reais)
Outros: R$ 20,00 (vinte reais)
OBS.: Pagamento no local do evento, no dia 05/06.
5. CURSO DE FORMAÇÃO
“Das Rebeliões nas Senzalas à República de Palmares – Uma introdução ao pensamento de Clóvis Moura (1925-2003)”. O Instituto Manuel Querino (IMAQ), apresenta este curso de
introdução ao pensamento Clóvis Moura (1925-2003), historiador, sociólogo, pensador e militante da consciência negra.
PALESTRISTA: Fábio Nogueira – bacharel em Ciências Sociais (USP) e mestrando em Sociologia e Direito (Universidade Federal Fluminense – UFF).
PÚBLICO ALVO: Lideranças de bairros, movimento negro, movimento de mulheres, movimento de moradia, quilombolas, juventude, educadores e militantes em geral.
10 de maio de 2008 das 13h às 19h (incluso apostila e certificado)
INSCRIÇÕES
Pelo telefone: (71) 8143-6894
Pelo correio eletrônico: imaquerino@gmail.com
Taxa de Colaboração R$ 20,00
Local: SINTEL
Rua Bela Vista do Cabral, n. 247,
Nazaré - Salvador – BA
6. O Instituto Moreira Salles convida para o vernissage da exposição de fotografias de Edu Simões e para o lançamento da Edição Especial CADERNOS DE LITERATURA BRASILEIRA 10 anos.
Vernissage: 8 de maio , das 19 as 22h
exposição de 9 de maio a 6 de julho
de terça a sexta, das 13 as 19h
sábados e domingos das 13 às 18 hs
Instituto Moreira Salles - Afonso Pena, 737
7. Inaugurada a casa nova do CRAV - Centro de Referência Audiovisual. O novo espaço, o Casarão Amarelo localizado na Av. Álvares Cabral, 560 poderá abrigar os cerca de 30 000 documentos, entre fitas e rolos de filmes do órgão.
8. Inaugurado em 28 de abril o Museu Inimá de Paula, (foto) à Rua da Bahia 1201, esquina de Álvares Cabral. informações sobre visitas pelo telefone (31) 3281.2779
9. Curso de Historia das Artes visuais no ocidente e curso de História da Arte Moderna e Contemporânea no Brasil. Professor: Luiz Flávio Silva
Espaço ArteMinas. Rua Congonhas, 552, bairro Santo Antônio, Belo Horizonte.
Informações pelo telefone (31)3297-3794 ou pelo email contato@arteminas.com.br
Espaço ArteMinas. Rua Congonhas, 552, bairro Santo Antônio, Belo Horizonte.
Informações pelo telefone (31)3297-3794 ou pelo email contato@arteminas.com.br
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