Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

24.11.09

Numero 213





Abrimos um grande espaço hoje para Umberto Eco nos falar sobre fascismo, um tema sempre fascinante, mesmo porque ele ainda está no meio de nós, pronto a mostrar suas garras a qualquer momento.
É um texto longo, mas que vale a pena ser lido.
Depois temos um comentário sobre o uso do cinema nas aulas de Historia.
Na seção de livros, o lançamento de “Entre Impérios”, o jornal Lê Monde Diplomatique Brasil, a revista Historia Viva e seus especiais sobre Céu e Inferno e sobre Da Vinci.
O lançamento da Historia da Ciência no Brasil também é apresentado.
Em Navegar é preciso, a Revista Brasileira de Historia das Religiões, as atualizações do Historianet e do Café Historia, as revistas online do Arquivo do Estado de São Paulo, 120 anos de República e a recente decisão do STF sobre a extradição de Battisti.
Em Notícias, concurso, exposições e chamada de artigos para revista.
E temos, hoje, ainda, o Informativo da Anpuh, com muita coisa interessante!







A lição de Umberto Eco contra o fascismo eterno
(http://www.cartamaior.com.br/)
"O Fascismo Eterno"
Em 1942, com a idade de dez anos, ganhei o prêmio nos Ludi Juveniles (um concurso com livre participação obrigatória para jovens fascistas italianos – o que vale dizer, para todos os jovens italianos). Tinha trabalhado com virtuosismo retórico sobre o tema: “Devemos morrer pela glória de Mussolini e pelo destino imortal da Itália?” Minha resposta foi afirmativa. Eu era um garoto esperto.
Depois, em 1943, descobri o significado da palavra “liberdade”. Contarei esta história no fim do meu discurso. Naquele momento, “liberdade” ainda não significava “liberação”.
Passei dois dos meus primeiros anos entre SS, fascistas e resistentes, que disparavam uns nos outros, e aprendi a esquivar-me das balas. Não foi mal exercício.
Em abril de 1945, a Resistência tomou Milão. Dois dias depois os resistentes chegaram à pequena cidade em que eu vivia. Foi um momento de alegria. A praça principal estava cheia de gente que cantava e desfraldava bandeirolas, invocando Mimo, o líder a resistência na área, em alto brado. Mimo, ex-suboficial dos carabinieri, envolveu-se com os partidários do marechal Badoglio e perdeu uma perna nos primeiros confrontos. Apareceu no balcão da Prefeitura, apoiado em muletas, pálido; tentou acalmar a multidão com uma mão. Eu estava ali esperando seu discurso, já que toda a minha infância tinha sido marcada pelos grandes discursos históricos de Mussolini, cujos passos mais significativos aprendíamos de cor na escola. Silêncio. Mimo falo com voz rouca, quase não se ouvia. Disse: “Cidadãos, amigos. Depois de tantos sacrifícios dolorosos...aqui estamos. Glória aos que caíram pela liberdade...”. E foi tudo. Ele voltou para dentro. A multidão gritava, os membros da resistência levantaram as armas e atiraram para o alto, festivamente. Nós, rapazes, nos precipitamos para recolher os cartuchos, preciosos objetos de coleção, mas eu tinha aprendido então que liberdade de palavra significa também liberdade da retórica.
Alguns dias depois vi os primeiros soldados americanos. Eram afro-americanos. O primeiro ianque que encontrei era um negro, Joseph, que me apresentou às maravilhas de Dick Tracy e Ferdinando Buscapé. Seus gibis eram coloridos e tinham um cheiro bom.
Um dos oficiais (o major ou capitão Muddy) era hóspede na casa da família de dois dos meus companheiros de escola. Sentia-me em casa naquele jardim em que alguns senhores amontoavam-se em torno ao capitão Muddy, falando um francês aproximativo. O capitão Muddy tinha uma boa educação superior e conhecia um pouco de francês. Assim, minha primeira imagem dos libertadores americanos, depois de tantos caras-pálidas de camisa negra, era a de um negro culto em uniforme cáqui que dizia: “Oui, merci beaucoup Madame, moi aussi j'aime le champagne...” Infelizmente, faltava o champagne, mas ganhei do capitão Muddy o meu primeiro chiclete e comecei mastigando o dia inteiro. De noite colocava o chiclete em um copo d'água para que ficasse fresco para o dia seguinte.
Em maio, ouvimos dizer que a guerra tinha acabado. A paz deu-me uma sensação curiosa. Haviam me dito que a guerra permanente era a condição normal de um jovem italiano. Nos meses seguintes descobri que a Resistência não era apenas um fenômeno local, mas Europeu. Aprendi novas e excitantes palavras como “reseau”, “maquis”, “armée secrète”, “Rote Kapelle”, “gueto de Varsóvia”. Vi as primeiras fotografias do Holocausto e assim compreendi seu significado antes mesmo de conhecer a palavra.
Percebi que havíamos sido liberados. Hoje na Itália existem algumas pessoas que se perguntam se a Resistência teve algum impacto militar real no curso da guerra. Para a minha geração a questão é irrelevante: compreendo imediatamente o significado moral e psicológico da Resistência. Era motivo de orgulho saber que nós, europeus, não tínhamos esperado passivamente pela liberação. Penso que, também para os jovens americanos que derramaram seu sangue pela nossa liberdade, não era irrelevante saber que atrás das linhas havia europeus que já estavam pagando seu débito.
Hoje na Itália tem gente que diz que a Resistência é um mito comunista. É verdade que os comunistas exploraram a Resistência como uma propriedade pessoal, pois realmente tiveram um papel primordial no movimento; mas lembro-me dos resistentes com bandeiras de diversas cores.
Grudado ao rádio, passava as noites – as janelas fechadas e a escuridão geral faziam do pequeno espaço em torno ao aparelho o único halo luminoso – escutando as mensagens que a Rádio Londres transmitia para a Resistência. Eram, ao mesmo tempo, obscuras e poéticas (“Ainda brilha o sol”, “As rosas hão de florir”), mas a maior parte eram “mensagens para Franchi”. Alguém soprou no meu ouvido que Franchi era o líder de um dos grupos clandestinos mais poderosos da Itália do Norte, um homem de coragem legendária. Franchi tornou-se o meu herói. Franchi (cujo verdadeiro nome era Edgardo Sogno) era um monarquista tão anticomunista que, depois da guerra, se uniu a um grupo de extrema direita e foi até acusado de ter participado de um golpe de Estado reacionário. Mas que importa? Sogno ainda é o sonho da minha infância. A liberação foi um empreendimento comum de gente das mais diversas cores.
Hoje na Itália tem gente que diz que a guerra de liberação foi um trágico período de divisão, e que precisamos agora de uma reconciliação nacional. A recordação daqueles anos terríveis deveria ser reprimida. Mas a repressão provoca neuroses. Se a reconciliação significa compaixão e respeito por todos aqueles que lutaram sua guerra de boa-fé, perdoar não significa esquecer. Posso até admitir que Eichmann acreditava sinceramente em sua missão, mas não posso dizer: “Ok, volte e faça tudo de novo”. Estamos aqui para recordar o que aconteceu e para declarar solenemente que “eles” não podem repetir o que fizeram.
Mas quem são “eles”?
Se pensamos ainda nos governos totalitários que dominaram a Europa antes da Segunda Guerra Mundial, podemos dizer com tranquilidade que seria muito difícil que eles retornassem sob a mesma forma, em circunstâncias históricas diversas. Se o fascismo de Mussolini baseava-se na idéia de um líder carismático, no corporativismo, na utopia do “destino fatal de Roma”, em uma vontade imperialista de conquistar novas terras, em um nacionalismo exacerbado, no ideal de uma nação inteira arregimentada sob a camisa negra, na recusa da democracia parlamentar, no anti-semitismo, então não tenho dificuldade para admitir que a Aliança Nacional, nascida do Movimento Social e Italiano (MSI), é certamente um partido de direita, mas tem muito pouco a ver com o velho fascismo. Pelas mesmas razões, mesmo preocupado com os vários movimentos neonazistas ativos aqui e ali na Europa, inclusive na Rússia, não penso que o nazismo, e sua forma original, esteja ressurgindo como movimento capaz de mobilizar uma nação inteira.
Todavia, embora os regimes políticos possam ser derrubados e as ideologias criticadas e destituídas de sua legitimidade, por trás de um regime e de sua ideologia há sempre um modo de pensar e de sentir, uma série de hábitos culturais, uma nebulosa de instintos obscuros e de pulsões insondáveis. Há, então, um outro fantasma que ronda a Europa (para não falar de outras partes do mundo)?
Ionesco disse certa vez que “somente as palavras contam, o resto é falatório”. Os hábitos linguísticos são muitas vezes sintomas importantes de sentimentos não expressos.
Portanto, permitam-me perguntar por que não somente a Resistência mas toda a Segunda Guerra Mundial foram definidas em todo o mundo com uma luta contra o fascismo. Se relerem "Por quem os sinos dobram", de Hemingway, vão descobrir que Robert Jordan identifica seus inimigos com os fascistas, mesmo quando está pensando nos falangistas espanhóis.
Permitam-me passar a palavra a Franklin Delano Roosevelt: “A vitória do povo americano e de seus aliados será uma vitória contra o fascismo e o beco sem saída que ele representa” (23 de setembro de 1944).
Durante os anos de McCarthy, os americanos que tinham participado da guerra civil espanhola eram chamados de “fascistas prematuros” - entendendo com isso que combater Hitler nos anos 40 era um dever moral de todo bom americano, mas combater Franco cedo demais, nos anos 30, era suspeito. Por que uma expressão como “fascist pig” era usada pelos radicais americanos até para indicar um policial que não aprovava os que fumavam? Por que não diziam: “Porco Caugolard”, “Porco Falangista”, “Porco Quisling”, “Porco croata”, “Porco Ante Pavelic”, “Porco nazista”?
Mein Kampf é o manifesto completo de um programa político. O nazismo tinha uma teoria do racismo e do arianismo, uma noção precisa de entartete Kunst, a “arte degenerada”, uma filosofia da vontade de potência e da Übermensch. O nazismo era decididamente anticristão e neopagão, da mesma maneira que o Diamat (versão oficial do marxismo soviético) de Stalin era claramente materialista e ateu. Se como totalitarismo entende-se um regime que subordina qualquer ato individual ao Estado e sua ideologia, então nazismo e estalinismo eram regimes totalitários.
O fascismo foi certamente uma ditadura, mas não era completamente totalitário, nem tanto por sua brandura quanto pela debilidade filosófica de sua ideologia. Ao contrário do que se pensa comumente, o fascismo italiano não tinha uma filosofia própria. O artigo sobre o fascismo assinado por Mussolini para a Enciclopédia Treccani foi escrito ou inspirou-se fundamentalmente em Giovanni Gentile, mas refletia uma noção hegeliana tardia do “Estado ético absoluto”, que Mussolini nunca realizou completamente. Mussolini não tinha qualquer filosofia: tinha apenas uma retórica.
Começou como ateu militante, para depois firmar a concordata com a Igreja e confraternizar com os bispos que benziam os galhardetes fascistas. Em seus primeiros anos anticlericais, segundo uma lenda plausível, pediu certa vez a Deus que o fulminasse ali mesmo para provar sua existência. Deus estava, evidentemente, distraído. Nos anos seguintes, em seus discursos, Mussolini citava sempre o nome de Deus e não desdenhava o epíteto: “homem da Providência”. Pode-se dizer que o fascismo italiano foi a primeira ditadura de direita que dominou um país europeu e que, em seguida, todos os movimentos análogos encontraram uma espécie de arquétipo comum no regime de Mussolini.
O fascismo italiano foi o primeiro a criar uma liturgia militar, um folclore e até mesmo um modo de vestir-se – conseguindo mais sucesso no exterior que Armani, Benetton ou Versace. Foi somente nos anos 30 que surgiram movimentos fascistas na Inglaterra, com Mosley, e na Letônia, Estônia, Lituânia, Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, Grécia, Iugoslávia, Espanha, Portugal, Noruega e até na América do Sul, para não falar da Alemanha. Foi o fascismo italiano que convenceu muitos líderes liberais europeus de que o novo regime estava realizando interessantes reformas sociais, capazes de fornecer uma alternativa moderadamente revolucionária à ameaça comunista.
Todavia, a prioridade histórica não me parece ser uma razão suficiente para explicar por que a palavra “fascismo” tornou-se uma sinédoque, uma denominação pars pro toto para movimentos totalitários diversos. Não adianta dizer que o fascismo continha em si todos os elementos dos totalitarismos sucessivos, por assim dizer, em “estado quintessencial”. Ao contrário, o fascismo não possuía nenhuma quintessência e sequer uma só essência. O fascismo era um totalitarismo fuzzy (1). O fascismo não era uma ideologia monolítica, mas antes uma colagem de diversas idéias políticas e filosóficas, uma colméia de contradições. É possível conceber um movimento totalitário que consiga juntar monarquia e revolução, exército real e milícia pessoal de Mussolini, os privilégios concedidos à Igreja e uma educação estatal que exaltava a violência e o livre mercado?
O partido fascista nasceu proclamando sua nova ordem revolucionária, mas era financiado pelos proprietários de terras mais conservadores, que esperavam uma contra-revolução. O fascismo do começo era republicano e sobreviveu durante vinte anos proclamando sua lealdade à família real, permitindo que um “duce” puxasse as cordinhas de um “rei”, a quem ofereceu até o título de “imperador”. Mas quando, em 1943, o rei despediu Mussolini, o partido reapareceu dois meses depois, com a ajuda dos alemães, sob a bandeira de uma república “social”, reciclando sua velha partitura revolucionária, enriquecida de acentuações quase jacobinas.
Existiu apenas uma arquitetura nazista, apenas uma arte nazista. Se o arquiteto nazista era Albert Speer, não havia lugar para Mies van der Rohe. Da mesma maneira, sob Stalin, se Lamarck tinha razão, não havia lugar para Darwin. Ao contrário, existiram certamente arquitetos fascistas, mas ao lado de seus pseudocoliseus surgiram também os novos edifícios inspirados no moderno racionalismo de Gropius.
Não houve um Zdanov fascista. Na Itália existiam dois importantes prêmios artísticos: o Prêmio Cremona era controlado por um fascista inculto e fanático como Farinacci, que encorajava uma arte propagandista (recordo-me de quadros intitulados Ascoltando all radio un discorso del Duce ou Stati mentali creati dal Fascismo); e o Prêmio Bergamo, patrocinado por um fascista culto e razoavelmente tolerante como Bottai, que protegia a arte pela arte e as novas experiências da arte de vanguarda que, na Alemanha, haviam sido banidas como corruptas, criptocomunistas, contrárias ao Kitsch nibelúngico, o único aceito.
O poeta nacional era D'Annunzio, um dândi que na Alemanha ou na Rússia teria sido colocado diante de um pelotão de fuzilamento. Foi alçado à categoria de vate do regime pro seu nacionalismo e seu culto do heroísmo –com o acréscimo de grandes doses de decadentismo francês.
Tomemos o futurismo. Deveria ter sido considerado um exemplo de entartete Kunst, assim como o expressionismo, o cubismo, o surrealismo. Mas os primeiros futuristas italianos eram nacionalistas, favoreciam por motivos estéticos a participação da Itália na Primeira Guerra Mundial, celebravam a velocidade, a violência, o risco e, de certa maneira, estes aspectos pareciam próximos ao culto fascista da juventude. Quando o fascismo identificou-se com o império romano e redescobriu as tradições rurais, Marinetti (que proclamava que um automóvel era mais belo que a Vitória de Samotrácia e queria inclusive matar o luar) foi nomeado membro da Accademia d'Italia, que tratava o luar com grande respeito.
Muitos dos futuros membros da Resistência, e dos futuros intelectuais do futuro Partido Comunista, foram educados no GUF, a associação fascista dos estudantes universitários, que deveria ser o berço da nova cultura fascista. Esses clubes tornaram-se uma espécie de caldeirão intelectual em que circulavam novas idéias sem nenhum controle ideológico real, não tanto porque os homens de partido fossem tolerantes, mas porque poucos entre eles possuíam os instrumentos intelectuais para controlá-los.
No curso daqueles vinte anos, a poesia dos herméticos representou uma reação ao estilo pomposo do regime: a estes poetas era permitido elaborar seus protestos literários dentro da torre de marfim. O sentimento dos herméticos era exatamente o contrário do culto fascista do otimismo e do heroísmo. O regime tolerava esta distensão evidente, embora socialmente imperceptível, porque não prestava atenção suficiente ao um jargão tão obscuro.
O que não significa que o fascismo italiano fosse tolerante. Gramsci foi mantido na prisão até a morte, Matteotti e os irmãos Rosselli foram assassinados, a liberdade de imprensa suspensa, os sindicatos desmantelados, os dissidentes políticos confinados em ilhas remotas, o poder legislativo tornou-se pura ficção e o executivo (que controlava o judiciário, assim como a mídia) emanava diretamente as novas leis, entre as quais a da defesa da raça (apoio formal italiano ao Holocausto).
A imagem incoerente que descrevi não era devida à tolerância: era um exemplo de desconjuntamento político e ideológico. Mas era um “desconjuntamento ordenado”, uma confusão estruturada. O fascismo não tinha bases filosóficas, mas do ponto de vista emocional era firmemente articulado a alguns arquétipos.
Chegamos agora ao segundo ponto de minha tese. Existiu apenas um nazismo, e não podemos chamar de “nazismo” o falangismo hipercatólico de Franco, pois o nazismo é fundamentalmente pagão, politeísta e anticristão, ou não é nazismo. Ao contrário, pode-se jogar com o fascismo de muitas maneiras, e o nome do jogo não muda. Acontece com a noção de “fascismo” aquilo que, segundo Wittgenstein, acontece com a noção de “jogo”. Um jogo pode ser ou não competitivo, pode envolver uma ou mais pessoas, pode exigir alguma habilidade particular ou nenhuma, pode envolver dinheiro ou não. Os jogos são uma série de atividades diversas que apresentam apenas alguma “semelhança de família”:
1 - 2 - 3 - 4
abc bcd cde def
Suponhamos que exista uam série de grupos políticos. O grupo 1 é caracterizado pelos aspectos abc, o grupo 2, pelos aspectos bcd e assim por diante. 2 é semelhante a 1 na medida em que têm dois aspectos em comum. 3 é semelhante a 2 e 4 é semelhante a 1 (têm em comum o aspecto c). O caso mais curioso é dado pelo 4, obviamente semelhante a 3 e a 2, mas sem nenhuma característica em comum com 1. Contudo, em virtude da ininterrupta série de decrescentes similaridades entre 1 e 4, permanece, por uma espécie de transitoriedade ilusória, um ar de família entre 4 e 1.
O termo “fascismo” adapta-se a tudo porque é possível eliminar de um regime fascista um ou mais aspectos, e ele continuará sempre a ser reconhecido como fascista. Tirem do fascismo o imperialismo e teremos Franco ou Salazar; tirem o colonialismo e teremos o fascismo balcânico. Acrescentem ao fascismo italiano um anticapitalismo radical (que nunca fascinou Mussolini) e teremos Ezra Pound. Acrescentem o culto da mitologia céltica e o misticismo do Graal (completamente estranho ao fascismo oficial) e teremos um dos mais respeitados gurus fascistas, Julios Evola.
A despeito dessa confusão, considero possível indicar uma lista de características típicas daquilo que eu gostaria de chamar de “Ur-Fascismo”, ou “fascismo eterno”. Tais características não podem ser reunidas em um sistema; muitas se contradizem entre si e são típicas de outras formas de despotismo ou fanatismo. Mas é suficiente que uma delas se apresente para fazer com que se forme uma nebulosa fascista.
1. A primeira característica de um Ur-Fascismo é o culto da tradição. O tradicionalismo é mais velho que o fascismo. Não somente foi típico do pensamento contra-reformista católico depois da Revolução Francesa, mas nasceu no final da idade helenística como uma reação ao racionalismo grego clássico.
Na bacia do Mediterrâneo, povos de religiões diversas (todas aceitas com indulgência pelo Panteon romano) começaram a sonhar com uma revelação recebida na aurora da história humana. Essa revelação permaneceu longo tempo escondida sob o véu de línguas então esquecidas. Havia sido confiada aos hieróglifos egípcios, às runas dos celtas, aos textos sacros, ainda desconhecidos, das religiões asiáticas.
Essa nova cultura tinha que ser sincretista. “Sincretismo” não é somente, como indicam os dicionários, a combinação de formas diversas de crenças ou práticas. Uma combinação assim deve tolerar contradições. Todas as mensagens originais contêm um germe de sabedoria e, quando parecem dizer coisas diferentes ou incompatíveis, é apenas porque todas aludem, alegoricamente, a alguma verdade primitiva.
Como consequência, não pode existir avanço do saber. A verdade já foi anunciada de uma vez por todas, e só podemos continuar a interpretar sua obscura mensagem. É suficiente observar o ideário de qualquer movimento fascista para encontrar os principais pensadores tradicionalistas. A gnose nazista nutria-se de elementos tradicionalistas, sincretistas ocultos. A mais importante fonte teórica da nova direita italiana Julius Evola, misturava o Graal com os Protocolos dos Sábios de Sião, a alquimia com o Sacro Império Romano. O próprio fato de que, para demonstrar sua abertura mental, a direita italiana tenha recentemente ampliado seu ideário juntando De Maistre, Guenon e Gramsci é uma prova evidente de sincretismo.
Se remexerem nas prateleiras que nas livrarias americanas trazem a indicação “New Age”, irão encontrar até mesmo Santo Agostinho e, que eu saiba, ele não era fascista. Mas o próprio fato de juntar Santo Agostinho e Stonehenge, isto é um sintoma de Ur-Fascismo.
2. O tradicionalismo implica a recusa da modernidade. Tanto os fascistas como os nazistas adoravam a tecnologia, enquanto os tradicionalistas em geral recusam a tecnologia como negação dos valores espirituais tradicionais. Contudo, embora o nazismo tivesse orgulho de seus sucessos industriais, seu elogio da modernidade era apenas o aspecto superficial de uma ideologia baseada no “sangue” e na “terra” (Blut und Boden). A recusa do mundo moderno era camuflada como condenação do modo de vida capitalista, mas referia-se principalmente à rejeição do espírito de 1789 (ou 1776, obviamente). O iluminismo, a idade da Razão eram vistos como o início da depravação moderna. Nesse sentido, o Ur-Fascismo pode ser definido como “irracionalismo”.
3. O irracionalismo depende também do culto da ação pela ação. A ação é bela em si, portanto, deve ser realizada antes de e sem nenhuma reflexão. Pensar é uma forma de castração. Por isso, a cultura é suspeita na medida em que é identificada com atitudes críticas. Da declaração atribuída a Goebbels (“Quando ouço falar em cultura, pego logo a pistola”) ao uso frequente de expressões como “Porcos intelectuais”, “Cabeças ocas”, “Esnobes radicais”, “As universidades são um ninho de comunistas”, a suspeita em relação ao mundo intelectual sempre foi um sintoma de Ur-Fascismo. Os intelectuais fascistas oficiais estavam empenhados principalmente em acusar a cultura moderna e a inteligência liberal de abandono dos valores tradicionais.
4. Nenhuma forma de sincretismo pode aceitar críticas. O espírito crítico opera distinções, e distinguir é um sinal de modernidade. Na cultura moderna, a comunidade científica percebe o desacordo como instrumento de avanço dos conhecimentos. Para o Ur-Fascismo, o desacordo é traição.
5. O desacordo é, além disso, um sinal de diversidade. O Ur-Fascismo cresce e busca o consenso desfrutando e exacerbando o natural medo da diferença. O primeiro apelo de um movimento fascista ou que está se tornando fascista é contra os intrusos. O Ur-Fascismo é, portanto, racista por definição.
6. O Ur-Fascismo provém da frustração individual ou social. O que explica por que uma das características dos fascismos históricos tem sido o apelo às classes médias frustradas, desvalorizadas por alguma crise econômica ou humilhação política, assustadas pela pressão dos grupos sociais subalternos. Em nosso tempo, em que os velhos “proletários” estão se transformando em pequena burguesia (e o lumpesinato se auto exclui da cena política), o fascismo encontrará nessa nova maioria seu auditório.
7. Para os que se vêem privados de qualquer identidade social, o Ur-Fascismo diz que seu único privilégio é o mais comum de todos: ter nascido em um mesmo país. Esta é a origem do “nacionalismo”. Além disso, os únicos que podem fornecer uma identidade às nações são os inimigos. Assim, na raiz da psicologia Ur-Fascista está a obsessão do complô, possivelmente internacional. Os seguidores têm que se sentir sitiados. O modo mais fácil de fazer emergir um complô é fazer apelo à xenofobia. Mas o complô tem que vir também do interior: os judeus são, em geral, o melhor objetivo porque oferecem a vantagem de estar, ao mesmo tempo, dentro e fora. Na América, o último exemplo de obsessão pelo complô foi o livro The New World Order, de Pat Robertson.
8. Os adeptos devem sentir-se humilhados pela riqueza ostensiva e pela força do inimigo. Quando eu era criança ensinavam-me que os ingleses eram o “povo das cinco refeições”: comiam mais frequentemente que os italianos, pobres mas sóbrios. Os judeus são ricos e ajudam-se uns aos outros graças a uma rede secreta de mútua assistência. Os adeptos devem, contudo, estar convencidos de que podem derrotar o inimigo. Assim, graças a um contínuo deslocamento de registro retórico, os inimigos são, ao mesmo tempo, fortes demais e fracos demais. Os fascismos estão condenados a perder suas guerras, pois são constitutivamente incapazes de avaliar com objetividade a força do inimigo.
9. Para o Ur-Fascismo não há luta pela vida, mas antes “vida para a luta”. Logo, o pacifismo é conluio com o inimigo; o pacifismo é mau porque a vida é uma guerra permanente. Contudo, isso traz consigo um complexo de Armagedon: a partir do momento em que os inimigos podem e devem ser derrotados, tem que haver uma batalha final e, em seguida, o movimento assumirá o controle do mundo. Uma solução final semelhante implica uma sucessiva era de paz, uma idade de Ouro que contestaria o princípio da guerra permanente. Nenhum líder fascista conseguiu resolver essa contradição.
10. O elitismo é um aspecto típico de qualquer ideologia reacionária, enquanto fundamentalmente aristocrática. No curso da história, todos os elitismos aristocráticos e militaristas implicaram o desprezo pelos fracos. O Ur-Fascismo não pode deixar de pregar um “elitismo popular”. Todos os cidadãos pertencem ao melhor povo do mundo, os membros do partido são os melhores cidadãos, todo cidadão pode (ou deve) tornar-se membro do partido. Mas patrícios não podem existir sem plebeus. O líder, que sabem muito em que seu poder não foi obtido por delegação, mas conquistado pela força, sabe também que sua força baseia-se na debilidade das massas, tão fracas que têm necessidade e merecem um “dominador”. No momento em que o grupo é organizado hierarquicamente (segundo um modelo militar), qualquer líder subordinado despreza seus subalternos e cada um deles despreza, por sua vez, os seus subordinados. Tudo isso reforça o sentido de elitismo de massa.
11. Nesta perspectiva, cada um é educado para tornar-se um herói. Em qualquer mitologia, o “herói” é um ser excepcional, mas na ideologia Ur-Fascista o heroísmo é a norma. Este culto do heroísmo é estreitamente ligado ao culto da morte: não é por acaso que o mote dos falangistas era: “Viva la muerte!” À gente normal diz-se que a morte é desagradável, mas é preciso enfrentá-la com dignidade; aos crentes, diz-se que é um modo doloroso de atingir a felicidade sobrenatural. O herói Ur-Fascista, ao contrário, aspira à morte, anunciada como a melhor recompensa para uma vida heróica. O herói Ur-Fascista espera impacientemente pela morte. E sua impaciência, é preciso ressaltar, consegue na maior parte das vezes levar os outros à morte.
12. Como tanto a guerra permanente como o heroísmo são jogos difíceis de jogar, o Ur-Fascista transfere sua vontade de poder para questões sexuais. Esta é a origem do machismo (que implica desdém pelas mulheres e uma condenação intolerante de hábitos sexuais não-conformistas, da castidade à homossexualidade). Como o sexo também é um jogo difícil de jogar, o herói Ur-Fascista joga com as armas, que são seu Ersatz fálico: seus jogos de guerra são devidos a uma invidia penis permanente.
13. O Ur-Fascismo baseia-se em um “populismo qualitativo”. Em uma democracia, os cidadãos gozam de direitos individuais, mas o conjunto de cidadãos só é dotado de impacto político do ponto de vista quantitativo (as decisões da maioria são acatadas). Para o Ur-Fascismo os indivíduos enquanto indivíduos não têm direitos e “o povo” é concebido como uma qualidade, uma entidade monolítica que exprime “a vontade comum”. Como nenhuma quantidade de seres humanos pode ter uma vontade comum, o líder apresenta-se como seu intérprete. Tendo perdido seu poder de delegar, os cidadãos não agem, são chamados apenas pars pro toto, para assumir o papel de povo. O povo é, assim, apenas uma ficção teatral. Para ter um bom exemplo de populismo qualitativo, não precisamos mais da Piazza Venezia ou do estádio de Nuremberg.
Em nosso futuro desenha-se um populismo qualitativo TV ou Internet, no qual a resposta emocional de um grupo selecionado de cidadãos pode ser apresentada e aceita como a “voz do povo”. Em virtude de seu populismo qualitativo, o Ur-Fascismo deve opor-se aos “pútridos” governos parlamentares. Uma das primeiras frases pronunciadas por Mussolini no parlamento italiano foi: “Eu poderia ter transformado esta assembléia surda e cinza em um acampamento para meus regimentos”. De fato, ele logo encontrou alojamento melhor para seus regimentos e pouco depois liquidou o parlamento. Cada vez que um político põe em dúvida a legitimidade do parlamento por não representar mais a “voz do povo”, pode-se sentir o cheiro de Ur-Fascismo.
14. O Ur-Fascismo fala a “novilíngua”. A “novilíngua” foi inventada por Orwell em 1984, como língua oficial do Ingsoc, o Socialismo Inglês, mas certos elementos de Ur-Fascismo são comuns a diversas formas de ditadura. Todos os textos escolares nazistas ou fascistas baseavam-se em um léxico pobre e em uma sintaxe elementar, com o fim de limitar os instrumentos para um raciocínio complexo e crítico. Devemos, porém estar prontos a identificar outras formas de novilíngua, mesmo quando tomam a forma inocente de um talk-show popular.
Depois de indicar os arquétipos possíveis do Ur-Fascismo, permitam-me concluir. Na manhã de 27 de julho de 1943 foi-me dito que, segundo informações lidas na rádio, o fascismo havia caído e Mussolini tinha sido feito prisioneiro. Minha mãe mandou-me comprar o jornal. Fui ao jornaleiro mais próximo e vi que os jornais estavam lá, mas os nomes eram diferentes. Além disso, depois de uma breve olhada nos títulos, percebi que cada jornal dizia coisas diferentes. Comprei um, ao acaso, e li uma mensagem impressa na primeira página, assinada por cinco ou seis partidos políticos como Democracia Cristã, Partido Comunista, Partido Socialista, Partido de Ação, Partido Liberal. Até aquele momento pensei que só existisse um partido em todas as cidades e que na Itália só existisse, portanto, o Partido Nacional Fascista. Eu estava descobrindo que, no meu país, podiam existir diversos partidos ao mesmo tempo. E não só isso: como eu era um garoto esperto, logo me dei conta de que era impossível que tantos partidos tivessem aparecido de um dia para o outro. Entendi assim que eles já existiam como organizações clandestinas.
A mensagem celebrava o fim da ditadura e o retorno à liberdade: liberdade de palavra, de imprensa, de associação política. Estas palavras, “liberdade”, “ditadura” - Deus meu -, era a primeira vez em toda a minha vida que eu as lia. Em virtude dessas novas palavras renasci como homem livre ocidental.
Devemos ficar atentos para que o sentido dessas palavras não seja esquecido de novo. O Ur-Fascismo ainda está a nosso redor, às vezes em trajes civis. Seria muito confortável para nós se alguém surgisse na boca de cena do mundo para dizer: “Quero reabrir Auschwitz, quero que os camisas-negras desfilem outra vez pelas praças italianas!”. Ai de mim, a vida não é fácil assim! O Ur-Fascismo pode voltar sob as vestes mais inocentes. Nosso dever é desmascará-lo e apontar o indicador para cada uma de suas novas formas – a cada dia, em cada lugar do mundo. Cito ainda as palavras de Roosevelt: “Ouso dizer que, se a democracia americana parasse de progredir como uma força viva, buscando dia e noite melhorar, por meios pacíficos, as condições de nossos cidadãos, a força do fascismo cresceria em nosso país” (4 de novembro de 1938). Liberdade, liberação são uma tarefa que não acaba nunca. Que seja este o nosso mote: “Não esqueçam”.
E permitam-me acabar com uma poesia de Franco Fortini:
Sulla spalletta del ponte
Le teste degli impiccati
Nell'acqua della fonte
La bava degli impiccati
Sul lastrico del mercato
Le unghie dei fucilati
Sull'erba secca del prato
I denti dei fucilati
Mordere l'aria mordere i sassi
La nostra carne non à più d'uomini
Mordere l'aria mordere i sassi
Il nostro cuore non à più d'uomini.
Ma noi s'è letto negli occhi dei morti
E sulla terra faremo libertà
Ma l'hanno stretta i pugni dei morti
La giustizia che si farà.
(Na amurada da ponte/ A cabeça dos enforcados/Na água da fonte/ A baba dos enforcados/No calçamento do mercado/As unhas dos fuzilados/Sobre a grama seca do prado/Os dentes dos fuzilados/Morder o ar morder as pedras/ Nossa carne não é mais de homens/Morder o ar morder as pedras/Nosso coração não é mais de homens/ Mas lemos nos olhos dos mortos/ E sobre a terra a liberdade havemos de fazer/ Mas estreitaram-na nos punhos os mortos/A justiça que se há de fazer.)”
Umberto Eco, O Fascismo Eterno, in: Cinco Escritos Morais, Tradução: Eliana Aguiar, Editora Record, Rio de Janeiro, 2002.
(1) Usado atualmente em lógica para designar conjuntos “esfumados”, de contornos imprecisos, o termo fuzzy poderia ser traduzido como “esfumado”, “confuso”, “impreciso”, “desfocado”.





Do Historianet:

Cinema Educação
Cineasta diz que professor desconhece filme como didática

A cineasta Marialva Monteiro, fundadora do Cinema Educação, do Rio de Janeiro, disse em Curitiba na semana passada que são poucos os professores que conhecem o potencial de filmes para utilizá-los como recurso didático. “São várias as possibilidades de se trabalhar um filme no ambiente escolar. Infelizmente, a maioria das pessoas desconhece a riqueza que o cinema oferece”, avalia.
Marialva diz que é importante o professor compreender a linguagem cinematográfica. “O educador que reconhece os elementos da linguagem cinematográfica e sabe interpretá-los pode usar o recurso em sala de aula”.
A cineasta esteve em Curitiba participando da mostra de cinema Sessão Criança, realizada de 22 de outubro a 1.º de novembro. Ela afirma que tanto o conteúdo quanto a forma do filme podem auxiliar no entendimento das disciplinas. “Procuro explicar aos educadores que o diretor do filme pode, por meio dos elementos de linguagem, contar a história também pela imagem. E, ao aprender a reconhecer tais elementos, o professor pode fazer uma leitura mais abrangente e eficaz da obra e assim se torna apto a trabalhar melhor o filme em sala de aula”, explica.
Marialva Monteiro entende que além da utilidade como ferramenta de apoio ao aprendizado, o cinema amplia o conhecimento tanto do aluno como do professor de várias formas. “No caso dos alunos é mais interessante ainda, porque por estarem em fase de formação eles aprendem a assistir a um filme não apenas como entretenimento, mas como forma de reflexão também”.
Ela cita como exemplo o filme “Terra em Transe” de Glauber Rocha. “Em determinada cena, o posicionamento da câmera (a angulação) no deputado, personagem de Paulo Autran, de baixo para cima, permite interpretação sem necessidade de fala. A imagem dele, enorme na tela permite entender que se trata de um homem poderoso”, explica.
A professora de língua portuguesa e literatura, Márcia Galvan Campos, que participou da palestra, diz que o cinema é mais uma ferramenta pedagógica com o objetivo de tornar os conteúdos curriculares mais instigantes e o aprendizado mais eficaz.
Márcia é responsável pela página de filmes do Portal Dia-a-Dia Educação (www.filmes.seed.pr.gov.br), da Secretaria de Educação do Paraná. “Ali, o professor encontra um grande acervo de filmes e vídeos para utilizar em sala, além de dicas de eventos e relatos de experiências”. Márcia Galvan conta que já trabalhou figuras de linguagem, sonância e simbolismo a partir de trechos do filme “V de Vingança”, por exemplo.
De acordo com ela, as transformações sociais e as conquistas tecnológicas transformaram os meios audiovisuais em importantes formas de expressão. “Atualmente, o cinema, assim como o vídeo, a TV, a Internet, os jogos eletrônicos, a vídeo-arte e a fotografia são instrumentos formadores de opinião”, afirma Márcia.







VALE A PENA LER

Jornal Le Monde Diplomatique Brasil de novembro
Artigo de capa: A Herança de Lula.
Artigos principais: A lei da ficha limpa – Modelo de desenvolvimento: em busca de novos paradigmas – Pós-neoliberalismo: a indústria desemprega – Direitos Humanos: a Infância ainda em risco – Eleições na Bolívia: reafirmação das mudanças – Europa, a reboque dos EUA- Afeganistão, um conflito sem saída.

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A Scientific American Brasil lança, nas bancas, em 3 fascículos, a Historia da Ciência no Brasil.
Volume 1 já nas bancas – de 1500 a 1920
Mestre João observa o céu e faz primeiro registro de ciência
Chegada da Corte abre as portas para a ciência
Estradas de ferro e medicina alteram qualidade de vida
A belle époque e suas repercussões no Brasil

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Nas bancas a Historia Viva n 73
Dossiê: 120 anos de República
Biografia: Calígula
Entrevista: Pedro Paulo Funari e Aline Vieira de Carvalho
Artigos: Árabes, os senhores do deserto – A última noite de Mary Stuart – Um sobrevivente de Stalingrado

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História Viva Grandes Temas n. 25
Entre o céu e o inferno – como as religiões monoteístas descreveram a viagem ao além desde a Antiguidade.

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História Viva especial
Da Vinci
A intimidade, a obra e a Itália do gênio que derrubou as barreiras entre arte e ciência.



Livro: Entre Impérios
Autor: Maximiliano M. Menz
Edição: Alameda (11 3012-2400)
Preço: R$ 36 (285 páginas)
Entre Impérios
Formação do Rio Grande na Crise do Sistema
Colonial Português (1777-1822)

Territórios de fronteira quase sempre têm uma história complicada, mais tarde atormentada por debates sobre identidade cultural e nacional que atribuem valor a mitos de origem, a genealogias, a heranças. O extremo sul do Brasil não foi exceção. Este livro evidencia o papel-chave desempenhado pelo novo território na “formação” do próprio Brasil. Maximiliano MacMenz propõe o que chama de “inversão do tema” no qual costumava se debater a historiografia gaúcha: a relação entre o Rio Grande do Sul e o Brasil ou a região do Rio da Prata passa a importar não tanto por si mesma, e, sim, dentro do jogo formativo de uma sociedade “Entre Impérios”.
Disputado pelos impérios coloniais espanhol e português desde o fim da União Ibérica, o outrora Continente do Rio Grande de São Pedro desdobrou-se por muito tempo em lealdades opostas. Onde se trocavam prata e ouro, num movimento fundamental para a compensação das balanças do comércio colonial, analisadas em detalhe pelo autor. Ali também se realizava a rivalidade de portugueses e espanhóis, pois além do contrabando de mercadorias e de metais preciosos estava em jogo o controle dos rios da bacia do Prata, pelos quais era muito mais rápido e simples do que por terra viajar para o centro do continente.
Nesse contexto era preciso definir qual a influência predominante na identidade do sul – a luso-brasileira ou a platina. Além do surgimento de planos para marcar a diferença econômica da região pela mão de obra, que deveria deixar de ser composta por escravos africanos e passar ao emprego de assalariados imigrantes da Europa: é a origem do mito do Rio Grande do Sul “branco”.

Sobre o autor: Maximiliano M. Menz é doutor pela Universidade de São Paulo (USP), foi pesquisador do Cebrap e da Cátedra Jaime Cortesão. Atualmente é professor de História Moderna na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e jovem pesquisador da Fapesp.







NAVEGAR É PRECISO

É com imensa satisfação que apresentamos o quinto número da Revista Brasileira de História das Religiões.
Acesso: www.dhi.uem.br/gtreligiao

Aproveitamos para informar que a chamada de artigos e resenhas para o número 06 da RBHR encerra-se no dia 30/11/2009. As normas para publicação encontram-se no site da revista. Os textos devem ser encaminhados ao email gtreligioes@gmail.com

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Atualizações no Historianet – http://www.historianet.com.br/

História do Brasil.
O debate estava polarizado em duas posições: para uma, a Colônia sempre foi capitalista; para a outra, ao contrário, o feudalismo predominou no passado colonial, havendo ainda restos feudais, ou relações semifeudais, a serem superados.

Antiga
A Construção do pensamento filosófico nos séculos V e IV a.C.

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Decisão do STF foi chocante e ilógica, diz Celso Bandeira de Mello
O voto do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, desempatando a votação no caso Battisti a favor da extradição e defendendo que o presidente da República deveria se curvar a ela abriu uma polêmica no meio jurídico. Em entrevista à Carta Maior, o professor Celso Antônio Bandeira de Mello classifica a postura do presidente do STF, Gilmar Mendes, de chocante e ilógica. "O princípio que está por trás do habeas corpus e da extradição, ou no caso da prisão perpétua, é o mesmo: favorecer a liberdade quando o tribunal está dividido. Neste sentido, a decisão do STF é chocante e fere a lógica mais comezinha", diz o jurista. > LEIA MAIS Política
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16250&boletim_id=616&componente_id=10299

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O Arquivo Público do Estado de São Paulo disponibilizou recentemente na internet a versão integral de 29 títulos de revistas produzidas no final do século 19 e início de século 20. Ao todo, são 192 exemplares, que podem ser consultados gratuitamente pelo endereço www.arquivoestado. sp.gov.br/revistas
A publicação mais antiga é a "Revista da Academia de São Paulo", de 1859, que traz artigos sobre educação, direito civis, literatura e poesias.O acervo, voltado para educadores e estudantes, serve de fonte para pesquisas sobre eventos históricos e mudanças culturais da sociedade paulista.

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O Museu da comida de NY!
Colombo foi espião do rei de Portugal, diz historiador português
Máfias provocam medo e fascínio desde o final do século XIX
CINEMA & HISTÓRIA Besouro e a história da capoeira
Já ouviu falar no pintor alemão Ludwig Meidner?
VÍDEOS Joseph Campbell e o poder do mito.
Visite Cafe Historia em: http://cafehistoria.ning.com/
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REPÚBLICA, 120 ANOS
Duas histórias. Ou mais
Deonísio da Silva
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=565FDS001








NOTICIAS


Italianos em São Paulo - trajetórias e identidades







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A HISTÓRIA AGORA -
Revista Eletrônica de História do Tempo Presente (ISSN 1982-209X)
está aceitando artigos até dia 01 de dezembro para sua edição de Número 8, com o Dossiê: “Novos Líderes: relações internacionais em tempo de crise”
No entanto, a HISTÓRIA AGORA mantém-se aberta para outros temas do TEMPO PRESENTE.
Nosso Sítio: www.historiagora.com

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Concurso público para provimento de vaga para professor adjunto do curso de História da Universidade Federal do Rio Grande - FURG:
Processo nº 23116.005950/2009-75
Unidade Acadêmica: Instituto de Ciências Humanas e da Informação - ICHI
Telefone: (53) 32935076
Área do conhecimento: HistóriaMatérias/Disciplinas: História Americana, História Contemporânea e História do Oriente Médio Contemporâneo
Classe/Regime de trabalho: Adjunto/40h-DE
Requisito mínimo para ingresso: Graduação em História e Doutorado em História
Número de vagas: 01
O endereço do edital é http://www.sarh.furg.br/arquivos/editais/001461.pdf e o site dos concursos é http://www.sarh.furg.br/bin/edital/index.php

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INFORME DA ANPUH


CONCURSO PARA PROFESSOR HISTÓRIA (novo)
Instituição: Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE
Nº de vagas: 1
Inscrições: 30/11/2009

CONCURSO PÚBLICO PARA PROFESSOR DE METODOLOGIA E TEORIA DA HISTÓRIA (novo)
Instituição: Universidade de São Paulo - FFLCH/USP
Nº de vagas: 1
Inscrições: até 07/12/2009
CONCURSO PÚBLICO PARA PROFESSOR (novo)
Instituição: Universidade Estadual de Londrina - UEL
Nº de vagas: 5
Inscrições: 7 a 11/12/2009
CONCURSO PÚBLICO PARA PROFESSOR DE HISTÓRIA ANTIGA E MODERNA (novo)Instituição: Universidade de Brasilia - UNB
Nº de vagas: 2
Inscrições: até 13/12/2009
CONCURSO PÚBLICO PARA PROFESSOR DE HISTÓRIA DO BRASIL IMPÉRIO E REPÚBLICA (novo)
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Nº de vagas: 1
Inscrições: até 14/12/2009
MESTRADO EM HISTÓRIA
Instituição: Universidade Federal de Pelotas - UFPel
Inscrições: até 22/12/2009
MESTRADO EM HISTÓRIA
Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Inscrições: até 25/01/2010
ENCONTRO COM A HISTÓRIA 2009:CIVILIZAÇÃO POLÍTICA E IMPÉRIO (novo)
Data: 26 de novembro 2009
Local: Auditório do MAST, Rua General Bruce, 586, Bairro Imperial de São Cristóvão - RJ
MARX E MARXISMO 2009: ÉTICA, ESTÉTICA E POLÍTICA (novo)
Data: 1 a 3 de dezembro 2009
Local: UFF - Campus do Gragoatá - Bloco E - Faculdade de Serviço Social - Sala 405
IV FÓRUM - POVOS E CULTURAS DAS AMÉRICAS: AS CIDADES EM DEBATE: ECONOMIA, POLÍTICA, CULTURA, SAÚDE E CIDADANIA
Data: 01 a 03 de dezembro de 2009
Local: Universidade Estadual do Rio de Janeiro
I SEMINÁRIO NACIONAL FONTES DOCUMENTAIS E PESQUISA HISTÓRICA: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES
Data: 01 a 04 de dezembro de 2009
Local: Universidade Federal de Campina Grande
II CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE HISTÓRIA ECONÔMICA (SIMPÓSIO 5)
Data: 03 a 05 de fevereiro de 2010
Local: Centro Cultural Universitário Tlatelolco / Cidade do México - México
II ENCONTRO NOVOS PESQUISADORES EM HISTÓRIA (novo)
Data: 12 a 15 de abril 2010
Local: Universidade Federal da Bahia
IV ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES DO INTEGRALISMO (novo)
Data: 10 a 13 de maio 2010
Local: Universidade Federal de Juiz de Fora e Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora - CES
IV CONGRESSO LATINO-AMERICANO IMAGENS DA MORTE (novo)
Data: 19 a 23 de julho 2010
Local: Universidade Salgado de Oliveira - Campus Niterói
XI CONGRÈS INTERNATIONAL DES SCIENCES HISTORIQUES (novo)
Data: 22 a 28 de agosto 2010
Local: L'Universiteit van Amsterdam (UvA)
Chamada para artigos

HISTÓRIA AGORA (novo)
Tema: Novos Líderes: relações internacionais em tempo de crise
Prazo: 01/12/2009

REVISTA TEMAS & MATIZES
Tema 1:Questão Social na Contemporaneidade: Desafios para Intervenção Social.
Tema 2: Nações e Nacionalismos na América Espanhola: História, sociedade e cultura.
Prazo: 11/12/2009
REVISTA OPSIS (novo)
Tema: Campos de experiências e relações de força
Prazo: 05/12/2009
REVISTA ESPECIALIDADES (novo)
Tema: História, espaço e imagens
Prazo: 15/12/2009
REVISTA MUNDOS DO TRABALHO
Tema: Processos e condições de trabalho (n°03)
Prazo: 20/12/2009
REVISTA NUPEM (novo)
Tema: Não especificado
Prazo: 26/02/2010
REVISTA ANTÍTESES
Tema 02: História e Ensino: Teorias e Metodologias
Prazo: 28/02/2010
REVISTA HORIZONTE (novo)
Tema:O pensamento Pós-Metafísico e o discurso sobre Deus
Prazo: 30/04/2010
REVISTA PROJETO HISTÓRIA
Tema:Patrimônio e Cultura Material / nº40 (Janeiro/Junho/2010)
Prazo: 05/2010
REVISTA ESTUDOS HISTÓRICOS FGV
Tema: Modernidade e modernização - nº 45 (01/2010)
Prazo: 30/12/2009
Tema: Estados nacionais. Globalização - nº 46 (02/2010)
Prazo: 30/06/2010
REVISTA FRONTEIRAS
Tema: História das religiões e das religiosidades
Prazo: 15/03/2010
Tema: História dos Esportes
Prazo: 30/09/2010

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