Amigos e amigas:
Aproveitando a aproximação das festas natalinas e de fim de ano, vamos dar uma pausa em nosso Boletim, retornando na primeira semana de janeiro.
Neste nosso último Boletim de 2009, temos mais um artigo de nosso emérito colaborador, o prof. Antônio de Paiva Moura e dois artigos do Correio da Cidadania, um sobre a situação dos professores e outro sobre o Fórum que está reunido em Copenhague.
Nos links, chamo a atenção para a memória de Victor Jara, o extraordinário compositor e artista chileno assassinado pela ditadura de Pinochet. E há indicação para você ver e ouvir a mais famosa canção composta por ele, “Te recuerdo, Amanda”.
Bom proveito, obrigado por nos acompanhar durante este ano.
Feliz Natal!
Feliz Ano Novo!
Ricardo
Roberto Freire e o vício da demagogia
Antonio de Paiva Moura
Bobbio (1993) diz que demagogia é uma praxe política que se apóia na base das massas, secundando e estimulando suas aspirações irracionais e elementares, desviando-a da sua real e consciente participação ativa na vida política. Na antiga Grécia, demagogo era aquele que sendo hábil orador, sabia conduzir o povo. O que é fácil de ser detectado no discurso demagógico é a forma grosseira de linguagem para sensibilizar os segmentos sociais a que deseja atingir. Demagogia é a arte de conduzir o povo a uma falsa situação. Prometer algo que não pode ser posto em prática de imediato, visando obter um benefício, isto é, falsas promessas. Se demagogia é a arte de enganar o povo em busca de voto e boa imagem, ela é altamente perversa. Portanto, políticos da estirpe de Roberto Freire e seus companheiros de partido sãos os mais perversos e corruptos da nação. A tônica do discurso de Roberto Freire é a acusação de seus adversários de práticas de corrupção e de possíveis erros de conduta política. Quando não há fato concreto ele cria uma conjectura pretérita ou futura para bradar contra seus adversários. O que é mais falso em seu discurso é afirmar exaustivamente que seu partido, o PPS, é incorruptível.
Em 1992, com a dissolução do PCB, Partido Comunista Brasileiro, alguns líderes, entre os quais Roberto Freire, optaram pela social democracia e fundaram o PPS, Partido Popular Socialista. Na medida que PPS faz alianças com o DEM e com PSDB, ele entra em ridícula contradição com seus princípios, porque a social democracia é absolutamente contrária ao liberalismo e ao neoliberalismo. As pessoas que debandam para o lado de seus tradicionais adversários são sem caráter. Na verdade, Roberto Freire é um mau caráter porque, agora, sabemos que o real motivo de sua mudança de posição política, foram as fortunas das empresas fluindo para si e para seus correligionários.
O ex-governador de Rondônia, Ivo Narciso Cassol foi eleito pela legenda do PPS, em 2006. Em seguida processado em todas as instâncias judiciais, nas áreas criminal, eleitoral e administrativa, com perda de mandato políticos. Utilizava recursos arrecadados em nome do partido para comprar votos. Em 2008, o juiz de direito de Nanuque (MG) reduziu de 17 para 12 mil reais os salários do prefeito Nide Alves de Brito (PPS) e do vice Evandro Caíres (DEM) que aumentaram demasiadamente seus próprios salários, deixando os funcionários municipais em atraso e sem reajustes. O prefeito de Senhora do Porto (MG), José de Aguiar Mourão Sobrinho, também do PPS, perdeu o cargo em 2008, em face de ação civil pública, por fraude em licitação de medicamentos e materiais hospitalares. Fernando Antunes, presidente regional do PPS-DF e secretário adjunto da Secretaria de Saúde, conforme registro da operação Caixa de Pandora da Polícia Federal, é responsável pela negociação de pagamento com empresas privadas. Nerci Soares Bussamra, diretora-comercial da empresa Serviços Tecnológicos, acusa o PPS de chantageá-la. Segundo Leandro Fortes, no inquérito da PF há referência a Roberto Freire, presidente do PPS, que se apresenta à Nação, como o mais ilibado dos cidadãos. É isso que é demagogia.
Referências
BOBBIO, Norberto et al. Dicionário de política. Tradução de Carmem C. Varrialle. Brasília: Universidade de Brasília, 1993.
FORTES, Leandro. Na meia, na cueca...Carta Capital. São Paulo, n. 575, 5 dez. 2009.
Referências
BOBBIO, Norberto et al. Dicionário de política. Tradução de Carmem C. Varrialle. Brasília: Universidade de Brasília, 1993.
FORTES, Leandro. Na meia, na cueca...Carta Capital. São Paulo, n. 575, 5 dez. 2009.
Do Correio da Cidadania
Como no futebol: professor agora ganha “bicho”
A gravidade do problema da educação primária e secundária do país não se mede pela insuficiência da rede escolar (que não consegue sequer matricular toda a população juvenil do país), nem pela precariedade dessa rede (tanto em decorrência da falta de preparação e de motivação dos docentes quanto da precariedade das instalações físicas) e nem mesmo da violência que campeia tão solta a ponto de freqüentar escola constituir risco de morte.
O quadro é muito mais grave, resultante do comportamento irresponsável dos governos petistas e tucanos, cujas políticas educacionais solapam os fundamentos da cultura, da ética e da própria dignidade de professores, funcionários e alunos.
Constrangidos pelo impacto da crise do capitalismo no Brasil, tais governos, incapazes de reagir a ela com dignidade, sabem que não estão autorizados a gastar dinheiro com a educação. Pelo contrário, sabem que terão de arrochar salários de professores e de funcionários, bem como reduzir investimentos em edifícios escolares e equipamento pedagógico. A saída para esconder a vergonha é a corrupção do caráter do professorado, do funcionalismo e dos alunos.
O método usado para isto é a concessão de bônus. Se a escola consegue um resultado positivo em relação a uma certa meta que o governo estabelece, os professores recebem um "bônus" em dinheiro – bônus este que pode ser efetivado pelo próprio governo ou por alguma empresa privada, como parte de sua política de limpar a imagem.
O mesmo acontece com o aluno pobre. Se obtiver nota superior a um certo número, sua mãe receberá um pequeno aumento na Bolsa Família.
Mas tem ainda mais: lei recentemente aprovada pela Assembléia Legislativa de São Paulo criou vários "incentivos" aos professores. Vejam estas duas "pérolas": o professor que cumprir uma série de condições (por exemplo, não faltar, não pedir remoção etc.) pode ser selecionado para fazer uma prova de avaliação de sua competência docente. Tirando nota superior a 6 nessa prova, estará credenciado a receber um aumento que poderá representar até 20% do seu salário. Ou então essa outra: o professor substituto que for contratado para dar aulas em 2010 terá de purgar uma quarentena de 200 dias, para ser recontratado em 2.011. Tem algum cabimento nesse tipo de "incentivos"?
O incrível é a sociedade não perceber que esta política é obscena, corrompe totalmente o processo educacional da juventude – fundamento da reprodução física e ética de todo o corpo social.
A corrupção atinge todo o professorado na medida em que o bônus, a avaliação e outros "incentivos" da mesma espécie são esmolas destinadas a substituir o salário e a dividir a classe. É assim que o caráter desse professorado se corrompe, porque cada candidato a recebê-los sabe que está aceitando esse benefício espúrio unicamente porque não tem coragem de lutar pelo seu direito legítimo a uma remuneração digna da importância e da nobreza da função que cumpre na sociedade. A opção pela esmola infecta a sua consciência e torna o professorado, como um todo, um corpo amorfo incapaz de influenciar na sociedade.
A corrupção dos alunos começa aí. Como pode o aluno respeitar um professor que não respeita a si próprio? Acaso, não é o mestre, depois dos pais, a referência mais forte na formação ética do jovem? Quando o jovem se depara com um professor que aceita a humilhação sem luta, é este o paradigma que incorpora no universo da sua consciência. Pode-se imaginar a Pátria que surge daí.
Mas o problema é ainda mais grave: logo o jovem percebe que está integrado numa instituição farsesca. Sem uma referência institucional clara, ele tende a buscar no traficante que o ronda na saída das aulas uma escapatória para sua falta de orientação e de estímulo.
Este monstruoso crime está sendo cometido por pseudo-intelectuais que conseguem a proeza de aliar soberba e servilismo, sob as vistas de uma geração de brasileiros que desertou das suas obrigações.
Esta obscenidade precisa ser denunciada com toda força hoje, para que o povo brasileiro possa cobrá-la amanhã.
A propósito deste tema, veja:
Professor super-herói
'Verônica, o filme' retrata as dificuldades da rotina dos professores
http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=2775
Resfriamento Global
Escrito por Roberto Malvezzi
08-Dez-2009
Há muito se fala no resfriamento global. Afinal, é da natureza da Terra reorganizar sua temperatura, como nos ensinou James Lovelock. A Terra passa por alternâncias naturais de sua temperatura e se esperava, para não muito distante, uma nova era do gelo. Afinal, vivemos num intervalo de aproximadamente dez mil anos de aquecimento, já que antes o planeta estava gelado. Quem quiser conhecer as marcas desse fenômeno, vá até o sítio arqueológico da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Piauí. Ali encontrará as marcas da imensa floresta tropical, com sua fauna de grande porte, que cobria o que hoje é a caatinga.
Porém, no dia em que começa a Conferência de Copenhague sobre mudança climática - essa deslanchada pela mão humana -, o vazamento de e-mails de alguns cientistas pôs em dúvida todo o arsenal de pesquisas do IPCC, pretendendo retirar sua credibilidade. Por mais ingênuo que seja um ser humano ao ler a mídia – que falta nos faz Paulo Freire! -, é impossível que não desconfiasse dessa vazão em hora tão oportuna.
Imediatamente a ONU se encarregou de dizer que bebe em muitas fontes, que ali estão quase dois mil cientistas, que as marcas do aquecimento global são óbvias. Portanto, ainda que fosse a melhor notícia que a humanidade recebesse nesse momento – que não estaríamos passando por um processo de aquecimento global -, é preciso pôr os pés no chão.
Por pior que sejam as conseqüências do fenômeno, é melhor tomar consciência da realidade e tentar fazer o que for possível para o bem da comunidade da vida, particularmente a humana, como do próprio Planeta. Esse sabe defender-se por conta própria, regulando sua própria temperatura. O pior fica para os seres vivos que habitam sua pele.
A esperança em relação à Copenhague diluiu-se bastante. Os donos do mundo não querem tomar decisões sérias que impliquem em mudança nos rumos da civilização humana. Assim, como cegos que guiam cegos, conduzem a humanidade firme, seguramente, em linha reta na direção do abismo.
Entretanto, a multidão dos que querem essa mudança profunda, embora não tenha poder, só faz crescer. É nesses lutadores que se deposita a última esperança. Ou então, como querem os donos dos combustíveis fósseis, esperemos por um coincidente resfriamento global natural, por misericórdia de Gaia.
Roberto Malvezzi (Gogó), ex-coordenador da CPT, é agente pastoral.
VALE A PENA LER
Fórum 80: Teatro Mágico
Na Fórum novembro, leia entrevista de Fernando Anitelli, do grupo Teatro Mágico, defendendo a distribuição gratuita da produção, as principais propostas para a Conferência Nacional de Comunicação
A nova MPB é Música é Pra Baixar
Todos os lados da Confecom
Dossiê Marighella.
A nova MPB é Música é Pra Baixar
Todos os lados da Confecom
Dossiê Marighella.
Artigos: Comércio de regatão na Amazônia no século XIX – Pagu: rebelde e engajada – O Cortiço de Aluísio Azevedo – Bandas militares davam o tom patriótico a sangrentos combates na Guerra do Paraguai – A campanha civilista – A sensual Messalina de Henrique Bernardelli –
Especial: expulsão dos jesuítas.
Entrevista com Sérgio Besserman Vianna.
NAVEGAR É PRECISO
Memória: Victor Jara, 36 anos depois
Este 4 de dezembro de 2009 é uma data para lembrar. Mais de 12.000 pessoas participaram do cortejo fúnebre após 36 anos do assassinato de Victor Jara em 1973. O crime cometido por militares nos dias que se seguiram ao golpe de Estado de Augusto Pinochet. Victor Jara, um dos mais populares personagens do meio artístico chileno no início da década de 70, também é uma das mais de 3.000 vítimas, entre mortos e desaparecidos, da ditadura de Pinochet. Mais tarde, o Estádio do Chile seria renomeado Estádio Víctor Jara.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16280&boletim_id=623&componente_id=10425
Clique e assista a um vídeo de Victor Jara cantando “Te recuerdo, Amanda”.
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Idosos, raça e desigualdades
por Gilberto Pucca
O que aconteceu, nas últimas décadas, em relação à população brasileira? Que mudanças fundamentais aconteceram e que podem determinar planejamentos e decisões em saúde pública? Estes indicadores, que funcionam como uma espécie de mapa e bússola no momento de se encaminhar discussões e de se distinguir o que é importante de que é urgente, apontam alguns fatos inesperados e outros nem tanto... Leia na íntegra: http://espacoacademico.wordpress.com/2009/12/07/idosos-raca-e-desigualdades/
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Comunico que foi publicado o número 103, dezembro de 2009, da REVISTA ESPAÇO ACADÊMICO (anexo).
Acesse: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/issue/current/showToc
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FHC:'O Serra foi um dos que mais lutou a favor da privatização da Vale'
http://blogdomello.blogspot.com/
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MISCELANÊA
Nos próximos dias 10 e 11 de dezembro, semana que vem, será realizado o I Encontro Nacional de Divulgação de História e Ciências Sociais. O evento é fruto de uma parceria entre a Revista de História da Biblioteca Nacional e o Ministério de Ciência e Tecnologia. Quer saber quem vai estar presente neste evento. Acesse o Café e descubra.
CAFÉ EXPRESSO NOTÍCIAS
Barco naufragado na Praia dos Ingleses, em Florianópolis, era pirata
Ruínas descobertas em São Vicente podem ser de casa mais antiga do País
HISTÓRIA E CINEMA
O polêmico "Cidadão Boilesen"
Visite Cafe Historia em:
http://cafehistoria.ning.com/?xg_source=msg_mes_network
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Já está disponível para o público a série Vias dos Saberes, que abordam a temática indígena
O portal Domínio Público (http://www.dominiopublico.gov.br) pode ajudar professores e alunos a conhecer melhor a história e a cultura dos índios do Brasil. Além de documentos, artigos, teses, livros, poesias, o portal torna disponível para acesso a série Vias dos Saberes. São quatro volumes que abordam a temática indígena e étnico-racial. Todo esse acervo pode ser consultado gratuitamente. Professor e aluno podem se informar sobre a formação da identidade do povo brasileiro, por meio de uma diversidade de fontes e temas capazes de oferecer diferentes pontos de vista sobre a temática indígena.
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Já está disponível para o público a série Vias dos Saberes, que abordam a temática indígena
O portal Domínio Público (http://www.dominiopublico.gov.br) pode ajudar professores e alunos a conhecer melhor a história e a cultura dos índios do Brasil. Além de documentos, artigos, teses, livros, poesias, o portal torna disponível para acesso a série Vias dos Saberes. São quatro volumes que abordam a temática indígena e étnico-racial. Todo esse acervo pode ser consultado gratuitamente. Professor e aluno podem se informar sobre a formação da identidade do povo brasileiro, por meio de uma diversidade de fontes e temas capazes de oferecer diferentes pontos de vista sobre a temática indígena.
NOTICIAS
A Secretaria Municipal de Assistência Social promove nesta quinta-feira (10), em Botucatu, São Paulo, o 1º Encontro Municipal de Economia Solidária, voltado às entidades com projetos de geração de emprego e renda.
De acordo com a assistente social, Luciana Machado, a intenção é despertar nos líderes de entidades as possibilidades que a economia solidária pode trazer, como redes de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário.
Um dos projetos que já nasceu voltado para a prática foi o Criadores Solidários, lançado na semana passada pelo Fundo Social de Solidariedade.
De acordo com a Presidente Rachel Cury, o projeto será destinado para criação de oficinas de capacitação e auxílio para sistematização de projetos de economia solidária.
A notícia é do site Entrelinhas (http://www.entrelinhas.com/)
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O som dos sinos
Por vezes substituídos por equipamentos eletrônicos, os sinos são valorizados com o reconhecimento do IPHAN da tradição do toque dos sinos, presente em Minas desde o século XVIII.
Leia mais em
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