Número 041 - nova fase
Janela em Ouro Preto. Da série Janelas coloniais - veja mais em meu fotolog http://fotolog.terra.com.br/flogdoricardo
Editorial
"Há indícios da prática disseminada de tortura em centros de detenção norte-americanos", afirmou Irene Khan, secretária-geral da Anistia Internacional. "Os EUA terceirizam a tortura para países como o Marrocos, a Jordânia e a Síria".
Esta, infelizmente, a notícia que nos faz pensar sobre o futuro... Associada a ela, em que pese tratar de assunto diferente, valho-me aqui de algumas reflexões de Manuel Castells em seu livro “Fim de milênio”, da trilogia que publicou em 1996 e que foi traduzida no Brasil em 1999. Interessante é que o prefácio da obra foi escrita por Sua Majestade Socióloga, mais conhecido pela sigla FHC, que, ao que parece, não deve ter lido direito... se tivesse, poderia ter contribuído para, juntamente com seu onisciente Partido, para evitar o cada vez maior poder do crime organizado.
Num dos capítulos do livro, Castells discute O impacto do crime global sobre a economia, a política e a cultura. Depois de demonstrar o enorme poder financeiro e econômico dessa atividade criminosa, ele aborda a questão política e cultural, que me chamaram mais a atenção. Diz ele que a soberania dos Estados está profundamente desgastada devido à globalização e vem sofrendo ameaças diretas de redes criminosas organizadas. A oportunidade tecnológica e organizacional de formar redes globais vem transformando o crime organizado, atribuindo-lhe mais poder (p. 240).
O resultado é que o Estado termina por perder um elemento fundamental da soberania e legitimidade: a capacidade de impor a lei e a ordem. E, o mais grave: Em uma reação desesperada ao poder cada vez maior do crime organizado, os Estados democráticos, como forma de autodefesa, recorrem a medidas que atualmente cerceiam, e cercearão, as liberdades democráticas.
Com o Estado-nação sitiado, e as sociedades e economias nacionais já inseguras de suas inter-relações com redes transnacionais de capitais e pessoas, a influência crescente do crime global pode provocar um retrocesso significativo dos direitos, valores e instituições democráticas (p. 241).
Outra questão relevante levantada por Castells é a “ruína por dentro” do Estado. Não bastasse o suborno e a corrupção de elementos policiais e do poder judiciário, está havendo a “corrupção da política democrática”, eis que os grupos criminosos começam a apoiar financeiramente campanhas políticas, ainda mais que essas requerem, a cada escrutínio, mais e mais fundos para serem movidas.
No plano cultural, Castells advertia para a sutileza da influência do crime global, particularmente no que se refere “à nova cultura que elas induzem”. Com isso, ele quer dizer que Em diversos contextos, criminosos ousados e bem-sucedidos transformaram-se em modelos para uma geração de jovens que não vislumbram perspectivas fáceis de sair da pobreza e, certamente, não vêem uma chance de gozar dos prazeres do consumo e viver aventuras. Citando a obra Noticia de um sequestro, de Gabriel Garcia Marquez ele diz que os jovens criminosos são apanhados entre o entusiasmo pela vida e a realização de seus limites. Assim, eles comprimem a própria vida, reduzindo-a a alguns instantes, vivem-na de forma plena e, então, simplesmente desaparecem. Durante esses breves momentos de existência, a violação às regras e o sentimento de poder compensam o cenário monótono de uma vida mais longa, porém miserável. (p. 243)
Concluindo, Castells mostra a difusão da cultura do crime organizado na mídia: O fascinio coletivo do planeta inteiro por filmes de ação em que os protagonistas são membros do crime organizado não pode ser justificado apenas pela demanda reprimida da violência em nossa compleição psicológica. Pode muito bem indicar a ruptura cultural da ordem moral tradicional e o reconhecimento implícito de uma nova sociedade, constituida de identidade comunal e concorrência sem lei, da qual o crime global é uma expressão condensada (p. 244).
Como não podia deixar de ser, neste Boletim ainda apresentamos alguns artigos analisando e comentando os acontecimentos de São Paulo. Eles estão logo abaixo, na seção BRASIL.
Chamo a atenção, ainda, para um artigo do jurista Fábio Konder Comparato, que revela uma extraordinária lucidez:
DEGENERAÇÃO DO SISTEMA
Crise representativa pode ser fatal para a democracia
O jurista Fábio Konder Comparato considera que só a ampliação da democracia participativa poderá evitar que a crise política degenere para aventuras autoritárias ou personalistas, que seriam letais para a democracia brasileira. > LEIA MAIS Política 23/05/2006
1. Olas Ricardo, salve!
Sobre a nossa guerra civil de cada dia devo dizer:
Fui para São Paulo no sábado, dia 13, `a tarde e ainda não sabia de nada. Só percebi o tamanho da encrenca à noite, pela televisão. Permaneci em Sampa no domingo materno e, na segunda, o caos era completo. Medo, desespero, uma cidade daquele tamanho totalmente acuada! Acho que só Sarajevo pode se comparar com o clima nas ruas da paulicéia. Sinistro!
Você leu a declaração do bundão do Cláudio Lembo durante a semana? Foi a coisa mais decente que li ou ouvi durante toda esta tragédia. A "elite branca"... as "dondocas". Ele, do PFL, não é um beneficiado destes 500 anos de sadismo social que vivemos? Agora a elite se dá conta da merda que vem aprontando? Me poupe. O Caos anunciado, a tragédia prevista há anos. Nos fo***** meu caro e será sempre pior. C******!
Chicão
2. Ricardo, boa tarde!
Meu nome é Gledson Machado. Curso o 7º período de jornalismo do UNI-BH. Tive acesso ao Boletim Mineiro de História por intermédio de uma aluna sua.
A princípio, o lia de vez em quando, ajuntando até três edições em minha caixa de e-mail. Porém, as matérias que lia apresentavam o fundamental, não eram superficiais.
Até que um belo dia resolvi ler todo o conteúdo de uma edição - enviado em 10 de maio, que trazia artigos fundamentados e bem articulados sobre a recente crise entre Brasil e Bolívia -, foi grandioso.
A partir de então, busquei todos que até então havia recebido e li detalhadamente, chegando até a imprimir muitas matérias.
O que é bacana é saber que apesar de muitos dicursos pessimistas sobre os materiais da internet, há coisas grandiosas.
Parabéns pelo Boletim!
Temos um jornal on-line da nossa turma: http://www.obinoculo.com/, quando puder acessar - caso não conheça -, visite-nos e, caso queira colaborar, fique a vontade.
Gledson: fiquei muito feliz ao receber seu email. Vou visitar o jornal de sua turma e recomendo que meus leitores também o visitem e colaborem. A Internet, apesar de tudo, ainda é e pode ser um manancial muito bom de formação. Acredito nisso. Aproveito para recomendar a você e a sua turma (aliás, pode recomendar o Boletim para seus colegas...rs...) um blog de uma colega estudante de jornalismo da UFMG que meus leitores já conhecem de outras indicações, que é o http://www.tamoscomraiva.blogger.com.br/. Creio que vocês podem fazer boas parcerias! Apareça sempre!
Brasil
Ainda as repercussões da crise paulistana:
1. Gente, o governador precisa ser “acalmado”... andou dizendo tolices, ao que parece!!! Seu partido, em vez de vestir a carapuça (que aliás lhe serve como uma luva...), entende que precisa “acalmar” o homem... ele não pode continuar a falar o que anda falando...
Sáb, 20 Mai - 10h05 PFL apressa operação para acalmar Lembo
Agência Estado
O PFL deflagrou ontem uma operação urgente para acalmar o governador Cláudio Lembo, que nos últimos dias deu entrevistas alfinetando seu antecessor, Geraldo Alckmin, o pré-candidato ao governo José Serra e o próprio partido. Ontem, o senador Jorge Bornhausen (SC), presidente do PFL, e o senador Marco Maciel (PE), muito ligado a Lembo, por telefone, e o prefeito Gilberto Kassab, ao vivo, lhe pediram para acabar com as ironias e críticas veladas aos aliados.
Na segunda-feira Bornhausen desembarcará em São Paulo à frente de uma força-tarefa que vem prestigiar Lembo. À guisa de apresentar-lhe oficialmente o pré-candidato a vice, o senador José Jorge (PE), virão o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e o deputado Vilmar Rocha (GO), presidente do Instituto Tancredo Neves. Bornhausen caracteriza o encontro - que tem o claro objetivo de incensar Lembo - como "uma visita de solidariedade".
Metralhadora - Nos últimos dias, o PFL se assustou com o matraquear crescente da metralhadora giratória que Lembo passou a manejar. Em seguidas entrevistas, ele produziu tiradas irônicas contra Alckmin, Serra e o próprio PFL, sugerindo que eles o abandonaram no pior da escalada de violência paulista.
Ontem, com uma nova entrevista no mesmo diapasão, Lembo passou da conta. De Joinville, Marco Maciel e Bornhausen, que estavam juntos, telefonaram e pediram mais discrição e cuidado com as palavras.
De Belém, ligou Alckmin, para delicadamente perguntar se o governador precisava de alguma ajuda, uma indicação de desconforto com as novas ironias. Kassab também interveio para contemporizar.
Lembo, tido como um político discreto e íntegro, é também um piadista nato, compreendem seus aliados. Mas nos últimos dias resvalou claramente para um tom irônico que se distancia do estilo pefelista de fazer política. Procurado por correligionários para analisar a situação, Maciel demonstrou impaciência e desconforto com o tom rascante de Lembo.
O comando pefelista entende que Lembo, um político discreto e acanhado, "mudou muito" no enfrentamento da crise. A queixa de ter sido "abandonado" é devolvida por um dirigente do PFL - ele é o governador, a ele cabe enfrentar as crises.
Além de conter as críticas, a cúpula do PFL quer minimizar a exposição do governador, que se transformou em pára-choque da crise. Nas conversas do comando pefelista, duas expressões marcaram a catarse de Lembo. Uma: "ele nunca foi assim"; outra: ele tem feito o papel de "pé-de-cabra" do PT para ferir a pré-candidatura Alckmin.
Um dirigente do PFL a quem começou a faltar paciência depois de ler a última entrevista do governador, disse ontem ao Estado que o projeto do partido com o PSDB não pode ser comprometido pelo estresse de um governador em dificuldades.
A comitiva que visitará Lembo na segunda-feira lhe pedirá mais ação, menos exposição pública e entrevistas. Mas a recomendação que o comando do PFL mais gostaria de transmitir ao governador é que deixe de ser o porta-voz da crise, para evitar que as repercussões se voltem diretamente contra ele e o partido. A cúpula quer sugerir que ele governe em low profile e adote um porta-voz para as declarações públicas, que devem ser mais cuidadosas.
2. Do Correio Caros Amigos. Renato Pompeu faz seus comentários sobre as coisas que o governador pefelista paulista andou falando e que deixaram tão incomodados os próceres (que palavra bonita, esta) de seu partido...
Lembo, a Copa e o povo
por Renato Pompeu
A “elite branca” do Brasil é a responsável, em última instância, pela onda de ataques do PCC, e é a grande beneficiária do sistema de opressão e exploração das grandes massas do povo, o qual gerou como reação dos oprimidos a criação do crime organizado. Foi isso, em síntese, que disse, surpreendentemente, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, do PFL, o mesmo partido dos conservadores e elitistas Jorge Bornhausen e Antônio Carlos Magalhães, em entrevistada dada à jornalista Mônica Bergamo, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, na quinta-feira, 18 de maio corrente.
É a primeira vez, em cinco séculos de história, que um legítimo quadro das classes dominantes do país reconhece que, no Brasil, existe uma elite branca exploradora da grande massa de negros, mestiços, índios e brancos pobres. Lembo, como membro da elite branca, não pode viver como vivia antes de expressar sua constatação. Por isso, suas declarações podem ser consideradas revolucionárias, se lembrarmos que o líder comunista russo Vladimir Lenin escreveu que as revoluções não acontecem quando os de baixo não conseguem mais sobreviver como antes, mas sim quando os de cima não conseguem mais viver como antes.
A elite branca comanda o Brasil há 500 anos. Apoiada inicialmente no trabalho escravo, construiu um país sem povo, pois a grande massa dos trabalhadores era de escravos e não fazia parte da cidadania. Essa elite proclamou a Independência e a República, no primeiro caso principalmente porque a união com Portugal implicaria na Abolição da escravidão, a que estavam inclinadas as Cortes portuguesas, e no segundo caso porque os monarquistas, que tinham libertado os escravos, queiram integrá-los à sociedade, por meio da cessão de terras e de créditos, enquanto os republicanos queriam entregá-los à sua própria sorte.
Com a República, o Brasil continuou sem povo. Foi só nos anos 1930 que surgiram ideólogos brancos proclamando a legitimidade de ser negro, índio ou mestiço; foi só então, no governo revolucionário de Getúlio Vargas, que as massas de cor começaram a constituir um povo. Até então, o “Brasil” era uma instituição abstrata para a maioria da população, ligada sentimentalmente mais à sua região do que à Nação. Mas nos anos 1930 é que surgiram o patriotismo e o verde-amarelismo, consagrados pela torcida na Copa de 1938, com a massa rodeando os alto-falantes que transmitiam as partidas.
O povo, entretanto, só se consagraria como Nação na Copa de 1950. O habitante do país não mais se reconhecia como mestiço nordestino ou como branco do Sudeste, mas como brasileiro. As Copas de 1958 e 1962 foram conquistadas em meio à euforia do desenvolvimentismo democrático; a de 1970, em meio à euforia do “milagre econômico” do regime militar; a de 1994 coincidiu com a estabilização da moeda; a de 2002, com a eleição de Lula. Resta ver o que vai acontecer na Copa de agora, depois de o governador Lembo ter denunciado a “elite branca”. Renato Pompeu é jornalista e escritor.
3. CRISE NA SEGURANÇA PÚBLICA
Entidades condenam exploração política da violência
OAB, sindicalistas e entidades do setor Judiciário lançam manifesto conjunto condenando "a busca de culpados que se transforma em disputa de natureza política". Ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, também condena exploração política da violência. > LEIA MAIS Política 19/05/2006
4. CRÔNICA -
O PCC não é o PC
O terror urbano desencadeado pelo PCC em São Paulo aponta para numerosos erros.
Moacyr Scliar
O terror urbano desencadeado pelo PCC em São Paulo aponta para numerosos erros: erros no sistema penitenciário, erros na política de segurança pública, erros na questão do controle da droga, principal fonte de renda da bandidagem, erros no relacionamento entre os níveis do poder público. E assinala também um antigo erro da esquerda: a transgressão seria, antes de tudo, um resultado da miséria; mais que isto, uma forma de corrigir os efeitos da má distribuição de renda. Em outras palavras, os assaltantes equivaleriam a Robin Hood, aquele que roubava dos ricos (melhor dizendo: confiscava) para dar aos pobres. Um raciocínio que acabou se estendendo ao terrorismo, visto como uma forma de resistência à opressão. Interessante é que tanto o terrorismo quanto a transgressão exploraram esta crença, através de doações aos mais pobres e de medidas de apoio social.
Os acontecimentos da capital paulista comprovaram (se é que isto ainda precisava ser comprovado) que tal idealização não corresponde à realidade. Não há dúvida de que a pobreza é um caldo de cultura para a transgressão; mas, uma vez que esta surge, torna-se uma entidade autônoma, um negócio com seus próprios meios e seus próprios fins. Muito diferente da concepção revolucionária dos teóricos comunistas, que falavam em luta de classes, mas luta no sentido mais amplo, abrangendo greves e movimentos de protesto. Em matéria de violência, aliás, os comunistas eram mais vítimas do que vilões, e a história de Olga Benario é disso um exemplo típico. O PC, Partido Comunista, não era o PCC.
O Brasil teve muitos e famosos criminosos. Um deles foi o carioca Lúcio Flávio, ladrão de bancos conhecido por seus assaltos arrojados e suas fugas audaciosas, que inspirou um filme dirigido por Hector Babenco, com Reginaldo Faria no papel principal. Jovem, charmoso, Lúcio Flávio despertava admiração e já estava em vias de se tornar um herói, quando ele próprio disse uma frase que, em sua rude simplicidade, define as coisas: “bandido é bandido, polícia é polícia”. Obviamente, há ocasiões em que policiais dão uma de bandidos, e ocasiões em que os bandidos parecem justiceiros, mas esta não é a regra e nem deve servir de diretriz para uma política de combate à violência. Que, claramente, comporta duas fases: uma, emergencial, de repressão policial; outra, de longo prazo, de correção das desigualdades e da patologia social de modo geral. Não são excludentes. Excludentes são o PC e o PCC.
5. Maria Rita Kehl
Já que não temos justiça, por que não nos contentar com a vingança? Os meninos pardos e pobres da periferia estão aí pra isso mesmo. Para morrer na lista dos suspeitos anônimos. Para serem executados pela polícia ou pelos traficantes. - 18/05/2006
6. De Renato Rovai, da revista Fórum (www.revistaforum.com.br) – Ele critica algumas pessoas que, nos jornais, tentaram tirar o impacto da entrevista do governador Cláudio Lembo, reproduzida no número passado. Crítica não apenas o Chiquinho Scarpa que, além de falar que os nordestinos não sabem votar, recomenda que eles voltem para seus respectivos estados. E critica o sociólogo Bolívar Lamounier (meu primo, inclusive), por declarações que ele deu à Folha de São Paulo.
A elite não é só branca, é podre, Doutor Bolívar
A elite se pôs de pé e fez beicinho nos jornais de hoje à surpreendente entrevista do governador Cláudio Lembo à Folha de S. Paulo de ontem (18/5). Desde a personagem Odete Roitman, menos conhecida como Beatriz Segall, passando pelo primeiro-sociólogo do sociologismo tucano, Bolívar Lamounier, até chegar no ex da Carola, a princesa da Casa dos Artistas, aquele tal de Chiquinho Scarpa.
Mesmo com um sociólogo entre os ofendidos foi o ex-Carola quem melhor resumiu o sentimento da elite: “Se cada um voltasse para o seu estado, tudo funcionaria. O problema é que 80% dos votos para presidente são de São Paulo – e os nordestinos votam errado”. Pois é, entenderam?
O ex-Carola nem sabe direito o que está falando. Fala de porcentagem e pelo resultado da matemática percebe-se que mal sabe fazer conta de mais e menos. Mas não erra no alvo. Quer segregação. Quer que os nordestinos pobres (evidente, os ricos podem ficar), voltem para sua terra. Saiam daqui.
É dessa elite, oh Bolívar, que tratou um pouco na entrevista de ontem o governador Lembo. É dela que tratamos nós.
Mas o primeiro-sociólogo do sociologismo tucano prefere a retórica academicista barata: “A elite virou explicação para tudo no Brasil, de bicho-de-pé à dor no fígado. Tudo é culpa da elite”. Não, cara pálida, a culpa é dos nordestinos, como disse o seu colega, o ex-Carola. Ou pode ser culpa de preto, de favelado, de analfabeto, dos aposentados do INSS, das crianças do farol. Ou ainda dessa gente estúpida que fica clamando por direitos humanos ao invés de ir cuidar da vida.
Ou então, doutor Bolívar, podemos dizer que a culpa é de ninguém, do destino ou dos marcolas de aluguel. Esses atuais capitães do mato de uma sociedade que não tem escravos só pretos, mas onde eles ainda são imensa maioria da senzala moderna.
E se o doutor fica aturdido e resmunga, “ao enfiar o assunto branco-preto no meio foi ainda mais infeliz”, comentando a entrevista do governador, queria lhe dizer que até agora a secretaria de segurança pública se nega a entregar o nome dos 107 “suspeitos” mortos nesses 7 dias da guerra de São Paulo.
O doutor, ao invés de beicinhos para defender a elite, poderia perguntar disso. Se tiver dúvida, lhe adianto. Não vou meter o assunto de branco-preto no meio. Até porque ele é quase todo preto. Dos 107, quantos brancos teremos? Quantos moram nos Jardins? Quantos estudam na USP?
Como muitos que se proclamam sociólogos nunca caminharam a pé nem pela Praça da Sé, vou contar uma historinha relatada num telefonema de um amigo na tarde de ontem.
No começo da noite de anteontem (17/5) dois jovens pretos, que moram na zona Leste, num bairro menos afastado do que São Matheus, onde aconteceu a chacina dos três metalúrgicos, do mecânico e do garoto que segunda começaria a trabalhar no Habib´s foram a um supermercado. Um dirigia a moto, outro na garupa. De repente, uma blitz. Como sabem os paulistanos, temos tido dias frios nesta semana. Um dos jovens, o que dirigia, além do capacete, estava com aquele gorro de motoqueiro para se proteger do frio. Pronto, tornarem-se suspeitos.
Por sorte, pelo destino ou pelo sei lá o quê, escaparam. Depois de uma humilhante revista e de mil e um xingamentos, puderam ligar a moto e voltar para casa.
É assim que se escolhem os suspeitos. Basta ser preto, nordestino, pobre, estar de moto ou carro velho. Se tiver de boné ou gorro então... Não é de se estranhar que o primeiro-sociólogo do sociologismo tucano não demonstre nenhuma indignação quanto ao assassinato dos 107 “suspeitos”. Afinal, está preocupado com a injustiça que está atingindo a moral de sua tropa, a tal elite.
Ontem o governador Lembo deu mais uma entrevista. Dessa vez para o jornalista Bob Fernandes. Está publicada no site Terra Magazine (http://terramagazine.terra.com.br). Ele reafirma tudo que disse à Folha sem tergiversar. Ótimo. Como, já dito aqui, se assim é, concordamos, governador. E concordamos mesmo. Agora, vai ser preciso mais do que o discurso. É hora de fazer algo para impedir que as ruas da periferia de São Paulo deixem de ser campos de concentração.
A polícia precisa estar a postos. Precisa estar alerta. Precisa enfrentar o crime organizado, que não é algo que se resolve só com combate à injustiça social. Mas os jovens pobres não podem ser tratados como bandidos.
E o secretário de Segurança Pública, “aquele menino do Alckmin”, como prefere FHC, tem que respeitar o Estado de Direito.
A lista com o nome dos 107 “suspeitos” precisa ser entregue à imprensa. Precisa ser apresentada à sociedade. Que maluquice é essa? De onde esse Saulo de Castro tirou essa de que vai entregar a lista no “momento oportuno”. Para impedir que seu governo chegue ao fim com a pecha de governo-assassino, o governador Lembo terá de enfrentar a turma que no comando da segurança pública de São Paulo desde a saída de José Afonso da Silva, levou São Paulo ao domínio do medo.
7. Torloni, Regina Duarte e a PF
No governo Fernando Henrique Cardoso, a Polícia Federal passou por um período de quase hibernação, não passava de um órgão expedidor de passaporte e foi entregue ao atual governo em estado falimentar, sem verba para o custeio de luz, água, telefone e viagens. Leia http://www.novae.inf.br/pensadores/la_torloni.htm
8. A Revista (eu disse revista?) Veja mais uma vez demonstra a que veio, a quem serve. E que não deveria ser comprada nem lida por ninguém sério... enfim...
Jornalismo de Veja não vê, chuta - Por Alberto Dines
Sem a ajuda de arapongas, espiões e malfeitores de alto ou baixo coturno Veja não consegue dar um passo. Melhor seria que continuasse na esfera da celulite, impotência, incesto, longevidade, botox, infidelidade e espiritualismo – onde, aparentemente, lidera inconteste. Leia http://www.novae.inf.br/pensadores/veja_cinica.htm
OS SENHORES DA ABRIL - Atire antes, pergunte depois
Por Gilson Caroni Filho em 16/5/2006
Há algum tempo, mais precisamente na edição de 19/3/2003, definimos Veja como "publicação que negligencia apuração factual para reiterar uma petição de alinhamento incondicional" [ver "O sangue seco de Veja"]. Indagávamos: um veículo que "editorializa reportagens, oculta fatos, distorce dados, sempre na defesa canina dos donos do poder podia ser chamado de produto jornalístico?".
Passados pouco mais de três anos, a revista não só mantém as características ressaltadas como consegue aprofundá-las sem qualquer constrangimento. Veja não tem limites. Para os senhores da Abril, pirâmide invertida não é técnica de redação, mas posicionamento editorial. O vértice, lado mais fino, menos relevante, não é fim de texto. É o local destinado à ética, ao compromisso com a informação conseqüente.
Nesta semana, a revista [edição nº 1956, de 17/5/2006] publicou reportagem afirmando que o presidente Lula e outras lideranças petistas teriam contas bancárias em paraísos fiscais. Atribuindo a informação ao banqueiro Daniel Dantas, a reportagem, assinada por Márcio Aith, é um primor de paradoxos lógicos em parágrafos seguidos. Reforça a impressão de que a atual crise, com os préstimos de parcela expressiva da mídia, só acabará com a derrota ou o impeachment de Lula. E para isso todos os recursos são válidos. Até publicar denúncias sem o mínimo de apuração.
Mesmo admitindo não saber se é autêntica, a revista não hesita em publicar uma lista com supostos depósitos do presidente e de outros políticos petistas. Veja teima em ignorar fronteiras entre fatos e versões inconsistentes. O encadeamento de alguns trechos da matéria denota pouco apreço pela inteligência do leitor. O que importa é continuar tentando colonizar o imaginário de frações da classe média e municiar os aliados políticos de sempre. O multicolorido pasquim da direita sequer se preocupa com o acabamento do produto. O fundamental é colocar o bloco na rua.
Detalhe secundário
Há linhas que valem mais do que mil editoriais. São as que revelam os objetivos de um texto e o descompromisso com a informação divulgada. Não comportam normas prescritas em códigos de ética, seguem tão-somente a lógica da promoção de eventos. Algo do tipo "domingo é dia de botar fogo no circo, espetacularizar a crise e colher o frutos ao longo da semana". Lógico, para tal empreitada contam com o apoio logístico de outros meios de comunicação, além da acolhida "bem-humorada" de alguns jornalistas-blogueiros.
Vejamos o parágrafo abaixo. Nada poderia ser mais auto-explicativo. Observemos como os fins justificam os meios para o panfleto dos Civita.
"Se pelo menos uma parte desse material for verdadeira, o governo Lula estará a caminho da desintegração. Isso, é claro, se o Brasil ainda mantiver as aspirações a se tornar um país sério. Se o material for fruto de falsificação, Dantas vai afundar-se ainda mais na confusão policial na qual se meteu desde que contratou a Kroll para montar dossiês de seus adversários dentro do governo. Em entrevista ao colunista Diogo Mainardi, o banqueiro dá uma idéia do que tem em mãos. Seu arsenal é maior".
É assim, sem subterfúgios, que a revista de maior circulação nacional se jacta de produzir reportagens de qualidade. Pela lógica do baronato, se pelo menos uma parte dessa matéria for verdadeira, Veja terá ajudado o Brasil a se tornar um país sério. Caso contrário, a fonte é que terá de arcar com as conseqüências, porque a Abril não apura o que merece chamada de capa.
É o equivalente jornalístico da máxima policial "atire antes, pergunte depois". A vítima, a verdade factual, é detalhe secundário quando se trata de ação entre amigos. Não está em discussão se os Civita e Dantas se merecem, mas se uma sociedade que almeja ser democrática pode ficar à mercê das falcatruas de ambos.
O móbil da matéria
Os trechos reproduzidos mostram como se dão os arranjos no andar de cima. Os critérios de publicação e os cálculos para divulgação de material fraudulento demonstram o lugar da revista na luta político-partidária. A publicação faz análise de conjuntura à luz de seu engajamento. Se fosse possível um entretitulo para o que se segue, certamente um "Às favas todos os escrúpulos" não trairia o conteúdo.
"Por todos os meios legais, Veja tentou confirmar a veracidade do material entregue por Manzano. Submetido a uma perícia contratada pela revista, o material apresentou inúmeras inconsistências, mas nenhuma suficientemente forte para eliminar completamente a possibilidade de os papéis conterem dados verídicos. Diante de tal indefinição, e tendo em vista que o nome de Dantas voltou a aparecer na CPI, Veja decidiu quebrar o acordo feito com o banqueiro do Opportunity e Manzano. O compromisso inicial era preservar o nome de ambos, caso se pudesse comprovar a veracidade das contas. Nada mais justo: a revelação seria um serviço prestado ao Brasil, uma vez que levaria grandes nomes da República a ter de explicar a origem do dinheiro depositado no exterior. Revelar agora que Dantas – e, por tabela, Manzano – está por trás de uma lista em que o presidente Lula aparece como dono de uma conta num paraíso fiscal viabilizará, acredita Veja, que investigações oficiais sejam abertas".
Certamente não fugiu ao leitor o móbil da matéria, segundo palavras extraídas do próprio texto. O governo Lula estará a caminho da desintegração por um serviço prestado. Exagerará o presidente ao afirmar que não pode considerar isso jornalismo? Segundo ele "o jornalista que escreve uma matéria daquela poderia dizer que é bandido, mau-caráter, malfeitor, mentiroso".
Matéria sem fundos
O diretor de redação, Eurípides Alcântara, distribuiu nota em resposta às críticas de Lula. Nela, afirma:
"O presidente Lula não leu e não gostou do que não leu. Ainda assim reagiu intempestivamente à reportagem de Veja. Insultou jornalistas e a publicação, uma atitude imprópria para um presidente da República. É imperioso ler antes de criticar".
Tem razão. Mas talvez fosse interessante o editor ouvir o que sua fonte, o banqueiro Daniel Dantas, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo:
"A minha sensação é de que havia, sim, corrupção no governo, mas os dados das contas não tinham nada a ver com a disputa societária [na Brasil Telecom]. Na verdade não tenho a menor idéia se existem essas contas ou não. Veja mente quando diz que tinha um compromisso comigo para preservar meu nome como fonte, caso essas contas fossem verdadeiras. Isso nunca existiu".
Em resumo, o Opportunity afirma que a revista emitiu uma "matéria sem fundos". Mais imperioso ainda, repetimos, seria averiguar antes de publicar. Concluindo, o jornalista da Abril é categórico:
"Veja reafirma seu compromisso com os leitores e com o Brasil de prosseguir em sua tarefa de fiscalizar o poder em todas as suas esferas, a fim de impedir que ‘sofisticadas organizações criminosas’, para usar das palavras do procurador-geral da República, continuem a corroer a democracia brasileira".
Quem vai apurar?
Interessante. Mas se a mídia fiscalizasse mídia, talvez outras sofisticadas organizações jornalísticas operassem com maior transparência. Há pouco tempo, Renato Rovai publicou na revista Fórum:
"Os laços entre os Civita e a família tucano-pefelê são sanguíneos e os interesses comerciais comuns. O atual vice-presidente de Finanças do grupo Abril foi presidente da Caixa Econômica Federal durante o governo FHC. Emílio Carrazai ficou na CEF até 2002. De lá saiu para ajudar a Abril a enfrentar a campanha presidencial vindoura. Deixou a presidência de um banco público para dirigir o caixa de uma revista de banca.
"Há outros irmãos de sangue tucano-pefelê na turma dos Civita. Claudia Costin, secretária de Cultura do governo Alckmin até maio deste ano, é a vice-presidente da Fundação Victor Civita. Costin foi também ministra de Administração Federal e Reforma do Estado nos tempos FHC. Lembram-se da reforma de Estado na era FHC?"
Se pelo menos parte do texto acima for verdadeiro, algo de muito podre estará a caminho da desintegração no imaginário da classe média. E não se tratará de um governo. Quem vai apurar?
9. Foi tão confusa a semana passada que quase deixavamos de falar dos sanguessugas de Brasilia. E não é que estão aparecendo outros?
SANGUESSUGAS DO ORÇAMENTO
Fiscalizações encontraram desfalque de quase R$ 5 bilhões
Qualquer investigação rigorosa sobre repasses de recursos federais a estados, municípios ou entidades não-governamentais terá grandes chances de desvendar esquemas iguais ou semelhantes ao da Operação Sanguessuga. > LEIA MAIS Política 23/05/2006
• Esquema foi descoberto por auditores da CGU em 2003
Nuestra América
CRISTOVÃO COLOMBO ESCRAVISTA E VIOLENTO
A outra faceta do conquistador da América
Quando se comemoram 500 anos da morte do navegador genovês, neste dia 20 de maio, documentos encontrados no arquivo da cidade espanhola de Simancas, onde é guardada a documentação real, mostram um Colombo ávido, escravista e assassino. - 20/05/2006
Cinema
O Código da Vinci – depois do livro, um filme que espanta... Mário Sérgio Conti, do site www.nominimo.ibest.com.br, fez uma análise demolidora. Para quem não leu a crítica ao livro: procure no arquivo deste blog o boletim número 58, de 26/10/2005, onde há uma análise, também demolidora, do livro. Acho que agora não sobrou pedra sobre pedra, só restaram os milhões de dólares que o autor colocou em sua conta bancária...
Os filmes ruins têm atrativos poderosos. Por serem banais, ou chatos, ou mal-ajambrados, ou simplesmente tolos, eles dão ao espectador uma sensação de superioridade. O atrativo maior, que paradoxalmente vale também para os bons filmes, é de tirar o público da realidade, da casa e da rua, para fazê-lo viver uma outra realidade, numa sala escura. O bom filme recoloca o espectador na realidade com uma outra maneira de encará-la ou vivenciá-la. O mau filme o recoloca na rua tal como ele entrou. A essa categoria pertence a maioria dos filmes. As exceções são os filmes bons e os intragáveis, aqueles que nos levam a um desejo urgente de voltar à realidade.
“O código da Vinci” é um mau filme exemplar. Dá para suportá-lo, com tédio crescente, até o fim. Já que estou aqui, vou ficando, é o raciocínio. E não se sai do filme totalmente inerte. E, na rua, acendendo um cigarro, vem a indagação: mas por que tanto fuzuê em torno dessa bomba? O filme é tão subversivo quanto uma novela da Globo.
A polêmica em torno dele é falsa e artificial. Ela tem dois antagonistas e se dá no terreno da disputa de mercado. De um lado, há Hollywood, que quer levar gente ao cinema, para enriquecer produtores, diretores, atores, roteiristas, técnicos. E obter lucros para fazer mais filmes, levar mais gente ao cinema, proporcionar mais enriquecimento. De outro lado, há a igreja católica, que vê diminuir ano a ano o seu número de fiéis. Ela viu no filme uma oportunidade de fazer proselitismo, de disputar crentes no mercado das almas. Daí a sua reação, desproporcional, às supostas ofensas de “O código da Vinci”. O filme é inofensivo. A religião e a igreja são tratadas com respeito.
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Há uma alegria particular, sádica, em ver um filme caro e ruim. Em imaginar profissionais renomados, alguns até de talento, reunidos durante horas, trabalhando. Em imaginar os poderosos meios materiais postos à disposição dos “criadores”. E em constatar que os diálogos são risíveis, que a trama é apressada e cheia de lacunas, que Tom Hanks e Jean Reno desempenham os piores papéis de suas vidas. Em perceber a falta de entusiasmo generalizada, em notar que o poder do dinheiro se erigiu acima de quaisquer outras considerações. Todos estão em cena para faturar, para aparecer num filme “controverso”, para, vaidosamente, serem vistos pelo mundo afora. O dinheiro anula tudo no filme, se sobrepõe aos talentos, compra consciências, arrasa, anestesia, faz com que não sobre nada.
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Comparativamente ao livro “O código da Vinci”, o filme é bem pior. O romance imaginava como funcionam o Louvre, a polícia francesa e a Opus Dei. O filme passa como um trator sobre o museu, os tiras da PJ e a prelazia vaticana. Ele troca as instituições pelos personagens, que falam o tempo todo mas não têm nada a dizer. As explicações históricas e teológicas do romance, que ao menos eram discursivas, agora se tornam truques de computador, efeitos especiais.
Até o coração ideológico do romance, que era encarar a história como uma vasta conspiração, é atenuado no filme. Vira um joguinho de interpretações. No livro, como na invenção das armas de destruição de massa pela Casa Branca, a interpretação toma o lugar da realidade. No filme, ela serve para digressões vazias dos personagens.
O filme, num sentido específico, é um avanço em relação ao romance. Ele mostra como a sede de sentido, a vontade de entender uma história que não tem sentido, transforma mesmo os fiapos de sentido em nada.
Livros e revistas
1. Devido aos acontecimentos da violência que paralisou São Paulo nessa semana, a Caros Amigos resolveu lançar a sua primeira EDIÇÃO EXTRA. A edição reúne todo o material colhido ao longo de quatro meses, pelo repórter João de Barros, sobre a organização PCC - Primeiro Comando da Capital e já está nas bancas por R$ 4,90
2. O numero 12 vol.15 da revista "Fragmentos de Cultura (Historia e fotografia)" traz a legitimação da fotografia como fonte histórica.3. o numero 4 ano II da revista online, Verinotio de Educação e Ciências Humanas já esta' disponível em www.verinotio.org.
4. "Entre America e Europa: a politica externa brasileira na decada de 1920", de Eugenio Vargas Garcia, editora UNB. Com a entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial, a diplomacia brasileira iniciou um periodo de projecao global rumo 'a Europa, expandindo seus horizontes para alem do pan-americanismo tradicional. As elites oligarquicas da Republica do cafe' acreditavam que a posição do Brasil no mundo pos-Versalhes era exemplar. O governo de Arthur Bernardes lançou-se em intensa campanha na Liga das Nações para, em nome da América, tentar obter um assento permanente no seu Conselho. Em 1926, ao retirar-se da Liga o Brasil afastou-se das questões européias e procurou refazer sua rede de amizades no continente americano, buscando uma reaproximação com os paises vizinhos da América do Sul. Mais informações em www.livrariauniversidade.unb.br
5. RESENHA
Enterrem-me em pé (a longa viagem dos ciganos)
Como uma observadora silenciosa, Isabel Fonseca, vivendo entre os ciganos, resgatou a cultura milenar, a exclusão das chamadas minorias raciais e a inserção de ciganos instruídos e sofisticados nos contextos intelectuais mundiais, lutando pelo reconhecimento dos direitos humanos do povo cigano e pela valorização da sua cultura. - 17/05/2006
Notícias
1. Aposentadoria para todos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que estende a função de magistério aos diretores e coordenadores pedagógicos de escolas, o que lhes dá o direito de se aposentar com o mesmo tempo de serviço de professores em regência.
2. A educação é nossa
O Brasil se recusou a participar de uma reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), durante a qual se debateria a abertura internacional do mercado de educação. O tema foi sugerido por países desenvolvidos que querem "exportar" para países emergentes unidades de suas instituições superiores de ensino. Na opinião do governo brasileiro, a liberalização do setor colocaria em risco a soberania nacional. O Estado de S. Paulo, em 15/5.
3. Universidade Federal de Ouro Preto – Instituto de Ciências Humanas e Sociais – Departamento de Letras – Centro de Estudos Literários Luso-Brasileiros – Cenro de Estudos Linguísticos – Laboratório de Linguas
IX SEMANA DE LETRAS: as Letras e o seu ensino
19 a 21 de setembro
Por iniciativa do Departamento de Letras do Instituto de Ciências Humanas e Sociais, a IX Semana de Letras DELET-UFOP será realizada no período de 19 a 21 de setembro de 2006. O evento contará com conferências, mesas-redondas, cursos breves, oficinas, posters e sessões de comunicações. O seminário terá como tema “As letras e seu ensino” e será organizado em torno das seguintes linhas temáticas:
– Lingüística aplicada
– Literaturas clássicas e vernáculas
– Literaturas estrangeiras modernas
– Teoria e análise lingüística
– Teoria literária
– Letras e estudos culturais
– Letras e o ensino na área de letras
– Letras e outras artes
Informações pelo e-mail:
http://br.f373.mail.yahoo.com/ym/Compose?To=foureaux@hotmail.com ou http://br.f373.mail.yahoo.com/ym/Compose?To=foureaux@ichs.ufop.br
4. Ballet Nacional de Cuba - Espetáculo A Magia da Dança
Após 19 anos de ausência dos palcos brasileiros, uma das melhores companhias de dança clássica do mundo, faz apresentação única em Belo Horizonte.26 de maio, sexta-feira, às 21h. Grande Teatro do Palácio das Artes
Sites interessantes
No http://www.historianet.com.br/
Brasil ImpérioA Guerra dos FazendeirosA Guerra Farroupilha [1835-45] foi um entre os muitos movimentos liberais provinciais contra o centralismo do Império e, a seguir, as tímidas concessões regenciais.
INFORME 08/2006 DA ANPUH NACIONAL
1. SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA 2007
Está disponível aos associados e demais interessados a Primeira Circular do XXIV Simpósio Nacional de História, cujo tema é “História e Multidisciplinaridade: territórios e deslocamentos”. O Simpósio de 2007 acontecerá entre os dias 15 e 20 de Julho de 2007, na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), em São Leopoldo, Rio Grande do Sul.
2. OUTROS EVENTOS:
(a) Os organizadores do XVIII Encontro Regional da ANPUH-São Paulo - 24 a 28 de Julho de 2006 na UNESP – ASSIS – lembram que 29 de maio é o prazo final para entrega do texto completo (via eletrônica) dos inscritos em Trabalho em Seminário Temático para a elaboração dos Anais em CD-Rom. As inscrições prévias em Cursos e as inscrições em Painéis vão até 10 de junho.
(b) O Núcleo de Estudos de População da Unicamp convida para o Iº Simpósio “Novos Imigrantes e Desenvolvimento Industrial no Pós II Guerra”, que acontecerá dias 30 e 31 de Maio de 2006. O evento “Novos Imigrantes e Desenvolvimento Industrial no Pós II Guerra” faz parte das atividades do projeto temático “Os Novos Imigrantes Fluxos: migratórios e industrialização em São Paulo no pós Segunda Guerra Mundial: 1947- 1980”. Seu objetivo é propor um debate sobre questões que informam direta ou indiretamente a questão da imigração pós IIª Guerra Mundial para o Brasil. Mais informações, ver o folder do evento.
(c) Já está disponível a convocatória para o VI Congresso Internacional de Literatura Hispânica (VI CILH), que se realizará em Riviera Maya, México, entre os dias 7 e 9 de março de 2007. Propostas devem ser enviadas antes do dia 23 de junho de 2006. Para maiores detalhes, acessar a página: www.lhup.edu/CILH
3. CONCURSOS:
Estão abertas as inscrições para o Concurso para Professor Adjunto na área de História Medieval e Moderna. O concurso será para o Depto. de História e Geografia da UFRN, situado na cidade de Caicó/RN que fica distante cerca de 275km de Natal (aproximadamente 4h de ônibus). Os requisitos são graduação, mestrado e doutorado em história. Inscrições abertas até o dia 26/05/2006. Maiores informações podem ser obtidas em www.prh.ufrn.br.
O Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais EBA UFBA comunica que estão abertas as inscrições para o concurso público para o Magistério Superior - Escola de Belas Artes da UFBA – Disciplinas História da Arte (Professor Adjunto - Requisito: Doutorado em História da Arte) e Conservação e Restauração da Obra de Arte (Professor Assistente - Requisito: Mestrado em Conservação e Restauração de Bens Móveis e Integrados. Ver Edital.
4. CURSOS DE MESTRADO/DOUTORADO:
(a) A UERJ comunica a implementação do curso de mestrado em História Social do Território, na Faculdade de Formação de Professores da Uerj, em São Gonçalo. As inscrições do processo seletivo estarão abertas de de 22 de maio a 5 de julho de 2006. Edital e outras insformações encontram-se na página www2.uer.br/~ffp
(b) O Programa de Pós-graduação em História da UNISINOS, de São Leopoldo (RS), comunica que estarão abertas de 22 de maio a 09 de junho as inscrições ao processo seletivo para ingresso no curso de doutorado em História (turma com início em agosto de 2006). O processo seletivo ocorrerá na segunda quinzena do mês de junho e serão oferecidas dez vagas. Mais informações sobre documentação necessária à inscrição e processo seletivo, acesse: http://www.unisinos.br/ppg/historia/doutorado
5. DEFESAS DE TESE:
No dia 29/03/2006, foi defendida a tese de doutorado “O velho vaqueano: Capistrano de Abreu, da historiografia ao historiador”, de Rebeca Gontijo, no Programa de Pós-Graduação em História da UFF. Orientadora: Angela de Castro Gomes. UFF/CPDOC-FGV). Participaram da banca examinadora os professores: Francisco Falcon (Universo), Ronaldo Vainfas (UFF), Lúcia Maria Paschoal Guimarães (UERJ) e Manoel Salgado Guimarães (UFRJ/UERJ).
6. LANÇAMENTO DE REVISTAS:
(a) Os editores da Revista Almanack Braziliense , Prof. Dr. István Jancsó e Profa. Dra. Mônica Duarte Dantas, comunicam o lançamento do novo número da revista. Esta Revista nasceu do Projeto Temático "Formação do Estado e da Nação: Brasil, 1780-1850" sediado no Instituto de Estudos Brasileiros da USP, e que conta com o apoio da Fapesp. O número foi ao ar no dia 05 de maio último. A revista é semestral e pode ser acessada por todos no endereço eletrônico http://www.almanack.usp.br/
(b) A segunda edição do jornal virtual Ver São Paulo está no ar. O site da Carbono 14, editora de projetos em história também disponibiliza on-line um catálogo da exposição versão paulo exibida ano passado na Caixa Economica Federal e este ano no Metrô Clínicas. A exposição tal qual o jornal virtual busca tratar de temas atuais da cidade, buscando uma relação de corresponência com o passado da grande cidade. Os painéis expostos contém fotografias, caricaturas e pequenas legendas que conduzem o visitante por este passeio que une o passado e o presente da cidade. A FORMAÇÃO DO MUNDO MODERNO" de Antonio Edmilson Martins Rodrigues e Francisco José Calazans Falcon. Dia 31 de maio de 2006, quarta-feira, a partir das 19 horas, na Livraria da Letras & Expressões, Av. Ataulfo de Paiva , 1292 – Leblon - Rio de Janeiro.
8. OUTROS
Biblioteca Virtual do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro já tem três títulos à disposição do público: Memória da Destruição, que é o catálogo da exposição homônima, sobre a destruição de prédios e logradouros do Rio de Janeiro, montada com muito sucesso em 2002; A Vitrine e o Espelho: o Rio de Janeiro de Carlos Sampaio, de Carlos Kessel; e Escolas de Samba: Sujeitos Celebrantes e Objetos Celebrados, de Nelson da Nóbrega Fernandes. Os interessados devem entrar no site www.rio.rj.gov.br/arquivo
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