Número 034 - nova fase
Editorial
“Como atiçar seus sentimentos (do público)? No fundo, é bastante simples. Primeiro, amedronte-o – e depois tranqüilize-o. Faça-o assustar-se com um bicho-tutu e corra para salvá-lo, usando um cassetete de jornal para matar o monstro. Ou seja, primeiro, engane-o – e depois engane-o de novo. Esta, em substância, é toda a teoria e prática da arte do jornalismo nos Estados Unidos”.
“Como atiçar seus sentimentos (do público)? No fundo, é bastante simples. Primeiro, amedronte-o – e depois tranqüilize-o. Faça-o assustar-se com um bicho-tutu e corra para salvá-lo, usando um cassetete de jornal para matar o monstro. Ou seja, primeiro, engane-o – e depois engane-o de novo. Esta, em substância, é toda a teoria e prática da arte do jornalismo nos Estados Unidos”.
Este parágrafo foi retirado de um artigo de Marco Aurélio Weissheimer, da Agência Carta Maior. Pelo visto, a grande imprensa brasileira, mais uma vez, aceita que o que é bom para os EUA é bom para o Brasil... Alguém viu por esses dias uma noticia falando de um cidadão que foi preso no Norte, com 500 kg de maconha? E que o referido senhor era político do PSDB??? Imagina se ele fosse do PT, o que não seria publicado!!!!
Curiosamente, o “Estado de São Paulo”, conhecido por suas posições conservadoras, cuja direção é totalmente anti-marxista, trouxe, neste domingo um debate entre Eric Hobsbawm e Jacques Attali, que concluem pela atualidade do pensamento de Marx, o primeiro a prever a globalização do capitalismo. Um trecho do artigo:
“A conclusão dos dois debatedores é que Marx está de volta. Vários capitalistas admitem que o filósofo ainda oferece uma análise valiosa do fenômeno da globalização. Ao sugerir que o livre-comércio era uma condição de progresso, Marx identificou a China e a Índia como sócios potenciais do capitalismo. Também preveniu que o capitalismo lutaria para administrar as muitas tensões associadas ao crescimento da economia global”.
Curiosamente, o “Estado de São Paulo”, conhecido por suas posições conservadoras, cuja direção é totalmente anti-marxista, trouxe, neste domingo um debate entre Eric Hobsbawm e Jacques Attali, que concluem pela atualidade do pensamento de Marx, o primeiro a prever a globalização do capitalismo. Um trecho do artigo:
“A conclusão dos dois debatedores é que Marx está de volta. Vários capitalistas admitem que o filósofo ainda oferece uma análise valiosa do fenômeno da globalização. Ao sugerir que o livre-comércio era uma condição de progresso, Marx identificou a China e a Índia como sócios potenciais do capitalismo. Também preveniu que o capitalismo lutaria para administrar as muitas tensões associadas ao crescimento da economia global”.
Não é interessante isso??? Leia o artigo todo em
A dança ai ao lado não pode....que feio!!!
Enquanto isso, aqui no mundo tupiniquim, algumas danças continuam a ser condenadas, alvos de sarcásticas charges na imprensa... já outras danças são aplaudidas e o dançarino pizzaiolo é até carregado em triunfo, com a foto estampada em todos os jornais... curioso este país, não?
As CPIs já encerradas e em andamento, realmente se tornaram caso de policia!!! Além de não cumprirem o que manda a Constituição (elas devem ter um objeto e não podem fugir dele), fornecem um quadro que espanta a quem quer que seja. Como é possível um relator
As CPIs já encerradas e em andamento, realmente se tornaram caso de policia!!! Além de não cumprirem o que manda a Constituição (elas devem ter um objeto e não podem fugir dele), fornecem um quadro que espanta a quem quer que seja. Como é possível um relator
apresentar uma versão de relatório e, na hora da votação, ele retira – descaradamente – nomes de pessoas que estavam indiciadas, mas que, agora, a pedido do fulano e do beltrano, não mais serão indiciadas... é o fim do mundo!!! E o presidente da CPI, mais preocupado com a possibilidade de mudar de partido e tornar-se governador de seu estado, atropela regimento, indispõe-se com seu próprio Partido, e aprova o relatório, ferindo mais uma vez o Regimento Interno...
Alguém já disse, em outras épocas, que este país não era sério...acho que não foi à toa que se disse isso...
Alguém já disse, em outras épocas, que este país não era sério...acho que não foi à toa que se disse isso...
já a dança aí ao lado... esta pode!!!! que lindo!
1. O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), admitiu nesta quinta-feira que realizou alterações de última hora no texto final da comissão, atendendo a solicitações de políticos - entre eles membros do PFL. Pouco antes de o relatório ser aprovado, Serraglio apresentou 35 mudanças, as quais incluem a retirada de pedidos de indiciamento contra pelo menos uma dezena de pessoas envolvidas em denúncias de irregularidades em franquias dos Correios. Parlamentares do PT afirmam que, com isso, negócios de aproximadamente R$ 1 bilhão ficaram sem investigação. O partido vai apresentar outro relatório "alternativo", a ser enviado ao Ministério Público junto com o texto original na próxima segunda-feira.
2. O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Correios não cita as principais irregularidades constatadas nos fundos de pensão do País. A opinião é dos diretores dos três principais fundos de pensão do Brasil, a Fundação dos Economiários Federais (Funcef), a Caixa de Previdência dos Funcionário do Banco do Brasil (Previ) e a Fundação Petrobrás de Seguridade Social (Petros). O relatório final da CPI dos Correios, aprovado esta semana, pede investigação sobre 12 fundos de pensão e pede o indiciamento de 26 gestores.
Os três listam algumas irregularidades, descobertas pelos próprios fundos, que não constam no documento do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR), aprovado na última quarta-feira. E afirmam que as suspeitas colocadas no relatório são sobre operações normais do mercado financeiro.
O principal ponto esquecido é a relação dos fundos com o banco Opportunity, segundo Guilherme Lacerda, presidente da Funcef. Os três fundos apresentaram um relatório à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado acionário. Acusam o Opportunity de ter abusado do controle da Brasil Telecom, em que era sócio juntamente com Previ, Petros, Funcef e o Citigroup, grupo americano controlador do Citibank. Mesmo com menos de 1% das ações da Brasil Telecom, o Opportunity controlava a empresa, graças a um acordo de acionistas firmado na época da privatização.
Lacerda lembra que essas irregularidades, que teriam gerado perda financeira aos fundos, ocorreram na mesma época em que a Brasil Telecom cedia sua conta publicitária para a agência SMP&B, do empresário Marcos Valério de Souza.
O caso não é citado pelo sub-relator de Fundos de Pensão da CPI dos Correios, Antonio Carlos Magualhães Neto (PFL-BA). Mas ACM Neto pede que o Ministério Público investigue o contrato que garantiu aos fundos recuperarem o controle acionário sobre a Brasil Telecom, após uma longa disputa judicial com Daniel Dantas, dono do Opportunity.
O Citigroup cedeu o controle acionário aos fundos para que vendam a empresa. Aceitaram o acordo, em troca de uma garantia: se a Brasil Telecom não for vendida até o ano que vem, os fundos comprometem-se a comprar a parte do Citi. Segundo ACM Neto, o preço estipulado para essa compra seria muito alto, por estar acima do preço atual de mercado.
O preço é mais caro, segundo Wagner Pinheiro, presidente da Petros, porque dá direito ao controle da empresa. "O valor de uma empresa quando faz parte de um bloco de controle, não é o mesmo de uma empresa negociada na bolsa. Um controlador está vendendo, para o outro, o direito de gestão", justifica. "Não há ilegalidade ou irregularidade alguma, mas politicamente se procura dar conotação de alguma ilicitude", afirma.
Sérgio Rosa, da Previ, alega que o relatório "tirou o contrato do contexto", desconsiderando os prejuízos dos em razão da má gestão da Brasil Telecom e da Telemig pelo Opportunity. "O relatório não identifica o principal responsável por esse prejuízo, o Banco Opportunity, enquanto estava na gestão das empresas Brasil Telecom e Telemig, nem indicia as pessoas responsáveis pela gestão destas empresas naquele período", destaca. "Essas empresas, sim, acabaram se envolvendo com o esquema de financiamento através da contratação das agências DNA e SMP&B, de Marcos Valério", denuncia.
Guilherme Lacerda assegura que a CPI dos Correios "constatou" a relação da Brasil Telecom e da Telemig com a empresas DNA e SMP&B à época da gestão do banco Opportunity,. "As constatações não valeram nada pois este banqueiro Daniel Dantas não foi indiciado, não foi considerado no relatório", diz.
(Do portal Terra)
OLÁ RICARDO!
Você está de parabéns juntamente com a Prof.Helena.
Para mim, é uma grande satisfação receber seu Boletim e apreciar trabalhos tão interessantes.
Conte comigo! Abraços.
Liliane R.Junqueira
Entrevista
Professores de História, atenção para esta entrevista:
"Erros históricos permitem formação de conceitos errados sobre Islã e muçulmanos"
A professora Ana Gomes de Souza, que dá aula de História para alunos de 11 a 18 anos, partiu de uma premissa importante quando escolheu estudar a imagem do islã retratada nos livros didáticos de História. A pesquisa sempre deixou claro que esses livros agem como fontes fidedignas das informações que carregam. O que acontece, para a autora, é que a falta de questionamento e a relação dos alunos com o livro é de um olhar cientificista, ou seja, as informações contidas nas páginas do livro não “podem” estar erradas. Em outras palavras, “tendem a ser recebidas sem contestação e na maioria das vezes acompanham o aluno por toda a sua vida, ou seja, o aluno não filtra essas informações e apenas as recolhe”. Assim, o islã continua a ser um conjunto de conhecimentos ainda estranho para grande parte dos brasileiros. E se a informação oferecida pela mídia em geral – filmes, notícias – tem dificuldade para se livrar de preconceitos e equívocos, os livros didáticos - a base de educação da pessoa que emite opinião e age na sociedade - parece plantar a primeira semente de ignorância sobre o assunto. Baseada em fontes islâmicas oficiais (o Corão, a Tradição, o Consenso e a Medida), a autora procura fazer uma análise de livros didáticos aplicados na educação de alunos da 5ª a 8ª séries. Os erros são vários. O termo Allah, de forma geral, é entendido como o deus muçulmano, e não como a palavra árabe que designa a palavra deus, seja qual for a religião a que se refira. Essa confusão pode “ocasionar a formação de preconceitos porque não permite a identificação da religião islâmica como fé monoteísta e os muçulmanos como devotos do mesmo deus adorado por cristãos e judeus”. Outro erro: o islamismo como maometismo. A palavra não está presente em nenhuma das fontes islâmicas e nem há equivalente no idioma árabe. Edward Said, em “Orientalismo”, acredita o termo surge de uma analogia em relação à religião dominante na Europa, o cristianismo. Deu-se o mesmo atributo divino de Cristo a Maomé para então considerá-lo – assim como a religião que revelava - um impostor. Os erros seguem, sobre os profetas, o local sagrado de Meca, a Hégira, a poligamia e a jihad (termo cuja carga semântica pode ser traduzido pela palavra esforço, e não guerra santa). Como explica a autora através do estudo das fontes islâmicas, “o jihad menor é o esforço que deve ser empenhado na defesa contra agressões feitas aos valores do Islã e agressões contra a integridade física dos muçulmanos. Tal conceito não mantém nenhuma ligação coma violência gratuita e nem com o termo ‘guerra santa’ que os não-muçulmanos utilizam para explicar a expansão islâmica”. Mas mais importante é a reflexão interior do muçulmano, o jihad maior. Como explica Ana Gomes, “o jihad maior é apresentado como o esforço, o empenho ou a luta diária que o muçulmano trava consigo mesmo para evitar situações que possam afastá-lo de Deus – a corrupção, a inveja, a injustiça, a soberba e a mentira. Essa é a mais importante”. Leia a seguir a entrevista com a pesquisadora, que fala de sua tese, da imagem do islã no mundo e sobre as causas dos erros nos livros didáticos a respeito da religião.
Entrevista dada a Arturo Hartmann do Instituto de Cultura Árabe (Icarabe)
Icarabe: Por que resolveu fazer esse estudo sobre o islã?
Ana Gomes de Souza: O Islã é um dos temas que está previsto para ser abordado no ensino fundamental e também no ensino médio. Preparando uma aula sobre o tema, fui atrás das fontes oficiais do Islã – o Alcorão e Hadith - para que os alunos pudessem ver, ler e manusear durante a aula e, nessa busca, pude perceber divergências entre os textos dos livros didáticos de História e as fontes oficiais do Islã. Essas divergências me conduziram à pesquisa que se transformou numa dissertação de mestrado que foi defendida no Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Árabe do Departamento de Letras Orientais da USP.
Icarabe: Qual o critério para a escolha dos autores e dos livros para a análise?
Ana Gomes: No corpus da minha pesquisa foram selecionados apenas os livros didáticos de História editados pelas grandes editoras de livros didáticos do Brasil, pois elas têm alcance nacional e são as maiores fornecedoras de livros didáticos para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). De acordo com esse programa, o governo federal compra e distribui tais livros para as escolas públicas do ensino fundamental.
Icarabe: Existe no conteúdo dos livros didáticos uma tendência a todo o momento centrar excessivamente a religião islâmica na figura de Maomé. Qual seria a principal razão para isso?Ana Gomes: Não digo que é excessivo, porque enquanto alguns livros trazem que o Islã é uma religião revelada por Deus e que Maomé é um dos profetas aceitos no Islã, outros livros sinalizam que Maomé seria o autor dessa religião.
Icarabe: No processo constante que o conhecimento a respeito de Maomé tenta diminuí-lo, construir sua imagem como de um irracional e perverso se podemos dizer assim, como isso influencia a imagem do próprio islamismo?
Ana Gomes: Os livros didáticos de História do corpus trazem apenas algumas informações sobre Maomé, e dessas, a que se destaca é a do casamento com Kadija, mulher mais velha e rica, na qual alguns livros deixam transparecer que ele seria um “oportunista”. Esse perfil não é corroborado por pesquisadores que atestam que Maomé viveu de forma frugal, sem conforto, longe de qualquer luxo e ao morrer não teria deixado nenhuma herança a seus herdeiros. O perfil de “oportunista” priva Maomé do próprio status de profeta, que, de forma geral, foram pessoas com excelente conduta moral, sem interesses materiais, preocupados com o bem comum e com o pós-morte. Assim, uma pessoa que desconhece os fundamentos do Islã e recebe como informação apenas esse perfil, certamente terá dificuldades para reconhecer Maomé como profeta divino, reconhecer os muçulmanos como monoteístas e provavelmente terá uma “imagem” desfigurada do Islã.
Icarabe: Como você definiria a forma como o islã é divulgado nos livros didáticos?
Ana Gomes: Se a pergunta se refere ao livro didático de História, posso te dizer que, baseada na pesquisa, alguns dos livros didáticos de História que estão em uso deveriam rever algumas das informações apresentadas por conterem erros históricos que podem permitir a formação de conceitos errados sobre o Islã e os muçulmanos. Por exemplo, um dos livros afirmou que a Hégira teria ocorrido da cidade de Medina para a cidade de Meca, quando na verdade os muçulmanos partiram de Meca para Medina.
Icarabe: Qual sua análise das atualizações feitas nos livros didáticos em relação ao islamismo que ocorreram em 2004?
R: De forma geral os livros didáticos do corpus da pesquisa se preocuparam mais em fazer revisões na parte gráfico-editorial do que em seus textos, substituindo uma palavra por outra sem trazer grandes alterações no sentido do texto, ou seja, há várias décadas o Islã consta nos livros didáticos de História, porém, essa permanência não lhe garantiu a atualização e a revisão das informações, o que pode levar a crer que as informações sobre o Islã já se esgotaram e que não há nenhuma informação que merece revisão. Por exemplo, os ataques aéreos, em 2001, às torres gêmeas em Nova Iorque, aparecem em apenas um dos livros do corpus. Aqui, a questão das torres é apenas citada como fato histórico recente, sem nenhuma relação com os princípios da religião divulgada por Maomé.
Icarabe: Que tipo de ação poderia ser tomada pelo governo federal para evitar esses erros com relação ao islamismo?
Ana Gomes: Como professora, respondo não apenas em relação ao Islã, que foi o objeto da pesquisa, mas de forma geral, de uma forma que eu acho que pode beneficiar todo o processo de ensino-aprendizagem. Talvez a solução para essa questão passe pelos seguintes pontos: considerar que o livro didático traz inúmeros temas e para verificar se cada um desses temas traz divergências, erros ou enganos, deve-se colocar cada tema abordado sob a análise de um especialista na área. Por exemplo, qualquer historiador tem uma visão geral de muitos processos históricos, porém, o especialista/pesquisador de determinado tema sempre terá um número maior de informações, de dados que podem contribuir com mais propriedade nessa análise, porque o livro didático é destinado ao aluno do ensino fundamental que não é perito em nenhum tema, que acredita que o livro didático nunca erra ou comete enganos e ainda, provavelmente, as informações recolhidas seguirão no aluno após a conclusão do ensino fundamental. Por isso, o livro deve trazer informações precisas. O segundo ponto seria incentivar nas universidades a realização de pesquisas sobre os conteúdos trazidos pelos livros didáticos.
Publicado no site http://www.icarabe.org/
Brasil
Publicado no site http://www.icarabe.org/
Brasil
Ainda a crise, agora aguçada pela campanha eleitoral já deflagrada. Flávio Aguiar indaga de possíveis reações da população às ameaças de impeachment de Lula; Nelson Breve faz um artigo muito interessante, mostrando como e porque, para as elites, o governo Lula não pode ser, mesmo sendo. E Mauro Santayana discute os problemas do tucanato, já que Alckmin parece não ter fôlego na maioria dos estados brasileiros.
1. Flávio Aguiar As tentações do crime
O que fará o povão se o presidente for ameaçado? É uma boa pergunta. Uma coisa é certa: até agora não há qualquer indício que ele vá se alinhar ao lado da tigrada que pretende retomar de assalto o Palácio do Planalto. O maior risco para as esquerdas é ceder à tentação de disputar o embate no terreno do adversário. (leia mais)
2. Nelson Breve Deixem o Lula governar!
Sempre haverá um motivo qualquer para a elite justificar a idéia de que Lula não pode governar. Deixem o povo decidir se Lula e seu governo merecem mais quatro anos de mandato. (leia mais)
3. Mauro Santayana O lugar dos pobres
Diante da última pesquisa Datafolha apontando a estagnação de Alckmin, os tucanos procuram, com certa pressa, achar uma saída. Mas é difícil que alguém convença o obstinado já ex-governador de São Paulo de que deve ceder o seu lugar a Serra.
O Boletim já estava pronto, quando me chegou às mãos este artigo de Guilherme Fiúza, do site No Mínimo. Mesmo correndo o risco de ver este numero do Boletim ficar enorme, não resisti à tentação de reproduzir aqui...quem ler entenderá a razão!
Francenildo, um brasileiro
O Brasil adora esse tipo de coisa. O chofer de trator que se recusa a derrubar uma construção ilegal porque tem seres humanos ali dentro vira herói. Às favas a lei, o estado de direito e todo o resto da sociedade. O que vale é a cena de misericórdia novelesca. O jogador Vampeta rola bêbado pela rampa do Palácio do Planalto e é festejado por esculhambar um símbolo institucional. Um caseiro contradiz o mais importante ministro da República e conquista instantaneamente uma blindagem moral. Ali está um brasileiro.
O caso de Francenildo Costa é um emblema do Brasil. Mostra como permanecem flácidas, frívolas as instituições nacionais. O espetáculo das interferências da Justiça, capitaneada pelo deputado Nelson Jobim, sobre o Congresso Nacional, para travar o processo de cassação de José Dirceu, já havia produzido cenas bizarras de geléia institucional. Agora vem o Ministério Público requerer que o caseiro Francenildo, carinhosamente chamado de Nildo, não seja mais investigado. Quebraram-lhe o sigilo bancário ilegalmente? Então, como prêmio, ele ganha o atestado perpétuo de inocência.
É claro que a possível bandalha de Antônio Palocci e Márcio Thomaz Bastos para violentar a conta corrente de Francenildo, um brasileiro, é muito mais ruidosa. Gravíssima, violenta, inaceitável, ultrajante e tudo mais o que os justos berraram contra as duas autoridades governamentais. Ao fundo, porém, a aura do caseiro se elevou automaticamente aos níveis da santidade. Ele recebeu 25 mil reais do pai biológico que queria evitar um processo de reconhecimento de paternidade. E fim de papo. Assim falou Francenildo, assim ficou escrito na história.
Ninguém quis mais pensar na coincidência desses depósitos terem acontecido exatamente no momento em que o caseiro testemunharia contra o ministro da Fazenda. Não se viu nem sombra de curiosidade sobre a movimentação financeira do suposto pai biológico de Nildo – um dono de ônibus no Piauí que despeja 25 mil reais na conta do filho que garante não ser dele. No jargão popular, é a típica história mal contada. Nas altas esferas institucionais do país, tudo é um jorro de coerência. Afinal, a bola da vez é Palocci, e ficaria chato a essa altura descobrir que Francenildo, um brasileiro, é só um laranja do jogo sujo de Brasília.
O caseiro disse que viu Palocci várias vezes na casa da república de Ribeirão Preto, onde funcionava um escritório de lobby, extorsão e luxúria. Palocci nega que freqüentasse o local. Fora seus ex-assessores que há meses tentam incriminá-lo de todas as formas, sem conseguir, a testemunha solitária da presença do ex-ministro no local é Nildo. Palocci conduziu por quatro anos a transição política e econômica mais equilibrada da história da República. Mas Nildo é um brasileiro. É nele que o país acredita.
Assim funciona o sistema institucional do crioulo doido: para que Palocci possa cair em desgraça e possivelmente ir preso, o caseiro tem que ser herói. Já o compararam ao motorista Eriberto França, o homem que testemunhou a ligação entre Collor e PC Farias através de correntistas fantasmas. O Brasil quer porque quer viver de novo o triunfo da humildade, a maravilhosa sensação purificadora de que o pobre tem caráter e o político não presta. O sonho da maior potência mundial em teledramaturgia é virar enredo de novela mexicana.
De certa forma, Francenildo, um brasileiro, é o substituto de Lula na prateleira dos bibelôs sociais. O país chorou como criança junto com o ex-operário que “chegou lá” sem diploma. Depois, teve que chorar com a falta de educação da turma do ABC e Osasco no trato com o dinheiro público – a turma que Lula, um brasileiro, levou para o topo da República. Abusar da autoridade para arrombar a privacidade financeira de um cidadão é um escândalo. Defender, às claras, que esse cidadão fique imune às investigações da polícia e da Justiça é outro abuso escandaloso. Mas esse outro escândalo não parece sensibilizar os brasileiros. A esta altura, o melhor mesmo talvez seja torcer pela história da carochinha do pai biológico. O país pode não suportar o trauma de descobrir sua vocação para torcer pelo herói errado.
Nuestra América
1. Em um site que comecei a visitar com mais cuidado, encontrei um artigo interessante, porque nos mostra que a preocupação norte-americana com a Venezuela pode apressar uma intervenção na Colômbia, que seria utilizada para permitir a invasão do território chavista. Reproduzo apenas uma parte do artigo, em espanhol, e indico o link para quem quiser continuar a ver os argumentos.
Estados Unidos se declara dispuesto a intervenir directamente contra la guerrilla en Colombia por Dick Emanuelsson
“Si Colombia lo pide, EEUU intervendrá el país para capturar guerrilleros de las FARC”.
Así declaró al diario El Tiempo la ex embajadora en Colombia y ahora subsecretaria para Asuntos de Narcotráfico Internacional en el Departamento de Estado, Anne Patterson, el 23 de marzo. El 25 de marzo agregó: “La guerrilla es ahora nuestro principal blanco”.
Las declaraciones de la ex diplomática del gobierno de Bill Clinton no sorprenden. Después de los fracasos militares en Plan Colombia y Plan Patriota contra la guerrilla de las FARC, tanto el gobierno del presidente Alvaro Uribe como el gobierno de Bush buscan otros canales para la intervención directa al conflicto armado en Colombia y para encontrar una puerta a la segunda intervención; la contra Venezuela desde el territorio colombiano.
La noticia el 23 de marzo era que el fiscal estadounidense Alberto González sindicaba a 50 líderes de las FARC de introducir cocaína en Estados Unidos. Describe la guerrilla como el Cartel de coca más grande del mundo.
Las acusaciones norteamericanas han sido recibidas con frialdad en Colombia, incluso en algunos sectores oficialistas. Los colombianos saben perfectamente bien hasta donde la coca y la mafia ha llegado y quien representa y quienes que se han beneficiado de la droga. Pero lo curioso y chistoso es que ahora vienen las acusaciones desde los Estados Unidos en donde el mismo presidente Uribe fue acusado en la década -90 por tener nexos con Pablo Escobar y el Cartel de Medellín. La cifra “No 82” va a perseguir a Uribe toda la vida porque ese fue el número que colocó el Departamento de Estado al mandatario colombiano sobre personas no deseadas por sus nexos con Escobar.
Pero Casa Blanca solo ve un enemigo:
“La guerrilla es ahora nuestro principal blanco” decía Patterson y asegura que Bush & Rice van a intervenir si el gobierno colombiano así lo desea.
El arma esta vez, para obligar a las FARC de entregarse al estado colombiano, se llama “extradición”.
“Sabemos que a lo que más temen los "narcos" es a la extradición.”, dice la ex embajadora gringa, confirmando su total ignorancia del conflicto colombiano y el tema de los cultivos de las hojas de coca. Para ilustrar aún más su desconocimiento dice que “hay evidencia nueva ahora que las FARC han estado en retirada”, gracias al Plan Patriota y que “la fumigación les ha quitado a las FARC millones de dólares en ganancias. Tenemos indicios de varios frentes que se han quedado cortos de fondos”.
Pero la ex diplomática no menciona para nada las derrotas militares que ha tenido el ejército colombiano durante el 2005 y el 2006. Suena insólito, que una guerrilla que se dedica a cultivar, cosechar, transportar y crear redes internacionales para distribuir la coca tenga tiempo para realizar acciones militares, paralizar y dejar en oscuridad medio país, sin embargo, si es así, que la guerrilla se financia a través de la droga y que los campos de la hoja de coca han sido bastante reducidos, ¿porque vemos una intensificación de la guerra por parte de la guerrilla si los Frentes han quedado cortos de fondos?
O artigo completo está em http://www.voltairenet.org/article137515.html
2. Eleições no Peru. Disputa voto a voto para definir quem serão os dois candidatos ao segundo turno. Emir Sader analisa o processo:
Emir Sader O Peru vai conseguir se desestrepar?
Poderá o Peru se desestrepar com as eleições de domingo ou com um eventual segundo turno? O único que aponta para isso é Ollanta. Garcia já foi presidente e hoje é uma pálida caricatura do que foi. Lourdes Flores é o continuísmo do Peru estrepado. - 08/04/2006
Internacional
1. Se você tem estômago forte, veja o site abaixo. Ele traz dezenas de fotos de soldados norte-americanos mutilados pela guerra no Iraque... é de espantar!!! Vendo isso, fica-se a imaginar o que devem estar passando os iraquianos feridos, que, evidentemente, não tem os recursos da medicina norte-americana...
http://www.voltairenet.org/article136827.html
2. E não aprende mesmo, o Bushinho... Olha o que o blog do Josias postou nesta semana:
A notícia está estampada nos sítios de dois respeitáveis veículos de comunicação dos EUA: o jornal Washington Post (para leitores cadastrados) e a revista The New Yorker. Não se fala em prazo, mas considera-se que a hipótese de um ataque norte-americano ao Irã é uma possibilidade levada cada vez mais a sério pela administração Bush.
As duas publicações mencionam como fontes funcionários graduados da Casa Branca. O texto da New Yorker, a ser publicado em sua edição que chegará às bancas no dia 17 de abril, é assinado pelo repórter Seymour Hersh.
Hersh é conhecido pelos contatos que tem no Pentágono e nos serviços de espionagem dos EUA. Em sua notícia, ele anota que os ataques ao Irã seriam “nucleares”. Informa também que o presidente George Bush e alguns de seus assessores estão inquietos com a movimentação do presidente iraniano, Irani Mahmoud Ahmedijejad, a quem qualificam de “um novo Hitler”. Receiam que ele esteja a caminho de obter a sua bomba.
A reportagem do Post acrescenta que uma invasão por terra é descartada. Diz que as autoridades militares prevêem em seus estudos a realização de ataques seletivos, que teriam como alvos instalações nucleares importantes do Irã.
Dan Bartlett, assessor de Bush disse que não há no governo senão "planejamento normal de defesa e inteligência". Afirmou ainda que a Casa Branca continua apostando na via diplomática para convencer o Irã a abandonar os seus experimentos nucleares.
Bush, como se vê, aprendeu pouco com o desastre que se seguiu ao “triunfo” militar no Iraque. Se o Congresso norte-americano não abrir os olhos, a sociedade mundial pode ser acordada a qualquer momento ao som de uma daquelas edições extraordinárias da CNN, dando conta do início de uma nova guerra.
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/index.html
3. Outro site que deu destaque a esse plano de ataque ao Irã foi o Carta Maior:
OS SENHORES DA GUERRA
EUA já planejam ataque militar contra Irã, diz New Yorker Semanário diz que planos do Pentágono são “enormes, febris e operativos”, com dois objetivos centrais: destruir as instalações nucleares iranianas e derrubar o governo de Mahmoud Ahmadinejad. Analista russo diz que data provável de um ataque seria entre setembro e outubro, antes das eleições legislativas nos EUA, marcadas para novembro. > LEIA MAIS
4. E a Itália, hem? Será que muda mesmo? Será que é o fim da era fascistóide neoliberal do Berlusconi?
Com Romano Prodi, centro-esquerda governará uma Itália dividida
A Unione, a coalizão de centro-esquerda liderada por Romano Prodi, vence as eleições e põe fim à era Berlusconi na Itália. Mas a vitória foi obtida por uma margem de apenas 25 mil votos na Câmara, o que indica que o novo governo terá uma margem estreita de apoio para implantar seus projetos. > LEIA MAIS Internacional
Noticias
1. Abertas inscrições para a seleção de Professor Adjunto de História Medieval na Universidade Federal de Pernambuco.Os interessados têm até o dia 25 de maio para fazer a inscrição, cuja taxa é de R$ 80,00. Maiores informações: http://www.proacad.ufpe.br/
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) abre concurso de seleção para o preenchimento de uma vaga para assistente e 4 vagas para professor adjunto nas áreas de Ciências Sociais. As inscrições poderão ser feitas ate' 13/4/2006. Mais informações em www.ufrrj.br/concursos/edital102006.pdf.
2. I Seminário de Historia do ICHS – Mariana
24 de abril, 9 horas
Tema: Caminhos da historiografia brasileira
Inscrição para ouvinte:Período: até 03 de Abril de 2006. Efetuar depósito da taxa de inscrição, no valor de R$ 10,00; Enviar nome completo e cópia do comprovante do depósito bancário. Conta para depósito: Banco Bradesco Agência: 0986-5 Conta Poupança: 0027659-
6-Correntista: Flávia Florentino Varella
O comprovante de depósito deve ser enviado para seminario_ichs@yahoo.com.br ou por fax para o número (31) 3557-9401
3. A partir dessa sexta-feira, dia 7 de abril, o Usina Unibanco de Cinema lança o Passe Professor. Trata-se de um projeto inédito voltado para os educadores do ensino infantil, médio, fundamental e superior das escolas públicas e privadas de Belo Horizonte. Com ele, os professores garantem livre acesso às salas de exibição do cinema, pagando apenas R$ 35 sem a necessidade de qualquer outro complemento no valor da entrada.
A expectativa dos diretores do Usina, que pretendem beneficiar os mais de 40 mil educadores existente na capital, é contribuir para a difusão da cultura, conhecimento, história e arte junto a esse público. Isso porque, tradicionalmente, o Usina é reconhecido como o exibidor do cinema de arte, da produção independente contemporânea e dos longas-metragens nacionais, sejam de ficção ou documentários.
O Passe Professor tem validade de 12 meses contados a partir da data de aquisição e pode ser utilizado para todas as sessões e a qualquer dia da semana. Para obtê-lo, o professor deve se dirigir à bilheteria do Usina e apresentar sua carteira funcional ou contra-cheque mensal.
O Passe Professor é parte integrante da nova etapa de atuação do Usina no mercado cinematográfico de Belo Horizonte. A idéia é de levar para o cinema novos eventos voltados para sétima arte, como a organização de sessões comentadas com diretores e atores dos filmes que serão lançados, até a organização de mostras, cursos, palestras e lançamentos de livros.
4. Curso "Como organizar e implantar centro de documentacao"/Via internet
O Acervo Organização de Documentos realiza o curso "Como organizar e implantar centro de documentação", com duracao de 16 horas, sendo 4 para trabalhos práticos e pesquisas. O instrutor do curso será Juan Cacio Peixoto. As aulas ocorrerão via internet de 24 a 29/4/2006. Mais informações em www.acervo.com.br/cursos ou pelo tel.: (11) 6821-6100.
5. Como organizar arquivos pessoais/ARQ-SP
Nos dias 27 e 28/4/2006, das 9h 'as 16h30, será realizado no Arquivo do Estado de São Paulo, o projeto Como Fazer, ministrado por Ana Maria Camargo e Silvana Goulart, promovido pela Associação de Arquivistas de São Paulo (ARQ-SP). Mais informações pelo tel.: (11) 3091-3795 ou em www.arqsp.org.br.
6. CONVITE
A Secretaria de Estado de Cultura e o Arquivo Público Mineiro convidam para o IV CICLO DE PALESTRAS DO ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO: "O ARQUIVO E SUAS FRONTEIRAS - ARQUIVÍSTICA, PALEOGRAFIA E TOPONÍMIA", conforme programação:
Data: 19 de abril, de 10 às 18 horas
Local: Biblioteca Publica Luiz de Bessa, praça da Liberdade
10 hs: Abertura – 10:30 hs: A pesquisa em toponímia – profª Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick (USP) – 14:30: Leitura dos manuscritos dos séculos XVII e XVIII – prof. Heitor Megale (USP) – 15:40 – O acesso à informação nos arquivos – profª Johanna Smit (USP)
maiores informações: (31) 3269 1167 ou daip.apm@cultura.mg.gov.br
Sites interessantes
1. Alerta (Revista Nova Escola)
Pesquisa realizada pela Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) indica que 46% da rede estadual de ensino sofrem de estresse. E que 25% deles têm problemas de depressão. A causa: a violência dentro da escola. O Globo, em 3/4
2. Os documentos do arquivo do ex-chefe de polícia do Estado Novo, Filinto Muller, acabam de ser higienizados e restaurados - medidas fundamentais para a preservação dos mesmos - graças ao apoio financeiro do Programa de Apoyo Al Desarrollo de Archives Iberoamericanos (Programa ADAI), do Ministerio de Cultura da Espanha. São milhares de documentos cujas informações estão disponíveis no Portal CPDOC (Consulta aos arquivos) e a consulta aos originais, em sua sede. Acesse as informações do arquivo a partir da home-page: http://www.cpdoc.fgv.br/
3. A página Estante Virtual, tem como propósito a divulgação, na íntegra, de obras produzidas pelo CPDOC não disponíveis para venda, por estarem esgotadas ou por terem sido produzidas para distribuição restrita. Os últimos livros incluídos foram: "Repensando o Estado Novo" e "Estado Novo: Ideologia e Poder". Acesse: http://www.cpdoc.fgv.br/producao_intelectual/index.asp?a=estante
4. ACESSE O SITE, CONHEÇA AS PUBLICAÇÕES ANTERIORES http://www.direcionalescolas.com.br/
REVISTA DIRECIONAL ESCOLAS – A Revista do Educador
Livros e Revistas
1. Mário Sérgio Conti, do site No Mínimo, mostra a chegada de dois livros sobre Stalin:
Chegam agora ao Brasil dois livros que se beneficiam da abertura, “Um Stálin desconhecido”, dos irmãos Roy e Zhores Medvedev, e “Stálin – A corte do czar vermelho”, do historiador inglês Simon Sebag Montefiore. Nenhum dos dois é ainda a biografia definitiva do ditador. Até porque não são biografias. Fica a advertência: quem não tiver alguma familiaridade com o assunto não entenderá nada dos livros. Eles pressupõem uma boa base acerca de Stálin e do stalinismo.
“Um Stálin desconhecido” é uma coletânea de ensaios e artigos dos ex-dissidentes. Um deles toca na questão das fontes pós-1991. Ele tem o título de “O arquivo pessoal de Stálin: Escondido ou destruído? Fatos e teorias”. Eles dão como certo que o arquivo começou a ser destruído nos dias que se seguiram à morte de Stálin. Dos seus papéis particulares não restou praticamente nada. Béria teria se encarregado da destruição, pois não tinha interesse em que se revelassem as cartas que ele e outros membros do governo enviaram a Stálin, já que eles comprovariam os seus crimes. Da biblioteca de 20 mil livros dele sobraram menos de quinhentos. O que restou foram os documentos, bilhetes e notas que Stálin enviava a alguns de seus companheiros de partido e governo.
Roy e Zhores Medvedev reconhecem que a destruição fez com que muitos elementos, vitais para a biografia de Stálin, tenham se perdido para sempre. No final do artigo, eles defendem que “o desaparecimento dos papéis de Stálin não foi uma grande perda” para a união Soviética e seu povo. E prosseguem: “A ausência de uma grande coleção de documentos inéditos foi na realidade benéfica para o país, pois em última análise contribuiu para todo o processo de superação do stalinismo”. Tal afirmação é motivo não só para parar a leitura como para jogar o livro no lixo. Implicitamente, o que eles fazem é a defesa da ignorância. Quanto menos se souber sobre o stalinismo, mais fácil será “superá-lo”.
Em matéria de afirmações peremptórias, há outras mais estranhas ainda em “Um Stálin desconhecido”. Os autores sustentam que as intervenções de Stálin em discussões lingüísticas foram benéficas para a ciência soviética. Dizem também que não existiu a pane de Stálin quando ocorreu a invasão alemã. Colocam em dúvida que ele tenha desaparecido durante dois dias e que teve medo de ser deposto e preso. E, no lance mais ousado, dizem que a posição de Stálin na véspera da invasão alemã, de não encará-la como um fato, apesar de todas as advertências da espionagem soviética e dos alertas da Inglaterra e dos Estados Unidos, foi positiva. Na verdade, argumentam, a paralisia de Stálin, que vitimou milhões de soldados, foi um grande lance tático, evitando a vitória da blitzkrieg, a guerra-relâmpago hitlerista.
Os Medevedev se saem melhor onde não avaliam, nos ensaios de fôlego curto, como o sobre a mãe de Stálin.
***
“A corte do czar vermelho” é um livro excepcional. Montefiore se dedica a estudar cada bilhete oriundo da mesa de Stálin dos anos 30 até sua morte. Entrevistou dezenas de sobreviventes e leu todas as memórias dos próximos do ditador. O resultado é um livrão de mais de 800 páginas, repleto de informações, e que está bem resumido no título: Montefiori vê Stálin pela perspectiva da monarquia russa autocrática, e seus cumplíces e aliados como uma corte.
O livro não traz nenhum contexto histórico. Ele ignora a revolução de 1917, a guerra civil, a Internacional, as lutas internas do Partido Bolchevique. Ele não tem o que dizer sobre política. Não tem sociedade. Em compensação, abundam as descrições dos íntimos de Stálin, de seus filhos, de seus amigos que viram adversários.
O efeito obtido é curioso. Como não há vida política e social, tudo o que Stálin faz fica automaticamente monstruoso, disforme. A guerra contra o campesinato, por exemplo, se transforma num exercício de maldade absoluta. A campanha contra Zinoviev e Kamenev parece puro sadismo. O mesmo para o ataque ao oficialato do Exército Vermelho, pouco antes da II Guerra Mundial. Em todas ocasiões, claro está, Stálin fazia política. Ele não agia ao seu bel-prazer; era expressão de uma força social.
Stálin era monstruoso, assassino, genocida, paranóico. Montefiore mostra como ele era tudo isso nas miudezas e nos detalhes. Ótimo. Mas ele não se preocupa em investigar como Stálin se transformou nisso tudo. Aí, seria preciso ter que pensar o stalinismo, objetivo que não está no escopo do autor.
Feita essa ressalva, “A corte do czar vermelho” é um ótimo retrato do Stálin humano-desumano. Ele era curioso, letrado, bêbado, ameaçador. Montefiori diz que ele era sedutor, simpático. Não prova o ponto. Todos dizem que tinham medo de Stálin.
2- "Por outra historia das elites", organizado por Flavio M. Heinz, editora FGV. O livro apresenta nove artigos produzidos por historiadores especialistas no estudo das elites na Franca, Estados Unidos, Canadá, Argentina e Brasil, reunidos a partir de um olhar metodológico comum: o das biografias coletivas, isto e', a elaboração de perfis sociais e estatísticos de grupos políticos, parlamentares, dirigentes sindicais e empresariais.
3- "Educar meninas e meninos: relações de gênero na escola", de Daniela Auad, editora Contexto. Será lançado, dia 26/4/2006, 'as 18h30, Livraria da Vila, São Paulo - Capital. O livro fala sobre como educar meninos e meninas traz a tona as relações de gênero na escola e o desenrolar das diferenças hierarquizadas entre os sexos. Alem disso, a autora, a partir de pesquisa de doutorado, analisa a escola mista e propõe a co-educação. Mais informações em www.editoracontexto.com.br.
4- "Em família: a correspondência de Oliveira Lima e Gilberto Freyre", organizado por Ângela de Castro Gomes, editora Mercado de Letras. Este livro reúne as 180 cartas trocadas entre dois grandes intelectuais brasileiros: Manuel de Oliveira Lima e Gilberto Freyre, num período que vai de 1917 a 1928. Um espaço revelador de suas idéias, projetos, opiniões, interesses e sentimentos, demarcando, assim, as identidades de um ex-diplomata dedicado aos estudos históricos e de um jovem estudante, no inicio de sua formação. Mais informações em www.cpdoc.fgv.br.
5. "Depoimentos: trinta anos de pesquisas feministas brasileiras sobre violência", organizado por Miriam Pillar Grossi, Luzinete Simoes Minella e Rozeli Porto, editora Mulheres. Este livro e' o primeiro da serie Gênero e Violência, que reúne os resultados do projeto intitulado Mapeamento Nacional de Pesquisas e Publicações sobre Violências contra Mulheres, desenvolvido em 2004 e 2005 por uma equipe de pesquisadoras vinculadas ao Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades do Departamento de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina (NIGS/UFSC). Mais informações em http://www.editoramulheres.com.br/
6- "A parte e o todo. A diversidade cultural no Brasil-nação", de Ruben George Oliven, editora Vozes. Esta' sendo lançada a nova edição revista e ampliada do livro, contemplado com o premio de melhor do ano pela ANPOCS. A parte e o todo apresenta a relação entre o global e o local, o nacional e o regional, a modernidade e a tradição. Analisa também a diversidade cultural no pais por meio do exemplo do Rio Grande do Sul e sua própria construção de identidade. Mais informações em www.editora.fgv.br ou pelo tel.: (51) 3331-2484.
Informes da ANPUH
(a) Seminário em homenagem a Edward Said. Dia 20 de abril de 2006-04-04 Pontifícia Universidade Católica – PUC-Rio - 10h às 12h Mesa 1: Ocidente e Oriente: o Outro não identificado. Mediadora: Cristiane Nascimento; Adriana Vianna (Museu Nacional UFRJ); Arlene Clemesha (ICARABE); Patrícia Teixeira dos Santos (UFSC); Paulo Farah (USP). Sessão de autógrafo e lançamento do livro "Edward Said: Trabalho Intelectual e Crítica Social". - 14h às 16h Mesa 2:Imperialismo, Terrorismo e Ativismo Político. Mediador:Gustavo Broetto. Carlos Eduardo Martins (REGGEN-UNESA); Oswaldo Munteal (UERJ/PUC-Rio/FACHA); Nizar Messari (IRI – PUC-Rio); Mohamed Habib (Unicamp) - 16h30m Conferência de Encerramento: Os Intelectuais e os Paradigmas do Mundo Contemporâneo. Mediador: Pedro Henrique Torres. Francisco José Calazans Falcon; Antonio Carlos Peixoto (UERJ). Mais informações : saidpuc@bol.com.br ou 93541332 (Gustavo). Local: Auditório Padre Anchieta (PUC-Rio). Realização: GRPESQ/CNPQ: As Relações Ocidente e Oriente no Século XXI.
(b) II Ciclo Internacional de Estudos Antigos e Medievais, UNESP-Assis, de 3 a 5 de maio de 2006. Para mais informações, programação e inscrições acesse http://www.assis.unesp.br/neam/
(c) XVIII Encontro Regional da ANPUH-São Paulo.
1. As inscrições de trabalho nos Seminários Temáticos estão encerradas. Informações no site http://www.fflch.usp.br/dh/anpuhsp/.
2. O pagamento das inscrições por depósito bancário ou transferência bancária, deve ser feito na conta: Banco do Brasil, Agência 3559-9, C/c: 31.221-5, nominal a Holien Gonçalves Bezerra.
3. As anuidades deverão ser pagas na conta: Banespa, Agência 0658, C/c 13-005436-5.
4.. Haverá um ônibus que sairá da FFLCH/USP para o XVIII Encontro em Assis, são 48 lugares, R$ 35,00 por lugar, ida e volta. Inscrições na sede da ANPUH-SP. Av. Prof. Dr. Lineu Prestes, 338 - Térreo do Departamento de História - USP - CEP 05508-000 - SP Tel/Fax: (11) 3091-3047 - anpuhsp@usp.br - http://www.fflch.usp.br/dh/anpuhsp
(d) XII Encontro Estadual de História da Paraíba.
Promoção: ANPUH-PB Local: Cajazeiras - PB (Campus da Universidade Federal de Campina Grande). Até 02 de maio - prazo para inscrição de trabalhos em ST´s. Todo o processo de inscrição deve ser feito através do sítio eletrônico da ANPUH-PB: http://www.anpuhpb.kit.net/. Todas as informações - calendário, programação, ST´s e Mini-cursos, taxas de inscrição - estão disponíveis no mesmo endereço. Informações por telefone: segunda a sexta-feira, das 8:30 às 11:30h - (83)3224-7979.
(e) I Encontro Nordestino de História Colonial.
Até o dia 15 de maio podem ser apresentadas propostas de ST´s. Mesas-Redondas e Mini-Cursos para o I ENCONTRO NORDESTINO DE HISTÓRIA COLONIAL - Territorialidades, Poder e Identidades na América Portuguesa, a realizar-se em João Pessoa-PB, no campus da UFPB, no período de 7 a 10 de setembro de 2006. O Encontro é promovido pelo Programa de Pós-Graduação em História/UFPB, Departamento de História/UFPB, GPESNC/NDIHR/UFPB, Programa de Pós-Graduação em História/UFRN; Departamento de História/FFPNM/UPE, GEHSCAL/FFPNM/UPE e do Departamento de Letras e Ciências Humanas/UFRPE. Todas as informações se encontram disponíveis no sítio http://cchla.ufpb.br/enhc2006/.
(f) Estão abertas as inscrições de comunicações, minicursos e painéis para V Semana de História do UNIJALES: História e Trabalho: reflexões e perspectivas de 25 a 29 de setembro no campus Central do Centro Universitário de Jales-SP. As inscrições para apresentação de trabalho enceram-se dia 26 de maio (taxa de R$ 5,00 para apresentação). Já confirmaram presença os professores Cláudio H. M. Batalha (UNICAMP), Antonio Thomaz Júnior (UNESP/P. Prudente); Celma Borges (UFMS); Rinaldo Varussa (UNIOESTE). Estamos contatando outros grandes nomes da historiografia para participação no evento. Mais informações historia@unijales.edu.br. Inscrições http://www.unijales.edu.br/ . Aviso: as instituições que desejarem receber gratuitamente a última edição do jornal Fazendo História, enviar endereço para o e-mail silvio@unijales.edu.br.Prof. Dr. Silvio Luiz Lofego, Coordenador do Curso de História-UNIJALES.
(g) IX Cidade Revelada - Encontro sobre Patrimônio Cultural e I Fórum Nacional de Conselhos de Patrimônio Cultural, a se realizar em Itajaí, Santa Catarina, de 11 a 15 de outubro de 2006. Ver mais informações na Primeira Circular.
DEFESAS DE DISSERTAÇÃO E TESE
(a) A defesa da Tese "A utopia no horizonte da Música Nova", de Teresinha Rodrigues Prada Soares, do doutorado em História Social - FFLCH da USP, acontecerá no dia 17 de abril, às 14h, no Salão Nobre do prédio da Administração da FFLCH - Rua do Lago, Cidade Universitária - São Paulo - SP. O orientador é Prof. Dr. Arnaldo Daraya Contier
(b) No dia 20/03/2006, na Universidade Severino Sombra, em Vassouras - RJ,Vitória Fernanda Schettini de Andrade defendeu sua dissertação de mestrado intitulada "Batismo e apadrinhamento de filhos e mães escravas: São Paulo do Muriaé, 1852-1888", tendo como orientadora a professora Drª Miridan Britto Knox Falci.
CURSOS & CONCURSOS
(a) Estão abertas as inscrições do Concurso para Professor de História Econômica na FEA-USP. pelo prazo de 60 (sessenta) dias, no período de 7 de março a 12 de maio de 2006. Clique aqui para mais informações
(b) Concursos para Professor Auxiliar, Assistente e Adjunto da Fundação Universidade Federal do Tocantins. As inscrições estarão abertas de 14 a 24/4/2006, via internet apenas, no site http://www.uft.edu.br/ . Edital e outras informações sobre as diferentes áreas atendidas (são 24 vagas) estão disponíveis no mesmo site.
(c) Contratação de professores para a Universidade Federal do ABC - UFABC. Foram lançados 06 editais para a contratação de 97 Professores Adjuntos para a UFABC - Universidade Federal do ABC. O Projeto Acadêmico da UFABC tem um forte caráter interdisciplinar. Os candidatos poderão concorrer em mais de uma chamada. A UFABC só não pode garantir que não haja sobreposição nas datas dos diversos concursos. Em caso afirmativo o candidato deverá optar por uma de suas inscrições. Maiores informações podem ser obtidas no sítio da UFABC: www.ufabc.edu.br/ec_professores.asp
(d) Curso de Gestão de arquivos e o controle de documentos com público alvo alunos com graduação em História, Ciências da Informação, Arquivologia, Biblioteconomia e Administração, entre outros. Mais informações em http://www.smarcos.br/extensao/curso.php?id=163
LANÇAMENTO DE REVISTAS
(a) O novo número da Fênix - Revista de História e Estudos Culturais [Vol. 3, Ano III, nº 1 Janeiro/Fevereiro/Março de 2006] já está disponível e pode ser consultado no seguinte endereço http://www.revistafenix.pro.br/ Os Editores aproveitam a oportunidade para lembrar que se trata de uma publicação eletrônica de periodicidade trimestral, cujo acesso é livre e gratuito. Foi avaliada e obteve Conceito "A" [QUALIS]. Ademais, por atender aos critérios de qualidade previstos pela CAPES, foi incluída no indexador de publicações de livre acesso http://acessolivre.capes.gov.br// O site http://www.revistafenix.pro.br/ entrou no ar em dezembro de 2004 com a perspectiva de editar um periódico ágil, universal e gratuito na divulgação e no acesso, aliás, características inerentes às revistas eletrônicas e à própria internet.
LANÇAMENTO DE LIVROS:
O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro convida para o lançamento dos livros "Imagens da Revolução" e "O Golpe de 1964 e o Regime Militar". Haverá palestra dos professores João Roberto Martins (UFSCar) e Daniel Aarão Reis (UFF). Terça-feira, 11 de abril, 17h. Rua Amoroso Lima, 15 (ao lado da Estação do Metrô da Praça Onze).
CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS
(a) A Revista "Métis: história & cultura" está recebendo artigos temáticos para seu próximo número, cujo Dossiê é História e imagem. A data limite, por motivo de prazos editoriais, será 30 de Abril, impreterivelmente. Luiza Horn Iotti, Editora lhiotti@ucs.br
Acesse a página Editora, no site http://www.ucs.br/ para conhecer as normas editoriais da revista Métis.
(b) Cena Internacional é uma publicação semestral do Instituto de Relações Internacionais (IREL, UnB), dedicada ao debate sobre as relações internacionais e sobre os desafios da inserção internacional do Brasil. Os artigos publicados em Cena Internacional estão disponíveis em formato PDF no RelNet - Site Brasileiro de Referência em Relações Internacionais http://www.relnet.com.br/. As propostas de publicação para o próximo número (1/2006) serão aceitas até o dia 31 de maio próximo. Clique aqui para acessar chamada para publicação.
(c) A revista Brathair (ISSN: 1519-9053, http://www.brathair.com/) está convocando os pesquisadores e interessados para participarem de seus próximos dossiês (Assentamentos na paisagem; Mitologia medieval; Os bárbaros e as sociedades mediterrâneas). O periódico vem servindo como importante referencial para a consolidação dos estudos Celtas e Germânicos no Brasil, englobando pesquisas desenvolvidas nas mais diversas áreas das ciências humanas (Arqueologia, História, Literatura, Filologia, etc.).
São aceitas propostas em língua espanhola, portuguesa, inglesa, francesa e alemã. As propostas devem estar rigorosamente dentro das normas editoriais da revista (consultar http://www.brathair.com/).
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