Número 046 - nova fase
1. Há um belo trabalho de preservação sendo realizado em alguns municípios mineiros. Em Rio Acima, a estação ferroviária, toda preservada e restaurada, abriga hoje um espaço cultural, com a biblioteca pública do município e promove eventos. Foi lá que fizemos uma palestra sábado passado e uma manhã de autógrafos do livro Historia de Minas Gerais. Mais abaixo você verá a foto da Casa do agente da estação, que atualmente, também restaurada, abriga a Câmara Municipal. Temos também algumas fotos do evento de sábado.
2. A gente sempre pensa que já viu tudo neste mundo. Mas sempre somos surpreendidos pela incrível capacidade humana de escrever bobagens. Não é que alguns “economistas” do IPEA resolveram criar uma teoria fantástica para a nossa economia? De acordo com os dois luminares da ciência econômica, o problema do Brasil é – PASMEM!!! – os “enormes” gastos sociais!!!! E a recomendação expressa: que o próximo governo trate de limitar o gasto social sob pena de o Brasil entrar pelo cano!!!
Leiam a crítica de José de Castro ao artigo dos “economistas” do IPEA, no blog da minha amiga Cristina, postado no dia 22: http://www.tamoscomraiva.blogger.com.br/
3. Lamentável? Deplorável? Crime? Não há como qualificar o que aconteceu no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Vejam a noticia:
Mais um roubo no acervo histórico do Rio de Janeiro. Folha de São Paulo, 22/6/2006
Rio perde parte de seu arquivo históricoNo maior furto desse tipo no país, criminosos passaram, durante o feriado, por sete portas trancadas sem arrombá-lasForam levadas cerca de 2.000 fotos da cidade no início do século 20, além de cartões-postais, gravuras e coleções inteiras de revistas
LUIZ FERNANDO VIANNA - TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro sofreu, durante o feriado de Corpus Christi, o maior ataque a acervos documentais do país. Depois de passar por sete portas trancadas a cadeado, sem arrombá-las, ladrões furtaram cerca de 2.000 fotografias, cartões-postais, gravuras, coleções inteiras de revistas, livros raros e mapas. A instituição foi criada em 1567 e detém todos os documentos oficiais sobre o Rio.
O crime foi descoberto na segunda-feira, quando um visitante solicitou uma foto de Augusto Malta (1864-1957) e ela não foi encontrada.Só de Malta, fotógrafo oficial da prefeitura entre 1903 e 1936, foram levados 19 álbuns e várias fotos avulsas. Os álbuns contêm entre 50 e cem fotos cada um. As avulsas foram retiradas das jaquetas (capas protetoras), pois os ladrões não quiseram levar as pastas inteiras.
Das 15 mil fotos de Malta que pertencem ao Arquivo, apenas 2.200 foram digitalizadas. Impedidos pelos peritos da Polícia Federal de entrar nos depósitos, funcionários temiam ontem que negativos em vidro também tivessem sido furtados, o que inviabilizaria a produção de novas cópias.Ainda foram levados cerca de 2.000 cartões-postais com imagens de várias épocas do Rio. Eles ficavam no segundo andar, no depósito de iconografia, o mais dilapidado.
Do setor ainda levaram fotos de Marc Ferrez (1843-1923); uma coleção de 87 gravuras de Debret (1768-1848); todas as 38 imagens feitas com estereoscópios -instrumentos semelhantes a binóculos; e mapas que registram as mudanças na fisionomia do Rio.
No terceiro andar, onde fica a biblioteca, os ladrões furtaram coleções da "Revista Ilustrada", editada entre 1876 e 1898, e da "Revista da Semana" (1900-1962). Entre outros livros, levaram um raro "Almanaque Laemmert", do século 19.
Para a polícia, os criminosos sabiam o que queriam e fizeram o serviço com calma. Eles deverão revender as peças furtadas a colecionadores. Escolheram o feriado, quando o Arquivo ficou fechado por quatro dias. Como as chaves ficam na sala da diretoria, devem ter conseguido cópias.
4. A crônica de Lula Miranda, da Agência Carta Maior, é muito pertinente.
A extinção do conhecimento
A cada geração que passa, verifica-se uma progressiva desvalorização do saber.
Lula Miranda
Admito que talvez haja um certo exagero no título dessa crônica. Talvez, por enquanto, ainda haja mesmo um certo exagero, sim. Mas apenas por enquanto – poder-se-ia dizer de modo previdente e sensato. Talvez ainda – frise-se o ainda – se possa falar que isso que vivenciamos e experimentamos hoje é “somente” uma desvalorização do conhecimento. Tudo bem. Mas, e aí está o risco, todo processo de extinção principia com a desvalorização, descaso ou descuido para com determinada coisa, valor ou espécie. Não é fato?
“Mas o conhecimento, o saber, não se extinguirá nunca!” – exclamaria indignado você, leitor exigente e arguto. Sim, talvez você esteja correto, mas a minha preocupação de fato, daí talvez haver um calculado “exagero” nessa minha assertiva, é a de que o acesso ao conhecimento torne-se algo cada vez mais raro, difícil, restrito e de interesse tão-somente de uns poucos “eleitos”, “iniciados” ou membros de certas seitas, confrarias ou castas – o que, de certo modo, já ocorre hoje. Tenho medo de que o saber torne-se algo exclusivo de sacerdotes e a cultura alvo de interesse só de antropólogos, arqueólogos ou “paleontólogos”. Entende o que digo?
A cada geração que passa, verifica-se uma progressiva desvalorização do saber. A minha geração, por exemplo, há uns vinte e poucos anos, já era criticada por ser “alienada”, por interessar-se pouco por livros, pelas coisas da arte e da cultura e pela observação e discussão dos acontecimentos à volta. Isso já ocorria com a minha geração, que é a dos indivíduos que eram adolescentes na década de 1970, e certamente aconteceu com gerações anteriores à minha. Imagine então se analisarmos as gerações que estão surgindo agora – e as que ainda estão por vir! Um desastre!
No ano passado, visitando a casa de um sobrinho de uns 28 anos, que morava à época com mais dois jovens da sua geração, pude observar que aquela casa, por ser a casa de jovens de classe média, tinha de tudo em termos de eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos sofisticados, mas, pequeno detalhe, não tinha livros. Nem um sequer.
De uns anos pra cá, entrevistando jovens candidatos a vagas de estágio na Fundação em que trabalho, sempre lhes pergunto sobre seus hábitos de leitura e fico estarrecido ao constatar que hoje ele praticamente inexiste entre os jovens. A resposta, da quase totalidade dos entrevistados, sobre quantos livros leu nesse ano ou no ano anterior é elucidativa: ZERO. Os jovens hoje simplesmente não lêem! Só a título de curiosidade, vai aqui mais uma informação, a média per capita de consumo anual de livros no Brasil é de menos de 2 por habitante – incluindo-se aí os didáticos que são distribuídos pelo Governo. É mole, não!?
No livro “Farenheite 451” de Ray Bradbury, uma obra de ficção publicada em 1953 (adaptada para o cinema em 1966 por François Truffaut), temos o exemplo de uma sociedade totalitária em que a leitura era considerada um crime e, por isso, todos os livros eram incinerados – daí o título do livro que alude à temperatura em que o papel entra em combustão. Nesse contexto, e como uma forma de resistência, surgem os homens-livro, espécie de eremitas ou “marginais” que viviam isolados, refugiados nos campos a recitar trechos de livros, e até mesmo obras inteiras, em longas caminhadas, à semelhança dos passeios peripatéticos de Aristóteles e dos epicuristas.
Sabe-se, decerto, que o conhecimento não está presente somente nos livros, que o preço dos livros estão proibitivos e que ainda faltam bibliotecas públicas em muitas cidades etc. e etc., mas isso não justifica tamanha inapetência para a leitura. Sabe-se também que há outras formas de difusão do saber, sim, novas tecnologias – como a internet. E outras, nem tão novas assim, como a TV. Mas será que essas tecnologias estão sendo utilizadas verdadeiramente como instrumentos de difusão e democratização do conhecimento? Mais ainda: será que essas novas tecnologias estão ao alcance de todos? Ou será que estamos caminhando para uma sociedade como a descrita na instigante, virtuosa e antológica ficção de Bradbury, onde os homens apartados do conhecimento eram presas frágeis e indefesas da manipulação e dominação totalitárias? Será que o homem do futuro, o jovem de hoje, pode realmente prescindir, como pensa, do saber que repousa nos livros e na tradição?
Já pensou que espécie de médicos, engenheiros, advogados, políticos, psicólogos, jornalistas estão sendo formados hoje? Já pensou que tipo de professor que estamos formando hoje!? Veja bem, justo os professores que são, ou pelos deveriam ser, como outrora já o foram, os “mestres” ?Já pensou o tipo de sociedade que estamos construindo?
N.A – Texto extraído do livro “Balão de Ensaios – poesia e engajamento”.
Câmara Municipal de Rio Acima, instalada na antiga Casa do Agente da Estação Ferroviária
Falam amigos e amigas
Minha conterrânea Ana Vargas me enviou este artigo, que saiu na Revista O Berro. Não sei se vocês se recordam, mas em edições anteriores deste Boletim eu havia expressado meu espanto e indignação com relação à atitude do senador Arthur Virgilio (PSDB) e do deputado-mirim ACM neto (PFL) que ameaçaram dar uma surra no presidente da República. A fala dos dois, amplamente noticiada pela grande imprensa, havia me deixado estarrecido, pois não entendo como alguém, investido de poder, pode atacar o supremo mandatário da Nação que, além de eleito pela esmagadora maioria dos eleitores, é também o comandante supremo das Forças Armadas.
Fiquei ainda mais surpreso porque, na ocasião em que ocorreu o episódio, não vi ninguém se manifestando contra a atitude dos dois “nobres colegas”. Parece que, finalmente, alguém abordou com propriedade essa questão. Leiam o artigo, é imperdível!!!
Democracia ameaçada
Eduardo Guimarães
Provavelmente meus politizados leitores devem ter lido na "Agência Carta Maior" a entrevista do professor de Direito Constitucional da PUC-SP, Pedro Estevam Serrano, e de Gabriel Cohn, professor do Departamento de Ciências Políticas da USP (quem não leu, pode clicar aqui para ler). O título da matéria é "Ataques pessoais contra Lula revelam desprezo pela Política". De qualquer forma, quero tecer considerações sobre o que li, porque a entrevista só veio a confirmar preocupações que vêm me assaltando já faz pelo menos um ano.
A idéia-força dos acadêmicos, é a seguinte: "Os ataques e agressões pessoais desferidas contra presidente da República representam atentado contra instituições democráticas e manifestam desprezo pela representação popular". As posições dos dois professores precisam ser lidas por quem compreende o que está acontecendo no Brasil e sabe que o levante da direita não se encerrará com a reeleição do presidente Lula. Eles manifestam uma preocupação que acredito que já nos passou pela cabeça no decorrer do último um ano e tanto, de que a direita brasileira e sua tropa de choque midiática não pretendem aceitar a vontade da população a ser expressada nas urnas em outubro. Os acadêmicos, inclusive, deixam ver preocupação de que a direita continuará tentando derrubar o governo depois de uma sua eventual reeleição, mas parecem acreditar ser possível ponderar com a direita tucano-pefelista e com os meios de comunicação que dão suporte e consistência aos ataques ao governo Lula acenando com o risco de um "aventureiro" se valer do descrédito nas instituições que a oposição e a mídia estão gerando para se instalar no poder acima dessas instituições e dos partidos políticos.
Acredito numa certa dose de inocência dos professores da PUC-SP e da USP. É óbvio que o que pretende Antonio Carlos Magalhães ao chamar Lula de ladrão, o que pretende o candidato a vice-presidente na chapa de Alckmin ao chamar Lula de beberrão e preguiçoso, o que pretende um Arthur Virgílio ao dizer que pretende surrar (fisicamente) o presidente da República, o que pretende Alckmin ao chamar Lula de burro não é seduzirem a população nem, muito menos, trilharem o caminho democrático para retomarem o poder. Aliás, ACM, há poucos dias, conclamou os militares a um golpe de Estado. Claramente, sem dissimular. A ousadia, a voz grossa da oposição e da mídia quando insultam o presidente da República, ministros do Supremo Tribunal Federal dos quais discordam e tantas outras autoridades, parece-me muito mais o prenúncio de intenções golpistas. Estamos falando inclusive de gente que já participou de golpes militares...
Estou preocupado com meu país por razões que os professores Serrano e Cohn também manifestaram. Somos uma democracia jovem e a população está sendo induzida a descrer do processo democrático. Todos sabem quantos neste país dizem só ver "solução" na volta da ditadura. A mídia nacional inclusive já patrocinou um golpe de Estado e uma ditadura que durou vinte anos. E, apesar disso, vejo o presidente da República livre, leve, solto e sorridente. Confiante. É só pose? Saberá ele que num país como este, ainda em processo de civilização, não basta ter votos para se manter no poder? Será que seu partido, seus ministros, seus juristas, seus cientistas políticos não acreditam num retrocesso democrático?
Quando leio os insultos ao presidente da República diariamente nos jornais, quando vejo um jogador de futebol (ser manipulado pela mídia a responder com um insulto a uma simples pergunta do presidente sobre suas condições físicas), quando vejo um senador da República ameaçar o chefe da nação de agredi-lo fisicamente, quando vejo outro senador chamar Lula de "ladrão" sem prova nenhuma, sem que nada, absolutamente nada tenha sido apurado contra ele que justifique - se é que justificaria - um ataque dessa monta, fico me perguntando até onde essa gente pretende ir.
Segundo os acadêmicos Serrano e Cohn, no entanto, há preceitos constitucionais que protegem a República de ataques desse jaez. Haveria possibilidade de responsabilizar os partidos de oposição pelo processo de agressão às instituições em curso. Se for assim, creio que não se deve esperar o término da campanha eleitoral para tomar medidas. Esses enfrentamentos de botequim da oposição e da mídia estão solapando a democracia. Este país está arriscando a longa jornada que iniciou depois de duas décadas de regime militar e de cerca de um século de vida republicana, período durante o qual poucas vezes a normalidade institucional foi mantida. Por isso penso que, amparados na Constituição Federal, os Poderes Executivo e Judiciário devem, no mínimo, tentar incutir bom senso no Poder Legislativo, nos partidos de oposição e na mídia. Se isso não der certo alguma providência mais séria deve ser tomada, se a Lei assim permitir.
2. Você leu a entrevista do governador Cláudio Lembo à revista Carta Capital? Não??? Está perdendo um texto interessantíssimo!!! Nunca pensei que iria elogiar, algum dia, idéias vindas de um pefelista, mas tenho de dar a mão à palmatória. Você pode também ouvir pedaços da entrevista no site da revista: www.cartacapital.com.br, mas vale a pena comprar a revista para ler na íntegra, e guardar!!! Só uma resposta dele para dar um gostinho:
“A nossa minoria branca fecha-se em torres de marfim. Agora, por exemplo, descobriu a responsabilidade social. O que ela gasta nos seus impressos sobre responsabilidade social salvaria todas as crianças pobres do Brasil. A minoria branca precisa parar de ser cínica, ela tem de ser realista, abrir os olhos e deixar de ser hipócrita. E não fazer fundações para os seus filhos.”
Compondo a mesa, da esquerda para a direita: a representante da Secretaria de Educação de Rio Acima, a Secretária de Educação de Raposos, a Secretária de Cultura de Rio Acima e a professora Helena
Internacional
1. O alerta vem de uma autoridade norte-americana. Jeffrey Sachs é diretor do Instituto Terra, da Universidade Columbia e do Projeto Millenium das Nações Unidas.
Leia na Revista Scientific American edição brasileira:
Danos ecológicos das atividades econômicas podem definir um futuro de guerras - http://www2.uol.com.br/sciam/conteudo/editorial/editorial_33.html
2. Mais uma crítica à globalização. A Revista Istoé traz reportagem de Milton Gamez e Osmar Freitas Jr.
A economia global vai bem e o povo vai mal
O que dizer de um sistema econômicoque aumentou a riqueza e diminuiu oemprego? As dores da globalização atingem também os países mais ricos
Por Milton Gamez e Osmar Freitas Jr. – Nova York
Se estivesse vivo e assistisse à atual Copa do Mundo da Alemanha, o general Emílio Garrastazu Médici poderia repetir a célebre frase que disse nos anos 1970. Naquela época, o Brasil sagrou-se tricampeão mundial de futebol e viveu um período de bonança conhecido como “milagre econômico”. O ditador brasileiro resumiu como poucos a disparidade entre os números positivos e a vida da população: “A economia vai bem e o povo vai mal.” Hoje, o mesmo acontece não só na Alemanha, onde a taxa de desemprego é de 11%, mas em vários países europeus e americanos, inclusive Estados Unidos e Brasil.
A globalização gerou riqueza e prosperidade nos últimos anos, mas também eliminou empregos e aumentou a distância entre ricos e pobres. Somente em Berlim, o desemprego aflige 17,4% da população, o que cria um contraste difícil de esconder mesmo durante a festa da Copa. Na capital alemã, a pobreza de uma grande parte dos moradores é visível para os milhões de turistas que foram para lá acompanhar o mundial. É um fenômeno que marca a União Européia, onde a taxa média de desocupados chega a 8%. Esses índices são altos na Itália (7,7%), na França (9,3%), na Bélgica (12%) e na Espanha (8,3%). Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos, país que mais se beneficiou da globalização, sofre com um desemprego historicamente elevado: 4,6%.
O aumento da desigualdade social na economia mais poderosa da Terra foi retratado na semana passada pela bíblia liberal do capitalismo, a revista inglesa The Economist. “Se as coisas continuarem assim por muito tempo, nós iremos acabar como o Brasil, um país notório por sua concentração de renda e riqueza”, afirmou uma fonte da publicação nos Estados Unidos. Por aqui, enquanto torce pelo hexacampeonato mundial, o povo também sofre pela busca de trabalho. Segundo a pesquisa Dieese/Seade, na região metropolitana de São Paulo a taxa de desemprego estava em 16,9% em abril – o dobro dos 8,5% registrados em abril de 1987. Mas afinal, onde é que foram parar os empregos do mundo? Provavelmente, na China ou na Índia, grandes beneficiários do processo atual de globalização.
A história do americano Larry Berwind,31 anos, é um bom exemplo do que está acontecendo no mundo. Em 2001, esse nova-iorquino formado na prestigiada Universidade de Stanford perdeu seu emprego de autor de programas de computador numa empresa da Califórnia. Ele ganhava US$ 4.500 mensais, além de planos de saúde e de aposentadoria. Revoltado, Larry resolveu localizar o paradeiro de seu cargo e embarcou numa peregrinação pelas tortuosas vias da globalização. Descobriu, primeiro, que sua função havia sido exportada para a Índia, onde a companhia contratou um programador de Mumbai (ex-Bombaim) chamado Kalamesh Pandya, 38 anos. Pai de quatro filhos, Kalamesh recebia US$ 250 por mês para fazer o mesmo trabalho, sem nenhum benefício social.
Seis meses atrás, Larry foi visitar o indiano pessoalmente. A surpresa: o próprio Kalamesh já havia sido mandado embora. Sua função fora repassada para uma jovem mulher chinesa, de Xangai, por uma fração do valor – como profetizou Karl Marx, a história acontece duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como farsa. Hoje, Larry ganha a vida como consultor free lancer de informática e está escrevendo um livro, chamado provisoriamente de Onde no mundo está meu emprego?. Com o adiantamento que recebeu da editora, ele financia as viagens em busca dos novos donos de seu antigo cargo. “A globalização serve apenas a um consórcio de homens de negócio, a elite do capital financeiro, que não tem pátria”, reclamou a ISTOÉ.
Na pauta do Congresso dos Estados Unidos, não há, atualmente, um único item que procure proteger uma das marcas registradas do chamado “american way of life”: o emprego. Entre os anos 2000 e 2003 foram perdidos três milhões de vagas no setor manufatureiro do país. De lá para cá, não houve recuperação digna de nota. O número de trabalhadores nesta área mantém-se em 14,3 milhões – menor patamar desde 1950. O déficit da balança comercial de manufaturados foi a US$ 105 bilhões ao final de 2005. “A relação entre o déficit comercial de produtos manufaturados e a perda de empregos no setor é óbvia: as importações diminuem a demanda de trabalho”, explica o economista Josh Bivens, do respeitado Economic Policy Institute. O quadro se torna mais preocupante para os trabalhadores americanos quando se intensificam as exportações de empregos na área de serviços – muitas empresas contratam companhias na Índia, onde o inglês é o segundo idioma mais falado, para atender chamadas de consumidores americanos em seus call centers.
O mundo já viveu vários momentos de globalização ao longo da história. Nos anos 50, depois da Segunda Guerra Mundial, o Japão e a Itália eram vistos como grandes ameaças ao emprego nos demais países que começaram a importar seus produtos. Porém, naquela época o crescimento das economias compensava com folga os impactos negativos. “O problema atual é que o crescimento nos países industrializados está muito baixo”, diz Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e ex-secretário-geral da UNCTAD, órgão das Nações Unidas para o comércio e o desenvolvimento. “Fica mais difícil absorver as dores da globalização.” Para Ricupero, esse fenômeno pode se agravar, pois a oferta de mão-de-obra da China é inesgotável. “A tensão comercial entre os países tende a aumentar”, prevê.
17,4% é o índice de desemprego em Berlim. Média na Europa chega a 8%
Panorama da palestra feita no interior da antiga Estação Ferroviária de Rio Acima, hoje transformada em Casa de Cultura
Brasil
Os comentários de Marco Aurélio Weissheimer (da Agência Carta Maior) ao livro “Leituras da crise – diálogos sobre o PT, a democracia brasileira e o socialismo” indicam que ler este livro é tarefa obrigatória. Uma pequena síntese das idéias lá expressadas por quatro pessoas tão diferentes quanto Marilena Chauí, João Pedro Stédile, Leonardo Boff e Wanderley Guilherme dos Santos pode ser vista no artigo a seguir. Em seguida, a notícia que faz antever que uma nova pizza está sendo preparada no Congresso. Desta vez, envolvendo os sanguessugas.
1. A crise política e quatro possíveis lições
Marilena Chauí, Wanderley Guilherme dos Santos, João Pedro Stédile e Leonardo Boff conversaram com Juarez Guimarães sobre origens da crise e seus desdobramentos. Livro lançado pela Fundação Perseu Abramo debate caminhos para superação da crise política, e para evitar repetição de velhos erros.
Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior
A crise política que atingiu o PT e o governo Lula em 2005 já foi objeto de muitos artigos, matérias, teses e hipóteses. O maior partido da esquerda brasileiro atravessou o inferno astral de sua existência e ainda está em fase de elaboração sobre o que aconteceu. Há um consenso, entre todos aqueles que pretendem tirar lições da crise, que não é possível fingir que não aconteceu o que aconteceu e que, portanto, deve-se refletir e tentar investigar suas causas mais profundas. Uma boa contribuição neste sentido é o livro “Leituras da Crise – Diálogos sobre o PT, a democracia brasileira e o socialismo”, uma coletânea de entrevistas publicada pela Fundação Perseu Abramo e coordenada por Juarez Guimarães, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e editor do boletim eletrônico mensal “Periscópio”, da Perseu Abramo.
Guimarães escolheu quatro entrevistados para falar sobre a crise política: Marilena Chauí, professora da Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), João Pedro Stédile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Wanderley Guilherme dos Santos, professor titular de Teoria Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Leonardo Boff, escritor, e um dos principais nomes da Teologia da Libertação. São quatro olhares diferentes sobre a crise. Diferentes porque partem de lugares distintos e procuram lançar alguma luz sobre aspectos distintos da mesma. Na avaliação de Juarez Guimarães, o livro fornece talvez “a melhor reflexão pública que se produziu sobre a crise vivida pela democracia brasileira em 2005 e os caminhos para superá-la. Defendendo que “a inteligência crítica é companheira inseparável da esperança”, Guimarães acredita que o livro representa um instrumento valioso para pensar sobre o que aconteceu e para evitar que velhos erros se repitam.Cada um dos entrevistados procura extrair lições da crise. Em cada uma das quatro análises há pelo menos um importante ensinamento sobre o que aconteceu se seus desdobramentos no presente. “A sociedade brasileira vive uma crise de destino, uma crise de projeto. Não basta o governo ficar respondendo se há ou não corrupção. O que é importante é o governo recuperar o debate na sociedade sobre a necessidade de um novo modelo econômico para o país”, defende João Pedro Stédile. “O PT está no meio da parte mais substancial da problemática do país no curto e médio prazo. “Qual é a versão que o principal partido da mudança no Brasil, que se chama Partido dos Trabalhadores, tem a respeito de si próprio nas suas relações com o mundo privado?”, interroga Wanderley Guilherme Guimarães. “Não pode existir uma ética petista própria e separada de uma construção democrática e republicana das instituições brasileiras”, sustenta Marilena Chauí. “Vale a pena investir esperança no resgate do PT, bebendo do capital de esperança que não se esgota no PT e, por isso, não deixa que a crise vire uma tragédia”, propõe Leonardo Boff.
ORIGENS DA CRISE: VOLTANDO A 1989
Para João Pedro Stédile, as origens da crise remontam a 1989, quando Lula foi derrotado por Collor de Mello nas eleições presidenciais. “A eleição de 1989 é enigmática por que só agora compreendemos que ali decidimos um momento da nossa história e a nossa derrota política produziu um descenso do movimento de massas que tem reflexos até hoje”. Outro efeito daquela derrota foi uma profunda mudança dentro do PT que, a partir das eleições seguintes, adotaria sucessivas flexibilizações táticas e programáticas. Stédile descreve do seguinte modo o ápice deste processo: “Nas eleições de 2002 tivemos um problema do ponto de vista das esquerdas, já que o controle da campanha eleitoral de Lula foi hegemonizado por uma visão de ganhar as eleições a qualquer preço, e para isso se priorizaram as formas de marketing político, todo tipo de aliança partidária eleitoral, e não se priorizou – até se desdenhou – um debate com a sociedade brasileira sobre que projeto alternativo teríamos necessidade de discutir para colocar no lugar do neoliberalismo”.
O resultado disso, acrescenta, foi que “ganhamos as eleições, mas ganhamos num quadro de disputa eleitoral rebaixado politicamente, em que não houve um debate do projeto”. Em um primeiro momento, observa ainda Stédile, dizia-se que a manutenção das políticas neoliberais era transitória. Mas após alguns meses “percebemos que aquela política não era transitória, mas que havia uma decisão de manter uma política econômica neoliberal”. A partir dessa avaliação, Stédile considera que a verdadeira natureza da crise política não está no terreno da ética. “Era, na verdade, uma disputa que se estava travando entre as classes dominantes brasileiras que tentavam transformar o governo Lula em refém das políticas neoliberais”. E acrescenta: “não basta o governo ficar respondendo se há ou não corrupção – isso é secundário nesta altura da luta de classes. O que é importante é o governo recuperar o debate na sociedade sobre a necessidade de um novo modelo econômico para o país”.
Mas o coordenador do MST também vê elementos mais profundos entre os fatores causadores da crise política. “A sociedade brasileira vive uma crise de destino, uma crise de projeto”. Para Stédile, a crise é econômica, política e de valores. “A economia brasileira não está crescendo, nem mesmo do ponto de vista capitalista; a economia brasileira não está produzindo a solução para as necessidades do povo brasileiro” (...). “Há uma crise das práticas políticas dos partidos, em especial os de esquerda – nem vou falar dos da direita porque eles não refletem nem a vontade da classe dominante. E há uma crise ideológica na sociedade brasileira, não naquele sentido de utopias, mas no sentido de que as pessoas não se mobilizam mais em torno de valores, as pessoas estão lutando pela sobrevivência, e isso afeta o povo, na base, os militantes e os dirigentes. Essa crise ideológica de valores talvez seja uma das conseqüências mais graves do neoliberalismo”, diagnostica.
LUTA NUA E CRUA PELO PODER
Na avaliação do professor Wanderley Guilherme dos Santos, a crise traduziu-se, essencialmente, em uma disputa pelo poder político sem guardar relação com uma suposta disputa entre grupos econômicos do país. “É um dos casos raros em que se vê a luta nua e crua pelo poder, estritamente pelo poder. Subsidiariamente, é evidente que não havia nenhum interesse econômico envolvido nesta tentativa, tanto assim que em nenhum momento esse movimento estritamente político contou com a aprovação pública, irrestrita ou explícita de nenhum segmento da economia brasileira. Este foi um movimento estritamente de partidos fora do poder”, defende. Segundo ele, que houve foi “um caso estritamente de tentativa de golpe por parte de forças políticas fora do poder”. “Ambição de poder clara, somente isso”, resume. Os principais setores econômicos, reforça, mantiveram-se totalmente neutros em relação ao que estava ocorrendo.
Ele critica o comportamento dos dois maiores partidos de oposição, PSDB e PFL, e fala da existência de uma “retórica da jagunçagem”. “A linguagem política atual recorda os tempos da Primeira República, em que os verbos, as imagens, as analogias eram muito fortes”. E faz um paralelo sobre o comportamento do PT durante o governo FHC e o da oposição agora no governo Lula. “O PT, quando na oposição dizia ‘Fora FHC’, não só não tinha força como não tinha legitimidade para pedir aquilo, não teve mandato para fazer aquele pedido. Outra coisa é quando um PSDB, um PFL se juntam no Parlamento para acusar o presidente de atos ilícitos sem nenhuma evidência concreta. Esses dois partidos não podem se permitir essa leviandade porque têm um mandato muito comprometido com uma parte expressiva da opinião pública. Então, é precisamente porque se trata de partidos com expressão séria na sociedade brasileira que não podem se permitir esse tipo de política de baixo nível”.
Wanderley Guilherme dos Santos concorda com a idéia de que a eclosão da crise pode ser positiva para a democracia brasileira, mas questiona o encaminhamento da mesma, que pode resultar em nada, do ponto de vista do aperfeiçoamento institucional no país. “O que é surpreendente não é o fato de que tenham sido descobertos estes casos – e mais serão. O fato é que, tendo em vista o encaminhamento que as oposições têm dado à questão, estritamente partidário-eleitoral, tem impedido uma avaliação e um aprofundamento muito mais sério do problema real da corrupção, de que não escapa o PT, de que não escapam todos os partidos”. Ou seja, após meses de grande exposição midiática, como ficou mesmo o encaminhamento dos temas relacionados às causas históricas da corrupção? Em que avançou a proposta da reforma política? Há alguma possibilidade de essa reforma sair da gaveta no início do próximo governo?
O PT, ator central da crise política, tem algo a dizer sobre essas perguntas. Se não disser nada, terá sucumbido à crise. Para Wanderley Guilherme dos Santos, o partido está no meio da parte mais substancial da problemática do país no curto e médio prazo. “Qual é a versão que o principal partido da mudança no Brasil, que se chama Partido dos Trabalhadores, tem a respeito de si próprio nas suas relações com o mundo privado? Quando é que esta discussão vai ser feita de uma maneira não-mitológica, não-analógica, não metafórica e abertamente? Quando vai ser possível? Quando o partido vai fazer isso?”. O cientista político vê um problema de identidade programática a ser resolvido no PT. “Não é possível ter simultaneamente, fazendo parte do mesmo partido, a opinião de socialistas, religiosos e pragmáticos do crescimento econômico de qualquer maneira. E a verdade é que o PT está convivendo com isso e não tem tido coragem de enfrentar este problema”.
NÃO EXISTE UMA ÉTICA PETISTA
As relações dos partidos políticos com a esfera privada também são apontadas por Marilena Chauí, professora da Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), como um dos principais temas a serem enfrentados no debate sobre as raízes da corrupção. “Esta só acontece quando a fraqueza das instituições ou sua má qualidade permite a privatização do que é público. Uma ética pública só é possível pela boa qualidade das instituições públicas”, defende Chauí. E, neste contexto, ela toca num ponto que atravessa a história da esquerda. Indagada por Juarez Guimarães sobre a possibilidade de existência de “duas éticas”, uma da esquerda e outra da direita (“a moral deles e a nossa”), ela responde negativamente. “Não pode existir uma ética petista própria e separada de uma construção democrática e republicana das instituições brasileiras”. Essa é uma questão polêmica e que costuma não ser enfrentada abertamente.
Durante a crise, de modo mais ou menos explícito, algumas vozes dentro do PT reivindicaram uma postura realista ao defender que não é possível vencer o adversário sem se utilizar de suas armas, como o caixa-dois, por exemplo. Uma das perguntas que se coloca, então, para os defensores dessa tese é: e que medida, ao se utilizar das “armas dos adversários”, você não se iguala a ele? O que garantiria uma espécie de imunidade ética nesta compreensão da relação entre meios e fins? Para Marilena Chauí, o PT tem um problema a resolver aí. “O PT interiorizou a idéia de ética ‘na’ política (isto é, a presença, na política, de virtudes e vícios dos indivíduos), em lugar de compreender que se trata de uma ética ‘da’ política”. Ela explicita a diferença entre esses dois modelos de construção através de uma pergunta: “Que qualidade das instituições públicas garantem a existência e a prática de uma ética pública, tanto partidária quanto governamental?”.
Do ponto de vista das causas internas da crise que atingiu o PT, Chauí destaca a “transformação gradual do PT num partido de massas que passou a dar prioridade às eleições e a privilegiar, entre seus quadros, os políticos profissionais”. Neste processo, acrescenta, os movimentos sociais e populares passaram a ter um lugar subalterno na vida partidária e as lutas sociais tornaram-se menos importantes do que as vitórias eleitorais. “Como conseqüência, a formação de quadros partidários deixou de ser feita na e pela luta social e a organização partidária deixou de ser conduzida, renovada e combativa porque nela perderam espaço exatamente os agentes da ação democrática”. Esse fator, prossegue Chauí, “levou ao crescimento indiscriminado do partido, com filiados sem uma história política de esquerda e sem vínculos com os movimentos sociais e populares, interessados em vantagens eleitorais e em cargos no aparelho de Estado”.
TUDO O QUE É SADIO PODE FICAR DOENTE
Diagnóstico similar é feito pelo escritor Leonardo Boff que traça um paralelo entre o que aconteceu no PT e o processo de burocratização da Igreja Católica. A hierarquia da Igreja, segundo Boff, “dogmatizou a história e assim sepultou a força estruturante dos ideais originários que apontam para formas participativas de poder, como comunhão de pessoas, como serviço comunitário, e não como centralização em poucas pessoas”. No PT, de uma maneira semelhante, acrescenta, “grupos do partido, especialmente da direção, identificaram o sonho Brasil-diferente com o projeto do PT, como se o partido tivesse o monopólio da representação e dos meios para realizá-lo”. “Esses estratos se burocratizaram, impediram a emergência da crítica interna e criaram obstáculos à criatividade que vinha dos ideais originários”, diz ainda Boff. Apesar disso, ele defende que vale a pena investir no resgate do PT e na defesa de seu patrimônio de 25 anos de lutas.
“Tudo o que é sadio pode ficar doente”, defende Boff. “Essa doença não é mortal. Ela pode ser curada especialmente a partir da parte sã. Assim, vale a pena investir esperança no resgate do PT, bebendo do capital de esperança que não se esgota no PT e, por isso, não deixa que a crise vire uma tragédia. A parte sã vai curar a doente, e o organismo PT poderá continuar a desempenhar sua missão histórica de inauguração de outro tipo de política, de outra forma de inclusão do povo e de outra maneira de contribuir para uma globalização menos vitimatória da grande maioria da humanidade”. A esperança expressa por Boff depende de vários fatores para se tornar realidade. Uma delas é que as origens e desdobramentos da crise não sejam varridos para debaixo do tapete e esquecidos lá para sempre. O livro “Leituras da Crise” fornece elementos suficientes para refletir sobre o que aconteceu. Para quem recusa a via do tapete, é uma leitura obrigatória.
2. Alguém duvida de que uma nova pizza será assada no douto Congresso Nacional?
Olha isso:
Três deputados acusados por Maria da Penha Lino, ex-servidora do Ministério da Saúde, de integrar direta ou indiretamente o esquema de vendas de ambulâncias superfaturadas para prefeituras foram indicados ontem para integrar a CPI dos Sanguessugas, que pode ser instalada hoje no Congresso. Mario Negromonte (BA), líder do PP, Benedito de Lira (PP-AL) e Inaldo Leitão (PL-PB) constam entre os 36 titulares da comissão.
O líder do PL, Luciano Castro (RR), também citado no depoimento da ex-servidora, disse ao jornal Folha de S.Paulo que indicou Inaldo Leitão porque o deputado assegurou a ele que não tem nenhum tipo de envolvimento com o esquema. O líder do PP, Mario Negromonte, afirmou que não há nada contra ele nas investigações e que não participará da CPI.
Outra suspeição que paira sobre a comissão se refere ao relator. O PMDB do Senado não abre mão de indicar o cargo, já que possui a maior bancada na Casa. Os integrantes teriam de ser indicados por Ney Suassuna (PB), líder do partido e que teve dois assessores presos na operação da PF, mas ele se nega. "É a minha obrigação indicar, mas vou me abster". (do portal Terra)
Manhã de autógrafos do livro História de Minas Gerais em Rio Acima
Nuestra America
Dois artigos de Emir Sader, da Agência Carta Maior, apresentam seu ponto de vista sobre a situação boliviana e sobre as eleições mexicanas.
1. O pós-neoliberalismo da nova Bolívia
Na semana passada, o governo de Evo Morales apresentou seu plano de desenvolvimento nacional. Os bolivianos votaram, pela primeira vez, em si mesmos. Elegeram um deles para dirigir coletivamente o país. E fazem, em poucos meses, o que nenhum governo fez, em séculos.
Emir Sader
Os bolivianos votaram, pela primeira vez, em si mesmos. Elegeram um deles para dirigir coletivamente o país. E fazem, em poucos meses, o que nenhum governo fez, em séculos. Nacionalizaram os hidrocarburetos, convocaram a Assembléia Constituinte para refundar o Estado boliviano, deram início à reforma agrária.
E, coerentemente com as propostas de campanha, na semana passada o governo de Evo Morales apresentou seu plano “Bolívia digna, soberana e produtiva para viver bem”, um plano de desenvolvimento nacional. Os pontos essenciais do plano são a estabilidade macro-econômica – conservando as políticas monetária e cambial – e a adoção de políticas de saúde, educação, desenvolvimento, infra-estrutura e política externa. A matriz produtiva se articula em torno dos hidrocarburetos, das minas e da biodiversidade.
As prioridades do governo boliviano são o combate à miséria – buscando reduzir de 35% a 27% a parcela da população na extrema pobreza até 2011 –, a criação de 90 mil empregos por ano – reduzindo a taxa de desemprego de 8,4% a 4% –, assim como a construção de 100 mil habitações. Em um ritmo geral de expansão da economia de 4,1% neste ano, até chegar a 7,6% no final do mandato de Evo Morales.
O objetivo do Plano é a erradicação da pobreza e toda forma de exclusão social, para que se garanta o exercício pleno da dignidade e dos direitos de todos os bolivianos. A estratégia do Plano inclui o programa “Comunidades em ação”, com uma participação “maciça, integral e sustentada, inédita”, em saúde, habitação, água potável e apoio à produção em 80 municípios, principalmente nos Estados que concentram a 67% da população de extrema pobreza – La Paz, Cochabamba, Oruro e Potosí.
Nas zonas urbanas haverá um programa, chamado “Reciprocidade e Solidariedade”, junto a um programa para jovens: “Meu primeiro emprego” e “Minha empresa”, para o fomento do desenvolvimento de iniciativas produtivas, e “Bolívia sem fome”, com subsídios para cafés da manhã e almoços escolares.Projeta-se a criação de um “Seguro Universal de Saúde” e um programa de “Desnutrição zero”, além de um novo pacto social para a refundação da educação pública, a reforma da educação superior, a alfabetização, com um programa “Eu sim, posso” – com apoio de Cuba, para atender a 1,2 milhões de bolivianos.
O plano prevê investimentos públicos, em cinco anos, de 6 bilhões e 883 milhões de dólares e 5 bilhões e 839 milhões de investimentos privados, principalmente nas minas, nos hidrocarburetos e na indústria manufatureira, incluindo as empresas estrangeiras, que se ajustarem à estratégia de desenvolvimento e às leis nacionais.
Emir Sader é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História".
2. Emir Sader
México vive sua mais importante eleição
Acreditar que seria a mesma coisa para o México que ganhe Calderon ou Lopez Obrador, seria o mesmo que dizer que os governos de FHC e de Lula são iguais, assim como dizer que os governos de Carlos Menem e de Nestor Kirchner são iguais. - 27/06/2006
Noticias
1. A Universidade Federal de Ouro Preto e as Prefeituras Municipais de Ouro Preto e Mariana, estão promovendo, de 08 a 23 de julho de 2006, o Festival de Inverno de Ouro Preto - Fórum das Artes 2006
O evento pretende revelar aspectos e problemas relacionados às cidades históricas brasileiras e apontar alternativas de preservação para essas cidades, em especial, Ouro Preto e Mariana, através do estímulo ao turismo sustentável.
Mais informações no site do evento: www.festivaldeinverno.ufop.br/2006
2. Acontecerá na Fundação Getulio Vargas, com o apóio da OEA, entre os dias 10 e 12 de julho, o workshop Sem medo da diplomacia, com a participação do embaixador Baena Soares. As vagas são limitadas e as inscrições serão feitas somente pela Internet. Público alvo: estudantes de graduação.
Mais informações no Portal do CPDOC: http://www.cpdoc.fgv.br/workshop
3. A página Estante Virtual, tem como propósito a divulgação, na íntegra, de obras produzidas pelo CPDOC não disponíveis para venda, por estarem esgotadas ou por terem sido produzidas para distribuição restrita. Novos livros foram incluídos: "Um abraço, Betinho", "Ciência, política e trajetórias sociais", "Cidadania, justiça e violência" e "Por ti, América: aventura arqueológica".
Acesse: www.cpdoc.fgv.br/producao_intelectual
4. Foi lançado o CD ROM Imagens de um presente, História e memória Urbana de Florianópolis na passagem do século XIX ao XX, através do acervo iconográfico de José Arthur Boiteux, preservado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. O CD ROM é fruto de um site de mesmo nome já em rede desde outubro de 2005. Trata-se de uma pesquisa realizada entre os anos de 2004 e 2005, financiada com recursos do programa FAPESC/CNPQ/2003, sob a coordenação da Profa. Dra Maria Teresa Santos Cunha , do Departamento de História-UDESC. Cerca de 400 fotos compõem o CD Rom e, localizadas no mapa da cidade, permitiram uma "atualização" através de fotos recentes dos mesmo locais, criando possibilidades para uma discussão sobre as mudanças no cenário urbano da cidade. O Cd rom será disponibilizado para as Escolas de Ensino Fundamental e Médio da cidade bem como para acervos , bibliotecas e museus. Para maiores informações sobre o projeto e membros da equipe acesse: www.imagensdeumpresente.udesc.br (fonte: Boletim da ANPUH)
5. Foi publicado no Dou do dia 13 de junho de 2006, o Edital para Concurso Público para professor adjunto da área de HISTÓRIA MODERNA do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As inscrições, via internet, se iniciarão em 19 de junho, estendendo-se até o dia 18 de julho de 2006. Mais informações, a partir de 19/6/2006, na página www.ufrgs.br (fonte: Boletim da ANPUH)
6. Informamos aos associados e demais interessados que a página web do XXIV Simpósio Nacional de História - História e Multidisciplinaridade: territórios e deslocamentos, a se realizar entre os dias 15 e 20 de julho de 2007, na Unisinos, em São Leopoldo - RS, irá ao ar no início do mês de agosto próximo. Contudo, informações sobre o evento podem ser obtidas desde já através da Primeira Circular . Para atualização dessas informações, consulte periodicamente nosso site www.anpuh.org.
7. Entre os dias 6 e 8 de julho se realizará o V Encontro Estadual de Ensino de História e Ciências Sociais - O Professor como Sujeito de sua Formação, promovido com apoio da Anpuh Rio, pelo Laboratório de Ensino de História da UFF e pelo Nucleo de Documentação e Memória, do Colégio Pedro II. O evento acontecerá na cidade do Rio de Janeiro, na unidade escolar Centro do Colégio Pedro II (Av. Marechal Floriano, 80). Maiores informações estão na página eletrônica do evento: http://www.uff.br/ichf/eventos/vencontro. (fonte: Anpuh)
8. Os organizadores da XVI Semana de História - História Repensada, da UNESP de Franca, a se realizar entre os dias 28 e 31 de agosto de 2006, lembram que o prazo final para inscrições em comunicações coordenadas do evento é o dia 30/06. A XVI Semana de História conta com conferências de Maria Lígia Coelho Prado, Cláudio Batalha, Isabel Lustosa, Paulo Gabriel Hilu e Reginaldo Mattar Nasser. Para a programação completa, lista de mini-cursos, lista de Comunicações Coordenadas e outras informações, acesse http://www.franca.unesp.br/interno-semanahistoria.php (fonte: Anpuh)
9. Estão abertas até o dia 11 de agosto as inscrições para apresentação de trabalho no I Seminário Interdisciplinar em História e Educação promovido pelo Programa de Pós-Graduação em História e pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UFES. O evento terá lugar entre os dias 12 e 14 de setembro de 2006 no Campus de Goiabeiras, Vitória, ES. Os eixos temáticos principais do Seminário são a História da Educação e o Ensino de História. Maiores informações pelo telefone (27) 3335-7605; e-mail: npih@npd.ufes.br ou na home page www.ufes.br/ppghis. (fonte: Anpuh)
10. Estão abertas as inscrições para o terceiro Programa de Bolsas do Instituto Cultural Amilcar Martins (ICAM) em parceria com a USIMINAS, que concederá auxílio financeiro e institucional a estudantes matriculados em programas de mestrado e doutorado, cujos projetos de dissertação abordem a história de Minas Gerais. Para concorrer é preciso se inscrever entre 15 de junho e 15 de agosto através de formulário eletrônico no site www.icam.org.br.
Informações: (31) 3274-6666.
11. Será realizada entre os dias 14 e 18/8/2006, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a VI Jornada de Historia Antiga: mito, religião e cultura e o I Encontro de Historia Comparada das Formas Narrativas. Os eventos são uma promoção do Núcleo de Estudos da Antiguidade, do IFCH - Departamento de Historia da UERJ. Mais informações e inscrições em www2.uerj.br/~nea ou pelo e-mail: nea_hist@uerj.br. (fonte: CPDOC)
O Instituto Estrada Real convida:
12. Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário, em Ibituruna.
Preservada de seus antepassados há mais de três séculos de história, é uma dramatização a céu aberto, ocasião em que os habitantes de Ibituruna expõem com rigor a sua principal manifestação popular em comunhão com sua gente, envolvendo várias gerações de ibiturunenses numa relação de fé e respeito, oriunda de um encontro colonial que representa a dignidade perdida dos escravos pautada no regime do sacrário que se estendeu por toda Minas Gerais a partir do século XVIII.
O Reinado de Nossa Senhora do Rosário está ligado a grupos negros que realizam os autos populares conhecidos pelos nomes de Congada e Moçambique. Por essa vinculação aos negros, se tornou também uma festa de santos de cor, como São Benedito e Santa Efigênia, mescla a motivação religiosa com o profano, apresentando um cerimonial diversificado, que culmina com o encontro de congadeiros e moçambiqueiros de toda a região.
Programação
22/06
05:30 – Alvorada Festiva com a Corporação Musical Santa Cecília de Ibituruna.
19:00 – Procissão em honra a Santa Efigênia, logo após missa.
23/06
19:00 – Procissão em honra a São Geraldo, logo após a missa.
22:00 – Show com a Banda C&A.
24/06
19:00 – Procissão em honra a São Benedito, logo após Santa Missa.
21:00 – Fogueira.
22:00 – Show com a dupla João Pedro e Cristiano.
00:00 – Show com a Banda Máster.
25/06
09:00 – Missa.
14:00 – Concentração de Reis e Rainhas, Encontro Regional de Congadas e Moçambiques.
19:00 – Santa Missa, Coroação feita pelos Corais, logo após Procissão de Nossa Senhora do Rosário.
22:00 – Queima de fogos, Show com a Banda Kid Bocadura.
02/07
19:00 – Missa
20:00 – Descimento do Mastro de Nossa Senhora do Rosário, e logo após "Seriema".
13. Vesperata em Diamantina, com as bandas da Polícia Militar e Banda Mirim
Julho: 1º e 8
Agosto: 5 e 26
Setembro: 16 e 30
Outubro: 7 e 21
14. XXI Festival da Canção de Itanhandu
Local: Praça Prefeito Amador Guedes
Programação:
-De 3 a 6 - Oficinas na Fundação
-Dias 7 e 8 - Eliminatórias
-Dia 8 - Finalíssima
Shows:
-Dia 7 - Gisa Pithan
-Dia 8 - Kalinka e banda (à tarde) / Glaison Túlio (à noite)
Premiação
-1° Lugar - R$1500,00 e Troféu Dênis Lúcio Léo Bueno
-2° Lugar - R$1000,00 e Troféu
-3° Lugar - R$500,00 e Troféu
-Melhor música de Itanhandu - R$500,00
-Melhor intérprete masculino - Troféu Ceumar
-Melhor intérprete feminino - Troféu Ceumar
Informações: (35) 3361-2408 com Luciana
Fonte: Secretaria Municipal de Turismo de Itanhandu
15. O Instituto Maria Helena Andrés realizará o 1º Festival de Inverno de Entre Rio de Minas, de 16 a 22 de julho de 2006, em parceria com a Gerdau Açominas, a Secretaria de Estado e da Cultura e a Prefeitura Municipal.
Serão promovidas oficinas, palestras, espetáculos teatrais e circenses, exposições, apresentações de música instrumental, coro, orquestra de câmara e seresta. Oficinas de pinturas, desenho, arte-educação, música, teatro, dança, literatura, yoga e ecologia serão oferecidas para crianças jovens e adultos
Revistas e livros
O HEREGE
Revista eletrônica mensal de História, Antropologia e Filosofia
Ano I, número 3 - Junho de 2006
www.oherege.com.br
Nesta edição:
Nesta edição de O Herege, abordamos a relação sempre presente entre arte e história, a forma como ambas se constroem e influenciam mutuamente. Ao retratar a sociedade e reagir a ela, a arte torna-se ferramenta valiosa para o historiador
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