Número 069
EDITORIAL
A morte do general Pinochet é a manchete de maior destaque deste boletim. Há exatos 33 anos ele assumia o poder no Chile, na esteira de um dos mais brutais golpes contra um governo legalmente eleito, o de Salvador Allende. Primeiro comunista eleito pelo voto, Allende deu início a uma experiência que era olhada com interesse pelo mundo inteiro, mas que terminou de maneira trágica com o bombardeio do palácio presidencial. A quem não assistiu, recomendo o filme “Chove sobre Santiago”, em que, embalados pelo fundo musical de Astor Piazolla, podemos assistir ao drama que marcou a história chilena de forma indelével.
No editorial de hoje, um artigo do historiador Mario Maestri, que estava exilado no Chile na época de Allende. E na seção Nuestra América, mais dois artigos a respeito. E a charge, não poderia ser outra, senão a de Maringoni, publicada no site da Agência Carta Maior. A seção "Nuestra America" tem dois artigos sobre Cuba e seus destinos, dois sobre Pinochet e o golpe e uma análise sobre os rumos da América latina após 12 eleições. Ao final deste boletim inauguramos uma colaboração de nosso leitor Breno, relacionando filmes históricos.
O general do "mundo livre"
Mário Maestri (extraído do site da revista Novae - www.novae.inf.br)
É injusto acusar apenas Pinochet e os altos oficiais pelos certamente mais de cinco mil populares massacrados e as dezenas de milhares de chilenos com os corpos, espíritos e vidas destruídos.
A morte de Augusto Pinochet, aos 91 anos, em Santiago, vai ensejar que se escreva gatos e sapatos sobre o comandante do movimento cívico-militar que derrubou Salvador Allende. Porém, o finado não foi o monstro inventor da maldade. Pinochet nasceu em Vaparaíso, em 1915, e estudou em colégios religiosos, antes de entrar na escola militar. Oficial da infantaria, casou-se bem, em 1943. Teve cinco filhos e vários netinhos, aos quais era, segundo dizem, aficionado.
Pinochet realizou carreira sem sobressaltos, normal em exército civilista, para os padrões latino-americanos. Serviu através do país, fez a Escola de Estado Maior, ensinou no Colégio Militar. Foi promovido a general de Divisão e nomeado comandante de Santiago, em janeiro de 1971, e chefe do Exército, em agosto de 1973, por Allende, que acreditou nele, após despachar Prats, o general democrata que lhe apresentara a indecente proposta de cortar as cabeças dos golpistas, antes que cortassem a da população chilena.
Pinochet foi nomeado porque fizera carreira militar apolítica e não era mais reacionário do que os outros altos oficiais, quase sem exceções conservadores. Foi um azar da sorte que esse burocrata estivesse à frente do Exército, em setembro de 1973. Apenas montou no cavalo encilhado. Se não o fizesse, um outro o faria e comentaríamos hoje a morte do general Fernandez ou Gutierrez, que teria feito, certamente, tudo igual.
É injusto acusar apenas Pinochet e os altos oficiais pelos certamente mais de cinco mil populares massacrados e as dezenas de milhares de chilenos com os corpos, espíritos e vidas destruídos. Os atos que se seguiram ao 11 de setembro foram apoiados pelo empresariado e setores abastados. Ainda se combatia e chilenos abonados deduravam colegas, vizinhos e parentes. Os militares cumpriram apenas o que lhes pediram.
Não devemos demonizar os chilenos alcagüetes. Eles opuseram-se ao socialismo por que temiam, com razão, perder privilégios, propriedades, o direito à exploração. O programa da Unidade Popular, tido então como reformista, era super-revolucionário, em relação a hoje. Propunha aumentar salários, estatizar minas e bancos, erradicar o latifúndio produtivo e improdutivo, etc. Não só disse como cumpriu mais do que prometera, sob a pressão popular. Qualquer comparação entre Lula-PT e Allende-UP é grave ofensa, para uns e outros!
Devido à sabotagem do capital e à mobilização popular, a nacionalização econômica foi além do previsto. Em setembro de 1973, a maior parte da economia estava nas mãos dos trabalhadores, funcionando sem problemas. O empresariado, as classes abonadas e a alta oficialidade não inventaram o perigo vermelho. Enfrentaram revolução em marcha, impulsionada por movimento social consciente, organizado, combativo.
É injustiça acusar apenas os direitistas chilenos. Os golpistas foram apoiados, diretamente, pelos USA e, indiretamente, pelo chamado Mundo Livre. Na época, era forte a luta revolucionária. Os chefes das ditaduras e democracias festejaram o fim do governo socialista. Entre os mais exultantes, estava a ditadura brasileira. A nossa embaixada foi a única a não abrir as portas aos co-nacionais e estrangeiros caçados como coelhos. Brasileiros foram massacrados devido à decisão do Itamaray. A China também fez o mesmo, para fazer birra à URSS. Não é de estranhar onde chegou, hoje.
Não podemos acusar Pinochet e os militares de violência gratuita. Eles reprimiram um dos mais criativos movimentos sociais mundiais. A tortura, morte, exílio, desemprego, etc. eram necessários para criar condições para implantar, em forma pioneira, as receitas neoliberais – abertura econômica; flexibilização do trabalho; privatizações da educação, saúde, bens públicos, etc. Chile foi o laboratório de experiência que a seguir contaminou o mundo.
Pinochet e o exército foram obrigados a estabelecer uma longa ditadura para efetuarem a modernização que a senhora Margaret Tatcher impôs, com alguma dificuldade, durante seu longo reinado inglês, e os senhores FHC e Lula da Silva implementaram e implementam com velocidade e facilidade elogiadas pelo empresariado mundial e nacional.
Sempre há o ônus do pioneirismo! Toda uma geração de dirigentes e ex-dirigentes mundiais, no recôndito do coração, sofre com a morte do general. Quando da retenção de ex-ditador na Inglaterra, em outubro de 1998, não era necessário bola de cristal para prever que não terminaria a vida na prisão, como vaticinou quem assina esse comentário, escrito há oito anos e requentado para o momento festivo. Pinochet só não morreu em sua cama porque foi levado para o hospital. Jamais se dirá que os poderosos desse mundo são injustos para com os generais golpistas e assemelhados.
* Mário Maestri, 58, historiador, estudou, como exilado, no Chile, de 1971 a 1973. É professor da UPF. E-mail: maestri@via-rs.net
FALAM AMIGOS E AMIGAS
O professor Antônio de Paiva Moura envia-nos este artigo, já publicado no jornal Circuito Notícias, de Brumadinho:
Natal: é isso ai!
Antonio de Paiva Moura.
A aproximação da comemoração do Natal é oportuna para refletirmos seu significado social em nossos dias. Nada melhor que tomarmos como ponto de partida o livro do escritor inglês Charles Dickens, publicado em Londres, no ano de 1843. O autor assinala os estragos do mito do progresso das nações; a pobreza provocada pela exploração desumana de trabalhadores; a fome e o desemprego. A Inglaterra era um país separado por um abismo: os que acumulavam fortunas e nem sabiam como utiliza-las e os excluídos que viviam na miséria. O romance “Um conto de Natal”, de Charles Dickens é uma tentativa de amenizar a situação, aproximando os dois lados opostos, sensibilizando os ricos a acolher e a amar os pobres.
O personagem central do romance é um velho e solitário comerciante. O senhor Scrooger é duro, inflexível como pedra de amolar. Na véspera do Natal três fantasmas lhe apareceram e passaram a atormentar sua vida. Cada um representava uma época vivida por Scrooger, isto é, o passado e o presente. Mas o terceiro fantasma levou Scrooger ao Natal do futuro que lhe mostrou uma outra realidade e fez nascer nele uma nova sensibilidade. O avarento senhor só pensava em acumular fortuna. Seus empregados ganhavam mal, suficiente apenas para comer. Os vizinhos só serviam para pedir favores. Os parentes exigiam afeição e carinho o que ele não sabia dar. O fantasma do futuro disse a Scrooger que o fim de sua vida ia ser terrivelmente sofrido, solitário e humilhante se ele não mudasse de vida. Scrooger sai, então, da sua condição de homem conservador e transforma-se em homem moderno. Passa a desejar aos outros um feliz Natal; a cobrir os parentes e os vizinhos com presentes e tornar-se um gastador de dinheiro. As pessoas de seu convívio passaram a vê-lo como uma pessoa feliz. Dickens mostra como o capitalismo transformou o cristianismo na ideologia do consumo.
A Segunda Revolução industrial disponibilizava no mercado londrino enorme quantidade de bens e o apelo ao consumo era enorme. Se não quisesse ser visto como infeliz o indivíduo teria que aparecer em público usando objetos industriais ou devorando enlatados. Os indivíduos tornaram-se escravos do consumo e dependentes dos objetos. O primeiro fantasma que apareceu a Scrooger estava acorrentado. As correntes que envolviam seu corpo simbolizavam a prisão do espírito burguês alienado pelo dinheiro e pelos negócios. Um outro fantasma de colarinho branco representava os políticos com os quais Scrooger se aliara em busca de proteção. Estava atado por corrente presa a seu tornozelo e amarrada a um cofre.
Mais de um século e meio, isto é, 163 anos separam a escritura de Charles Dickens dos nossos dias, mas os assombros continuam os mesmos. Uma vez por ano, no Ocidente, o comércio e a industria se unem e decretam a felicidade dos humanos. Jesus Cristo e sua doutrina foram desvirtuados e transformados em figuras de marketing. A religiosidade contemporânea é marcada por interesses individuais, como quer o neoliberalismo. É a religião do peditório, na qual o fiel reza para vencer na vida; é a busca de resultados materiais visíveis e palpáveis.
O Natal não mais celebra o nascimento de Jesus, mas a vinda do Papai Noel que é um personagem criado pela coca-cola em 1931. Por isso traz suas cores encarnadas, o vermelho e o branco. É um agente descristianizador. O vermelho de suas vestes representa a temperatura quente, o calor e o branco da barba, dos punhos e da gola representa o gelo refrescante. Sua barriga sugere a gula; o saco cheio é uma esnobação. A riqueza ironiza os que não podem comprar. Papai Noel é o símbolo mais enganoso de nossa civilização. Engana as crianças que acreditam em sua existência sobrenatural. Engana os adultos que crêem estar proporcionando felicidade duradoura ás crianças. A sociedade pós-moderna encarna o jargão popular que diz: “Me engana que eu gosto”.
FALANDO DE HISTORIA
O golpe de 1964 é o tema do Falando de História desta semana, com dois artigos, o primeiro, da revista Istoé desta semana, traz a denúncia sobre a morte do Marechal Castello Branco, primeiro militar a governar o Brasil após o golpe.
1. A segunda morte de Castello Branco
Documento secreto obtido por ISTOÉ coloca sob suspeita investigações sobre desastre aéreo que matou o presidente. Promotor defende reabertura do caso. Foi atentado?
Por Alan Rodrigues
A colisão aérea que matou um presidente da República e mudou o rumo da história política do País vai sair das sombras dos arquivos para ser reaberta à luz do dia, quase 40 anos depois. ISTOÉ teve acesso com exclusividade ao relatório secreto feito pelos oficiais do regime militar (1964-1984) sobre a queda do avião em que viajava o marechal Humberto de Alencar Castello Branco. Produzido pelo Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, datado de 21 de novembro de 1967, o documento de dez páginas jamais viera a público. Suas apurações repletas de falhas e conclusões superficiais fizeram com que o procurador da República Alessander Wilson Cabral Sales, do Ceará, entrasse com uma ação civil contra a União para obter informações mais detalhadas sobre o caso. “O Ministério Público não acredita que um acidente que vitimou um presidente da República tenha sido analisado de forma tão superficial”, diz ele. As falhas na apuração do acidente permitem a interpretação de que o que houve foi, de fato, a tentativa de acobertar um atentado – e não o de elucidar um acidente.
“Os militares construíram uma mentira”, definiu à reportagem o comandante Emílio Celso Chagas. “Esse caso tem de ser esclarecido. Ainda é possível.” Ele tinha 20 anos de idade e era o co-piloto do bimotor Piper Aztec PA 23 com sete pessoas a bordo. Tratava-se do marechal Castello Branco, quatro acompanhantes, o próprio Chagas e seu pai, Celso Tinoco Chagas, que pilotava o avião. À exceção de Chagas, que sobreviveu milagrosamente, todos morreram. O avião caiu na manhã de céu azul de 18 de julho de 1967. Foi abalroado em pleno vôo por um caça militar. Nas vésperas de morrer, Castello Branco anunciara a realização de um pronunciamento à Nação. Aguardava-se, na fala que não chegou a acontecer, um posicionamento do chefe militar sobre o destino do País. A tensão era crescente. Havia tortura nos quartéis, protestos civis fora deles e uma luta interna entre os militares da chamada linha dura contra a corrente dos moderados. Castello Branco fora escolhido pelos generais para ocupar a Presidência da República a partir do golpe militar de abril de 1964. Considerado um moderado, favorável até mesmo à volta do poder político às mãos de um civil, retirou-se do Palácio do Planalto em 15 de março de 1967. No processo sucessório, foi pressionado a passar a faixa presidencial para o general da linha dura Arthur da Costa e Silva. Inimigo de seu sucessor, Castello Branco estava resolvido a contra-atacar. Uma palavra pública dele contra Costa e Silva poderia rachar a tênue unidade entre os militares, aquecer os ânimos da oposição civil e, assim, sacudir a história.
Na clara manhã de 18 de julho, porém, o avião que levava o marechal da cidade de Quixadá, no interior do Ceará, onde ele visitara a romancista Rachel de Queiroz, a Fortaleza, foi atingido na cauda por um caça militar T-33. O aparelho pertencia à esquadrilha da fumaça. Naquele instante, outros três T-33 da mesma esquadrilha voavam em sua companhia. O caça militar conseguiu retornar à sua base e pousar com uma leve avaria. O bimotor com Castello Branco a bordo caiu em “parafuso chato”, na linguagem aeronáutica, de uma altura de 1,5 mil pés (450 metros). Chagas lembra-se nitidamente a agonia e pânico antes do impacto com o solo. “O marechal gritou para meu pai: comandante, pelo amor de Deus, faça alguma coisa”. Foi em vão. Os ocupantes, à exceção do que escapou por milagre, morreram quando a aeronave atingiu o solo. O marechal Castello teve seu corpo compactado.
O documento que, segundo a Aeronáutica, reúne toda a investigação sobre o caso é assinado pelo tenente-brigadeiro-do-ar Araripe Macedo. Em lugar de esclarecimentos, a peça abre lacunas suspeitas. Entre os pilotos da esquadrilha da fumaça, o único nome que aparece no relatório é o do estagiário de pilotagem Alfredo Malan D’Angrone. Com apenas 29 horas de vôo naquele tipo de avião, ele foi responsabilizado singularmente pela colisão. D’Angrone depôs por oito horas sobre o caso, numa única interpelação, mas a íntegra de suas declarações nunca foi divulgada pela Aeronáutica. Tudo o que se sabe é que D’Angrone admitiu que foi o avião em que ele estava que se chocou contra a aeronave civil. Muitos fatos estão sem explicação. Por que os militares que conduziram as investigações não tomaram depoimentos dos outros pilotos da esquadrilha da fumaça? Eles, muito provavelmente, foram testemunhas oculares da colisão, uma vez que, quase sempre, voam agrupados. Igualmente é um mistério o motivo de os nomes deles jamais terem aparecido ao longo das investigações. Como os caças T-33 têm espaço para co-piloto, será que os comandantes das aeronaves voavam com parceiros a bordo? Não se entende, ainda, por que os controladores de vôo que estavam de serviço naquele dia nunca foram ouvidos sobre a colisão.
Do relatório oficial, retira-se que o caça atingiu o avião civil num ponto nevrálgico. O próprio caça, porém, estava com um de seus tanques vazio no momento do choque, justamente o que se localiza na asa que bateu no Piper Aztec. Fotografias em poder de ISTOÉ indicam que o avião em que Castello Branco viajava não caiu na vertical, como sustenta o relatório, mas “de barriga”. Nelas vê-se que o aparelho ficou com muitas de suas partes intactas. Outras fotos, porém, captadas numa espécie de galpão, mostram que o que sobrou do Piper foi destruído a golpes de marretas, com suas partes descontinuadas e despedaçadas.
O historiador cearense, Pedro Paulo, que há 20 anos pesquisa o desastre, acredita que a colisão tenha sido caso pensado. Há no campo das teorias conspiratórias os que creêm que o estagiário pode ter sido usado como o bode expiatório de um complô militar. Duvidam até mesmo que ele tenha sido o piloto do caça, com chances de estar apenas no papel de co-piloto. Por esta linha de hipóteses, o avião em que Castello Branco viajava foi abatido propositadamente, num típico atentado. Para que o avião agressor pudesse pousar em segurança, o movimento de ataque teria de ser efetuado por um piloto experiente, o que renova as suspeitas sobre a não identificação dos demais integrantes da esquadrilha da fumaça que voavam no dia.
Como se sabe, os participantes desse tipo de esquadrilha são peritos em shows aéreos, nos quais manobras radicais são executadas com precisão milimétrica. Ases e heróis. As enormes brechas na investigação oficial, que incluem a falta de explicação para o choque num dia de céu claro e sem nuvens, levantam a suspeita de que, em plena ditadura militar, alguns deles tenham se transformado em pilotos de guerra. As falhas no relatório não foram suficientes para tirar o prestígio do brigadeiro Araripe Macedo entre os militares da linha dura. Ele tornou-se ministro da Aeronáutica durante as gestões dos presidentes Emílio Médici e Ernesto Geisel. Ou será que foram exatamente aquelas brechas que contribuíram para aumentar-lhe o moral? Araripe Macedo morreu em 1993.
“Tenho procurado, todos esses anos, mais explicações oficiais para o acidente, mas jamais a Aeronáutica me deu qualquer tipo de informação”, reclama o comandante Chagas. Tudo o que chegou às mãos dele, mesmo assim informalmente, foi um documento com poucas páginas, quase 40 anos depois de ter perdido seu pai na queda. “Há mais informações oficiais”, acredita o procurador Cabral Sales. É para que elas venham à luz que ele resolveu entrar com a ação civil pública para a União dizer se há mais arquivos secretos. Neles podem estar os nomes dos integrantes da esquadrilha da fumaça que não aparecem no relatório de Araripe Macedo. Talvez estejam vivas. Certamente sabem a verdade.
Segredo de Estado: relatório assinado pelo futuro ministro Araripe Macedo é considerado superficial pelo MP. Procurador exige mais detalhes da União
Como foi o acidente
2. Os fantasmas ainda rondam, por Wilma Maciel
Um relato sumário do golpe militar de 64 e seus espectrais reflexos na orquestração da mídia brasileira, 42 anos depois, na tentativa de apear do poder um presidente eleito democraticamente. > LEIA MAIS Arte & Cultura 06/12/2006
BRASIL
1. Voltando ao tema da semana passada (as possibilidades de crescimento da economia brasileira):
FERNANDO CARDIM DE CARVALHO
“A política econômica tem sido claramente antidesenvolvimentista”
Professor da UFRJ avalia que “quase tudo” precisa ser mudado na economia para que o país tenha taxas de crescimento maiores. Só assim pode haver distribuição de renda, diz ele. “Economias estagnadas favorecem a concentração muito mais que economias em crescimento”. > LEIA MAIS Economia 08/12/2006
2. ECONOMIA DA CULTURA
Pesquisa reforça necessidade de orçamento maior para o MinC
Pesquisa do IBGE coloca a cultura como o quarto item dos gastos da família brasileira e reforça a necessidade de uma melhor atenção para a indústria criativa e melhor orçamento para o Ministério da Cultura, que hoje conta com cerca de 0,6% do bolo da União. Especialistas em políticas culturais apontam que a pesquisa é importante não para transformar a cultura em números, mas para utilizá-los a favor dela. - 08/12/2006
3. Matéria interessante postada no blog http://www.reporterbrasil.com.br/blog.php#20
E acompanhada de duas fotografias dos outdors que andam sendo espalhados pela Bahia. Daqui a pouco chegaremos novamente à idéia do “índio bom é o índio morto”....
Sexta, 01 de Dezembro de 2006 - 11h23
Outdoors do Sul da Bahia que recontam a história do Brasil
Eles vieram ao mundo já faz alguns meses, patrocinados por empresas e organizações da região Sul da Bahia, área de vastas plantações de celulose em forma de eucalipto. E apesar dessas fotos serem tão interessantes e dizerem tanto sobre a época em que vivemos quanto as das pilhas de dinheiro na Polícia Federal, elas não ganharam o mesmo espaço na mídia. Ganha um doce quem descobrir o porquê...
Parte da grande indústria ligada à agropecuária e ao extrativismo, bem como seus arautos defensores, perdeu o pudor totalmente. Quando expande seus domínos às áreas cujo capital ainda não alterou as relações sociais, ocupa terras de populações tradicionais, pilha os recursos naturais e globaliza os lucros advindos da exploração da mão-de-obra barata.
Há discurso terrorista contra os povos indígenas. Vá para Roraima e para o Mato Grosso do Sul, por exemplo, e perceba, através dos argumentos contra eles, o estrago das campanhas pelo "progresso" feito no imaginário popular.
E a História continua sendo escrita e reescrita pelos conquistadores. No ritmo em que vão as coisas, se for deixar a elaboração dos livros didáticos na mão desse povo aí do outdoor, não me surpreenderia que fossem feitas algumas atualizações...
"Em 22 de abril de 1500, o proprietário rural português Pedro Álvares Cabral, quando aportou no Sul da Bahia, estabeleceu comércio com os caciques da tribo Aracruz, trocando miçangas por toras de eucalipto - o que foi altamente lucrativo para os locais. A primeira missa foi celebrada com a presença de dezenas de operários - entre os turnos da tarde e da noite - de forma a não prejudicar a produção..."
NUESTRA AMERICA
Dois pequenos dossiês sobre Cuba e seu destino, uma análise sobre o rumo político da América Latina e mais dois artigos sobre Pinochet e o golpe de 1973.
1. 44 anos de embargo e renitente desigualdade entre iguais afetam Cuba
Persiste o bloqueio econômico imposto pelos EUA mesmo após ter sido recharçado por 183 votos a 4 na Assembleia Geral da ONU no mês passado. As discriminações racial e contra as mulheres continuam sendo um problema a ser resolvido pelo governo revolucionário. > LEIA MAIS Arte & Cultura 07/12/2006
• Bloqueio contra Cuba é condenado pela comunidade internacional
• Comentário - Mulher e política social: o contraponto socialista ao bem-estar capitalista
• Análise - Racismo em Cuba, um tema controverso
• Ánálise - Cores que marcam, aspectos do racismo em Cuba
• Entrevista - Rompendo modelos, a luta contra a homofobia na ilha
2. PÓS-FIDELISMO
Fidelismo x Revolução: qual é o futuro de Cuba?
Com este terceiro relato, os Latinautas encerram os comentários sobre o que viram em Cuba. Com a saída de Fidel do comando do país, há o temor de um golpe no poder, ou uma mudança de rumos políticos, com a reconstrução da sociedade baseada em moldes capitalistas. > LEIA MAIS Arte & Cultura 12/12/2006
• Silêncio sobre estado de saúde de Fidel já se torna rotina
• A transição em Cuba, por Boaventura de Sousa Santos
• Filha de Che Guevara fala sobre Fidel e futuro cubano
• Grupo de oposição pede diálogo transparente e definitivo
• Manifesto exige respeito à soberania de Cuba
3. Após 12 eleições, para onde vai a América Latina?
Boa parte da população do continente repele neoliberalismo na rua e nas urnas. Evo, Chávez, Lula e Rafael Correa são consagrados em embates contra a direita. Mas ainda não existe um projeto viável para a mudança de modelo. > LEIA MAIS Internacional 06/12/2006
4. A morte de Pinochet e a luta pela memória e pela história
A ditadura Pinochet não foi uma aberração isolada, “típica de uma república sul-americana”, como querem alguns. Os aliados que teve em vida, nomes como Henry Kissinger, Ronald Reagan, Margaret Thatcher e Milton Friedman, indicam em que contexto sua figura e seus atos foram possíveis. > LEIA MAIS Internacional 10/12/2006
5. 1915-2006 -Pinochet, uma marca sangrenta na história do Chile
Morto aos 91 depois de enfartar no Hospital Militar de Santiago, o general Augusto Pinochet enfrentava quatro processos por violação dos direitos humanos e outros dois por enriquecimento ilícito. Problemas de saúde retardaram andamento dos autos, impedindo julgamento do ditador. > LEIA MAIS Internacional 10/12/2006
NOTICIAS
1. Projeto de lei do turno integral gera polêmica no SenadoSenadores propõem que a Comissão de Assuntos Econômicos amplie o debate sobre o aumento da carga horária para o Ensino Fundamental de cinco para oito horas diárias, antes que o projeto de lei do turno integral siga à Câmara dos Deputados. Agência Senado, em 29/11
2. No prato do cidadão, um Brasil de contrastesAbaixo da linha da miséria, brasileiros morrem de fome. Outros convivem com a anemia. Há, ainda, os que vão parar no hospital por causa do excesso de peso. A reportagem mostra os hábitos alimentares da população brasileira, em especial dos jovens. Carta Capital, novembro
3. Seleção para professor de Relações Internacionais/PUC-Rio
Estão abertas as inscrições para o processo de seleção para o cargo de Professor Doutor, preferencialmente nas linhas de pesquisa de Economia Política Internacional e Instituições Internacionais para o Departamento/Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio. As inscrições estarão abertas ate' o 10/4/2007. O resultado será divulgado em 31/5/2007. Mais informações em www.puc-rio.br/iri/noticias.html.
4. A Antropologia aplicada e a administração dos indígenas nos EUA, 1870-1945/Tese
Thaddeus Gregory Blanchette (maccnoima30@yahoo.com.br) defendeu, em 1/8/2006, tese de Doutorado em Antropologia Social do Museu Nacional (UFRJ), intitulada "Cidadãos e selvagens: a antropologia aplicada e a administração indígena nos EUA, 1870-1945", orientado por Girald Seyferth. Este e' o resumo da tese, feito pelo autor: "O presente trabalho analisa o uso da antropologia aplicada nos assuntos indígenas americanos em períodos entre 1870 e 1940. A antropologia começou a institucionalizar-se como disciplina nos Estados Unidos nos anos 1870 e, desse ponto em diante, assumiu como uma de suas preocupações fornecer apoio teórico e pratico a Repartição de Assuntos Indígenas (Office of Indians Affairs, ou OIA) em sua tarefa de administrar a alteridade nativa americana. Na década de 1880, os antropólogos utilizaram modelos de civilização e barbárie "morganianos" para defender a distribuição individualizada de terras tribais e a transformação dos índios em proprietários e fazendeiros cidadãos da republica. Com a mudança nos valores e na teoria social americana ocorrida nas primeiras décadas do sec.XX, os administradores indígenas começaram a conceber as "tribos" (em vez dos indivíduos) como unidades culturais que deveriam ser absorvidas pela nação americana. Antropólogos culturais foram então recrutados para aconselhar a OIA quanto ao melhor jeito de conduzir essa tarefa. Durante três quartos de século, portanto, a antropologia americana ajudou a constituir as sociedades indígenas modernas que a disciplina supostamente estudava in natura. Esta tese propõe-se a investigar esse processo e demonstrar algumas de suas conseqüências para os índios, os antropólogos e a administração colonial em geral."
5.
Tambores de Natal
Shows: Mauricio Tizumba Titane Bantuquerê Tambor Mineiro Bloco Oficina Tambolelê
Local: Lapa Multshow - rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia
Data/Horário: 19/12, às 21hIngressos: R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 meia-entrada – válida para estudantes e para quem apresentar o volante da festa na portaria - Informações: (31) 3241-2074 – www.tizumba.com.br
LIVROS E REVISTAS
Chamada para artigos/Revista-
A Revista NEHO-Historia Online, do Núcleo de Estudos em Historia Oral da USP, esta' recebendo artigos para seu numero inaugural. Serão aceitos trabalhos inéditos nas seguintes modalidades: artigos, resenhas, biografias, informes de pesquisa, entrevistas e ensaios. A revista eletrônica terá periodicidade trimestral. Mais informações pelo e-mail: nehoonline@yahoo.com.br.
- A Revista Caminhos esta' recebendo artigos para o seu v.5 n.1 (jan-jun/2007). O eixo temático é Religiões e Sistemas Simbólicos. O prazo para submissão de artigos estará aberto ate' 30/3/2007. Mais informações pelo e-mail: caminhos@ucg.br.
- A revista Religião e Sociedade esta' organizando um numero sobre o tema "musica e religião". O prazo para submissão de artigos estará aberto ate' 31/3/2007. Mais informações em www.iser.org.br/religiaoesociedade.
Revista/Novo numero
- O quarto numero da revista eletrônica Esporte e Sociedade já esta' disponível em www.esportesociedade.com.
Lançamentos-
"As Ciências Sociais na América Latina em perspectiva comparada", organizado por Jose' Luis Reyna, Miguel Murmis, Manuel Antonio Garreton, Geronimo de Sierra e Helgio Trindade, editora UFRGS. Mais informações em www.ufrgs.br/editora.- "Antropologia francesa no século XX", organizado por Mirian Pillar Grossi, Antonio Mota, Julie Antonie Cavignac, editora Masangana. Mais informações pelo e-mail: secant@cchla.ufrn.br.
- "Por que Lula?", de Alberto Carlos Almeida, editora Record. O autor analisa os fatores que levaram Lula 'a presidência, o contexto e as estratégias políticas que explicam a eleição e a crise. Mais informações em www.ipsos.com.br ou pelo e-mail: alberto.almeida@ipsos.com.br.
FILMES HISTORICOS
Numa grande colaboração do Breno Costa Viana, passarei a todos vocês uma relação extensa de filmes que podem ser trabalhados nas aulas de História. Como a relação que ele me mandou é muito grande, vou dividi-la em vários boletins. Bom proveito!
A seqüência é: nome do filme – assunto – estrelas (o julgamento é do Breno...)
1. A guerra do fogo - Pré - História ****
2. Rei David - Hebreus (antigüidade) *
3. Qualquer um do ASTERIX - Império Romano ***
4. Calígula - Império Romano *** (Obs...não recomendo usar em sala de aula...)
5. Gladiador - Império Romano ***
6. Spartacus - Império Romano **
7. Julius Caesar - Império Romano ***
8. Em Nome de Deus - Idade Média - Feudalismo *
9. O Nome da Rosa - Idade Média - Feudalismo - Inquisição *****
10. O Incrível Exército de Brancaleone - Idade Média - Feudalismo ****
11. O Sétimo Selo - Baixa Idade Média (século XIV) **
12. 1492 – A Conquista do Paraíso - Grandes Navegações *****
13. Cristovão Colombo - Grandes Navegações ***
14. Giordano Bruno - Inquisição ***
15. A Rainha Margot - Guerras Religiosas – França séc. XVI ***
16. O Homem que não vendeu sua alma - Reforma/Absolutismo ***
17. O Homem da Máscara de Ferro - Absolutismo *
18. Morte ao Rei - Revolução Inglesa – séc XVII **
19. Tempos Modernos - Revolução Industrial ****
20. Germinal - Revolução Industrial ****
21. Frankenstein de Mary Shally - Iluminismo *
22. O Patriota - Independência dos EUA **
23. Caindo no Ridículo - Revolução Francesa (Pré) ****
24. O Enigma do Colar - Revolução Francesa (Pré) ***
25. Danton - Revolução Francesa *****
26. Casanova e a Revolução - Revolução Francesa **
27. Liberdade, Igualdade e Revolução - Revolução Francesa - Sátira *
28. Pimpinela Escarlate - Revolução Francesa *
29. Waterloo - Era Napoleônica **
30. Amistad - Tráfico de escravos/crise do escravismo ***
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