Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

20.12.06

Número 070



EDITORIAL

Claro que o assunto principal deste boletim tinha de ser a descarada tentativa dos dignos representantes da nação aumentarem seus já enormes salários. Várias matérias haviam sido coletadas antes do desfecho no Supremo Tribunal Federal e antes que as milhares de ações de protesto caíssem sobre a mesa das excelências.

Do blog do Sakamoto - http://www.reporterbrasil.org.br/blog.php#24

Um deputado sustentaria 377 escravos por mês

Estava voltando de viagem hoje quando ouvi no rádio um nobre deputado defendendo o aumento salarial de 91%, que levou os seus vencimentos a R$ 24.500,00 mensais.
A sua família é grande, a distância das Alagoas, seu curral eleitoral, é grande, o número de obrigações de correio e gasolina são grandes... Grande também é a cara-de-pau.
Já disse isso em outro post e vou dizer de novo: a elite política brasileira perdeu o resto do pudor que guardava no bolso do paletó. Tão andando nus, sem vergonha de ser feliz, diante do povaréu.
Esse valor dá 70 salários mínimos. Em números redondos, sem decimais. Ou seja, parece até que a escolha foi de propósito.
Se considerarmos R$ 65,00 como custo mensal de "manutenção" de um escravo em uma fazenda de gado na Amazônia, teríamos um salário de um deputado garantindo o serviço de 377 trabalhadores.
(Calculei sem critério científico o valor da alimentação, com base em anotações mensais de cadernos de dívidas apreendidos dos "gatos", os contratadores de mão-de-obra a serviço dos fazendeiros. Isso, por coincidência, deu mais ou menos um dólar por dia.)
Na verdade, os nobres deputados garantem a manutenção de mais escravos do que isso sem precisar tirar um real ou dólar de seus bolsos. Pois sentaram com as gordas nádegas em cima de projetos de leis que ajudariam a libertar gente, como o que prevê que terras em que escravos forem encontrados sejam confiscadas para a reforma agrária.
Isso sem contar que muitos deles, além dos salários, recebem também a cada quatro anos uma pensão de grandes fazendeiros para representá-los. Ou melhor dizendo, fazer a função de leão-de-chácara da manutenção de um estrutura que garante a exploração da ralé.
Eles são bem pagos para fazer esse serviço sujo. E isso eles têm feito de forma exemplar.
A elite política está nua, ou no máximo vestindo um tapa-sexo com os dizeres: "Dinheiro e Poder".
E o resto que se dane.



Se quer saber mais sobre o despudorado aumento de salários das excelências e dos reflexos que isso terá nos estados e municípios, leia o artigo do jornalista José de Castro, no blog www.tamoscomraiva.blogger.com.br

Felizmente, depois que eu já havia selecionado esta matéria, o Congresso parece ter recuado e, em virtude da onda de oposição à medida descabida, deve votar hoje o aumento para míseros 16.500,00 reais... Franklin Martins, em seu blog, emitiu opinião a respeito, considerando que, de fato, a sociedade não está anestesiada e ainda é capaz de pressionar o Congresso. Leia:

A Câmara e o Senado devem aprovar hoje o reajuste dos subsídios dos parlamentares para R$ 16.500. Depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu que o aumento exige lei específica votada em plenário, não podendo ser resolvido por ato administrativo dos presidentes das duas casas, a tendência é de que apenas seja reposta a inflação acumulada nos últimos... [mais]

No mais, desejo a todos(as) leitores(as) deste boletim um Feliz Natal. Como, ao contrário de muitas pessoas físicas e jurídicas deste pais, não estaremos nem de recesso nem de férias, quarta feira que vem estaremos aqui novamente...


FALAM AMIGOS E AMIGAS

1. A professora e nossa colaboradora Mônica Liz assumiu recentemente, por concurso, o lugar de professora da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri. Ela nos enviou o email, com votos de boas festas e como ele se dirige a muitas pessoas, achei por bem reproduzi-lo aqui.

Olá!

Já estou devidamente instalada aqui em Diamantina.
Gostaria de agradecer a grande torcida pelo meu êxito aqui na Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri. O desafio de contribuir para o crescimento desta instituição é grande e a saudade da família e dos amigos é ainda maior. Mas o que seria de nossas vidas se não fossem os obstáculos a serem vencidos, não é mesmo?
Aproveito este espaço para enviar um grande abraço aos meus ex-alunos e colegas do UNI-BH, Faculdade Pitágoras e Cefet. Sei que vários são leitores assíduos deste boletim.
Desejo boas festas a todos.
Mônica Liz.

2. Vários emails indignados com o aumento de salários das nossas excelências me foram enviados. Reproduzo o da Cinthia Rocha, pois tem indicações de telefones, endereços e emails para quem estiver a fim de protestar contra mais este abuso do pior Congresso que já passou por este país.

A população não pode se calar diante das últimas notícias sobre o aumento abusivo do salário dos congressistas. Frente a um salário mínimo de R$350,00 em que se cogita um ajuste de apenas 8%, o aumento de 91% que eleva o salário dos senadores e deputados para R$24.500,00 é um desrespeito para com a população.

Manifeste-se! Enviem e-mails e cartas para os políticos, principalmente para aqueles em que votamos na última eleição, ou, ainda, ligue para os números 0800 da Câmara dos Deputados e do Senado.Democracia não é só voto! Democracia é fazer daqueles em que votamos os legítimos representantes da nossa vontade!

Alguns contatos:0800.612211 – Senado

0800.619619 – Câmara

Site do Senado - http://www.senado.gov.br

Site da Câmara - http://www2.camara.gov.br/

Fale com o Deputado: http://www2.camara.gov.br/internet/popular/falecomdeputado.html/

Aldo Rebelo - Gabinete 371 - Anexo IIICâmara dos Deputados - Praça dos Três PoderesBrasília - DFCEP: 70160-900 dep.aldorebelo@camara.gov.brhttp://www.camara.gov.br/aldorebelo

Renan Calheiros Ala Sen. Teotônio Vilela, Gab. 22Senado Federal - Praça dos Três Poderes Brasília DF CEP 70165-900

renan.calheiros@senador.gov.br
http://www.senado.gov.br/web/senador/RenanCalheiros



FALANDO DE HISTORIA

A Espanha Medieval e o Pensamento Filosófico Judaico
Ivy Judensnaider, do Arscientia (extraído do site www.novae.inf.br)

A Filosofia Medieval e a Filosofia Judaica Medieval

A questão das causas finais da existência humana vem ocupando um papel de grande importância na discussão filosófica e religiosa, da Antiguidade até os nossos dias. Inúmeras questões, na ruptura entre os dois sistemas (o mítico e o racional), passaram a ser objeto de estudo tanto da Religião quanto da Filosofia. Se hoje, aos nossos olhos, causa estranheza a relação entre Ciência e Religião (Razão e Fé), tal não ocorria nos séculos anteriores à ruptura entre essas duas linhas do pensamento. “Quando no mundo atual se fala em filosofia religiosa, o primeiro pensamento é dirigido ao problema do relacionamento entre a religião positiva, revelada, e as ciências, argumentando-se que as duas não têm nada em comum, ou quase nada, por colocarem se em camadas diferentes do conhecimento humano. A filosofia medieval não conhece esta problemática. A sua pergunta é se as ‘verdades reveladas são capazes de ser alcançadas igualmente pela razão’” (2)

O homem escolástico é aquele que organiza o sistema cosmológico (aristotélico, neoplatônico ou pitagórico), confrontando-o com a Fé, na busca de uma explicação racional. A filosofia medieval irá procurar não a explicação dos fatos, mas a provisão de argumentos racionais.

No caso da religião judaica, ela passa a refletir sobre si mesma quando se vê na companhia de outras formas de pensar (helenista e islâmica), especialmente no período ibérico da Idade de Ouro. Assim, se a filosofia medieval é resultado do encontro da filosofia grega com as religiões monoteístas, a filosofia judaica medieval na Espanha encontra suas raízes nas inter-relações com a filosofia árabe. “Esta filosofia árabe, resultante do encontro do Islã monoteísta com o helenismo, e depois com Aristóteles e o neoplatonismo, forma a base da filosofia judaica” (3). Os filósofos judeus medievais, e particularmente os espanhóis, tratarão de problemas lógico-metafísicos no contexto da visão religiosa em que se apóiam.

A Espanha Medieval e o Pensamento Filosófico Judaico Medieval Espanhol

É marcante a importância do estudo da Espanha Medieval entre os séculos VIII e XII, pois é nesse período que surgem inúmeros filósofos e pensadores religiosos judeus. Apesar do reconhecimento dessa situação sui-generis, e dos desenvolvimentos que a ela se seguiram (especialmente no tocante à influência do pensamento de pensadores judeus na formulação da obra de São Thomas de Aquino e outros), a visão “clássica” historiográfica vem se limitando ao estudo da cristandade ocidental representada única e exclusivamente pelo “ocidente cristão”, formado pelo Sacro Império Romano-Germânico e onde o imperador detinha o poder temporal, e o Papa o poder espiritual. A história da Europa vem sendo contada, assim, a partir dessa região (Alemanha, França e Itália), ficando os outros países como periféricos. Essa visão centro-européia permitia a “limpeza” histórica do cristianismo, esquecendo-se do Mediterrâneo na vã intenção de forjar um inexistente ideal de cristandade medieval unida. Se a Espanha havia se tornado um ponto de encontro entre diferentes religiões e culturas, tornara-se um caso de escândalo e contaminação: o espanhol era o mau cristão, mistura de judeu, cristão e mouro.

Após a morte de Maomé, a expansão árabe chegou à Espanha (século VIII), lá encontrando seus limites: a Espanha passou a ser chamada Al-Andaluz, ou Andaluzia. Enquanto o restante da Europa era devastado pelos bárbaros, na Espanha a civilização greco-romana foi preservada.

Ao tomarem conhecimento das obras de Aristóteles e da cultura helênica por meio de textos em grego ou árabe, as famílias judias de tradutores fariam a versão para o hebraico e, a partir desse, os monges fariam posteriores traduções para o latim. O convívio com outras religiões auxiliou no desenvolvimento de um pensamento filosófico judaico nesse período bastante original, especialmente estruturado para responder a três desafios: 1) fazer a apologia, quando necessária a defesa da filosofia judaica perante outras manifestações religiosas; 2) sistematizar o pensamento judaico; 3) defender a filosofia judaica “central” quando de cisões no corpo da comunidade judaica.

A filosofia judaica partiu para a explicação aristotélica e racionalista da sua forma de pensar, ou neoplatônica, em termos e temáticas bastante particulares e, nesse contexto, diferenciaram-se três escolas: a primeira, racionalista, que tem em Maimônedes o seu maior representante (sendo a tendência de procurar racionalmente o conhecimento divino o seu traço “aristotélico” mais importante, embora sejam visíveis as influências do neoplatonismo no seu pensamento, especialmente quando ele se expressa em relação à unidade pura de Deus); a segunda, de crítica ao intelectualismo filosófico, da qual fará parte Yehuda Ha-Levi; a terceira, ascética-espiritual, da qual fará parte Ibn Gabirol, embora nele possam ser identificados traços de não-ortodoxia neoplatônica.

Esse período, do século VIII ao XI, foi de intensa riqueza cultural para os judeus. A comunidade sefaradita era a mais rica e populosa fora da Babilônia. Córdoba, no século X, tinha perto de quinhentos mil habitantes, inúmeros palácios, universidades e bibliotecas. O ideal sefaradita era o homem que combinava fé nas leis e preceitos judaicos com o interesse pela filosofia e pelas ciências naturais. Observava-se a religião, mas os costumes eram cosmopolitas. Estudava-se a Tora, mas o conhecimento grego era buscado. A tradição era judaica, mas a cultura somava o não judaico.

No século XI, o Califa que administrava a região da Andaluzia foi derrubado, assumindo uma outra dinastia, mais fanática e intolerante. A vitória dos almôadas em 1146 (muçulmanos extremamente radicais) deu por terminada a Época de Ouro da Espanha medieval, com a fuga dos judeus para a África e o norte cristão da Espanha.

Maimônedes: a filosofia judaica medieval, da Espanha ao Egito

Maimônedes (cujo nome árabe era Abu Imram Musa ben Maimun Ibn Abdala, e o nome judaico Rabi Moses ben Maimon) ou Rambam, como era conhecido, nasceu em Córdoba, em 1135, quando esta cidade era densamente povoada e um centro cultural de vital importância. Seu pai era matemático, astrônomo e talmudista e, provavelmente, passou para ele esses conhecimentos. Quando o sul da Espanha foi invadido pelos almôadas, Maimônedes fugiu para Fez (Marrocos) e, posteriormente, dirigiu-se à Palestina e Egito. Resolveu seguir a medicina já com mais idade (1166), após a morte do irmão que o sustentava. Em 1176 iniciou a redação do Guia dos Perplexos, sua maior obra, que demorou quinze anos para ficar pronta. Considerada extremamente complexa, era sugerida sua leitura apenas para pessoas em idade madura, a partir dos vinte e cinco anos. Em 1187, tornou-se médico do Sultão Saladin e faleceu, em 1204.
Além de vários tratados religiosos, Maimônedes escreveu sobre medicina (preventiva, curativa e de auxílio aos inválidos), propagando as idéias de Galeno e criticando algumas de Hipócrates. São de sua autoria, também, os Treze Princípios que definem a Revelação Divina.

O Guia dos Perplexos trata da perplexidade do encontro entre a formação filosófica e científica e a formação religiosa. Algumas das principais idéias tratadas por Maimônedes são as seguintes: a) os atributos de Deus são a ele designados, não fazendo parte de sua essência (com a nossa linguagem, por analogia, atribuímos a ele características de forma indevida, já que seus atributos são tão superiores que não podem ser julgados ou qualificados); b) da mesma forma que a anterior, agimos em relação aos atributos antropomórficos de Deus: na realidade, eles são metafóricos (descrevem o ato e não o agente) ou atributos de ação; c) a existência não é um atributo essencial das coisas existentes; para Maimônedes, a existência acrescenta à essência o mero fato de existir. Ainda, como a existência vem “de fora”, não pode se aplicar a Deus, porque sua existência não é “causada”. “Ele não existe como todas as coisas existem.(...) O que estamos dizendo é simplesmente a negação: Deus não é inexistente” (4).
O ser divino era o ser “eterno, imutável, imperecível, sempre idêntico a si mesmo, perfeito, imaterial, conhecido apenas pelo intelecto, que o conhece como separado do nosso mundo, superior à tudo que existe, e que é o ser por excelência” (5) . Esse ser divino, chamado de Primeiro Motor Imóvel, não age diretamente sobre as coisas, apenas atraindo-as. As coisas, quando mudam, o fazem para alcançar a perfeição do Primeiro Motor e o devir, assim sendo, é eterno.

Essa idéia de Primeiro Motor será utilizada por Maimônedes ao falar de Deus: ser que necessariamente existe em relação a si mesmo, que existe sem causa e não é composto, não é força nem corpo. Se existe uma harmonia nas forças que compõem o Cosmo, “todo o Universo aponta para uma única causa, que lhe dá origem e se ocupa dele” (6).

Ao utilizar os conceitos aristotélicos como reforçadores da idéia de eternidade, superioridade e unicidade divina, Maimônedes vai dizer que a ação depende apenas da vontade de quem age, que a vontade do que não é corpóreo não é influenciada por fatores externos e não é passível de sofrer mudança: “só incomoda quem clama que tudo existe em virtude de uma necessidade mecânica e não pela vontade de quem o criou. Esta visão não coaduna com a ordem do universo e não há prova ou argumento suficiente que avance nesse sentido” (7).

Maimônedes também discute o problema do mundo ter sido criado ou não ter tido um início, levando em conta apenas os argumentos e opiniões daqueles que acreditam que Deus existe: “não vejo propósito em expor os pontos de vista dessas seitas [que não acreditam na existência de Deus], dado que a existência de Deus está definitivamente provada e torna-se inútil discutir pontos de vista que se baseiam em proposições que negam provas evidentes” (8). Para Maimônedes, “o tempo é conseqüência do movimento e o movimento é uma contingência de um fator motor: o elemento que move e que dá origem ao fator tempo, foi criado do nada, não tendo existido anteriormente” (9).

Algumas Considerações Finais

O estudo da obra de alguns filósofos judeus da Ibéria aborda questões de vital importância nas investigações relativas às histórias da Filosofia, Religião, Lógica e Ciência. Ainda, nos permite vislumbrar a riqueza e o debate acalorado existente no medievo, quando Fé e Religião não se encontravam dissociadas e, juntas, davam forma e conteúdo para o conhecimento existente.

A ciência medieval, impregnada que estava de pensamento religioso, surge desses escritos, apontando-nos trilhas para obras de filósofos cientistas e religiosos posteriores (judeus e não judeus). As suas discussões a respeito de conceitos pitágóricos, aristotélicos e platônicos – particularmente no tocante à eternidade do universo, existência de Deus, criação e harmonia do cosmos e dos corpos celestes – nos revelam a possibilidade da influência das culturas árabes e islâmicas na formulação do seu conhecimento, bem como a integração desses saberes com a religião judaica e a ciência do período.

“Nenhuma comunidade judaica chegou a ter um interesse ativo na ciência tão profundo como o dos judeus da Espanha e de Portugal. A ciência repercutiu profundamente nas suas realizações culturais. As atitudes para com a ciência assumidas por pensadores que formularam a perspectiva judaica sobre as coisas – filosofias do judaísmo, se preferirem – fixaram a estrutura para discussões subseqüentes, até para os nossos dias” (10). Mais do que pertencer à área específica da história do povo judeu, essa investigação nos permite vislumbrar a História da Ciência sob um ponto de vista que reflete a influência do pensamento religioso na construção do que hoje entendemos como científico e racional. Ainda, “quando ampliamos nosso horizonte ao olharmos nosso passado, descobrimos que fontes da ciência e da religião sobrepõem-se nas grandes transformações sociais que originaram o mundo moderno” (11).

Notas:
[1] Texto extraído da Monografia apresentada no curso de História da Lógica, no programa de pós-graduação em História da Ciência da PUC – SP, sob orientação do Prof. Dr. José Luiz Goldfarb.
[2] F. Pinkuss, Tipos de Pensamento Judaico , p. 35.
[3] S. Scolnicov, Essência e Existência, p. 2
[4] S. Scolnicov, op. cit., p. 71; o autor também explica a inadequação de atribuirmos unidade a Deus, já que ele só poderia ser um se houvesse, igualmente, a possibilidade dele ser vários.
[5] M. Chauí, op. cit., pág. 218.
[6] Maimônedes, Guia dos Perplexos., pág. 137
[7] Maimônedes, op. cit., pág. 154.
[8] Maimônedes, op. cit., pág. 142.
[9] Maimônedes, op. cit., pág. 138.
[10] Y. T. Langermann, “A Ciência Judaica na Ibéria Medieval”, in A. W. Novinsky & D. Kuperman, orgs., Ibéria-Judaica: Roteiros da Memória, pág. 102. Neste trabalho, o autor reflete sobre as práticas científicas judaicas do período: a medicina (em função do valor teológico advindo da sabedoria divina revelada no funcionamento do corpo humano), a astrologia e astronomia (conhecimento dos corpos celestes, fundamentais para a compreensão do esquema cosmológico), a farmacologia, a matemática e a preparação de enciclopédias. Também nos fala sobre a intensa atividade literária hispano-judaica, que retirava da ciência os seus conteúdos e referências.
[11] J. L. Goldfarb, “Ciência e Religião: Inovações Matemáticas”, in J. L. Goldfarb & M. H. M. Ferraz, orgs., Anais do VII Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, pág. 197, nos fala sobre a importância do estudo das manifestações religiosas (em particular, das semitas – judaica e islâmica) quando da investigação da astronomia e sua conseqüente aproximação com a matemática através da observação dos corpos celestes, elaboração dos calendários e a realização de censos.

BIBLIOGRAFIA
CHAUÍ, M., Convite à Filosofia. São Paulo, Ática, 2002.
GOLDFARB, J. L. “Ciência e Religião: Inovações Matemáticas”. In: José Luiz Goldfarb & Márcia M. H. Ferraz, orgs. Anais do VII Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia. São Paulo, Imprensa Oficial/Edusp/Ed. Unesp, 2000.
LANGERMANN, Y. T. “Torah and Science: Five Approaches from Medieval Spain”. In: José Luiz Goldfarb & Márcia M. H. Ferraz, orgs. Anais do VII Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia. São Paulo, Imprensa Oficial/Edusp/Ed. Unesp, 2000.
___________________. “A Ciência Judaica na Ibéria Medieval”. In: Anita W. Novinsky & Diane Kuperman, orgs. Ibéria-Judaica: Roteiros da Memória. São Paulo, Expressão e Cultura/EDUSP, 1996.
MAIMÔNEDES, Guia dos Perplexos. São Paulo, Sefer, 2003.
PINKUSS, F., Tipos de Pensamento Judaico. São Paulo, Centro de Estudos Judaicos da FFLCH/USP, 1975.
SCOLNICOV, S., Essência e Existência. São Paulo, Associação Universitária de Cultura Judaica, 1994.

Publicado originalmente no
Arscientia

Ivy Judensnaider - É economista e mestra em História da Ciência e Tecnologia pela PUC/SP. Trabalha como professora universitária e é escritora. ivy.naider@gmail.com


BRASIL

Marco Aurélio Weissheimer

Alguém aprendeu algo com a crise política?

As falas de parlamentares justificando o reajuste de seus próprios salários na escala em que o aprovaram e na velocidade em que o fizeram revelam, de modo exemplar, que estão perdendo o vínculo com a vida real do país. Aparentemente, não aprenderam rigorosamente nada com a crise política. - 14/12/2006

LUTA PELA TERRA

CPT reage à carta da Fiesp que chama índios de criminosos

Comissão Pastoral da Terra (CPT) manda carta ao presidente nesta sexta (15) denunciando agressão a indígenas em Aracruz, ES, e respondendo documento da Fiesp, enviado a Lula no dia 13, que chama manifestantes Guarani e Tupinikim de “arruaceiros e criminosos comuns” que merecem tratamento policial e não político. > LEIA MAIS Movimentos Sociais 15/12/2006

INTERNACIONAL

Francisco Carlos Teixeira

O Holocausto ou o dever da lembrança

Realizou-se em Teerã um esdrúxulo exercício de estupro da história, em que o Estado iraniano decidiu ‘avaliar’ a existência ou não do Holocausto. Para isso convidou reconhecidos negacionistas e religiosos ortodoxos contrários à existência de Israel. Missão: negar o mais terrível crime coletivo do século XX. -


NOTICIAS

1. Estamos propondo o simpósio O ENSINO DE HISTÓRIA NAS AMÉRICAS para o próximo Simpósio Nacional da ANPUH. Gostaríamos de convidar-lhe para inscrever-se nele e /ou ajudar-nos a divulgá-lo.

Maiores detalhes em http://snh2007.anpuh.org/simposio/public.

Um abraço.Luis Fernando Cerri (UEPG)Maria de Fátima Sabino Dias (UFSC)

Simpósios Temáticos - Título: O ensino de História nas Américas

Proponentes:Luis Fernando Cerri (Universidade Estadual de Ponta Grossa),Maria de Fátima Sabino Dias (UFSC)

Descrição:Considera-se que o Ensino de História tem se consolidado como um campo especial de investigação, de característica interdisciplinar, integrando questões da teoria da História, da metodologia do ensino, da história das disciplinas e de vários outros campos da História e da Educação. Considera-se ainda que o ensino de História na América Latina é dotado tanto de características universais quanto de dados particulares, e que esses têm recebido menor atenção no panorama acadêmico contemporâneo. Deste modo, o simpósio objetiva reunir professores que desenvolvem trabalhos de pesquisa em diversas vertentes teóricas e metodológicas seja na América Latina, seja sobre a América Latina, seja, ainda, em perspectiva comparativa entre países da América Latina. Desse modo, são esperadas comunicações referentes a cultura escolar e às práticas de sala de aula, livro didático, formação de professores de História, , representações e usos sociais do conhecimento histórico no passado e na atualidade, trajetórias escolares e não – escolares de aprendizagem, debates teóricos sobre esse campo de pesquisa e assemelhados.Objetiva-se, enfim, reunir e mobilizar professores que fazem pesquisa acadêmica num espaço horizontal e solidário para promover, além da troca de experiências e bibliografias, a construção de projetos de pesquisa interdisciplinares e internacionais.

2. Boa noticia no site www.estradareal.org.br

Expresso Pai da Aviação finalmente vai rodar pelos trilhos de Minas.

O Ministério do Turismo confirmou a liberação de R$ 1,5 milhão para o projeto desenvolvido há sete anos pela ONG Amigos do Trem. Com 125 quilômetros de extensão, a linha ferroviária de passageiros com finalidade turística passará por seis municípios da Zona da Mata e Campo das Vertentes: Matias Barbosa, Juiz de Fora, Ewbank da Câmara, Santos Dumont, Antônio Carlos e Barbacena.

"Vamos contar com um restaurante e um vagão-teatro", informa Paulo Henrique do Nascimento, presidente da ONG, reconhecida pelo governo federal como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). A previsão é de que a composição comece a circular em meados de 2007. O trem turístico vai parar durante uma hora no Museu-Fazenda Cabangu, onde nasceu Santos Dumont.

Durante a viagem, os visitantes poderão desembarcar na estação ferroviária de Mariano Procópio, em Juiz de Fora, que será reformada com recursos do projeto. Até que o trem volte de Matias Barbosa, os turistas poderão conhecer as instalações do segundo maior museu imperial do país, que leva o mesmo nome da estação.

O trem de passageiros turístico fará ainda uma parada na estação principal de cada uma das cidades envolvidas no circuito. Segundo Paulo Henrique, a composição sairá de Juiz de Fora, em direção a Barbacena, às 9h de sábados, domingos e feriados. Às 14h, após retorno a Juiz de Fora, segue até Matias Barbosa, numa viagem de ida e volta de, aproximadamente, 50 minutos.

Os passageiros que quiserem seguir novamente até Barbacena farão o percurso de volta numa automotriz, locomotiva que tem motor e vagão, enquanto a composição principal fica estacionada em Juiz de Fora, para nova viagem no dia seguinte. Os bilhetes serão vendidos para o trecho integral da viagem ou para um percurso específico entre as cidades. O valor do tíquete terá como base as tarifas dos ônibus interurbanos, que atendem os seis municípios envolvidos.

Com a verba, além da reforma da estação ferroviária de Mariano Procópio e de seus prédios anexos, a ONG vai recuperar duas locomotivas, duas automotrizes e seis vagões de passageiros dos antigos Trem de Prata, que fazia a linha Rio de Janeiro-São Paulo, e Vera Cruz, que percorria o trecho entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Essas composições hoje se encontram sucateadas em pátios ferroviários de Juiz de Fora, Santos Dumont e Belo Horizonte.

3. VI Encontro de Historia Oral do Nordeste/UESCO

VI Encontro de Historia Oral do Nordeste - Culturas, Memórias e Nordestes, acontecera' na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), entre os dias 2/5 e 5/5/2007. Os trabalhos para os espaços de diálogos poderão ser enviados ate' 5/3/2007, e as inscrições para mesas redondas estarão abertas ate' 15/3/2007. Mais informações pelo e-mail: viho_nordeste@uesc.br ou abho.nordeste@yahoo.com.br.

4. VI Semana de Historia da UERJ

A VI Semana de Historia da UERJ - "Interação, Discursos e Representação", será realizada entre os dias 14 e 18/5/2007. As inscrições estarão abertas no período de 3/1 a 6/4/2007, e poderão ser realizadas no Departamento de Historia ou no NEA (Núcleo de Estudos da Antiguidade). Mais informações pelo e-mail: nea_hist@uerj.br ou dhisuerj@yahoo.com.br.

5. III Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional/UFSCO

III Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional promovido pelos Departamentos de Historia e Programas de Pós-graduação em Historia da UFSC, da UFRGS e da UFPR e pela seção RS da ANPUH, será realizado entre os dias 2/5 e 4/5/2007, no Auditório da Reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Campus da Trindade, em Florianópolis, SC. Mais informações em www.labhstc.ufsc.br/iiiencontro.htm


LIVROS E REVISTAS

Livro conta histórias da comunicação na redemocratização do Brasil“Vozes da Democracia”, uma publicação do Intervozes, resgata experiências de resistência à ditadura militar pouco conhecidas no país. Lançamento acontece em São Paulo no próximo dia 18 e em Brasília no dia 19. > LEIA MAIS Arte & Cultura 15/12/2006

• Livro registra testemunhos sobre a oposição ao regime civil-militar pós-1964

Sem mudança de 'rumo', pobreza no mundo só acaba em 2282

Relatório do Observatório da Cidadania, que será lançado nesta sexta (15), analisa dados de mais de 60 países e conclui que Metas do Milênio da ONU, previstas para 2015, só serão alcançadas em 2282, se políticas econômica e social da maioria dos países forem alteradas. > LEIA MAIS Direitos Humanos 13/12/2006

Nas bancas o numero 14 da Revista de Historia da Biblioteca Nacional. Traz um dossiê sobre os Ciganos no Brasil. Além disso, interessante discussão sobre a existência real da Aclamação de Amador Bueno em 1641, e artigos: No Caraça, os políticos fazem escola – A educação física na era Vargas – Os escravos vâ à justiça – A polícia segundo Debret e Rugendas – Não pegue o bonde andando! – O missionário da floresta – O baú de João Conde – O papel da mulher, segundo os livros didáticos. Entrevista com Kenneth Light.

Nas bancas o numero 38 da revista Historia Viva. Dossiê sobre “os grandes medos da idade Média”. Artigos: De Gaulle, o último estadista- Suez, à beira da guerra global – A Sicília sob o chame do Oriente – A milenar resistência Armênia – Egito, a outra terra santa – Acervos brasileiros continuam a ser saqueados – Amazônia, de Galvez a Chico Mendes – 1906: Porto Alegre vai à greve.

Nas bancas, o numero 38 da revista Nossa Historia. Dossiê: Protestantismo no Brasil – Entrevista com Delfim Netto – Artigos principais: As estâncias hidrominerais na Belle Epoque – A União Ibérica – Os Felipes do Brasil – O exército brasileiro da colônia ao século XXI – Capistrano de Abreu – o Escotismo no Brasil.


Uma viagem de milhares de anos
Livro conta expedição do brasileiro que refez trajetória do homem pré-histórico da África até o Brasil. (clique para ler o comentário sobre o livro)
Na trilha da humanidade - Airton Ortiz Coleção Viagens Radicais Rio de Janeiro, 2006, Record 277 páginas – R$ 34,90


"A oposição ao Estado Novo no exílio brasileiro 1956 - 1974", de Douglas Mansur da Silva, editora Imprensa de Ciências Sociais. O autor interessou-se em analisar a militância de um núcleo de portugueses anti-salazaristas exilados no Brasil e reunidos em torno do jornal Portugal Democrático. Principal periódico publicado pela oposição no exílio, editado em língua portuguesa, e único a não sofrer censura. O Portugal Democrático contou com expressivos colaboradores no campo cultural e político, ao longo de quase duas décadas, e através da inserção em redes de esquerda, o jornal manteve a sua periodicidade, mesmo em tempos de ditadura no Brasil e ao lado de outras adversidades, como a presença corporativa do Estado Novo junto aos imigrantes. Mais informações pelo e-mail: douglas_silva@hotmail.com.


SITES INTERESSANTES

1. O novo numero da Revista de Aulas do Programa de Pós-graduação em Historia da Unicamp já esta' disponível em www.unicamp.br/aulas.

2. O novo numero da Revista virtual de Historia Klepsidra já esta' disponível em www.klepsidra.net


FILMES HISTORICOS

Prosseguindo a relação iniciada no boletim passado, seguem mais alguns filmes com seus respectivos temas.

31. Tempo de Glória - EUA – Guerra da Secessão ***

32. A Sombra e a Escuridão - Neocolonialismo *

33. A Guerra do Ópio - Neocolonialismo **

34. Lawrence da Arábia - Imperialismo britânico no Oriente Médio **

35. Titanic - Sociedade européia do início do século XX ***

36. Viva Zapata - Revolução Mexicana - 1910 **

37. Um Violinista no Telhado - Judeus da Europa Oriental – séc. XIX e XX ***

38. Rasputin - Rússia pré-revolução **

39. O Encouraçado Potenkim - Rússia pré-revolução **

40. Stálin - Revolução Russa/Stalinismo ****

41. A Revolução dos Bichos - Revolução Russa (metáfora sobre o stalinismo) ****

42. Reeds - Revolução Russa/Comunismo ***

43. O Ladrão - Stalinismo ***

44. Leste Oeste – Amor no exílio - Stalinismo ***

45. Gallipoli - I Guerra **

46. Chá com Mussolini - Nazifascismo **

47. Concorrência Desleal - Fascismo italiano ***

48. Terra e Liberdade - Guerra Civil Espanhola ****

49. Liberdade - Guerra Civil Espanhola ****

50. A Língua das Mariposas - Guerra Civil Espanhola ***

51. Ana e os Lobos - Metáfora sobre o franquismo ***

52. Tempos de Guerra - Invasão japonesa na Manchúria (CHI – 1937) ***

53. A Lista de Shindler - II Guerra – Holocausto ****

54. A Vida é Bela - II Guerra – Holocausto *****

55. Um sinal de esperança - II Guerra – Holocausto **

56. Adeus Meninos - II Guerra – Holocausto ***

57. Amarga Sinfonia de Aushwitz - II Guerra – Holocausto ***

58. As 200 crianças do Dr. Kirczak - II Guerra – Holocausto ***

59. O Pianista - II Guerra – Holocausto *****

60. Fronteira da Liberdade - II Guerra – Holocausto *

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