Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

7.2.07

Número 077



EDITORIAL

Voltamos ao tema do relatório da ONU, já comentado na edição passada. Dessa vez apresentamos um artigo do site Carta Maior que analisa o relatório publicado dia 2 passado. E concluímos com uma matéria do blog do jornalista Tão Gomes Pinto, que mostra como os grandes interessados já começaram a campanha para desmoralizar este relatório.

Ação humana é principal responsável pelo aquecimento global
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas indica que a ação humana tem alterado as condições climáticas do planeta. O aumento de temperatura até o final do século será catastrófico se não houver a adoção de políticas sustentáveis e a mudança do atual padrão de consumo. > LEIA MAIS Meio Ambiente 02/02/2007

O jornalista Tao Gomes Pinto, em seu blog http://taogomespinto.blig.ig.com.br, transcreve o que, possivelmente, nenhum veículo da grande mídia irá discutir: a reação dos grandes poluidores, que passam agora a tentar desacreditar o relatório da ONU sobre o aquecimento global:

Amanhã, segunda-feira, [nota: a matéria foi postada dia 04/02, domingo passado] uma organização científica financiada pela petroleira americana Exxon Mobil, com base no Canadá, publicará em Londres um estudo que coloca dúvidas sobre o informe da ONU sobre as mudanças climáticas no planeta.
Começa assim a contra-ofensiva daquilo que Ben Stewart, presidente da ONG "Greenpeace" define como 'a cosa nostra' petroleira que cerca o presidente George W. Bush.
Ontem, o jornal britânico The Guardian noticiou que a fundação American Enterprise Institute (AEIE) enviou cartas a economistas e cientistas tentando desacreditar o informe sobre mudanças no clima divulgado pela ONU em Paris.
A fundação promete pagar até US$ 10 mil a quem contrariar os dados do relatório da ONU, escrevendo artigos que enfatizem as dúvidas sobre o aquecimento global. Ofereceria ainda viagens com tudo pago.
O lobby estadounidense do American Enterprise Institute acusa os autores do relatório da ONU de não aceitar "críticas razoáveis" de "chegarem a conclusões sumárias e insuficientes e não apoiadas num trabalho analítico".
A fundação recebeu mais de US$ 1.6 milhões de dólares da Exxon Mobil, que designou ainda mais de 21 pessoas de sua confiança para dar assessoria à Casa Branca.
O ex-presidente da Exxon Mobil, Lee Raymond, é vice-presidente desse 'centro de estudos'. Segundo Ben Stewart, da "Greenpeace", o "American Entreprise Institute" é alguma coisa maior do que um 'centro de estudos'. Funcionaria na verdade como "uma 'Cosa Nostra' intelectual da administração Bush".

Na seção Falando de História deste mês, 3 artigos: preconceitos lingüísticos contra os imigrantes, o filme Batismo de sangue, sobre a atuação dos dominicanos no período militar e a busca pelos mistérios da medicina egípcia antiga. Em Nuestra América, muita coisa polêmica: os 45 anos do bloqueiro norte-americano a Cuba; Os novos rumos para a Venezuela, ainda sem muita clareza do que seria o “socialismo bolivariano”; O Panamá e sua crise de identidade; A esquerda latino-americana quer se libertar do neoliberalismo, mas ainda não encontrou seus caminhos. Na Seção Brasil, dois artigos reviram a tragédia do metrô de São Paulo e o governador Serra corta verbas e enquadra as universidades estaduais. E na seção Internacional, Frei Betto fala sobre as trapalhadas de Bush, enquanto Mário Maestri ironiza o presidente da Câmara dos deputados da Itália, segundo ele, um “comunista arrependido”.


FALAM AMIGOS E AMIGAS

Luciana Macedo nos envia este aviso:
A Faculdade de Viçosa, dando continuidade às suas atividades na Pós- Graduação, lança os seguintes cursos, para início no mês de março de 2007:

Supervisão Escolar
Psicopedagogia Institucional
Turismo Sustentável
Educação ambiental
Gestão Ambiental

Informações: 3891-5054 ou www.faculdadevicosa.com.br


FALANDO DE HISTORIA

1. Preconceitos lingüísticos
Discriminação contra imigrantes e suas línguas chegou a ser regulamentada pelo Estado no Brasil
leia em http://ich.unito.com.br/65771

2. Do Repórter Brasil:
Dominicanos presos pela ditadura assistem à sua história no cinema
Cerca de 60 frades reuniram-se quinta-feira (25) para ver o filme "Batismo de Sangue", ainda inédito, que mostra a atuação dos dominicanos contra a ditadura pós-1964. Entre os presentes, religiosos que foram perseguidos e torturados pelo regime
Por André Campos

“Vocês vão ver que é um filme muito forte”, já alertava frei Betto à platéia antes de a projeção começar. “E mais forte foi a realidade”, completa.
Anualmente, os dominicanos do Brasil – representantes da Ordem dos Pregadores, fundada há oito séculos por São Domingos de Gusmão – reúnem-se para uma semana de reflexões sobre os rumos da atuação religiosa posta em prática pelos seus membros. Este ano, contudo, os debates sacros foram momentaneamente interrompidos para a revisão de um passado tão mundano quanto doloroso. Na última quinta-feira (25), cerca de 60 membros da Ordem foram até o cinema para assistir a uma exibição fechada de "Batismo de Sangue", filme ainda inédito no país. O longa-metragem – uma ficção baseada no livro homônimo de frei Betto – retrata a atuação dos dominicanos no combate ao regime militar instaurado após o golpe de 1964.

Durante os primeiros anos da ditadura, jovens frades seguidores de São Domingos desempenharam papel importante na resistência às forças armadas. Deram cobertura à Ação Libertadora Nacional (ALN), grupo guerrilheiro comandado por Carlos Marighella – ex-deputado federal e um dos principais opositores do governo. Os frades defendiam que viver o evangelho era integrar-se à comunidade através de práticas sociais concretas, que defendessem os injustiçados. Pagaram alto preço: perseguição, cadeia, tortura e exílio.

Em 1969, os freis Ivo e Fernando foram os primeiros dominicanos a cair. Capturados pela polícia e submetidos a fortes torturas, acabaram forçados a servir de isca e marcar um encontro com Marighella. A emboscada revelou-se um sucesso: após troca de tiros, morreu o líder da ALN.
Frei Tito, então com 24 anos, foi o próximo dominicano colocado atrás das grades, capturado no próprio convento dos dominicanos. Cinco dias depois, frei Betto - hoje conselheiro pessoal do presidente Lula - também foi preso. Estava escondido no Rio Grande do Sul, ajudando opositores do governo a fugirem do país pela fronteira.

Dentre todos esses religiosos, é a história de frei Tito que o filme aborda com mais profundidade. Durante 42 dias, ele foi submetido ao pau-de-arara, a choques elétricos nos ouvidos e genitais, a socos, pauladas, palmatórias e queimaduras de cigarro, entre outras perversidades. Em certa ocasião, foi lhe ordenado que abrisse a boca para receber a "hóstia sagrada" (dois eletrodos com corrente elétrica). Teve a boca queimada a ponto de não conseguir falar. Tentou suicídio nessa época, cortando-se com uma gilete. Os militares, no entanto, o mantiveram vivo e sob tortura psicológica.

Em dezembro de 1970, Tito foi incluído na lista de presos políticos trocados por um embaixador suíço seqüestrado. Partiu para o exílio, passando pelo Chile e pela Itália antes de se estabelecer definitivamente na França. Do Brasil, contudo, Tito não saiu sozinho. Levou consigo a lembrança obsessiva do delegado Sérgio Paranhos Fleury, seu principal algoz nos porões ditadura.
Alucinava o espectro de seu torturador e sentia sua presença entre as árvores do convento de La Tourette – onde passou a viver. O delegado lhe dava ordens: não entrar, não deitar, não comer... Tito oscilava entre resistir e obedecer. Em 1974, atormentado por essa realidade, o frade enforcou-se em uma árvore nos arredores do convento.

História de resistência
Entre os dominicanos presentes à exibição do filme, muitos participaram ativamente dessa história. Um deles é Xavier Passat, hoje coordenador da campanha de combate ao trabalho escravo da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Xavier nasceu na França e viveu em La Tourette nos anos 1970. Acompanhou de perto o calvário de frei Tito – tendo saído ele próprio, em algumas ocasiões, a sua procura após as constantes fugas do convento.

Para Xavier, ao contrário do que muitos pensam, o suicídio de Tito não pode ser considerado um ato de entrega. Na verdade, foi uma tentativa de libertar-se do jugo de Fleury, que continuava a torturá-lo de dentro de sua mente. Um último ato resistência contra a opressão da ditadura, encarnada na figura daquele sinistro delegado. “Melhor morrer do que perder a vida”, havia escrito Tito um pouco antes de falecer.

Frei Oswaldo, hoje diretor da Escola Dominicana de Teologia em São Paulo, foi outro a rever o próprio passado em "Batismo de Sangue". Era ele o dominicano que originalmente fazia a ponte entre Marighella e os frades. Mas como estava muito exposto, seus superiores decidiram enviá-lo para a Europa pouco antes das prisões começarem. Acolheu Tito quando este veio à França, acompanhou seu calvário de perto. Só retornou ao Brasil há oito anos.

“Em maior ou menor grau, esse período foi traumático para os dominicanos envolvidos e para a Ordem em seu conjunto”, explica Oswaldo. “Todos os grandes projetos que nós tínhamos foram talhados, impedidos de continuar.” Entre eles, o frade destaca o Instituto de Teologia Católica na Universidade de Brasília (UnB) – iniciativa comandada por frei Mateus que foi abortada – e o extinto jornal de esquerda Brasil Urgente, também capitaneado por dominicanos.

Oswaldo afirma que a repressão levou a Ordem dos Dominicanos a não acolher nenhum novo membro no país durante quase quinze anos. “Como iríamos aceitar jovens que, pelo simples fato de ingressarem, já eram considerados suspeitos?”, indaga.

Mas já diziam os militares: "apesar de poucos, fazem muito barulho". Estão hoje espalhados pelos quatro campos do território, envolvidos com diversas organizações religiosas e humanitárias. Combate ao trabalho escravo, defesa dos direitos indígenas, das mulheres e dos presidiários são apenas algumas das linhas de atuação adotadas pelos seus membros.
Segundo Oswaldo, há hoje um clima de retomada de projetos dominicanos em desenvolvimento no Brasil. A lembrança daquele passado, no entanto, jamais se apagará de sua memória. “É curioso. Há tempos na vida, às vezes três, quatro ou cinco anos, em que a intensidade é tal que parece termos vivido um século”, reflete o frade.

A estréia de "Batismo de Sangue" nos cinemas nacionais está prevista para abril deste ano.

Ficha técnica
Título Original: Batismo de Sangue Gênero: Drama - Tempo de Duração: 110 minutos
Ano de Lançamento (Brasil / França): 2007
Estúdio: Quimera Filmes / V&M do Brasil - Distribuição: Downtown Filmes
Direção: Helvécio Ratton Roteiro: Dani Patarra e Helvécio Ratton, baseado no livro "Batismo de Sangue", de Frei Betto
Produção: Helvécio Ratton
Música: Marco Antônio Guimarães - Fotografia: Lauro Escorel - Direção de Arte: Adrian Cooper Figurino: Marjorie Gueller e Joana Porto - Edição: Mair Tavares
Elenco
Caio Blat (Frei Tito) - Daniel de Oliveira (Frei Betto) - Cássio Gabus Mendes (Delegado Fleury) Ângelo Antônio (Frei Oswaldo) - Léo Quintão (Frei Fernando) - Odilon Esteves (Frei Ivo) - Marcélia Cartaxo (Nildes) - Marku Ribas (Carlos Marighella) - Murilo Grossi (Policial Raul Careca) - Renato Parara (Policial Pudim) - Jorge Emil (Prior dos dominicanos)
3.

Em busca dos mistérios da medicina dos faráos
Cientistas ingleses iniciam expedição para entender por que os egípcios foramos melhores médicos do mundo antigo
Por Cilene Pereira
Na última semana, uma equipe de cientistas ingleses partiu para o Egito com uma missão especial: desvendar os segredos da antiga medicina praticada no país dos faraós. A escolha do destino é mais do que justificável. Na Antigüidade, o Egito se destacou por sua excelência na prevenção e no tratamento das doenças. Até habitantes de outros países, como a Grécia, iam para lá em busca de respostas mais efetivas para seus problemas de saúde. Agora, chegou a vez de os pesquisadores da Universidade de Manchester desembarcarem em solo egípcio para descobrir o que tornou essa medicina tão poderosa.
Em São Paulo, governador José Serra corta investimento no ensino superior e "enquadra" administrativamente direção das universidades; docentes, alunos e trabalhadores preparam mobilização contra o pacote classificado de "autoritário"
-> Governo separa ensino técnico das universidades

O jornalista Mino Carta, em seu blog http://blogdomino.blig.ig.com.br, no dia 5 deste mês comentou a respeito das críticas que a imprensa tucana tem feito à possível substituição do ministro da Justiça Thomas Bastos pelo petista Tarso Genro. É interessante o comentário que ele faz, dizendo que Tarso, afinal de contas, é advogado de boa tradição e muita cultura. E que a mídia tucana se esquece que, nos oito anos de governo de FHC, tivemos 9 (isso mesmo, nove) ministros da Justiça, entre os quais “figures imponentes, talhadas para o cargo, como Renan Calheiros, Iris Rezende e Aloysio Nunes Ferreira. É quase uma galeria dos horrores. Mas o jornalismo tucanizado é assim mesmo, teve com quem aprender.”.

NUESTRA AMERICA

1. Bloqueio econômico contra Cuba completa 45 anos
Parlamento autoriza Chávez a governar por decreto em 11 áreas; embora a medida tenha gerado questionamentos, presidente afirma que prioridade será fortalecer poder popular com os conselhos comunitários, na construção do "socialismo do século 21"

3. UM PAÍS OU UM CANAL?
• Fundação do PTP: alocução do 9 de janeiro e carta de princípios

4. Em ascensão, esquerda latino-americana quer superar 'etapa neoliberal'
Rede de mais de 100 partidos e movimentos de esquerda de América do Sul e Caribe foi criada no auge neoliberal. Agora, com vários governos sob seu comando, integrantes definem ações concretas, como criação de escola e observatório eleitoral.
Jonas Valente – Carta Maior

SÃO PAULO – A América Latina foi uma das regiões que mais sofreu na pele os efeitos da ofensiva neoliberal iniciada na década de 90. No entanto, e em reação ao flagelo deste processo, nos últimos cinco anos esta etapa do capitalismo vem passando por uma série de crises de hegemonia, exemplificada pela eleição de diversos governos de esquerda e centro-esquerda em países como Venezuela, Bolívia, Brasil, Argentina e, mais recentemente, Equador e Nicarágua. Se há uma avaliação mais ou menos consensual de que aquela etapa anterior perdeu força, não há, porém, uma compreensão fechada ou clara do que está nascendo em seu lugar.
Entender este processo é uma das principais tarefas definidas pelo Foro de São Paulo em seu encontro anual, realizado entre 12 e 17 de janeiro, em El Salvador. As resoluções da reunião foram divulgadas nesta terça-feira (6) em São Paulo pelos secretários de relações internacionais do PT, Valter Pomar, e do PC do B, José Reinaldo de Carvalho. O Foro congrega mais de 100 partidos e movimentos de esquerda na América do Sul e Caribe e foi criado em 1990 em uma conjuntura difícil para a esquerda, marcada pela ascensão do neoliberalismo e pela falência do mundo socialista.
Segundo o documento final do encontro do Foro, em que o neoliberalismo é apontado como doutrina hegemônica do mundo imposta pelos centros do poder global, “o enfrentamento em ascenso dos povos à sua seqüela de concentração da riqueza e massificação da exclusão social favorece uma acumulação de forças sem precedentes por parte da esquerda latino-americana”. Na avaliação de Valter Pomar, um dos desafios é delinear o resultado deste movimento. “A hegemonia dos EUA está passando, mas o que é o tal pós-neoliberalismo?”, questiona. Para José Reinaldo de Carvalho, apesar das vitórias sucessivas da esquerda na região, hoje predomina um conjunto de governos intermediários, com grande heterogeneidade e alcance curto em termo de ações.
É na análise dos processos que reside um dos caminhos para clarear as possibilidades e caminhos da América Latina. Nessa abordagem, ganha importância e complexidade a compreensão dos casos venezuelano e boliviano pela sua aparente vanguarda na radicalidade entre os governos vizinhos. “Há um descompasso entre a expectativa que processos como Venezuela e Bolívia criam e o que se dá efetivamente no interior destes”, aponta Pomar.
A nação comandada por Chávez tende a estar no centro das discussões pelo autoproclamado socialismo do século XXI. Uma das razões é o seu conteúdo, ainda um enigma a ser decifrado. “Dá para chamar de socialismo? Acho que não é. Pode ser o intuito, mas não é o que está em curso”, avaliou o secretário do PT. Já José Reinaldo Carvalho apresentou postura mais crédula em relação àquele país. “Temos que olhar o processo venezuelano dentro da sua especificidade e apostar que o povo de lá irá encontrar uma saída para seus problemas”, afirmou.
Estreitar laços
Outro desafio na pauta do Foro é a sua forma de atuação. Na virada dos anos 90 para o novo século, a rede passou por períodos de turbulência, no qual houve irregularidade na realização dos seus encontros anuais, e até mesmo questionamento de parte de seus integrantes sobre a necessidade da sua existência. “Há um desafio de dar utilidade prática ao Foro. O que se pode fazer em termos de campanhas?”, refletiu Pomar. Se o encontro do Foro não deu resposta a esta pergunta, pelo menos buscou apontar para iniciativas mais concretas de cooperação. Foram definidas a construção de um observatório eleitoral, a organização de um festival político e cultural e a criação de uma escola de formação política para os partidos e movimentos que integram a rede.
Para José Reinaldo de Carvalho, o foro não deve ser uma organização, mas manter seu caráter de rede apostando nas convergências. “Foro não pode ser uma internacional [organização de partidos comunistas e socialistas], não pode ter centro único, não pode ter maioria se impondo à minoria. Tem que ter habilidade para buscar consensos, ir naquilo que nos une e não no que nos separa”, defendeu. A resolução do encontro aponta para este caminho, destacando que o avanço do combate ao neoliberalismo só avançará a partir de uma “ação articulada e uma relação respeitosa e complementar entre os partidos, movimentos e coalizões políticas de esquerda e da diversidade de organizações e movimentos populares e sociais” no intuito de construir uma “frente ampla de luta que integre a todos os setores populares e democráticos afetados pelas políticas do modelo dominante”.


INTERNACIONAL

As trapalhadas de Bush
FREI BETTO
O que fará Bush? Nem pode retirar as tropas do Iraque, exceto admitindo a derrota, nem sabe como, por que e até quando mantê-las ali.
JOSEPH STIGLITZ ganhou o Prêmio Nobel de Economia e foi economista-chefe do Banco Mundial. Linda Bilmes ensina finanças públicas em Harvard. Juntas, as duas cabeças calculam que Bush já gastou US$ 2,2 trilhões na guerra do Iraque. O orçamento real é 22 vezes maior que o oficialmente declarado. Isso é mais de duas vezes o PIB do Brasil, orçado hoje em R$ 1,9 trilhão.
Bush demitiu, em 2003, seu mais alto assessor econômico, Larry Lindsey, por ter ousado sugerir que o custo da guerra podia chegar a US$ 200 bilhões. A Casa Branca irritou-se na época e se desdobrou no Congresso para acalmar os parlamentares. Despachou Paul Wolfowitz (era o número dois do Pentágono e é, hoje, presidente do Banco Mundial) para ir lá e jurar a deputados e senadores que o próprio Iraque financiaria tudo com o petróleo que jorra de seu solo...
A intervenção dos EUA no Iraque resulta de uma seqüência de mentiras. Primeiro, Bush alardeou que o governo de Saddam estaria envolvido no 11 de Setembro. A acusação jamais foi comprovada. Depois, acusou-o de estocar armas de destruição em massa. Saddam abriu as portas do país e permitiu que peritos da CIA o revirassem de cabeça para baixo. Após um ano de investigações, nada foi encontrado. Os grandes jornais dos EUA chegaram a pedir desculpas aos leitores por terem acreditado no engodo.
Enfim, Bush tentou justificar o atoleiro em que se meteu prometendo fazer do Iraque uma democracia capaz de disseminar-se pelo mundo árabe.
Forjou eleições, dividiu a nação e aprofundou a mortandade. Saddam Hussein foi enforcado sob acusação de matar 104 xiitas. Na época, o Iraque estava em guerra com o Irã e o ditador era um títere nas mãos do Tio Sam. O apoio foi levado a Bagdá por Donald Rumsfeld, que até há pouco monitorava o Pentágono e a guerra no Iraque.
Bush está desesperado. Com a aprovação popular em míseros 27% e as derrotas nas eleições da Câmara e do Senado, tenta convencer os estadunidenses de que vale a pena enviar mais soldados ao Iraque (estão lá cerca de 140 mil das tropas de intervenção). Pesquisas apontam que 61% da população dos EUA é contra enviar mais tropas.
Já morreram no Iraque 3.000 soldados made in USA e 600 mil iraquianos. Como cota de urgência, estão seguindo mais 21 mil soldados -número insignificante numa Bagdá com 5 milhões de habitantes hostis à presença dos EUA. Ao se referir ao custo da guerra, Bush omite os gastos com cerca de 20 mil militares feridos. Hoje, as máquinas de guerra oferecem blindagens mais resistentes. Diminuem o total de mortos, mas produzem mais feridos: daí os enormes gastos com amputações, internações, indenizações etc.
Calcula-se que só os danos cerebrais consumam US$ 35 bilhões. Com a invasão do Iraque, Bush concedeu ao terrorismo status de guerra, ampliou o poder de recrutamento de suas organizações e lhes ofereceu objetivos e alvos concretos. No Iraque, o terror sabe onde e em quem atirar, enquanto as tropas de ocupação miram em alvos imprecisos e penalizam a população civil.
O que fará Bush? Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. Nem pode retirar as tropas do Iraque, exceto admitindo a derrota, nem sabe como, por que e até quando mantê-las ali. Além da guerra coordenada pelo Pentágono, há também uma guerra civil que cindiu a unidade nacional iraquiana. Os EUA não podem apoiar os sunitas, seus inimigos históricos.
Não podem apoiar os xiitas, aliados do Irã.
Não podem apoiar os curdos, porque a Turquia não toleraria.
A milícia xiita, conhecida como Exército Mehdi, liderada pelo clérigo Moqtada al Sadr, conta com 60 mil combatentes taticamente apoiados por 2 milhões de xiitas que habitam o leste de Bagdá. O Exército e a polícia iraquianos são constituídos predominantemente por xiitas. Como oferecer segurança a bairros habitados por sunitas, que apóiam seus rebeldes?
Bush, considerado o homem mais bem assessorado do mundo, comprovou a lei de Murphy: "Se tudo pode dar errado, dará". O grave é que o move a sede de vingança. Não se conforma de seu pai ter fracassado na tentativa de derrubar Saddam Hussein, em 1991, e de sua família ter sido sócia dos Bin Laden em negócios de petróleo. Como bem escreve Herman Melville em "Moby Dick": "Ah, Deus! Que tormentos sofre o homem que se consome com seu desejo de vingança. Dorme de mãos cerradas e acorda com as unhas ensangüentadas cravadas nas palmas".
CARLOS ALBERTO LIBÂNIO CHRISTO, o Frei Betto, 62, frade dominicano e escritor, é autor de, entre outras obras, "A menina e o elefante" (Mercuryo Jovem). Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004).

Um comunista arrependido (clique no titulo para abrir a matéria)
Mário Maestri (Jornal Brasil de Fato - www. brasildefato.com.br)
Presidente da Câmara dos Deputados italiana e dirigente do Partido da Refundação Comunista ignora a Venezuela e o Equador em sua viagem à América Latina

NOTICIAS


Prezados (as) Senhores (as),
Remeto-lhes, em anexo, o cartaz para divulgação do evento TTC/2007 - III Seminário sobre Implantação e Operação de Trens Turísticos e Culturais, que acontecerá em Jaguariúna - SP, no período de 13 a 15 de abril próximo.
Programação preliminar detalhada, informações e inscrições pela Internet, nos sites:
www.jaguariuna.sp.gov.br
www.abottc.com.br
Saudações ferroviaristas.
Victor José Ferreira
Presidente - MPF - Movimento de Preservação Ferroviária
2. Bolsa no Japão - Período de inscrição está no fim: Estão abertas, até o dia 14 de fevereiro, as inscrições para as bolsas Mext, voltadas para professores, coordenadores ou diretores de escolas do Ensino Fundamental ou Médio interessados em fazer pesquisas em universidades japonesas e para estudantes de Letras que desejam se aprimorar.Informações:Tel.: (11) 3254-0100Site: www.sp.br.emb-japan.go.jp
LIVROS E REVISTAS

1.
Este Dicionário de datas da história do Brasil, escrito por uma grande equipe de especialistas de todo o Brasil, sob a coordenação da Professora Circe Bittencourt, coloca ao alcance do público o estado atual de conhecimento sobre as mais importantes datas do calendário brasileiro. O livro, que pode ser lido na seqüência do calendário (por mês e dia), por ano, por tema – ou mesmo fora de qualquer ordem –, possibilita ao leitor consultar datas comemorativas e/ou fatos históricos ao longo do ano e identificar os assuntos conforme seu interesse: pesquisa, ensino, política educacional ou simples curiosidade. Políticos, militares, religiosos, empresários, intelectuais e artistas, assim como populações de diferentes etnias ou gênero, trabalhadores das cidades e do campo, são apresentados em diversas datas marcadas por lutas, confrontos e festas; datas mescladas por alegrias e tristezas; datas cheias de heroísmo e idealismo; datas manchadas por traições e mesquinharias.Útil para professores e alunos, assim como para responsáveis por políticas públicas, educadores, jornalistas e historiadores.
Preço: R$ 49,00 Nº Págs.: 304

2.
20”.


3. Nas bancas número 110 da revista Cult, com uma entrevista com Claude Levi-Strauss, na qual ele fala de sua paixão pelo Brasil e pelos nambikwara.

SITES INTERESSANTES

Marmelópolis tem memória
Conheça o trabalho da educadora Nota 10 Ana Flávia. Seus alunos de 3ª série confrontaram depoimentos, documentos, vídeo e fotos para escrever um livro que recuperou as tradições e o valor da cidade em que vivem. http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0199/aberto/mt_210059.shtml

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