Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

13.6.07

Número 094



EDITORIAL

Meu grande amigo Laffayete me envia esta preciosidade... um “jornaleco” das Alagoas que tem o que dizer a respeito do escândalo envolvendo o presidente do Senado:


"JORNALECO" responde a Renan e cobra que explique a origem de seu patrimônio

Por Mendonça Neto
O senador Renan Calheiros atribuiu as denúncias contra seu comportamento de homem público sub judice ao jornal EXTRA, declarando, da presidência do Senado: "Por estas inverdades já processei mais de dez vezes um jornaleco local (Maceió) que até foi obrigado a mudar de nome para fugir da justiça".
Da Redação




Infere-se de tal declaração que o "jornaleco" incomodou o senador sob investigação e incomodou tanto que foi citado em sua defesa, como se tratasse de um jornal de influência em todo o país, e nunca um mero panfleto de província.

É verdade que o senador passa grande parte de seu tempo tão precioso maquinando formas de fechar o modesto"jornaleco" que ele não consegue comprar, mesmo com seu patrimônio de mais de R$ 50 milhões, fruto de sua bem sucedida "carreira".

Mas, nem tudo o EXTRA pode, no seu poder descoberto pelo senador da Mendes Júnior, que o odeia com todas as forças de sua impotência coronelesca em fechá-lo ou submetê-lo à sua vontade e a seu talante.

O EXTRA não pode, por exemplo, engravidar uma jornalista e com ela ter um filho adulterino, a quem SÓ RECONHECEU E PAGOU DIREITOS DEBAIXO DE VARA, como ele próprio confessa ao citar Ação de Alimentos ajuizada em Brasília.

Ora, se o pai responsável tivesse assumido a paternidade, não haveria ação judicial.

O EXTRA não pode pedir a amigos donos de construtora que sejam portadores de pensões, até porque se a pensão é fruto de ação judicial, bastaria o depósito em conta bancária, muito menos constrangedor para a mãe do que ter que ir todo mês à sede de uma empreiteira.

O EXTRA não pode indicar Ministros do governo Lula, que tão facilmente se corrompem, e muito menos, por não ser seu irmão, permitir que o deputado Olavo Calheiros levasse DIVERSAS VEZES, e de surpresa, o sr Zuleido de TAL, para audiências onde cobrava a liberação de verbas consignadas no Orçamento pelos srs. Renan Calheiros, Olavo Calheiros e outros.

O EXTRA não pode comprar uma casa de praia na cidade de Barra de São Miguel, paraíso turístico de Alagoas, por TRÊS MILHOES DE REAIS e escriturá-la por TREZENTOS MIL, porque seria não só falsidade ideológica como sonegação de impostos, e isto o EXTRA não faz.

O EXTRA não pode se dizer dono de 10 mil hectares de terra, inclusive devastando Mata Atlântica, na região de Murici, algumas delas pertencentes à massa falida das antigas usinas São Simeão e Bititinga, porque esta área vale cerca de VINTE E CINCO MILHÕES DE REAIS, e só os irmãos Calheiros poderiam tê-la comprado a "preço tão vil".

O EXTRA não pode ter comprado apartamento (Edifício Tartana) num bairro nobre de Maceió, porque não possui a importância para pagá-lo de cerca de DOIS MILHÕES DE REAIS.

O EXTRA não pode freqüentar as mansões luxuosas do sr. Zuleido, porque não o conhece, e se o conhecesse, nunca seria convidado, pois o sr. Zuleido só confia para a sua intimidade quem tem poder para retribuir-lhe a "gentileza".

O EXTRA não conhece lanchas nem iates e nem recebeu brindes do sr. Zuleido, tanto quanto o EXTRA também não foi citado nos grampos da Polícia Federal, como o foram o senador Renan, seu irmão e seus aliados Teo Vilela, Adeilson Bezerra, Enéas Alencastro e outros.

O EXTRA não pode DETERMINAR INVESTIGAÇÃO OU PRISÃO de ninguém à Policia Federal. O Senador sabe que a PF é subordinada ao Ministério da Justiça e ao Presidente da República.

O EXTRA não pode DETERMINAR o que a revista Veja ou jornalistas como Fernando Rodrigues, Ricardo Noblat, Clovis Rossi, Jânio de Freitas e outros homens acima de qualquer suspeita escrevam. Eles não estão na humilde folha de pagamento deste pobre "jornaleco".

O EXTRA não pode usar a cadeira de Presidente do Senado para se proteger dos apartes , como o fez o senador, que abusou do poder, pois as acusações a ele atribuídas o foram na condição de senador e não de presidente do Senado. Deveria, pois, por ética, passar a presidência ao vice e defender-se da tribuna singular de senador da República.

Mas o EXTRA das Alagoas pode ser pequeno e - supremo atrevimento - "fitar os Andes", já que Rui Barbosa foi citado, evidentemente pela boca mais imprópria e descabida, porque Rui notabilizou-se com a frase em que dizia que de tanto ver triunfar as nulidades (e os corruptos) o homem sente vergonha de ser "honesto".

O poderoso senador não conseguiu explicar suas relações anti-republicanas com empreiteiras que navegam no submundo das negociatas do Orçamento, nem por que, como Senador, tem vínculos tão estreitos com empreiteiros e lobistas.

Mas o senador prestou a homenagem da ignomínia à decência, ao confessar que processou por mais de dez vezes o EXTRA, em busca de ressarcimento por danos morais (?), mas não dobrou o "jornaleco", que diferente dos seus comensais, não vende sua opinião nem negocia suas denúncias, e por isso, como nesta última edição, esgotou nas bancas de Maceió. Por falta de dinheiro, não tiramos uma segunda. Nem vamos pedir aos Zuleidos que banquem nossas despesas, nem que lancem, do fundo de suas vidas criminosas, o seu patrocínio para o nosso modesto jornal.
Jornaleco, senador, será o jornal que o defender de tantos crimes, desde tráfico de influência, formação de quadrilha, desvio de dinheiro público e, até, de omissão de paternidade. Não esqueça, mesmo tendo sido um aluno relapso no curso de Direito, que o calote na pensão de alimentos dá cadeia.
Pague direitinho à mãe de seu filho e deixe de fora sua família, sua pobre esposa, usadas como chantagem emocional para desviar o foco de suas transgressões como político e como homem.


Muito a propósito.... hoje veio a noticia:

Osenador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), relator do processo por quebra de decoro contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu, no Conselho de Ética, que a matéria seja arquivada por ausência de provas. Segundo Cafeteira, a presunção de inocência sempre permanece caso não tenha nenhuma prova contrária. E, para ele, é o que acontece no caso de Calheiros.
Alguém tinha dúvidas de que teríamos mais uma pizza???


FALAM AMIGOS E AMIGAS

Ana Cláudia me envia artigo que dá aquele “outro olhar” sobre os bóias-frias:
Ainda a cana
Lucília Maria Sousa Romão
Os bóias-frias/ quando tomam umas biritas/ espantando as tristezas/ sonham com bife a cavalo, batata frita/ e a sobremesa é goiabada cascão com muito queijo,/ depois café, cigarro e um beijo de uma mulata, canta a letra antiga a nos lembrar os sonhos tão básicos e cotidianos dos trabalhadores rurais: uma birita, uma comida com sobremesa, um cigarro e um chamego. Essa moldura romântica e ingênua de falar, de sonhos tão simplórios, ganha complexidade quando se observam os bóias-frias dos canaviais de todo o estado.
O estudo feito por Arlete Fonseca de Andrade, "Cana e crack: sintoma ou problema? Um estudo sobre os trabalhadores no corte de cana e o consumo de crack", traz contribuições para compreender o processo de esmagamento e expropriação dos trabalhadores rurais, levando-os a sonhar com outros consumos que não a goiabada cascão com muito queijo. Centrando a coleta de seus dados na região de Jaú, o presente estudo vai muito além de registrar apenas uma localidade, pois investiga a presença da economia canavieira desde a colonização do país, marcando o modo como a monocultura foi engolindo outras possibilidades de produção. Se desde os nossos primeiros passos de fundação como povo e economia, a cana esteve presente, parece natural que ela tenha hoje um lugar de familiaridade conosco, ou seja, uma atualidade fundamental garantida pelos sentidos já postos por discursos em outros contextos históricos. Apenas o nome desse processo poderia ser substituído: de especiaria para açúcar e, agora, para álcool como fonte energética sustentável. No entanto, é possível dizer que os nomes mudam para repetir o mesmo, visto que as relações de trabalho se alteraram para manter ou aprimorar a exploração. Matéria da Folha apontou que os escravos viviam melhor que os bóias-frias de hoje e trabalhavam em condições menos aviltantes, o que parece irônico pois indica que os vínculos escravagistas ainda estão atados ao campo e as formas de trabalho nele.
O estudo de Arlete aponta que a exploração capitalista da agricultura considerada moderna reinventa-se com uma saúde invejável, sustentando um imaginário de produtividade e arrancando do trabalhador não só a roça (visto que ele não teve acesso à terra), nem somente seu tempo, acelerado pelo ritmo da máquina, nem sua identidade cultural, tão diversa tendo em vista o fluxo de migrações, nem seus laços de parentesco ou identidade com a terra ou com o que produz. Arranca-lhe o próprio corpo e, nesse caso, o consumo de drogas é inserido como um anestésico necessário para continuar amanhã a fazer exatamente o que se fez hoje e ontem e antes de ontem e sempre. Nesse contexto, o crack sabota o efeito de limite, apaga o sinal de exaustão e escamoteia a sensação de fadiga, levando o trabalhador a uma alucinada e voraz aceleração dos seus movimentos, sem medida, sem norte, sem contenção.
Pra espantar as tristezas, consomem-se corpo e mente do trabalhador enquanto o preço do açúcar e álcool tem cotações favoráveis no mercado internacional e na agenda lulista. Pra sonhar com o ganho um pouco mais gordo, consome-se a vida de homens e mulheres, que nem mesmo têm a chance de escolher se é isso mesmo que querem ou precisam. Contando mentiras "pra poder suportar", os trabalhadores são inseridos em um processo de esforço sobrehumano, tomando pra si os sentidos de morte-em-vida.
Lucília Maria Sousa Romão é prof. dra. da Faculdade da USP de Ribeirão Preto


FALANDO DE HISTORIA

1. Leia em http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/materia02/
Surgimento do Candomblé – André Sekkel Cerqueira escreve sobre as características da cultura africana no Brasil detendo-se no candomblé e analisando os significados desta forma de religiosidade.

2. Polinésios vieram à América antes dos europeus
Antes de portugueses e espanhóis chegarem ao Novo Mundo, os polinésios já haviam estado na América do Sul, trazendo consigo frangos e possivelmente outras espécies de animais. Isso é o que indicam fósseis de galinha do século 14 encontrados no Chile. A análise do DNA dos ossos mostra que eles pertencem a linhagens da Polinésia, diferentes das dos frangos introduzidos pelos europeus cem anos depois.
Leia em http://cienciahoje.uol.com.br/93452


BRASIL
1, Leonardo Sakamoto
Na guerra da transposição do Velho Chico, Ruben Siqueira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) avalia que, ação de indígenas da região para bloquear as obras seria uma forma de dar visibilidade a sua luta. Se o exército, já posicionado para iniciar as obras antes da licitação, não recuar com a desobediência civil, Siqueira não descarta hipótese da greve de fome. leia mais

NUESTRA AMERICA

A mídia do ódio
Por que ninguém protestou quando a RCTV foi fechada em 1976, por difusão de notícias falsas, ou quando foi lacrada em 1980, por sensacionalismo, ou quando foi fechada em 1981, por difusão de programas pornográficos, ou quando foi condenada, em 1981, por ter ridicularizado o presidente da República?
Ignacio Ramonet
Chego a Caracas para participar de uma jornada sobre “O Direito cidadão de estar informado”, encontro organizado pela Telesur. Participam personalidades da envergadura de Tariq Ali, Danny Glover, Richard Gott, Fernando Solanas, Miguel Bonasso. O ambiente está marcado pelo assunto da não renovação da concessão da Radio Caracas Televisión (RCTV), expirada no dia 27 de maio próximo passado. Assisto a uma manifestação do Presidente Chávez, recentemente reeleito com 63% dos votos. Ele explica que a decisão está amparada no Direito, e que não significa nenhuma arbitrariedade, nem ilegalidade. Acrescenta que, na Venezuela, onde 80% das estações de televisão são usadas pelo setor privado, a absorção dos meios de comunicação por grandes empresas converteu o direito de informar mais num privilégio empresarial do que num legítimo direito cidadão.
Converso com Francisco Farruco Sesto, galego nascido em Vigo, que chegou a Caracas com 12 anos de idade e hoje é nada mais nada menos que o ministro da Cultura. De modo simples e tranqüilo, Farruco me explica que toda essa barulhada internacional é um pretexto para atacar o presidente Chávez. “Por que razäo”, me diz, “a Venezuela está hoje no olho do furacäo, quando governos anteriores aplicaram a censura a torto e a direito, e para cá nunca vieram Repórteres sem Fronteira, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), nem a Corte Interamericana de Direitos Humanos? Por que ninguém protestou quando essa mesma RCTV foi fechada durante vários dias em 1976, por "difusão de notícias falsas", ou quando foi lacrada em 1980, por "sensacionalismo", ou quando de novo foi fechada em 1981, por "difusão de programas pornográficos", ou quando foi condenada em 1981,por ter ridicularizado o presidente da República?”.
Tudo isso aconteceu antes da primeira eleição do presidente Chávez, em 1998. E nenhuma organização internacional condenou estes “abusos” naquela ocasião. “Assim como não condenaram o fechamento do Diário de Caracas, ou o desligamento massivo de jornalistas do Globo, ou de Nuevo País. Se hoje há condenações, é só para perseguir o presidente e desmerecer o programa da Revolução Bolivariana”.
O amigo Farruco tem razão. Abundam exemplos, em diversos países, de concessões não renovadas a canais de televisão, sem que provoquem protestos. Para não ir muito longe, em 2004 na Franca se suspendeu a concessão da TV Al Manar, porque se considerou que este canal do Hezbolla libanês “pregava o ódio”. Na Inglaterra, Margaret Thatcher cancelou a concessão de uma das grandes cadeias de televisão por ter difundido notícias não gratas, ainda que verídicas. No mesmo Reino Unido as autoridades dispuseram, em marco de 1999, o fechamento temporário de Med-TV-Canal 22; em agosto de 2006 revogaram a licença da One TV; em novembro do mesmo ano, a da StarDate TV 24 e em dezembro a do canal de televendas Auction World.
Organizações independentes, como o Observatório Global de Mídia, denunciaram com provas cabais que a RCTV participou da conjuntura midiática que propiciou o golpe de estado de 11 de abril de 2002. Este canal, mediante manipulações e envenenamentos, difundiu falsidades e calúnias para fomentar a execração e a birra contra o presidente Chávez e seus partidários. Um comportamento semelhante foi condenado em outras latitudes. Por exemplo, o Tribunal Internacional sobre o Genocídio em Ruanda condenou, em 1994, os promotores da Rádio Mil Colinas por cumplicidade com o extermínio dos tutsis. Na ex-Iugoslávia, o informe do representante da ONU, Tadeusz Mazowiecki, condenou o papel das “mídias do ódio” nas operações de “limpeza étnica” levadas a cabo na Croácia e na Bósnia-Herzegovina.
Na Venezuela, a RCTV tem sido uma típica “mídia do ódio”, despertando na opinião pública instintos primários e promovendo uma violência tal que poderia desembocar numa guerra civil. A que então se deve todo esse barulho a seu favor? À solidariedade do poder midiático internacional, que vê na decisão do presidente Chávez uma ameaça contra sua atual dominação ideológica. Mas a guerra não acaba aqui.
Publicado no jornal El Pais, 08/06/2007Traducão: Flávio Aguiar
Ignacio Ramonet é jornalista do Le Monde Diplomatique
INTERNACIONAL

1. Cândido Grzybowski (Agência Carta Maior)
Enquanto George W. Bush troca farpas com Vladimir Putin, Lula viaja para a Alemanha, onde terá recepção de destaque: é chamado pela mídia local de porta-voz das nações do Terceiro Mundo e líder da alternativa energética do etanol. > LEIA MAIS Internacional

3. DIRETO DA ALEMANHA
G-8: Vitória dos manifestantes, dúvida sobre o resultado
Uma coisa é certa, independentemente do fracasso ou do sucesso dos resultados da reunião oficial do G-8: esse encontro em Heiligendamm propiciou o reforço do movimento altermundista na Alemanha.
Flávio Aguiar – Enviado especial (agência Carta Maior)
ROSTOCK (Alemanha) - Nesta sexta-feira, 8 de junho, sob forte calor, começou o último dia de trabalho da reunião do G-8, a cúpula que reúne anualmente os sete países mais industrializados do mundo (EUA, Reino Unido, Franca, Japão, Canadá, Itália, a anfitriã Alemanha) e a Rússia.
Na parte da manhã a reunião inaugurou o encontro do G-8 com o agora chamado G-5, o grupo de países especialmente convidado para esta rodada: Brasil, África do Sul, China, Índia e México. O presidente Bush não esteve presente na abertura da reunião, por volta das 10h30 da manhã, devido a um leve mal-estar estomacal, segundo porta-voz da presidência. Mas pela uma da tarde ele já estava presente à reunião.
Na pauta da reunião de sexta-feira, como na maior parte dos encontros de quarta e quinta-feira, está o complexo tema de como deter o aquecimento global e que tipo de compromisso obter entre essas e outras nações.
Os Estados Unidos trouxeram, como novidade, uma declaração do presidente Bush de que o país trabalharia na direção de um acordo paralelo ao Protocolo de Quioto, mas sem compromissos ou metas claramente definidos. Depois de uma semana em que manifestou pessimismo, a primeira-ministra alemã Angela Merkel manifestou ter obtido uma vitória parcial, fazendo (com pressão também do primeiro-ministro britânico Tony Blair) com que o presidente Bush se manifestasse pelo menos inclinado a considerar propostas de redução das emissões de gás carbônico na atmosfera. A imprensa conservadora alemã saudou em grandes manchetes essa alegada “vitória” de Merkel. O jornal sensacionalista e conservador Bild chegou a apresentá-la como “Miss Mundo”. Jornais mais à esquerda foram mais céticos, ressaltando que a declaração de propósitos comuns tinha por objetivo muito mais salvar o G-8 do que propriamente o mundo, uma vez que os termos do compromisso obtido são vagos e distantes.
O acordo de princípios fala numa redução de 50% das emissões de gás carbônico em relação aos índices de 1990, até 2050. Mas não há cronograma ainda (embora os chefes de estado tenham declarado que isso é assunto para ministérios do meio ambiente ou órgãos assemelhados). E fica de pé a questão de se esse índice será negociado com os países do G-5, sobretudo com a China, que até o momento vem se mantendo numa posição tão recalcitrante em relação a acordos internacionais nessa área quanto os Estados Unidos.
O acordo também foi criticado pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que reclamou da necessidade dos países mais ricos estabelecerem compromissos mais claros, uma vez que eles foram os maiores responsáveis pela poluição do planeta e ainda são, tendo responsabilidade por 60% das emissões de gás carbônico no mundo. Além disso, ainda em Berlim, antes de chegar a Heilingendamm, local da reunião, o presidente Lula criticou a falta de um cronograma preciso, argumentando que a meta de redução de 50% nas emissões até 2050 pode significar que até 2049 ninguém vai fazer nada.
Por seu lado, o ex-assessor do presidente Bill Clinton e ganhador do prêmio Nobel de economia, Joseph Stiglitz, em entrevista ao Spiegel On-Line, criticou duramente a política de Bush, dizendo-a diretamente responsável pelo aquecimento global e afirmando, além disso, que o presidente norte-americano é refratário a uma “linguagem civil” e precisa ser confrontado com atitudes mais dramáticas do que apenas declarações de princípio.
Numa outra frente, houve uma grande surpresa quando o primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu ao presidente Bush a possibilidade de ambos, seu país e os Estados Unidos, construírem uma base militar antimíssil conjunta na República do Azerbaijão, ex-integrante da finada União Soviética. A proposta de Putin surpreendeu a todos num momento em que se falava de um retorno aos tempos da guerra fria, depois de o primeiro-ministro ter feito declarações no passado recente dizendo que os mísseis do seu país poderiam se voltar de novo para a Europa e de o presidente Bush ter reafirmado o compromisso com o governo da República Tcheca e da Polônia no sentido de construir uma rede de radares e bases antimísseis nos dois países.
Bush tentou amenizar as declarações, feitas na véspera da reunião do G-8, dizendo que “o inimigo” não era a Rússia, numa alusão talvez ao Irã ou mais remotamente à Coréia do Norte. Mas a declaração não surtiu efeito nem rompeu o azedume da diplomacia russa diante dessa nova ameaça de bases militares com baterias voltadas para o leste e tão perto de seu país. Ao contrário, o movimento de Putin sinalizou a possibilidade de novas conversações. Disse o primeiro ministro que já há uma base no Azerbaijão, que antes era parte do sistema defensivo da União Soviética, e que ela poderia ser utilizada para a nova instalação conjunta. Como tudo no G-8, não houve um compromisso definido, mas Bush declarou que os analistas norte-americanos iriam considerar a proposta.
Numa terceira frente das discussões multi ou bilaterais, os países do G-8 se comprometeram na quinta-feira a repassar uma ajuda de 60 bilhões de dólares à África. Mas mesmo esse movimento gerou novas dúvidas, pois em 2005 o mesmo grupo de países comprometeu-se com o envio de 25 bilhões de dólares em ajuda ao continente africano, mas apenas um terço dessa quantia foi de fato liberada.
Enquanto isso, as manifestações e protestos continuaram na cidade vizinha de Rostock e nas imediações de Heiligendamm. Na tarde de quinta-feira 80 mil manifestantes, segundo os organizadores, reuniram-se para um show de rock com estrelas famosas na Alemanha, entre elas o holandês Youssou N´Dour e o compositor e cantor alemão Herbert Grönemeyer, que prometeu fazer duras cobranças em relação às promessas de Angela Merkel de aumentar a ajuda alemã ao continente africano.
Os confrontos entre policiais e manifestantes foram menos dramáticos do que os de sábado (com um saldo de 1000 feridos) ou de segunda-feira, quando foram dominados pelo grupo dos autoproclamados Chaoten, Caóticos, ou Autonomen, Autônomos. Tanto na quarta quanto na quinta-feira os manifestantes bloquearam estradas de acesso a Heiligendamm, e tentaram se aproximar da cerca de 12 km. Que impede o acesso à cidade-balneário onde se realiza o encontro, por vezes marchando e cantando bucolicamente entre trigais quase prontos para a colheita. Houve confrontos em que a polícia chegou a usar jatos de água, gás lacrimogêneo e a efetuar algumas detenções. Mas de um modo geral os manifestantes cantaram vitória, pois a polícia, pateticamente, reconheceu não estar preparada para lidar com protestos pacíficos daquela natureza, e os organizadores da reunião em Heiligendamm reviram seus planos originais, fazendo o pessoal de serviço, de tradutores a copeiros e carregadores de mala, ter acesso ao hotel do encontro através do mar e do uso de barcas. Ainda assim, no mar, dois barcos do Greenpeace conseguiram entrar nas águas próximas do hotel, sendo perseguidos durante dez minutos e finalmente detidos (um deles foi praticamente abalroado) por embarcações da marinha alemã, mas sem maiores conseqüências.
Uma coisa é certa, independentemente do fracasso ou do sucesso dos resultados da reunião oficial do G-8 e daquela com o G-5 e outros países pobres da África também convidados: esse encontro em Heiligendamm propiciou o reforço do movimento altermundista na Alemanha. Num primeiro momento os protestos ameaçaram perder seu conteúdo político em favor de uma idéia do confronto pelo confronto, imposta pela ação tão dramática quanto destituída de propostas explícitas dos Chaoten. Embora, seja necessário reconhecer, a ação dos Chaoten não seja destituída de significado político – tema para uma futura matéria. Mas na medida em que os protestos e o encontro avançou, o sentido político de contestar que os destinos do mundo sejam decididos num clube tão pequeno e tão desprovido de compromissos concretos com o resto do mundo ao longo de sua história.

Prostíbulos fiscais
A função dos prostíbulos na sociedade tradicional era permitir que os respeitáveis maridos garantissem a eternidade dos laços matrimoniais, descarregando suas necessidades não atendidas pela esposa nos prostíbulos. Um papel similar tem os ironicamente chamados “paraísos fiscais”, como linhas de escape dos grandes capitais, que ganham mais com a especulação e os investimentos nesses lugares que na produção de bens.
A porcentagem do comércio mundial que transita por esses paraísos fiscais subiu a mais da metade do total, mesmo se esses territórios que alugam sua soberania para negócios escusos somam apenas 3% do produto bruto mundial. Calcula-se que um bilhão de dólares de dinheiro sujo circulam anualmente nesses territórios, a metade proveniente dos países da periferia do capitalismo, a outra metade dos países centrais. Segundo um banqueiro suiço, apenas 0,01% do dinheiro sujo que passa pela Suíça é detectado.
Mas o que é um paraíso fiscal e onde eles estão localizados? Entre suas características estão as de que não-residentes pagam pouco ou nada de impostos; a ausência de intercâmbio de informações fiscais com outros países; a falta de transparência legalmente garantida pelas organizações que se estabelecem nesses territórios; a não obrigação para as empresas locais que pertencem a não-residentes de exercer qualquer atividade local significativa.
Pode-se passar a idéia de que eles estão situados na periferia do capitalismo, ainda mais que se costuma chamá-los de “offshore”. Mas não é assim: geograficamente eles podem estar situados em pequenas ilhas, mas a maioria dos paraísos fiscais estão, política e economicamente, ligados aos países da OCDE. Na economia britânica, por exemplo, a maior parte das transações offshore é controlada pela City – a Bolsa de Londres.
John Christensen, no livro “Evasão fiscal e pobreza”, publicado pelo Centro Tricontinental, classifica o Reino Unido em lugar de destaque entre os países mais corruptos do mundo.No entanto, uma organização como Transparência Internacional, que publica anualmente a lista dos países mais corruptos se centra nos países da periferia do capitalismo. No entanto, na sua lista, segundo Christensen, 40% dos paises situados como os menos corrompidos, são paraisos fiscais offshore e centros financeiros como Singapura, Suíça, Reino Unido, Luxemburgo, Hong-Kong, Alemanha, Estados Unidos, Bélgica e Irlanda.
Nas palavras de um dirigente nigeriano que investiga o tema: “É irônico que Transparência Internacional, situada na Europa, não pense em considerar a Suíça como a primeira ou a segunda nação corrupta do mundo, por ter abrigado, encorajado e incitado todos os ladrões dos tesouros públicos do mundo a colocar seu botim sob salvaguarda em suas asquerosas caixas fortes”. Em outras palavras, considera a corrupção do lado da oferta, mas não da procura ou ainda, coloca toda a responsabilidade nos corruptos, absolvendo os corruptores – via de regra governos do centro do capitalismo e empresas multinacionais.


NOTICIAS

1. Série de Concertos TIM no Parque - Orquestra Sesiminas
O maestro convidado Marco Antônio Maia Drumond rege a Orquestra de Câmara do Sesiminas. No programa, peças de Mozart, Bach, Vivaldi, Piazzolla, entre outros.17 de junho, domingo, às 10h.Parque Municipal, Belo Horizonte

2. Exposição Ziraldo - O Eterno Menino Maluquinho
A partir de 12 de junho, estará aberta ao público a mostra sobre o universo infantil e educacional de um dos mais importantes autores, cartunistas, jornalistas e educadores do País, Ziraldo Alves Pinto.Até 15 de julho, terça-feira a sábado, de 9h30 às 21h, e domingo, de 16h às 21h. Galeria Genesco Murta. Palácio das Artes, Belo Horizonte

3. Arte Moderna em Contexto
O Palácio das Artes recebe a exposição com 70 obras da Coleção ABN AMRO REAL, entre elas pinturas, gravuras e esculturas de artistas consagrados como Alfredo Volpi, Arcangelo Ianelli, Burle Marx, Candido Portinari, Di Cavalcanti, entre outros.Até 1º de julho. Terça-feira a sábado, 9h30 às 21h, e domingo, 16h às 21h. Galeria Alberto da Veiga Guignard.

4.
Zero Hora, 12/06/2007 - Porto Alegre RS
7% dos cursos estão na mira do MEC

O Ministério da Educação (MEC) tem na sua mira cerca de 7% dos cursos de Ensino Superior do país já avaliados no Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade). São cerca de mil cursos que estão na linha de baixo da avaliação, cujos alunos tiveram notas ruins e pouco conhecimento acrescentaram a seus formandos - o exame consegue comparar o rendimento entre alunos ingressantes (com até 25% dos créditos cursados) e concluintes (com pelo menos 85% dos créditos).
Esses cursos serão fiscalizados e terão de assinar um "protocolo de compromisso" com o MEC, comprometendo-se a resolver eventuais problemas encontrados. Entre 13,4 mil cursos superiores de todas as áreas avaliados no Enade, apenas 0,88% conseguiram obter o conceito máximo tanto na avaliação quanto no índice que mede o conhecimento agregado ao aluno durante o curso.
São apenas 118 cursos (sendo 53 de instituições federais, 36 estaduais e 29 privadas) em todo o país. No outro extremo, 33 cursos tiveram os piores resultados (21 de instituições privadas, oito federais, duas estaduais e duas municipais): as notas mais baixas no Enade e ainda sem ter agregado quase nenhum conhecimento a seus estudantes.


5. 8º Salão do Livro e Encontro de Literatura de Belo Horizonte
Começa amanhã, 14 e vai até 24 de junho o já tradicional Salão do Livro de Belo Horizonte, na Serraria Souza Pinto, das 9 às 22 horas.
Entrada franca.
Não deixe de prestigiar!!!

LIVROS E REVISTAS

1.

Nas bancas a Historia Viva de junho
Dossiê Astecas: Da grandeza à tragédia
ARTIGOS Biografia de Toulouse-Lautrec - Segunda guerra - Gibraltar, a fortaleza subterrânea - ANTIGÜIDADE: Os cultos e refinados filisteus -POVOS CIGANOS: Indesejáveis, mas invejados
ARTIGO BRASIL: As várias faces de D. João VI
2.
Nas bancas o numero 3 da BR Historia

Comandante sem farda A história de Pandiá Calógeras, o ministro civil da Guerra
Mulheres amazonas Conquistador espanhol que partiu do Peru para desbravar a selva amazônica jurou ter encontrado a lendária tribo de guerreiras
Intrigas imortais : a receita para entrar para a Academia Brasileira de Letras
Dossiê: Os mistérios de um mito A verdade por trás de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho - Artista de dois mundos - Nos trabalhos de Aleijadinho, a perfeita síntese entre a força da arte popular e a tradição erudita européia - A terra do ouro: A riqueza das Minas Gerais criou as condições para que o barroco nacional e as revoltas contra a metrópole florescessem - Turismo: Ouro Preto, Congonhas, Sabará e diversas outras cidades mineiras guardam em igrejas e museus a memória de Aleijadinho -
Cangaço de batom: Maria Bonita e Lampião, Dadá e Corisco. Os grandes amores que deram um ar de ternura aos bandoleiros do sertão nordestino - Entrevista: Silviano Santiago - O homem sem túmulo - No império católico, judeus e protestantes viviam o drama de não ter sequer onde enterrar seus mortos - Redescobrindo o Brasil: Por ordem de Mário de Andrade, pesquisadores registraram, em 1938, a música e a cultura popular do Nordeste.


3.

Nas bancas a Revista de Historia da Biblioteca Nacional de junho, n. 21.
Artigo de capa: Sumiço na selva – a expedição de Perry Fawcett.
Parque Nacional do Itatiaia comemora 70 anos
Caxias: o homem e o mito
República Pernambucana (1817)
Mulheres mineiras de Santa Catarina: esquecidas pela história
Goiás: sob o signo do ouro
Amor às ruas (João do Rio)
Tupinambás na França
Favela Chic
Escândalo imperial: o roubo das jóias da imperatriz
AI-5: hora do pesadelo
A Inquisição na sala de aula

4. foto


Minas e Currais: produção rural e mercado interno de Minas Gerais (1674-1807), de Ângelo Alves Carrara, editora da UFJF, 42 reais – amplo painel da historia econômica de Minas Gerais na colônia. É o produto da tese defendida pelo autor em 1997.

5.


Retratos do império: trajetórias individuais no mundo português nos séculos XVI a XIX, organizado por Ronaldo Vainfas e outros. Editora EDUFF, 48 reais. Retratos de homens e mulheres em meio a aventuras e desventuras do cotidiano tentam reconstituir o mundo ultramarino português.

6. Nas bancas, a Revista Educação traz este mês:
Dossiê – Entre dois mundos - Aceleração da vida contemporânea e novas configurações do universo do trabalho criam uma nebulosa zona de fronteira entre escola e família quando o assunto é transmissão de valores

Meio ambiente - Escolas despertam para a importância da educação ambiental, mas ainda se ressentem da carência de metodologias integradas ao cotidiano

Desabafo docente - “Professores não são mais formadores de opinião. São babás”

Leitura - Os efeitos das novas mídias na escrita dos alunos

7. Revista Cult deste mês:
Dossiê Oscar Wilde – Frida Kahlo, uma pintora guerreira – Entrevista com Guillermo Arriaga (roteirista do filme Babel).


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