Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

23.11.05

Número 62 - Nova fase 014




Iniciamos com o convite ao lado. Terça feira próxima, na Biblioteca Publica. Compareçam!

Este número do Boletim tem uma grande colaboração do professor Antônio de Paiva Moura, que fez uma reflexão sobre um artigo publicado aqui no mês de setembro. Como ele próprio sugere no email que me enviou, o artigo pode ser um início de conversa, de debate ou de seminário. Portanto, gente, mãos à obra! Vamos discutir as proposições do professor, vamos concordar ou discordar delas, mas vamos escrever... deixa a preguiça de lado, gente!!!!
Mandem seus comentários para
rimofa@terra.com.br que nós os reproduziremos nos próximos números.

Em setembro Marco Aurélio Wessheiner, nesse BMH, disse que a esquerda precisava pensar nova economia política do capital.Acho que a matéria que envio anexa pode ser um início de conversa, de debate ou de seminário.Cordialmente. Antonio de Paiva Moura.


Curso elementar de Economia

Antonio de Paiva Moura[1]

RESUMO

O presente estudo pretende simplificar a linguagem e a terminologia na abordagem da Economia visando o estabelecimento de uma política de bem-estar social. A linguagem dos profissionais da Economia distancia cada vez mais do entendimento do público e torna-se incompreensível aos interesses sociais. Economia aqui é um termo chave ou central do qual parte a irradiação de estudos sociais e seus desdobramentos.

ABSTRACT

The present study aims to simplify the language and the terminology in the approach of Economy seeking the establishment of a social welfare politics. The professional’s language of Economy gets more and more distant from the public understanding and becomes incomprehensible to social interests. Economy here is a key or central word from which goes the irradiation of social studies and theirs stretching.

O desprezo pela humanidade

Ao contrário do diagnóstico marxista de 1848 o capitalismo terá ainda longa vida. O que está agonizando é o humanismo. As premissas que fundamentavam o ocaso do capitalismo eram as injustiças sociais; a péssima distribuição das riquezas; desequilíbrios regionais e continentais. Essas contradições continuam numerosas e agudas. Mas apesar de todas as mazelas e perversidade do capitalismo, a burguesia que ostenta e sustenta o sistema vem se preparando na teoria e na prática para impedir a sua derrocada.
Começa por uma questão ideológica, isto é, o capitalismo consegue fazer acreditar que as pessoas marginalizadas, jogadas na rua da amargura pela pobreza terão chance de recuperação, de ascensão social; que poderão melhorar a vida e até ficarem ricas. Foi isso que imaginou Adam Smith (1723/1779). Se os produtores operassem livremente, laissez-faire, sem interferência do governo, as riquezas se espalhariam por toda a nação. O mercado funcionaria sozinho porque tem suas leis próprias. O mercado tomaria conta das necessidades da sociedade desde que fosse deixado em paz consigo mesmo, e as leis da evolução se encarregariam de levar a sociedade até a prometida recompensa. O consumo é a única finalidade e o único propósito de toda produção”. Portanto, para Smith o consumo é que faz circular a riqueza e daí a sua distribuição (Smith: [1776], 1996). O funcionamento livre do mercado em certas regiões privilegiadas vai aos poucos beneficiando alguns setores da sociedade, gerando a classe média. É nesse momento que os investidores forçam a depressão. Na depressão forçam a queda do valor da mão-de-obra e da matéria prima; forçam a diminuição da carga tributária e a diminuição de serviços públicos. Com a força que têm, os investidores impõem as condições para continuar aplicando: garantia de remuneração para o capital; redução do custo de mão-de-obra; incentivo fiscal e consumo crescente. A conseqüência de tal procedimento é o empobrecimento generalizado desde o século XIX.
Keynes (1920) observou que essa prática levava ao rápido aviltamento do padrão de vida das populações a um ponto que iria significar a morte por fome de milhares de pessoas. A fome que leva a alguma letargia e ao completo desespero provoca outras reações, tais como a nervosa instabilidade da história e o louco desespero. E os que assim sofrerem podem destruir o que restar de organização em sua tentativa desesperada de satisfazer as iniludíveis necessidades do individuo (Heilbroner, 1996). Para evitar o caos mundial é que Keynes propunha a intervenção do Estado como investidor em setores estratégicos, evitando o crescimento do desemprego e promovendo o reaquecimento da circulação das mercadorias. Passada a depressão o Estado deveria passar à iniciativa privada suas empresas. Portanto, a preocupação de Keynes é a de salvar o capitalismo e não a humanidade e o humanismo. Para ele, havendo investimento constante haverá, conseqüentemente, a distribuição de riquezas. O produto de uma mineração, de uma atividade agrícola ou de transformação industrial ao ser consumido ele vai produzindo efeitos sociais porque o dinheiro dele resultante vai circulando indefinidamente. Mas, se ao invés de produzir o poupador colocar o dinheiro debaixo do colchão, ele se torna um malefício: não produzirá efeito social nenhum. Um exemplo: o dono de uma pequena fábrica de roupas colocou no mercado uma partida de confecções. As lojas venderam o produto e pagaram à fábrica de roupas o fornecimento. A fábrica pagou seus empregados. Os empregados puderam fazer compras em diversos pontos da cidade: pagaram dentista, condomínio, aluguel. O senhorio, com o dinheiro do aluguel, pagou o plano de saúde. O plano de saúde pagou o médico e o médico viajou para um congresso. Se o dono da fábrica tivesse colocado o dinheiro debaixo do colchão teria provocado uma paralisação na corrente distributiva. Por outro lado, se o dono da fábrica tivesse colocado o dinheiro no banco continuaria gerando um fato econômico e social porque o banco o reaplicaria em outros geradores de riqueza. Podemos concluir que mandar dinheiro para um paraíso fiscal, para bancos suíços é o mesmo que enterrar tesouros ou guardar dinheiro debaixo do colchão e redunda na ação mais perversa do capitalismo. Parte do dinheiro que gastamos na aquisição de bens e serviços em companhias estrangeiras vai para a sua origem fora do país e sai fora da circulação interna. Redunda em empobrecimento nacional. O pagamento dos juros da dívida externa também é fator paralisante. A remessa de valores para fora do país, quer na forma de lucro das empresas multinacionais, quer na clandestinidade, impede o desenvolvimento econômico e conseqüentemente o social.
O esforço que a Nação tem feito há séculos para formar uma poupança e, conseqüentemente, aumentar as aplicações e o desenvolvimento tem sido em vão. Gastar na Europa e nos EUA tudo que tem ou mandar para os paraísos fiscais as sobras dos lucros exorbitantes tem sido constante, desde o grito de independência em 1822. A forma como as companhias estrangeiras exploraram ouro e diamante no Brasil só serviu para depreciar a natureza e deixar o povo em completa miséria. A Polícia Federal estima que os recursos enviados de forma irregular para o exterior nos últimos oito anos equivalem a 17 vezes o montante anual do governo para investimento. De 1996 a 2003, somente o que se conhece, monta em 78 bilhões de dólares em transações bancárias suspeitas no sistema financeiro norte-americano. Além dos EUA existem outros sistemas de lavagem de dinheiro que passam pelo paraíso fiscal das ilhas Jersey e na Suíça, no qual está envolvido o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf. Recentemente, foi descoberto o destino das fortunas da Igreja Universal do Reino de Deus. Através das empresas Cableinvest e Investholding, com sede nas Ilhas Cayman e do deputado carioca Marcelo Crivella (PFL), mantém inúmeros depósitos clandestinos. O destino das fortunas de Marcos Valério era o paraíso fiscal que começa a se formar no Uruguai. A Polícia e a Receita Federal calculam que mais de dez mil pessoas enviam dinheiro ao exterior através de duzentos doleiros que operam com instituições oficiais como o Banco Safra. Somente em 2004, segundo estimativa do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), o caixa dois das empresas brasileiras alcançou a cifra de mais de um trilhão de reais (Canzian: 2005).
A economia norte-americana é forte porque eles exercem forte proteção ao seu capital. Quando investem fora dos EUA é porque têm certeza de retorno na forma de lucro. Esta política econômica não é nova. Há um século, o presidente Wilson (1913) dizia:
Tendes ouvido falar em concessões feitas pela América Latina ao capital estrangeiro, mas não em concessões feitas pelos Estados Unidos ao capital de outros países. É que nós não damos concessões. Convidamos, sim, o capital estrangeiro a vir aqui colocar-se. Fazemos um convite, mas não concedemos privilégios. Os Estados que são obrigados a fazer concessões correm grave risco de ver influenciar dominadoramente em seus negócios os interesses estrangeiros. Uma tal situação pode chegar a ser intolerável”

Fatores de produção e exploração

O capitalismo tem atuado de forma inescrupulosa sobre os três fatores de produção, na busca de vantagens e lucros exorbitantes. São fatores de produção: a natureza, o trabalho e o capital. A natureza que fornece a matéria prima sofre porque o investidor deseja que esta tenha custo mínimo. Nenhuma área de exploração poupa a natureza dos desgastes e de enormes danos: agricultura, pecuária, mineração e extração vegetal. Desde a época mercantilista, séculos XVI a XVIII a natureza no território brasileiro vem sendo destruída de forma revoltante. A gula, o luxo, o modismo e a psicologia da felicidade consumista estão arrasando a natureza. Todas as conferências de cúpula acerca da proteção do clima e da sustentabilidade, desde o Rio de Janeiro até Joannesburgo, passando por Kyoto, fracassaram de forma lamentável. A resistência maior é dos EUA que não querem perder a alegria de seu consumo de potência mundial. Alegam que o reequipamento, perfeitamente possível, com outras tecnologias pesaria nos cálculos da economia industrial elevando o custo de produção e estreitando a margem de lucro. Os equipamentos antipoluentes foram recusados e o gás-estufa continua a ser emitido em grandes quantidades, enquanto o desgaste do ambiente segue desenfreado. Preocupados com os riscos de queda nas bolsas os donos do poder e do capital ironizam a política de proteção ambiental como coisa de neo-românticos. Com isso ganha o capitalismo e perde o humanismo.
O segundo fator de produção, o trabalho humano, sempre foi maldosa e mentirosamente considerado pelo capitalista como o vilão, isto é, o que mais onera o custo do produto. O que existe é um preconceito contra o trabalho humano. Os romanos antigos inventaram o direito de escravizar os vencidos. Os cristãos fizeram o mesmo com os africanos e com os indígenas americanos. O Liberalismo, de Adam Smith em diante acentuou essa resistência à remuneração do trabalho humano a pretexto de que este onera o custo do produto. O tratador de touros reprodutores de alta linhagem genética contou-me que seu patrão, o proprietário dos animais sempre comprava para eles o que havia de mais caro. De escova para pêlo até produto de beleza, tudo de primeira qualidade. Ao vender um touro em uma feira de exposição o proprietário calculou que obtivera um lucro de mil por cento. Enquanto isso, o tratador tinha seus salários atrasados, além de não ter carteira assinada. Quando reclamou com o patrão, a sua resposta foi pronta e imediata: Se você quiser ir embora a porteira está aberta. Não me falta quem queira o seu lugar. As favelas, os subúrbios, as vilas das periferias e as habitações coletivas reuniam as camadas pobres desde o século XIX. Nenhuma política pública de assistência social podia ser tentada. O Estado só podia servir e proteger o capital. A ideologia liberal afirmava que a pobreza não era conseqüência do sistema e do regime, mas apenas falta de sorte de algumas minorias que ficaram desempregadas por não poderem trabalhar ou por falta de vontade de vencer na vida. A essas minorias era permitido mendigar ou a sujeitar-se a trabalhos esporádicos, degradantes e incertos.
Hegel (1770-1830) já pensava nas conseqüências funestas da falta de trabalho na vida humana. Quando o homem trabalha, ele interfere na natureza e deixa suas marcas. O trabalho artístico, o trabalho ligado à transformação industrial ou agrícola, o trabalho científico, as atividades intelectuais são formas de realização humana, além da garantia de sobrevivência. O trabalho humano é um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento mental e intelectual dos indivíduos. O maior percentual de desvios de condutas no homem moderno localiza-se entre as massas de desocupados. A estatística criminal é mais freqüente entre os desempregados.
O terceiro fator de produção, o capital é que obtém o máximo de remuneração. O maquinário, do bom e do melhor, o mais automatizado possível desde que passou a substituir a mão-de-obra. Está constantemente sendo renovado. Os edifícios de uma empresa quanto maiores e imponentes pelo visual e pela funcionalidade, mais aplicações recebem. Muitas vezes esses edifícios dão notoriedade e prestígio a seus proprietários. Por isso o ônus que tais imóveis acarreta ao produto jamais é reclamado ou lamentado. A mão-de-obra artesanal vem sendo substituída pela máquina-ferramenta desde o século XVIII. O tear mecânico, por exemplo, fez aumentar extraordinariamente a produção e diminuir o custo do produto em proveito do capitalista. A máquina a vapor permitiu uma verdadeira revolução das forças produtivas e garantiu a vigência histórica do capitalismo. Esse progresso tecnológico não foi destinado à melhoria do bem-estar da humanidade. Serviu para acumular riquezas em mãos de poucas pessoas em poucas nações. Os países que detinham a indústria de base, isto é, fábricas de máquinas para a indústria de bens de consumo tornaram-se mais ricos e poderosos. A máquina entra na fábrica por uma porta e expulsa o trabalhador por outra. Portanto, a máquina é geradora e acumuladora de riqueza e, ao mesmo tempo, geradora e acumuladora de pobreza. O trabalho humano é que gera o consumidor. O desempregado fica eliminado do mercado e deixa de ser consumidor. O desemprego gera crises cada vez mais sérias e cada vez mais agudas no capitalismo.

Individualismo e pobreza

Para Hegel (1770/1830), todo indivíduo tem limites insuperáveis. Na condição animal ele se subordina aos limites impostos pela natureza; como pessoa ele se subordina aos limites sociais impostos pelas instituições, pelo Estado. É a razão e o conhecimento que assim determinam. Começa pelo fato de que o desenvolvimento do indivíduo, de seu físico, de sua mentalidade e intelectualidade não se faz com sua independência, mas ao contrário, com a sua dependência. Todo indivíduo vivente que pertence ao mundo animal faz parte de uma espécie determinada, presa em limites que lhe é impossível transpor (Hegel: 1980). Transmitimos ou doamos aos outros tudo que recebemos nas fases da vida. Portanto, nosso intelecto consiste em receber e distribuir durante todos os instantes da vida.
Para o capitalismo toda imposição de limites redunda em inibição do consumo no indivíduo. É nessa ótica que se desenvolve a ideologia do individualismo, na qual o indivíduo deve ser livre para acumular riquezas e consumir tudo que desejar. Isso significa que não deve haver preceitos morais que impeçam o indivíduo de se enriquecer e consumir o que desejar mesmo em prejuízo da saúde. Os séculos e séculos de civilização, de conhecimento científico estão sendo escamoteados e substituídos pela má educação das crianças contemporâneas. Recentemente a economista norte-americana Juliet Schor lançou um livro em que critica o fato de seus patrícios trabalharem e gastarem demais. Em “A criança comercializada e a nova cultura de consumo” a autora afirma que os marqueteiros e as empresas estão dedicando crescente atenção a crianças cada vez mais jovens, considerando-as a parte mais vulnerável das classes consumidoras. Além dos recursos próprios as crianças e os jovens influenciam as decisões de compra dos adultos por meio das sugestivas atitudes dos “pestinhas”. Os gastos das crianças de quatro a doze anos aumentaram 400% entre 1989 a 2002. Os comerciantes jogam os filhos contra os pais mostrando a figura da autoridade como desprezível ou ridícula. As crianças querem o tempo nos shoppings entre brinquedos eletrônicos e guloseimas. O comportamento das crianças em casa é igualmente desastroso em face da inatividade física diante de jogos eletrônicos e televisão além do consumo de alimentos impróprios à vida saudável.
Tudo isso se tornou um vício mais difícil de ser combatido que o alcoolismo e o uso de drogas ilícitas porque faz parte da cultura do indivíduo e redunda em perda para o humanismo. É possível estabelecer uma ligação da ociosidade e do sedentarismo juvenil com o uso de drogas. Relatório da ONU de 2005 revela que 200 milhões de pessoas usam drogas ilícitas. Os EUA importam 44% das drogas produzidas no mundo, enquanto a Europa importa 33%. O mercado de drogas movimenta US$ 322 bilhões de dólares por ano. O efeito de todos os vícios do consumismo já reflete nos EUA de vez que recrutam atletas olímpicos e profissionais técnicos em outros países; buscam em outros países soldados saudáveis para seu belicoso exército. Portanto, a decadência da civilização ocidental é visível.
O socialismo foi e continua sendo uma experiência dos tempos modernos. Representa um lado da modernidade que é desprezado pelo Liberalismo: a formação do indivíduo comprometido com a causa social, com a verdade e com a solidariedade. Por outro lado, perdurava até a década de 80 o espectro do stalinismo que corria em sentido contrário à democracia. A Perestroika foi uma tentativa de reeducar o indivíduo para dispor ou despojar-se de velhas concepções; dispor dos dogmas políticos e ideológicos arraigados em sua formação. A modernidade socialista incomodava os liberais do Ocidente. Por isso tentavam decretar o seu fim e colocar em vigor uma falsa pós-modernidade. Enquanto isso os mentores da Perestroika diziam: estamos olhando para dentro do socialismo e não para fora dele, à procura das respostas para todas as perguntas que surgem. O que se valoriza aqui não é a anarquia fecunda do liberalismo, mas a intervenção humana, consciente e coletivamente organizada, para expansão de idéia fundamental da modernidade: a liberdade (Barbosa Filho, 1989). Para o Ocidente a Perestroika tornaria os estados socialistas mais ameaçadores que as armas atômicas. As forças conservadoras dos EUA, da Europa, incluindo o Vaticano incentivaram Reagan a atacar a União Soviética e dar início ao projeto “Guerra nas Estrelas”. Os conservadores não odiavam somente os estados socialistas, mas também os que buscavam o bem-estar social dos cidadãos, mesmo dentro dos quadros do capitalismo.
Nos começos da revolução industrial e vigência do Liberalismo os pobres e os excluídos eram vistos como necessários ao sistema, pois sem eles não haveria quem quisesse trabalhar. A existência de pobres era a garantia de mão-de-obra barata. A assistência social através do estado era inconveniente. A única forma de assistência permitida era a caridade. Durante o século XIX proliferam as casas de assistência. No Brasil essas casas estavam ligadas à Igreja Católica como a Sociedade de São Vicente de Paula. Em Diamantina, logo após a libertação da escravidão foi criada a União Operária, protegida e mantida por voluntários altruístas. Logo depois surge a Sociedade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro que mantinha forte controle ideológico sobre os beneficiários, nos moldes das "workhouses" as casas de pobres da Inglaterra. As famílias pobres assistidas por essas casas não tinham a menor perspectiva de sair da miséria.
No século XIX surgiu a idéia de socialismo como superação das contradições do capitalismo e extinção da pobreza. Primeiro foi o socialismo romântico conforme pensamentos de Saint-Simon, Fourier e Proudhon. Depois o socialismo marxista, também chamado cientifico. A reação contra as idéias e as práticas socialistas foi sempre violenta. Mesmo sem paz e sem trégua o socialismo conseguiu influenciar o mundo com as concepções de desenvolvimento em substituição ao progresso almejado pelo Liberalismo e pelo Positivismo. A luta pelo desenvolvimento social e econômico busca a constante melhoria dos níveis de vida do povo através de uma distribuição do rendimento nacional de forma mais justa. O progresso humano deve sobrepor-se ao progresso exclusivo das classes proprietárias, o progresso das chaminés.
As idéias socialistas e as experiências de estados socialistas pressionaram o mundo no sentido da busca do estado de bem-estar social, o "welfare state". Na década de 30 do século XX aparece na Inglaterra a garantia do estado a idosos, inválidos, hospitais, universidade gratuita, asilos para loucos, seguro de saúde e desemprego (Barreto, 1989). Da Segunda Guerra mundial até a década de 80, isto e, na vigência da guerra fria houve no ocidente um relativo desenvolvimento social com o crescimento da classe média. Legislação avançada protegia as classes trabalhadoras e os profissionais autônomos.
Para garantir a permanência das ideologias liberais, cada vez mais distantes da razão e contrárias ao humanismo, os países mais ricos e mais poderosos do mundo, na década de 90 se uniram no plano neoliberal de Margaret Thatcher e no chamado Consenso de Washington para impedir, pela demagogia e pela força bélica, as ações políticas de busca do bem-estar social. Hoje, ao invés de contradição estamos tratando os malefícios advindos dessa imposição da economia de mercado imperialista de efeitos colaterais. Os efeitos colaterais mais contundentes são o desemprego, a concentração de renda em mãos de poucos e o empobrecimento geral no mundo. A proporção de pobres nos EUA aumenta assustadoramente. Em 2003 eram 11,3% da população e em 2004 pulou para 12,7%. São 37 milhões de pessoas a mais que em 2003. Nos países em via de desenvolvimento essa proporção é maior ainda. O mundo está se empobrecendo com o neoliberalismo que obrigou os países em via de desenvolvimento à desnacionalização e desestatização de suas economias, mandando para as ruas enormes contingentes de trabalhadores. A globalização fez desaparecer a idéia e o sentido de nação; transformou os países em meros mercados e os estados em administradores e agentes desses mercados. As empresas multinacionais investem em financiamento de campanha de políticos no intuito de destruir a legislação que impede seus lucros exorbitantes. Foi nessa linha de ação que o Congresso Nacional aprovou o fim da diferença entre empresa nacional e estrangeira e o fim do monopólio nacional do petróleo.
Ao mesmo tempo em que a decadência social vem se acentuando, as práticas religiosas vão se rebaixando. O uso da religião para conseguir bens materiais ou conquistas individuais: o pião que pede a N. S. Aparecida para não cair do touro antes de oito segundos; a mulher que exige de Santo Antonio um amante; o imigrante ilegal que roga à Virgem de Guadalupe para não ser pilhado em seu esconderijo; as bandeiras cristãs que endossam as guerras do Ocidente contra o Vietnam ou contra o Iraque. A falta de perspectiva social atordoa e atormenta as pessoas fazendo-as apelarem para o individualismo: cada um para si. A política e a religião apontam para essa sentença. As malas que nutrem os partidos políticos em permanentes campanhas são as mesmas que os pastores trafegam de avião e que resultam de coletas feitas junto a fiéis com promessas de benefícios individuais.
A democracia praticada no ocidente é obscena, falsa, sustentada pela ideologia da liberdade de consumo, que anula a liberdade política. Como diz Beck (2003), “Nós, no Ocidente, nos recusamos a enxergar que a cultura democrática está sendo minada permanentemente pelo capitalismo selvagem”. As leis do mercado ditam tudo e não há mais espaço para a política. Os políticos são detestados pelo povo e os partidos tornam-se todos iguais na forma e no conteúdo. Só lutam por espaço no poder e não por programas, enquanto os problemas sociais se acumulam. Os parlamentares e os magistrados não pensam no bem-estar coletivo
Alienados pela ideologia neoliberal, eles só pensam no bem-estar individual e por isso voltam-se para os interesses particulares. Com essa mentalidade os parlamentares não podem representar o povo e nem as classes sociais. Não sendo representantes do povo, eles mentem através dos modernos meios de comunicação. E a mentira, o discurso político enganoso chama-se demagogia. O Estado brasileiro garante aos políticos o direito de enganar o povo. Transformaram a democracia em perversão. Contrariando ao Iluminismo que deu sustentação filosófica aos EUA em sua formação histórica, os atuais governantes querem fazer guerras para impor essa perversa forma de democracia. Lá o bem-estar coletivo foi indecentemente descartado. Fica evidente que os EUA tomaram a decisão política de não ajudar a população vitimada pelo furacão Katrina, com o objetivo de reforçar o ideário neoliberal de que o Estado não tem por função socorrer atingidos por desastres naturais. Nos anos 20, o presidente Colidge, quando visitava desabrigados por uma inundação disse ironicamente: “Não é uma vergonha o que o rio fez com a terra desses pobres diabos?.

Tentando concluir

Esta exposição não pode ser concluída porque carece de algumas peças que podem ser colhidas com os debatedores. Elas vão chegando e são perturbadoras porque são muito velhas, centenárias e continuam sem solução. Por exemplo: no final do século XIX o economista John Hobson, que fora influenciado pelo romântico Ruskin disse que os produtores dos países mais ricos criavam mais mercadorias que as necessidades. Para desencalhar estoques excedentes buscavam permanentes conquistas de mercados externos. Nos países industrializados os pobres não podem comprar porque são muitos e não têm dinheiro. Os ricos não podem comprar porque são poucos e têm dinheiro demais, mas não têm capacidade física para consumir. Se os pobres não podem comprar, quem vai comprar o resto? O recurso é exportar, melhor dizendo, o remédio é impor aos mais fracos os seus produtos. É assim que as potências estabelecem uma corrida para repartir o mundo. Desta forma, o uso da força, o apelo bélico é inevitável. A força no lugar da razão ou do entendimento (Heilbroner: 1996). Daí a formação de alianças entre as nações visando ataque e defesa, a exemplo da União Européia que facilitou a imposição das ideologias neoliberais e desmantelamento dos Estados bem-estar. Em junho de 2005 houve consulta de opinião em diversos países para aprovar a Constituição da União Européia. Os franceses e os holandeses não disseram não à União Européia. Disseram não à hegemonia do ideário e das políticas neoliberais, que fazem apologia do estado mínimo, das privatizações, orientam-se pelo monetarismo e pela obsessão no combate à inflação e ao déficit público; reduzem ou eliminam tarifas e subsídios, desregulamentam o mercado de trabalho e permitem a deslocalização das empresas, ao mesmo tempo em que crescem as fusões empresariais, a concentração de riqueza, a mobilidade do capital financeiro. Disseram não à pressão exercida pela ortodoxia monetária sobre direitos sociais consagrados ao longo de décadas e pela descaracterização de seu estado de bem-estar social. Disseram não, enfim, a uma constituição econômica que, matematicamente afirmou-se ao longo do processo de construção européia (CampOs, 2005). A posição dos franceses e holandeses são apenas algumas sementes lançadas ao chão. Esperamos que elas germinem e prosperem.
Se o homem faz a história, mas não a faz como quer, podemos ter esperança nas mudanças do mundo e no fim das injustiças sociais. Só não podemos estar iludidos de que tudo ocorrerá somente em função das contradições históricas que presenciamos. Os acontecimentos vão ditando e gerando as consciências no embate das utopias com as ideologias. As ideologias são as forças vivas que mantêm as coisas como estão, conservam a ordem estabelecida e a conformação do mundo. As utopias, ao contrário, sãos estados de consciência que inspiram práticas novas e conferem sentido às lutas e aos sacrifícios para aperfeiçoar a sociedade (Boff, 1998). Uma das grandes dificuldades de mudar as mentalidades é que o capitalismo incorpora ao mercado tudo que se torna ameaça ao próprio sistema. Se os hippies se refugiaram na praia e reagiram ao consumismo dos apartamentos; criaram suas próprias músicas, roupas, comidas e bebidas, tudo isso virou moda. A amaldiçoada contracultura do inconformismo virou mercado do conformismo. As armas de lutar contra o sistema viraram moda. A figura de Che Guevara se transformou em filme, estampa de camiseta e livro. O consumidor acha que a obtenção desses objetos é um ato revolucionário. A expressão “tudo termina em pizza” não é diferente disso. O capitalismo é diferente do catolicismo porque ele não se importa com as críticas. As religiões até hoje pegam em armas contra seus hereges, mas o capitalismo precisa da rebelião para reproduzir os valores criados pela contracultura, além de serem absolvidos pelo mercado são motores de sua expansão.
Essa semeadora significa inseminação, viveiro, sementeira, seminário. Seminário é o princípio de todas as transformações. Nossa sociedade foi decomposta de tal forma que nos leva à idéia de estar reduzida a adubo. Em nossa simbologia, adubo é potência de fertilização, de transformação e, portanto, de renovação. Para ser boa semente é necessário que a pessoa esteja em discordância com a cultura reinante, com a civilização imposta de hoje. Não basta estar descontente; não basta semear; é necessário lutar. A utopia é uma das ferramentas do lutador: o sonho com um mundo transformado. Para que o presente estudo não seja apenas uma repetição do óbvio é que estamos propondo a continuidade de seu debate em seminário, para o qual o leitor fica convidado, trazendo desde já uma proposta de desdobramento do tema geral.

Referências
BARBOSA FILHO, Rubem. Perestroika, neoliberais e pós-moderno: uma discussão sobre a modernidade. Presença, Rio de Janeiro, n.13, maio 1989.
BARRETO, Vicente. Pobres, pobres de rua e sociedade democrática. Presença, Rio de Janeiro, n. 3, maio 1989.
BECK, Ulrich. Liberdade ou capitalismo. Tradução de Luiz Antonio de Oliveira Araújo. São Paulo: UNESP, 2003.
BOFF, Leonardo. O despertar da água: o diabólico e o simbólico da construção da realidade. Petrópolis: Vozes, 1998.
CAMPOS, Eduardo Nunes. Um recado ao mundo. Estado de Minas, Belo Horizonte, 11 jun. 2005.
CANZIAN, Fernando. PF e Receita fazem maior ação contra remessas. Folha de São Paulo, São Paulo, 28 ago. 2005.
Discurso do presidente Wilson em Móbile no Alabama, em 28 de outubro de 1913. Arquivo Público Mineiro. Arquivo Privado de Artur Bernardes.
HEGEL, George Wilhelm Friedrich. Os pensadores: Hegel. [1770-1830]. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
HEILBRONER, Robert. A história do pensamento econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
KEYNES, John Maynard. The economic consequences of the peace. Nova York: Hercont, Brace, 1920 apud HEILBRONER, Robert. A história do pensamento econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas [1776]. Tradução de Luiz João Baraúna. São Paulo: Nova Cultura, 1996.
[1] Mestre em História e professor no UNI-BH

Brasil

1. A revista Istoé desta semana traz reportagem analisando o Relatório da ONU que mostra o racismo no Brasil. De uma certa maneira, podemos dizer que o relatório confirma aquilo que todos sabem, mas geralmente ninguém fala: que os negros, apesar de constituírem metade da população brasileira, ainda estão num patamar de desigualdade. E que o racismo, que tanto sde nega, de fato existe entre nós. Confira:
http://www.terra.com.br/istoe/1884/brasil/1884_retrato_preto_e_branco.htm

2. Do Japão, minha querida amiga Aline me envia um email com artigo do reitor da UFPA sobre a crise brasileira. Ele discute o possível sentido que esta crise possa ter. Ou será que ela não servirá para nada? Vale a pena ler:

QUAL É O SENTIDO DA ATUAL CRISE POLÍTICA?
Alex Fiúza de Mello (Reitor da UFPA)

Em decorrência dos últimos, notórios e graves acontecimentos que têm emoldurado e mobilizado o mais recente cenário político nacional, há que se perguntar qual é a extensão da crise. Trata-se de uma crise do PT? Do Governo? Do Parlamento? do sistema político-partidário em seu conjunto e de sua regulamentação? crise da democracia brasileira tout court (de suas instâncias institucionais mais representativas)?

O diagnóstico é fundamental para que se avalie, com o devido cuidado e rigor, a natureza, o alcance e as implicações, à vida social e à ordem estabelecida, do presente fenômeno de crise, para que, ao final do ciclo, purgados todos os elementos nele envolvidos, o retorno à "normalidade" não signifique retrocessos, perda de valores republicanos e descrença na possibilidade de construção (ainda) de um Projeto de nação menos desigual, socialmente mais inclusivo, necessariamente contemporâneo e aberto às oportunidades do presente e aos desígnios do futuro.

Em maior ou menor medida, a atual crise política está, sim, associada a todas as dimensões institucionais acima enumeradas: é uma crise do PT, do Governo, do Parlamento, do sistema político-partidário e de sua virtual regulamentação, e que coloca em questão, portanto, desafiando-a – mais uma vez na história do Brasil -, a estabilidade institucional em seu conjunto e a conseqüente capacidade de governabilidade do país. O que se tem muito pouco refletido, contudo, é que a crise atual, detonada por eventos contingentes de superfície, representa também (e sobretudo), subterraneamente, a culminância putrefata, ora à tona emergente, de um processo político de longa duração, sedimentado em camadas no tempo, alimentado secularmente pelas elites oligárquicas brasileiras, e com raízes no coronelismo da República Velha, que sempre elegeu o privilégio, o mandonismo, a manipulação da Justiça, a privatização do público, a centralização do poder, o golpe, a impunidade como espécie de paradigma do exercício do Poder, preferindo, sempre, a exclusão social à "ameaça" de um povo bem educado; a dominação à hegemonia; a dependência tecnológica e o mimetismo à capacidade soberana de gerar conhecimento e de criar; a proteção ao talento; o privilégio à livre competição; o engodo e a opacidade à verdade e à transparência dasmotivações das ações; planos grupais de poder a projetos republicanos de nação. Uma cultura à qual, como se percebe, entranhada no inconsciente coletivo, secularmente realimentada pelos donos do poder, modernizadora doatraso, nem as esquerdas escaparam.

Trata-se, a crise atual, de uma crise da própria cultura política dominante no país, enraizada no jogo das mentalidades e expressa nas espertezas do quotidiano, cujo mérito maior é revelar, fratura exposta, afalência do populismo, da demagogia, das promessas salvacionistas, do coronelismo (hoje eletrônico) de partidos, dos interesses eleitoreiros de curto prazo, do engodo da "política virtual" alimentada pelo marketing e pela propaganda artificiosos, a pilhagem estrutural do erário público, a desfaçatez de colarinho branco e a conivência cega da (in) Justiça.
Marcos Valérios e PCs Farias sempre existiram nos bastidores e nas valas da política nacional. Empresários que hoje, aparentemente, se indignam,sempre corromperam governos em troca de faturamentos e privilégios. Políticos sempre foram reféns (e não representantes) de votos comprados a peso de ouro e falcatruas. Juízes, muitos, diligentes, pelos favores da indicação política ao cargo. A política, no Brasil, sempre foi mais a farsa do privado que a substância do público. Qual, então, a surpresa pelo quadro de crise atual?!

Por que tanto estranhamento?! Afinal, ela é o nosso espelho, a reverberação de nossa história, a verdadeira face revelada das elites (antigas e novas) e de seus truques!

A crise, assim, é positiva, mesmo que à primeira vista ela pareça frustrar toda expectativa de esperança do povo brasileiro e os profundos e legítimos anseios por mudança e por justiça. É positiva porque desvela a realidade na sua crueza, solapa mitos, cancela ilusões; convoca todos à reflexão intransferível - e já tardia -, ensinando que não se pode delegar poder sem a devida supervisão de seu exercício. Ensina que não há salvação nacionalpor transferência de responsabilidades. Que o que o povo necessita, urgentemente, é de educação de qualidade, em todos os níveis e para todos, sem exceção, para que, mais consciente e senhor de si, então leitor crítico dos discursos e dos acontecimentos, não se deixe mais iludir por palavras ocas, por promessas falsas e pelo jogo virtual das maquiagens televisivas.

É duro, mas é preciso reconhecer que ainda somos uma republiqueta, corroída por ratos e morcegos, cuja fábrica social - a imensa desigualdade social, a péssima escola, a propaganda enganosa - tem gerado mais espertalhões e párias que patriotas e cidadãos.

Talvez somente a popularização dessa imensa vergonha, estampada nas telas e nas esquinas do país (e veiculada ao mundo), com o escárnio macunaímico de falta de identidade nacional, exatamente por efeito de repulsa, fará emergir de todos esses escombros uma verdadeira reforma política, não tanto das leis, mas das mentalidades. Um reforma da ética política. Pois,no nosso caso, terá de ser das cinzas de uma grande tragédia, ainda que de conteúdo moral – na ausência de outros referenciais na política nacional -, que se erguerá uma nova geração de políticos: mais consciente menos carreirista, menos oportunista, menos corrupta, mais sensível ecomprometida com o bem público, que tenha vergonha de trair o povo, seus próprios filhos e netos, que ame mais o país que o próprio bolso, que tenha compromisso com o futuro. Então, tudo terá valido a pena.

3. Emir Sader, como sempre toca na ferida. Aqui ele discute os discursos do candidato do PSDB, mostrando que tudo não passou de grande demagogia. FHC prometeu... FHC não cumpriu!

O demagogo FHC
Emir Sader
Já que FHC fala da campanha pela reeleição de Lula, recordemos qual foi o mote demagógico do candidato tucano-pefelista: "Quem acabou com a inflação, vai acabar com o desemprego." Poderia haver algo mais demagógico? O desafio a FHC: candidate-se, para que o povo compare seu governo com o de Lula.(leia mais)


Internacional


Os dois primeiros artigos retomam a questão dos distúrbios na França. Notaram que a imprensa quase não está falando mais disso? Será que acabaram, num passe de mágica? Por que o silêncio?

1. Dormimos sobre um vulcão
Cristóvão Feil
O Estado liberal definha a olhos vistos. As jornadas incendiárias da França são uma ilustração viva disso. Pairam nuvens de um ceticismo ameaçador sobre a atividade política, porque na sua agenda não estão incluídos os temas cotidianos dos indivíduos.(leia mais)

2. Discriminação, pobreza e multiculturalismo
Flávia Piovesan
O desemprego da população jovem na França é um dos mais altos da Europa, chegando a 23%, sendo o desemprego dos jovens mulçumanos na ordem de 40%. A discriminação implica pobreza e a pobreza implica discriminação.(leia mais)

3. Será que a política externa brasileira está atenta? Ou vamos perder mais algum bonde?

VENEZUELA NO MERCOSUL - Presidentes Kirchner e Chávez estreitam relações político-econômicas e querem acelerar ingresso da Venezuela no Mercosul. País de Chávez pode comprar novo lote de títulos da dívida argentina. Tema preocupa Estados Unidos, pois venezuelano estaria competindo com o FMI na América do Sul.
www.agenciacartamaior.com.br//agencia.asp?coluna=reportagens&id=3738

4. A indiana Vandana Shiva questiona o livro de Sachs: pobres são aqueles que foram roubados ao longo do tempo e não os que foram “deixados para trás”.

Jeffrey Sachs não sente fome
Por Vandana Shiva
Leia em http://www.novae.inf.br/pensadores/mitos_pobreza.htm

5. O que se passa na cabeça de Ariel Sharon?
Pedro Doria
Sharon vira a própria mesa
Ao deixar seu partido de centro-direita, o premiê israelense, Ariel Sharon, mostra que é um político profissional e audacioso. Virou tudo de cabeça para baixo e, parece, conseguirá bloquear a direita e a esquerda ao mesmo tempo. O centro é dele.
http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.Navigation


Noticias

1. Seleção de doutores/Universidade de Lisboa
O Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa lança concurso para o recrutamento de quatro doutores nas seguintes áreas: Antropologia, Ciência Política, Ciências da Comunicação, Direito, Economia, Geografia, Historia, Psicologia Social e Sociologia. Os interessados devem enviar currículo ate' o dia 25/11/2005. O edital completo esta' disponível em www.ics.ul.pt/agenda/concursos/cientistas_sociais_edital.pdf.

2. Seleção de bolsistas/Casa de Rui Barbosa
A Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) e a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) lançam edital que seleciona bolsistas para Programa de Incentivo a produção do Conhecimento Técnico e Cientifico na Área da Cultura da FCRB. O convenio entre as duas instituições tem a finalidade de formar, treinar e capacitar recursos humanos em programas, projetos e atividades de pesquisa, desenvolvimento institucional, tecnológico e de referencia em preservação e tratamento técnico de acervos museológico, arquivístico, bibliográfico e arquitetônico da FCRB, assim como nas áreas de pesquisa em historia, direito, filologia, estudos ruianos e políticas culturais. As bolsas serão concedidas por um período de um ano, podendo ser renovadas por um período de igual duração. As inscrições devem ser feitas ate' o dia 10/1/2006. O edital completo esta' disponível em www.casaruibarbosa.gov.br

3. Oitavo Congresso Internacional da Brazilian Studies Association (BRASA)
O Oitavo Congresso Internacional da Brazilian Studies Association (BRASA) será realizado de 13 a 16/10/2006 e será patrocinado pela Vanderbilt University.
O programa do Congresso incluirá mesas de trabalho, conferencistas convidados, atellier, plenárias e atividades culturais no período noturno. Os prazos para a submissão de propostas de mesas se encerra no dia 15/12/2005. Mais informações em www.brasa.org.

4. V Semana de Antropologia/UFRN
Será realizada, de 7 a 9/12/2005, a V Semana de Antropologia, evento anual promovido pelo Departamento e pelo Programa de pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O tema será "Antropologia, poder e política" e terá os professores Alfredo Wagner Berno de Almeida (Universidade Federal do Amazonas), Antonio Carlos de Souza Lima (Museu Nacional/UFRJ) e Carla Costa Teixeira (UNB) como conferencistas. Mais informações em www.cchla.ufrn.br/semantr, através do e-mail http://br.f300.mail.yahoo.com/ym/Compose?To=secant@cchla.ufrn.br&YY=99036&order=down&sort=date&pos=0&view=a&head=b
ou do tel.: (84) 3215-3547.

5. Levantamento de dissertações e teses em educação indígena
O IEPE - Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena está compondo um banco de dados com dissertações e teses sobre educação indígena, defendidas no período de 1978 a 2005. Solicita colaboração de orientadores e profissionais que defenderam tese sobre o assunto, para enviarem informações para o banco de dados, que será disponibilizado na internet. As informações necessárias para o cadastramento do trabalho são: Autor, E-mail, Titulo, Tipo: dissertação de mestrado ou tese de doutorado, Área, Instituição, Local, Ano, Numero de paginas, Orientador, Resumo da dissertação ou tese. Para enviar as informações e/ou solicitar mais informações, escrever para Luis Donisete Benzi Grupioni (grupioni@usp.br).

6. Lançamento de livro e site Retratos Modernos/Arquivo Nacional
Com o patrocínio do Programa Petrobrás Cultural, o Arquivo Nacional lança no dia 24/11/2005, as 18:30h, o livro e o site Retratos Modernos, edição bilíngüe que exibe algumas das mais importantes fotografias existentes em acervos públicos do pais. São cerca de 120 fotos de 52 fotógrafos brasileiros e estrangeiros entre os quais Marc Ferrez, Juan Gutierrez, Insley Pacheco, Alberto Henschel, entre outros, produzidas entre a década de 1850 e os primeiros anos do século XX, período que marca a introdução e a divulgação da técnica fotográfica no Brasil, em compasso com a modernização, a industrialização e a expansão dos centros urbanos. Local: Praça da Republica, 173 - Centro, Rio de Janeiro.

7. Chamada para artigos/Revista do Liinc
A Revista do Liinc convida pesquisadores das diversas áreas do conhecimento a submeterem artigos para o seu próximo numero (Vol. 2, N. 3), que terá como tema "Transformações da Aprendizagem na Sociedade da Informação". Os trabalhos devem ser enviados ate' o dia 10/12/2005 para http://br.f300.mail.yahoo.com/ym/Compose?To=tamara@cfh.ufsc.br&YY=99036&order=down&sort=date&pos=0&view=a&head=b. As instruções e normas para envio dos mesmos estão disponíveis em www.liinc.ufrj.br/revista/index-revista.htm.


8. Da minha amiga baianinha arretada Carol recebi o convite que repasso.
AÇÃO POPULAR SOCIALISTA
C O N V I T E
Aos homens,seus direitos e nada mais.
As mulheres, seus direitos e nada menos.
(Susan Anthony)
Na perspectiva de cada vez mais criarmos espaços de discussões que contribuam para a formação coletiva, a APS-Ação Popular Socialista, realizará debates mensais.
O 1º deste ciclo será no próximo sábado dia 26/11/05, às 14 horas no Sindiprev, sobre o tema: A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO NO BRASIL. A debatedora será a companheira Zilmar Alverita, a qual também desenvolve um importante trabalho na questão de gênero.
O público alvo dos debates não serão somente os militantes da APS. Neste sentido, orientamos que todos os nossos membros reproduzam o convite a simpatizantes, amigos e etc.
SECRETARIA DE ORGANIZAÇÃO DA APS-BA
Livros e revistas
1. Revista de Sociologia e Política/Novo numero
Foi lançado o nº 24 da Revista de Sociologia e Política (www.scielo.br/rsocp), que traz o dossiê "Federalismo", coordenado por Marta Arretche (USP) e com artigos de Celina Souza, Fernando Abrucio, Maria Herminia Tavares de Almeida Jonathan Rodden e outros. Na seção "Artigos", entre outros, destaque para o artigo de Joachim Hirsch sobre teoria do Estado capitalista. O conteúdo pode ser acessado também no site calvados.c3sl.ufpr.br/sociologia/viewissue.php
2. Revista Opinião Publica/Novo numero
Foi lançado o nº 2 da revista Opinião Publica, publicação do Centro de Estudos de Opinião Publica - CESOP/Unicamp. Seguem os artigos que foram publicados neste numero: "Teoria e institucionalização dos sistemas partidários apos a terceira onda de democratização", de Scott Mainwaring e Mariano Torcal; "Financiamento dos partidos e campanhas eleitorais na América Latina: uma analise comparada", de Daniel Zovatto; "As câmaras municipais brasileiras: perfil de carreira e percepção sobre o processo decisório local", de Maria Teresa Miceli Kerbauy; "Poder direcionador? Um estudo comparativo de opinião publica e distribuição de renda", de David Weakliem, Robert Andersen e Anthony Heath; "Opinião publica, estratégia presidencial e ação do congresso no Brasil: 'quem manda?'", de Carlos Pereira, Timothy Power e Lucio Rennó; "Como os empresários pensam a política e a democracia: Brasil, anos 1990", de Paulo Roberto Neves Costa; "Graus de participação democrática no uso da Internet pelos governos das capitais brasileiras", de Sivaldo Pereira da Silva. A revista esta' disponível no Scielo (www.scielo.br/op). Mais informações através do e-mail cesop@unicamp.br.
3. O Sufrágio universal, de Letícia Bicalho Canedo (org.) Ed. Estação Liberdade – coletânea de ensaios sobre a natureza do sufrágio universal.
4. Desejo colonial, de Robert Young. Ed. Perspectiva – o autor examina as relações entre colonizador e colonizado a partir das teorias raciais forjadas na era vitoriana e analisa seus reflexos em políticas raciais contemporâneas.

6. Formação do Império Americano - da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque
Agência Carta Maior
Com base na própria documentação americana, Luiz Alberto Moniz Bandeira esquadrinha as mais solertes e ilícitas manobras de líderes políticos e chefes de governo, assim como revela conexões entre as políticas interna e internacional nos Estados Unidos e os procedimentos adotados na formação e expansão do império.(leia mais)
8. Livro: Os caminhos do ouro e a Estrada Real.
Organização: Prof. Antônio Gilberto Costa
Editora UFMG.
Lançamento: 25 de novembro de 2005, às 20 hs.
Local: Centro de Referência do Professor - pça Liberdade s/n - Belo Horizonte/MG.
Informações: (31) 3499-4650


Sites interessantes

http://www.revistapontes.cjb.net/ - CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

Já na edição nº 4, convidamos todos os nossos leitores (e afins) a expor conosco seu material, seja resenha, seja um artigo, uma crônica, poema ou algo muito mais além. Nesse mês :
- THOMPSON, O REFERENDO E A MINHA PRESSA DE CHEGAR AO TRABALHO !
- TRAÍDOS NA INTERNET
- O CÓDIGO DE CAVALARIA : UM ESTUDO SOBRE OS ROMANCES DE CAVALARIA MEDIEVAIS
- A POLÍTICA EXTERNA DOS E.U.A. E A INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA : REFLEXÃO HISTÓRICA E PERSPECTIVAS

Acesse e envie o seu trabalho!
Nas edições seguintes, um deles pode ser o seu.

No http://www.nethistoria.com/

História Geral
- As doações de jóias na Guerra do Paraguai
História do Brasil
- O ouro negro: o café e a economia brasileira
Ensaios e Artigos
- Entre flores e espinhos