Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

20.4.10

Numero 231



19 de abril, 21 de abril... datas tradicionais neste país. Dia do Indio, Dia de Tiradentes. Um, abandonado desde sempre. O outro, lembrado e relembrado por políticos, principalmente, que usam o nome do Tiradentes em vão.
Sobre os dois, temos dois artigos hoje, o primeiro está completo, logo abaixo. O segundo, é de autoria do Frei Betto, sobre as esquecidas mulheres conjuradas. Indicamos o link, visto que a reprodução de textos deste autor não é livre.
E temos, ainda, uma entrevista com Noam Chomsky, em que a política externa norte-americana é alvo de duras críticas.
E falando em manipulações na História, não deixe de ver duas fotos na parte central deste Boletim...




19 de abril: hoje é dia do índio
J. Rosha *
Adital -
Índio? É preciso desfazer esse equívoco: não existe e nunca existiu índio no Brasil. Esse termo tem sido usado ao longo de cinco séculos com uma violenta carga de preconceito. "Índio", enquanto conceito para designar os primeiros habitantes, é um termo genérico, impreciso. Quando os primeiros colonizadores chegaram, não encontraram "índios", mas os Tupiniquim, Guarani, Xukuru, Xavante e muitos outros que formavam uma população de mais de cinco milhões de pessoas de vários povos e culturas diferentes.
Não foi só homens "pardos, ...nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas" - como escreveu pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal- que a tripulação de Pedro Álvares Cabral encontrou. Foi muito mais que isso. Eles encontram um tipo de organização social para o qual não tinham paradigma. Para eles, a forma de organização social conhecida era o Estado - uma instituição ainda em formação naquele momento da história da Humanidade. Portanto, uma terra onde não havia um rei, um estado ou um exército para repelir os invasores, era uma terra pronta para ser ocupada e dominada.
E para que pudessem ocupar o território e tomar posse dele, era preciso, primeiro, negar aos indígenas a sua condição de povos pela ausência, dentre outras coisas, de uma organização social nos moldes em que eles, colonizadores, conheciam.
O que se fez, a partir daí, foi uma verdadeira "limpeza étnica" no território brasileiro. Os povos indígenas foram -e continuam sendo - agredidos das formas mais impiedosas para dar lugar ao modelo capitalista de "desenvolvimento" de tal sorte que nos 70 o governo militar previa a completa eliminação deles até o fim do século XX. Para o bem do povo brasileiro e dos povos indígenas, a ditadura militar de 64 não resistiu às pressões populares e teve seu fim na metade dos anos 80.
De cerca de 100 mil que eram nos anos 70, na primeira década do século XXI eles passaram a ser mais de 700 mil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
A partir das mobilizações para a Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988), as lutas do movimento indígena passaram a ter maior visibilidade. Precisamente a partir daí alguns conflitos ganham maior espaço nos noticiários e, em muitos municípios onde antes se dizia que não existiam mais indígenas, eles surgem com muita força, incomodando principalmente os grandes latifundiários. Tornaram-se alvo de campanhas difamatórias empreendidas por fazendeiros, mineradoras, militares e políticos. A luta pela demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, é um dos exemplos disso.
Com a Constituição de 1988 vem o reconhecimento, pelo Estado Brasileiro, dos direitos dos povos indígenas à terra tradicionalmente ocupada e a viver de acordo com seus costumes e tradições. Foram reconhecidas também suas formas próprias de organização, mas isso tem ficado só no papel. Na prática, o estado tem falhado em formular políticas públicas que garantam e viabilizem esses direitos. A situação da saúde é a que com muita propriedade ilustra essa afirmação e a que tem causado maiores transtornos aos indígenas nos últimos anos.
Desfazer o equívoco e o preconceito é, portanto, um passo para compreender a importância que têm os indígenas no mundo de hoje e sua contribuição para outros povos do planeta.
* CIMI Norte 2



21 de abril: comemoração da Inconfidência Mineira
Mulheres conjuradas
(Frei Betto)
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&cod=47017&lang=PT




Chomsky: o que está em jogo na questão do Irã
Em entrevista à publicação alemã Freitag, Noam Chomsky fala da pressão dos EUA e de Israel sobre o Irã e seu significado geopolítico. "O Irã é percebido como uma ameaça porque não obedeceu às ordens dos Estados Unidos. Militarmente essa ameaça é irrelevante. Esse país não se comportou agressivamente fora de suas fronteiras durante séculos. Israel invadiu o Líbano, com o beneplácito e a ajuda dos EUA, até cinco vezes em trinta anos. O Irã não fez nada parecido", afirma.
David Goessmann/Fabian Scheidler -Freitag
Barak Obama obteve em 2009 o Prêmio Nobel da Paz enquanto enviava mais tropas ao Afeganistão. O que ocorreu com a “mudança” prometida?
Chomsky: Sou dos poucos que não está desiludido com Obama porque não depositei expectativas nele. Eu escrevi sobre as posições de Obama e suas perspectivas de êxito antes do início de sua campanha eleitoral. Vi sua página na internet e para mim estava claro que se tratava de um democrata moderado ao estilo de Bill Clinton. Há, claro, muita retórica sobre a esperança e a mudança. Mas isso é como uma folha em branco, onde se pode escrever qualquer coisa. Aqueles que se desesperaram com os últimos golpes da era Bush buscaram esperanças. Mas não existe nenhuma base para expectativa alguma uma vez que se analise corretamente a substância do discurso de Obama.
Seu governo tratou o Irã como uma ameaça em função de seu programa de enriquecimento de urânio, enquanto países que possuem armas nucleares como Índia, Paquistão e Israel não sofrem a mesma pressão. Como avalia essa maneira de proceder?
Chomsky: O Irã é percebido como uma ameaça porque não obedeceu às ordens dos Estados Unidos. Militarmente essa ameaça é irrelevante. Esse país não se comportou agressivamente fora de suas fronteiras durante séculos. O único ato agressivo se deu nos anos 70 sob o governo do Xá, quando, com apoio dos EUA, invadiu duas ilhas árabes. Naturalmente ninguém quer que o Irã ou qualquer outro país disponha de armas nucleares. Sabe-se que esse Estado é governado hoje por um regime abominável. Mas apliquem-se os mesmos rótulos aplicados ao Irã a sócios dos EUA como Arábia Saudita ou Egito e só se poderá o Irã em matéria de direitos humanos. Israel invadiu o Líbano, com o beneplácito e a ajuda dos EUA, até cinco vezes em trinta anos. O Irã não fez nada parecido.
Apesar disso, o país é considerado como uma ameaça...
Chomsky: Porque o Irã seguiu um caminho independente e não se subordina a nenhuma ordem das autoridades internacionais. Comportou-se de modo similar ao que fez o Chile nos anos setenta. Quando este país passou a ser governador pelo socialista Salvador Allende foi desestabilizado pelos EUA para produzir “estabilidade”. Não se tratava de nenhuma contradição. Era preciso derrubar o governo de Allende – a força “desestabilizadora” – para manter a “estabilidade” e poder restaurar a autoridade dos EUA. O mesmo fenômeno ocorre agora na região do Golfo. Teerã se opõe à autoridade dos EUA.
Como avalia o objetivo da comunidade internacional ao impor graves sanções a Teerã?
Chomsky: A comunidade internacional: curiosa expressão. A maioria dos países do mundo pertence ao bloco não alinhado e apóiam energicamente o direito do Irã de enriquecer urânio para fins pacíficos. Tem repetido com freqüência e abertamente que não se consideram parte da denominada “comunidade internacional”. Obviamente pertencem a ela só aqueles países que seguem as ordens dos EUA. São os EUA e Israel que ameaçam o Irã. E essa ameaça deve ser tomada seriamente.
Por que razões?
Chomsky: Israel dispõe neste momento de centenas de armas atômicas e sistemas de lançamento. Destes últimos, os mais perigosos provem da Alemanha. Este país fornece submarinos nucleares Dolphin, que são praticamente invisíveis. Podem ser equipados com mísseis nucleares e Israel está preparado para deslocar esses submarinos para o Golfo. Graças à ditadura egípcia, os submarinos israelenses podem passar pelo Canal de Suez.Não sei se isso foi noticiado na Alemanha, mas há aproximadamente duas semanas a Marinha dos EUA informou que construiu uma base para armas nucleares na ilha Diego Garcia, no oceano Índico. Ali seriam estacionados os submarinos equipados com mísseis nucleares, inclusive o chamado “destruidor de bunkers”. Trata-se de projéteis que podem atravessar muros de cimento de vários metros de espessura. Foram pensados exclusivamente para uma intervenção no Irã. O destacado historiador militar israelense Martin Levi van Creveld, um homem claramente conservador, escreveu em 2003, imediatamente após a invasão do Iraque, que “depois desta invasão os iranianos ficaram loucos por ainda não terem desenvolvido nenhuma arma atômica”. Em termos práticos: há alguma outra maneira de impedir uma invasão? Por que os EUA ainda não ocuparam a Coréia do Norte? Porque ali há um instrumento de dissuasão. Repito: ninguém quer que o Irã tenha armas nucleares, mas a probabilidade de que o Irã empregue armas nucleares é mínima. Isso pode ser comprovado nas análises dos serviços secretos estadunidenses. Se Teerã quisesse equipar-se com uma só ogiva nuclear, provavelmente o país seria arrasado. Uma fatalidade deste tipo não é do gosto dos clérigos islâmicos no governo: até agora eles não mostraram nenhum impulso suicida.
O que pode fazer a União Européia para dissipar a tensão desta situação tão explosiva?
Chomsky: Poderia reduzir o perigo de guerra. A União Européia poderia exercer pressão sobre Índia, Paquistão e Israel, os mais proeminentes não assinantes do Tratado de Não Proliferação Nuclear, para que finalmente o assinem. Em outubro de 2009, quando se protestou contra o programa atômico iraniano, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) aprovou uma resolução, que Israel desafiou, para que este país assinasse o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares e permitisse o acesso de inspetores internacionais aos seus sistemas nucleares. A Europa e os EUA trataram de bloquear essa resolução. Obama fez Israel saber imediatamente que não devia prestar nenhuma atenção a esta resolução.É interessante o que acontece na Europa desde que a Guerra Fria acabou. Quem acreditou na propaganda das décadas anteriores devia esperar que a OTAN se dissolvesse em 1990. Afinal, a organização foi criada para proteger a Europa das “hordas russas”. Agora já não existem “hordas russas”, mas a organização se expande e viola todas as promessas que fez a Gorbachev, que foi suficientemente ingênuo para acreditar no que disseram o presidente Bush e o chanceler Kohl, a saber: que a OTAN não se deslocaria um centímetro na direção do leste europeu. Na avaliação dos analistas internacionais, Gorbachev acreditou em tudo o que eles disseram. Não foi muito sábio. Hoje a OTAN expandiu a grandes territórios do Leste e segue sua estratégia de controlar o sistema mundial de energia, os oleodutos, gasodutos e rotas de comércio. Hoje é uma mostra do poder de intervenção dos EUA no mundo. Por que a Europa aceita isso? Por que não se coloca de pé e olha de frente para os EUA?
Ainda que os EUA pretendam seguir sendo uma superpotência militar, a sua economia praticamente desmoronou em 2008. Faltaram bilhões de dólares para salvar Wall Street. Sem o dinheiro da China, os EUA talvez tivessem entrada em bancarrota.
Chomsky: Fala-se muito do dinheiro chinês e especula-se muito a partir deste fato sobre um deslocamento do poder no mundo. A China poderia superar os EUA? Considero essa pergunta uma expressão de extremismo ideológico. Os Estados não são os únicos atores no cenário mundial. Até certo ponto são importantes, mas não de modo absoluto. Os atores, que dominam seus respectivos Estados, são sobretudo econômicos: os bancos e as corporações. Se examinamos quem controla o mundo e determina a política, vamos nos abster de afirmar um deslocamento do poder mundial e da força de trabalho mundial. A China é o exemplo extremo. Ali se dão interações entre empresas transnacionais, instituições financeiras e o Estado na medida em que isso serve a seus interesses. Esse é o único deslocamento de poder, mas não proporciona nenhuma manchete.
Tradução para o SinPermiso: Angel Ferrero
Tradução para a Carta Maior: Katarina Peixoto


Reflexões sobre uma identidade afro-descendente
Pretendo abordar neste artigo algumas reflexões sobre a noção de identidade para tentar dimensionar o significado do contexto atual brasileiro, no qual está em processo uma redefinição da identidade dos afro-descendentes. As diferentes construções identitárias nascem em contextos sociais específicos e devem ser pensadas em uma perspectiva relacional, ou seja, como resultantes das relações sociais que ocorrem no cotidiano dos atores sociais, e não como propriedades intrínsecas compostas por uma essência imutável.
por ROSÂNGELA PRAXEDES
link: http://espacoacademico.wordpress.com/2010/04/17/reflexoes-sobre-uma-identidade-afro-descendente/


Leituras da Historia nº 28
A controvertida história do fumo
O desafio da preservação de 40 mil bens históricos no Brasil
João do Rio
Entrevista com Ciro Flamarion Cardoso
Labirintos nas igrejas
A natureza dos hieroglifos

Antecedentes da Revolução Mexicana de 1910 (2)

Escrito por Guga Dorea
16-Abr-2010

Qual é o legado do estadista liberal Benito Juárez para o México contemporâneo, em plena comemoração dos 100 anos de sua revolução? Com essa questão, entre outras, encerrei meu último artigo no Correio da Cidadania. Figura expoente daquele país na segunda metade do século XIX, Benito Juárez foi um dos principais precursores do que o México e a América Latina são hoje.
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/4546/9/
(observação – neste endereço você encontra o link para a primeira parte do artigo.




História Viva nº 78
A grande manipulação de Pearl Harbor
Os druidas eram apenas chefes tribais
Reforma agrária e educação: Joaquim Nabuco
Cardeal de Richilieu
Medos na Idade Média
Brasilia, 50 anos
PINTORES DA PAISAGEM PARANAENSE 01
http://www.espacoagora.com.br/?p=896

Revista de História da Biblioteca Nacional nº 55
Napoleão, o conquistador do Brasil
Brasilia 50 anos
Entrevista com Mary del Priore
Mestre João mapeou o céu do Brasil
Museu da Pampulha
Psiquiatria sem preconceito
Manifesto antiamericano

Paixão conservadora pelo obscurantismo
A grande mídia sente uma atração fatal pelas forças do atraso, pelo endeusamento do mercado, pela negligência dos direitos dos oprimidos. O conservadorismo chega a ser um estilo de vida, uma forma de lutar contra qualquer forma de inclusão, seja social, cultural, digital.
http://www.espacoagora.com.br/?p=889


Observe bem a foto do momento em que José Serra era aclamado candidato do PSDB à presidência do Brasil nas eleições de 2010.

No entanto, os leitores do jornal Estado de São Paulo não puderam ver a foto inteira... só viram este detalhe aqui:


Uma explicação está nos dados da pesquisa Sensus feita antes do evento: dos entrevistados, quase 50% disseram que não votarão no candidato de Fernando Henrique Cardoso
A revista História Viva, que apresentamos acima, poderia incluir essa foto no rol das grandes manipulações, não acham?




As bases sociais do voto de Dilma e Serra
Considerando a natureza do jogo eleitoral, de soma zero, o apelo de Serra para a união das classes, aponta para prospectos de políticas de “denominador comum” o que não combina com ele. Em algum momento ele terá que fazer uma opção ariscada: avançar sobre o eleitorado das classes médias-baixas, com políticas condizentes, o que, por sua vez, contraria as demandas de seu eleitorado típico. Neste particular Dilma está confortável, pois o seu projeto é o quanto ela precisa para continuar ameaçando Serra, e em trajetória ascendente. A análise é de Marcus Figueiredo, do Iuperj.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16541&boletim_id=681&componente_id=11398




Lema de Serra "inspira" vídeo comemorativo da Rede Globo
Vídeo comemorativo dos 45 anos da empresa buscou inspiração no mote da campanha do candidato tucano José Serra, "O Brasil Pode Mais". Durante 30 segundos, artistas e jornalistas da Globo repetem variações sobre esse tema. Para jornalista Paulo Henrique Amorim, "deve ter sido uma retribuição ao agasalhamento do terreno que a Globo invadiu por 11 anos e o Serra transformou numa escola técnica para formar profissionais para a Globo".
Se você não viu o tal vídeo, pode ver aqui:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16540&boletim_id=681&componente_id=11399



A esperança e o preconceito: as três batalhas de 2010
Simone de Beauvoir disse que "a ideologia da direita é o medo". O medo foi o grande adversário de todas as campanhas de Lula. Desta vez, o fato de Lula ser governo desfaz grande parte das ameaças que antes insuflavam o temor entre os setores populares. O grande adversário dessa campanha não é mais o medo; tampouco é Serra, candidato de poucas alianças, sem programa e que esconde seu oposicionismo no armário. O grande adversário são os que estão por trás do tucanato e o utilizam como recurso político de uma guerra elitista, preconceituosa, autoritária e desigual. O artigo é de Arlete Sampaio
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16539&boletim_id=681&componente_id=11400


La Aventura de la Historia
Dossiê - Os ultimos dias do Império Asteca
Catalunha já enfrentou a Espanha
A ambigua corte de Henrique III de França
Bokassa: Paris abandona seu testa de ferro
A vingança de Roma