Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

17.11.09

Numero 212



A respeito de apagões e iluminados...

Pois é...tivemos um apagão de 4 (eu disse quatro) horas (eu disse horas) dia desses. Motivo? Aparentemente essa maluquice do tempo que estamos presenciando, com tempestades onde nunca existiram, tornados que pensávamos ver apenas em filmes, enfim, problemas que podem ocorrer. Aliás, ocorrem o tempo todo, no mundo inteiro.
Mas no Brasil... ah, melhor dizendo, no Brasil governado pelo Lula... a oposição, seja no Congresso, seja na mídia, não perde tempo para acusar o governo.
Eu li na semana passada que o Lula foi considerado o 33º mais poderoso do mundo, mas será que isso dá a ele meios para tal proeza? Tenho algumas dúvidas...
A imprensa, que, sabidamente, AMA o Lula de montão, não perdeu tempo. Vi a entrevista do Jornal da noite na Globo, no dia do apagão. A mesma pergunta foi feita ao assessor de Itaipu umas quatro (eu disse quatro) vezes, tentando pegar alguma contradição. A pergunta se referia ao motivo do apagão e por mais que o assessor dissesse que, a principio, se devia às tempestades e ventos muito fortes que teriam cortado as linhas de transmissão, os dois jornalistas insistiam em que ele dissesse mais uma, mais duas, mais três vezes a mesma coisa. Por que será? Uma grande capacidade investigativa, na certa....
Os jornais do dia seguinte estamparam manchetes catastróficas, mas nesse aspecto o Estado de Minas se revelou ímpar. Confiram as imagens.
























As trevas estão sobre nós...
Isso tudo, repito, porque tivemos um apagão. Não foi no país inteiro. Durou apenas 4 (eu repito: quatro) horas (também repito: horas).
Claro que me lembrei de um outro apagão, que durou meses (eu disse: meses), que atingiu o país inteiro (eu disse: o país inteiro) e não consigo me lembrar de nenhuma crítica parecida com essas tenebrosas... não me recordo de ter visto jornalistas perguntarem quatro vezes a mesma coisa para algum assessor do governo... ah...mas o presidente não era o Lula... era o FHC....
Acho que comecei a entender alguma coisa...
Afinal, o FHC era o presidente...distinto sociólogo, que, quando senador, teve um “causo” com uma jornalista da Globo, do qual resultou um filho, que hoje tem 18 anos e que, até que enfim, foi reconhecido pelo pai. E a Globo, que tem repórteres tão investigativos, em 18 anos nunca deu uma notícia a respeito...
Nem o Estado de Minas, tão zeloso da moralidade pública, jamais falou algo. Mas então, há alguma coisa errada, imoral, em um senador da República, casado, com três filhos, ter um “causo” com uma jornalista, ter um filho com ela? Acho que não... isso pertence à vida privada do indigitado senhor. Mesmo que a mãe e o filho tenham sido exportados para a Espanha... às custas de quem mesmo???? Tudo igualzinho àquele lance da filha do Lula (que não era casado quando ela nasceu) e que NUNCA iria ser levada à televisão, em horário nobre, e principalmente no calor de uma campanha eleitoral...
Ah... deixa pra lá...

Temos hoje um artigo interessante, A cidade e seus muros. Vale a pena ler.
E, como sempre, indicações de livros, de sites, algumas noticias.
Bom proveito!
Ricardo



A Cidade e seus muros


Escrito por Pe. Alfredo J. Gonçalves
(www.correiocidadania.com.br)
Celebramos o 20º aniversário da queda do Muro de Berlim. Mais que um muro que dividia em duas uma cidade, representou um mundo bipolarizado entre a União Soviética e os Estados Unidos, cada qual com seus satélites. Representou os tempos da guerra fria e de dois sistemas de produção, economia neoliberal e centralizada. Berlim voltou a ser uma cidade livre? O mundo, a circulação das pessoas e o regime democrático voltaram a ser mais livres?
Desde os primórdios do mundo moderno, novas rotas comerciais faziam florescer cidades prósperas. A partir dos séculos XII e XIII, o capitalismo mercantil opõe ao universo feudal, cerrado e autônomo por natureza, uma rede aberta de centros urbanos e interligados entre si. As mercadorias rompem as fronteiras e estabelecem novas comunicações. Os chamados "descobrimentos", nos séculos seguintes, alargam e aprofundam esses itinerários comerciais, ao mesmo tempo em que conferem maior vitalidade e poder às cidades européias.
Está pavimentado o caminho para a Revolução Industrial e para o capitalismo industrial. Os "novos ricos", ou burgueses, com o acúmulo de capital provindo do comércio, incrementam oficinas, fortalecem a potência das esquadras navais e incentivam os inventos, como a máquina a vapor, por exemplo. Tudo isso exige disponibilidade de braços para uma série de trabalhos. Numerosos servos passam a trocar a "proteção do feudo" pelos ofícios na cidade. Daí o provérbio medieval de que "o ar da cidade torna os homens livres".
Valeria esse provérbio para a urbanização brasileira? A resposta é forçosamente ambígua. Por um lado, é certo que grande parte dos rapazes e moças, como também das famílias, se livram, através da migração, do patriarcalismo e do coronelismo rurais tão arraigados em nossa trajetória histórica. Os olhos de muitos trabalhadores e trabalhadores, na passagem da zona rural para a zona urbana, se abrem para os próprios direitos e para uma série de coisas novas. Muitos fazendeiros não querem saber de contratar pessoas que já tenham passado pela experiência urbana, seja como operário ou empregada doméstica. Muitos jovens do campo também se recusam a casar com mulheres que tenham trabalhado na cidade. Alegam que não são mais virgens. A verdade é que não as conseguem mais dominar a seu gosto. Se a tradição estática é a marca do campo, o dinamismo da novidade é o oxigênio da cidade.
No campo, as pessoas nascem revestidas de uma série de convenções sociais e de obrigações que passam de pai para filho. Há uma herança tácita que passa inclusive pela religião, o que pode levar a um catolicismo infantilizado. Na cidade prevalece a tendência a uma maior liberdade de escolha. As pessoas nascem nuas e devem abrir uma picada na selva de pedra. Daí a predisposição a solidariedades mais autênticas, menos convencionais, mais amadurecidas.
Por outro lado, não raro, a liberdade do mundo urbano contém armadilhas, com freqüência leva aos becos escuros e sem saída. De fato, o conceito de liberdade difundido pela indústria do marketing e da publicidade é a de fazer o que se quer. E liberdade sem regras, sem leis, sem limites, facilmente conduz ao abismo. Que o digam os porões sórdidos da droga, do tráfico, do álcool, da prostituição e da violência! Além disso, os estímulos e apelos das "luzes e sons, cores e sabores, imagens e objetos" do mundo urbano aprisionam a não poucos num consumismo vicioso, cheio de ilusões e modismos, de verdadeira escravidão.
O fato é que as cidades de hoje, especialmente as metrópoles, estão longe de ser territórios sem muros. Estes, ainda que invisivelmente, se estendem por toda mancha urbana. Mosaico ou caleidoscópio, como preferem alguns estudiosos, a cidade reúne e justapõe diferenças que coexistem, mas raramente se integram. As diferenças podem ser de natureza sócio-econômica, como condomínios fechados ao lado de favelas; podem ser marcadas pelo víeis religioso e cultural, em que vários povos exibem seus mais variados costumes e expressões; ou de caráter autodefensivo, dando origem às tribos urbanas, aos guetos ou aos "pedaços" mais ou menos fechados e hostis. Exemplo dessa dicotomia pode ser o trânsito, onde os automóveis mais modernos e equipados trafegam lado a lado com as "carroças" de mais de 30 anos, amassadas e fumarentas, às vezes únicos meios de sobrevivência de bom número de famílias.
Mas os muros invisíveis tornam-se cada vez mais visíveis. Basta constatar os sistemas de segurança, cuja sofisticação cresce na mesma medida do medo e da segregação. Grades, cercas, câmeras, cães, alarmes e guardas noturnos multiplicam-se por toda parte. Prosperam as companhias de vigilância. Pública ou privada, a segurança investe em novos meios e tecnologia de ponta. Do lado extremo, o crime organizado não deixa por menos, investindo também em armamento pesado e no recrutamento de jovens e adolescentes cada vez mais precoces.
O ar da cidade nos torna livres? Além de poluído pelo gás carbônico, parece adensar-se, por um lado, de luzes, novidades, oportunidades mil; por outro, de medos, fobias, angústias e estresse. Fabricamos gaiolas e nos metemos dentro delas como verdadeiros prisioneiros. Enquanto o muro de Berlim dividia capitalismo e comunismo, os muros de hoje dividem pessoas, grupos, classes sociais, tribos urbanas, gangues, bairros, vizinhos. Pelo menos uma coisa parece esclarecer-se: a fronteira entre o bem e o mal passa por dentro de cada pessoa, de cada língua e de cada cultura
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Pe. Alfredo Gonçalves é assessor das pastorais sociais da CNBB.





VALE A PENA LER

Livro: A Cozinha Futurista
Autor: F.T. Marinetti e Fillía
Introdução, tradução e notas: Maria Lúcia Mancinelli
Edição: Alameda (3012-2400)
Preço: R$ 45 (283 páginas)
A Cozinha Futurista
As contradições de um receituário Futurista


Esta obra oferece aos leitores de língua portuguesa a oportunidade de entrar no espaço surpreendente da “cozinha futurista” e ali encontrar-se com os mais variados ingredientes que integram a gastronomia com as artes, com a literatura, com a política e com a cultura através da pesquisa de Maria Lúcia Mancinelli. Nesse livro, o leitor irá interagir com um século de manifestações e de movimentos intelectuais no ocidente, como “futurismo” de Marinetti que propõe mudanças, cujas intenções alcançam inovações na linguagem, nas formas, no comportamento além da presença dos textos do receituário futurista traduzidos para o português.
“A cozinha Futurista” nos revela as contradições das propostas de Marinetti. Essa análise explora as relações entre as ideias provocadores do Futurismo e as circunstâncias culturais em que foram formuladas a partir do Manifesto do Futurismo. Maria Lúcia Mancinelli nos mostra que, apesar dos princípios de caráter universal que Marinetti pretende divulgar por Europa e América, sua ambição principal é “a de transformar a cultura e a literatura italiana”.
O Modernismo brasileiro possui um espaço especial nesse minucioso estudo que busca mostrar suas convergências e muitas divergências com o Futurismo, em que o fio condutor da relação desses movimentos passa pela gastronomia. A influência de Marinetti sobre as literaturas modernas torna a publicação desta obra uma contribuição valiosa para os estudos das vanguardas do início do século XX. A sua leitura é uma experiência prazerosa para o intelecto, para os sentidos. E oferece aos interessados em literatura, em cultura brasileira e italiana, em história contemporânea um trabalho de notável qualidade que a memória não esquece. O leitor poderá comprovar.


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NAVEGAR É PRECISO

Política e a Questão Racial
por Antonio Ozaí da Silva
Considerado do ponto de vista institucional, isto é, sob a ótica do Estado, a participação política dos negros e negras foi historicamente neutralizada, ora por mecanismos de cooptação (principalmente nas regiões mais atrasadas do Brasil), ora pela repressão. O próprio movimento abolicionista realizou-se em seu nome e com objetivos colaboracionistas, colocando senhor e escravo no mesmo patamar: vítimas iguais de um mesmo sistema. Aos escravos foi negado o direito de ser agente de transformação da sua própria história. Então, veio a abolição, mas a causa da liberdade permaneceu irresoluta: ao escravo liberto não foram facultadas as condições econômicas e sociais para o usufruto da plena liberdade.

LEIA na íntegra: http://espacoacademico.wordpress.com/2009/11/15/politica-e-a-questao-racial/

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O afro-descendente e a construção do Brasil
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3956/9/

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Leia no Blog da Revista de Historia da Biblioteca Nacional:

Multimídia
Racismo em imagens
Campanhas e flagrantes da desigualdade racial. [ leia mais ]
Ópera: arte multimídia
A adaptação da ópera A Valquíria, clássico de Richard Wagner. [ leia mais ]
Debates presidenciais
Assista a participação de Collor nos debates de 1989. [ leia mais ]
Patrimônio em perigo
A Estação Ferroviária de Cachoeira Paulista, segunda maior do país, está literalmente caindo aos pedaços. Prefeitura da cidade tenta obter a guarda provisório do prédio, mas esbarra na burocracia. “Nossa preocupação maior é que, se houver desmoronamento, não vamos conseguir mais restaurá-lo”, diz um secretário municipal. [ leia mais ]
Blog da redação
A morte do antropólogo Levi-Strauss, obras clássicas da História por apenas dez reais, os arquivos do Conselho Ultramarino, a reconstrução virtual do muro de Berlim e as sextas-feiras 13 do regime militar. Leia isto e muito mais em nosso blog. [ leia mais ]
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Acordo sobre mudanças climáticas será difícil em Copenhague‏
Adivinhem qual país das Américas deve atingir o crescimento econômico mais rápido nesse ano? A Bolívia. O primeiro presidente indígena do país, Evo Morales, foi eleito em 2005 e assumiu o cargo em janeiro de 2006. Bolívia, o país mais pobre da América do Sul, seguiu os acordos com o FMI [Fundo Monetário Internacional] por 20 anos consecutivos e sua renda per-capita ao final desde período era mais baixa do que 27 anos antes. E o Equador tem atingido saudáveis 4,5% de crescimento durante os dois primeiros anos da presidência de Correa. O artigo é de Mark Weisbrot, do The Guardian.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16238&boletim_id=614&componente_id=10279

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Paraguai, uma nova Honduras?
Há duas semanas, foi tornado público o conteúdo de um email de um pecuarista chileno de nome Avilés, residente no Paraguai há mais de 30 anos, que propõe a arrecadação de uma contribuição financeira entre seus pares empresariais para comprar armamentos, formar milícias e identificar e matar comunistas. Do mesmo modo que ocorreu em Honduras com as pequenas reformas de Manuel Zelaya, a rançosa elite paraguaia não suporta o ex-bispo como presidente. Só um parâmetro: fazer um simples cadastro das propriedades agrícolas já é uma medida revolucionária no Paraguai. O artigo é de Pablo Stefanoni.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16237&boletim_id=613&componente_id=10263

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20 de Novembro de 2009: 20 Anos da Convenção da ONU dos Direitos da Criança
(Ariel de Castro Alves)
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&cod=42945&lang=PT

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O mito do muro
Onde está a autoridade dos EUA para falar do Muro de Berlim? No muro da morte que separa seu território dos aliados mexicanos, matando por ano os 80 caídos durante três décadas na Berlim dividida? Na base de Guantánamo, onde centenas de muçulmanos estão presos sem o devido processo legal e são sistematicamente torturados? Ou teria a Europa ocidental mais credibilidade, com sua política discriminatória contra os imigrantes? Ou ainda Israel, com o muro que construiu para separar os palestinos? O artigo é de Breno Altman.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16243&boletim_id=615&componente_id=10289






NOTICIAS


Exposição História do Brasil em quadrinhos: Proclamação da República – Curiosidades históricas e bastidores da criação do livro.
Local: Estação República do Metrô de São Paulo
Data: de 10 a 30 de novembro
Horário: de 4h40m às 00h00.

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A semana da Consciência Negra está prevista para acontecer em Pedro Leopoldo entre os dias 14/11/09 e 28/11/09.
Nesta ocasião serão realizadas atividades tais quais:
desfile da beleza negra, oficinas temáticas com apresentação e exposição dos trabalhos, encontros de guardas , capoeiristas, homenagens, missa afro, apresentações artísticas e shows.
A semana da consciência negra é uma das etapas do projeto
“Pedro Leopoldo Quebrando o Silêncio. Zumbi Vive!”,
Sendo esta uma iniciativa em prol da implementação de Políticas Públicas para a promoção da igualdade racial no município.
Desde já contamos com a divulgação de vocês e agradecemos pela força.

Chamamos atenção para a presença no domingo dia 22/11 da coordenadoria de assuntos da comunidade negra da prefeitura de Belo Horizonte - COMACOM - com a Graça Sabóia, e da apresentação do resgate histórico da comunidade quilombola de Pimentel elaborado pela historiadora Michele de Oliveira Xavier - FIPEL
Comissão do Projeto “Pedro Leopoldo Quebrando o Silêncio. Zumbi Vive!”
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Concurso para professor doutor no Departamento de Historia da USP.
Área: Teoria e Metodologia da Historia.
Inscrições abertas até 7.12.2009

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II FORUM – ANPUHSP e AGB-SP – 2009
Currículos de História e Geografia: da ditadura militar até a atualidade

Data: 05/12/2009 Horário: 13.30h às 17.30h

Local: PUCSP - Auditório: 134 C - Prédio Novo

Justificativa: Dar seqüência às discussões do I Fórum ocorrido em 17/10/2009, pois os participantes consideraram a necessidade de aprofundamento da discussão da Proposta Curricular de 2008 da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

Objetivos: Discutir a história dos últimos currículos a partir da Ditadura Militar até o momento atual, com ênfase na proposta curricular do Estado de São Paulo de 2008, nas disciplinas HISTORIA e GEOGRAFIA.

Configuração: Exposição de Circe Bittencourt – Historia (PUCSP) e Nidia Nacib Pontuschka - Geografia (USP) seguida de debate com os professores de História e Geografia da rede pública do Estado de São Paulo e professores da PUCSP e USP.

Inscrições: ANPUH-SP anpuhsp@usp.br e AGB-SP agbsaopaulo@yahoo.com.br
Obs: 1. As inscrições são, prioritariamente, para PROFESSORES.
2. Professores de História devem fazer suas inscrições pelo e-mail da ANPUH-SP e os de Geografia pelo e-mail da AGB
3. As inscrições serão feitas até o dia 27 de novembro

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