Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

16.2.06

Número 026 nova fase


Atrasei em algumas horas a publicação do Boletim pois queria já postar algumas fotos do evento de quarta feira à noite na Livraria da Travessa, quando tivemos a oportunidade de realizar o lançamento do livro HISTORIA DE MINAS GERAIS. Mais fotos serão colocadas a partir de hoje no meu flog - http://fotolog.terra.com.br/flogdoricardo - Na foto acima, os autores do livro.


Bem, o Boletim está centrado hoje em duas coisas relevantes, se bem que nenhuma delas é novidade.
A primeira ainda é a questão dos protestos contra as charges que foram publicadas na Dinamarca e que ofenderam os muçulmanos. Alguns artigos refletem ainda sobre as questões colocadas: liberdade de expressão? Ofensa religiosa? Conflito de civilizações? Leiam e mandem seus comentários para
rimofa@terra.com.br - vamos debater este assunto, vamos ouvir as opiniões!

A segunda é – também – uma questão já muito debatida, mas ainda cheia de novidades: a crise política brasileira. Novas revelações sobre o envolvimento do tucanato com a corrupção (leia-se valerioduto e Furnas) deixam o cacique FHC em polvorosa e ele sai atirando para todos os lados, na tentativa desesperada de evitar que Lula continue a crescer. O pior é que a pesquisa feita pela CNT-Sensus apontou provável vitória de Lula sobre Serra com mais de 10% dos votos...Penas tucanas estão voando para todos os lados...rss....


Falam amigos e amigas

Do Japão, Aline me manda este link para o vídeo que mostra os soldados britânicos torturando jovens do Iraque. O link está aí, espero que não tenham tirado do ar antes de vocês “apreciarem” o horror:
1. Que mundo é este, Meu Deus? http://www.newsoftheworld.co.uk/armyvideo.shtml ( sobre o Iraque) - Aline

2. RICARDO,
Gostei muitíssimo. O Boletim está cada vez melhor!!!
Parabéns.
Um grande abraço.
Liliane

3. Kelly envia esta noticia, muito interessante, por sinal!!!


Imaginem se alguém próximo do presidente Lula tivesse recebido uma condenação dessas. Posso até vislumbrar qual seria a manchete da mídia falso-moralista: "braço direito de Lula é condenado por corrupção" ou "coordenador financeiro da campanha de Lula é condenado por corrupção" ou ainda "corrupção adentra o palácio do planalto". Fiquemos por aqui, mas, certamente, não faltariam manchetes para massificar tal notícia. Mas, tudo bem, a vida tem dessas coisas.

Condenado a sete anos e meio de prisão o caixa de FH e Serra
Silêncio na mídiaPor: Leonardo Severo
Sempre tão zelosa com o patrimônio público e preocupada com a corrupção, a mídia anti-nacional está fazendo de tudo para jogar para debaixo do tapete a condenação do ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira - caixa das campanhas presidenciais de Fernando Henrique e José Serra. Pela decisão da Justiça Federal, o caixa tucano enfrentará sete anos e meio de cadeia mais multa, em regime semi-aberto, pelos crimes de gestão temerária e desvio de crédito.
Ricardo Sérgio foi responsabilizado criminalmente pelos empréstimos concedidos à empresa Encol, construtora que faliu e deixou mais de 600 prédios inacabados, além de milhares de mutuários prejudicados em todo o país. Além do caixa tucano, outros seis diretores do Banco do Brasil na época foram sentenciados a cumprir a pena de mais de sete anos de cadeia, entre eles, o ex-presidente do Banco, Paulo César Ximenes; e os diretores Edson Ferreira, João Batista de Camargo, Hugo Dantas, Ricardo Conceição e Carlos Gilberto Caetano.
A decisão tomada pelo juiz Cloves Barbosa de Siqueira, da 12ª Vara do Distrito Federal. A denúncia foi feita pelo presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, e acolhida pelo Ministério Público Federal.

PREJUÍZO - As primeiras notícias dos problemas financeiros da construtora Encol iniciaram em 1995. Após uma auditoria realizada em 1997, começaram a surgir indícios de uma série de ligações escusas entre os donos da empresa e integrantes do desgoverno Fernando Henrique. Além do Banco do Brasil liberar recursos irregulares para a construtora, foi descoberto que a direção da empresa praticou uma série de crimes como desvio de dinheiro, sonegação de impostos e remessa ilegal de dinheiro para o exterior.

'NO LIMITE DA IRRESPONSABILIDADE" - A ficha de ilícitos cometidos por Ricardo Sérgio de Oliveira contra os cofres públicos é longa, principalmente durante o processo de privatizações. Naquele momento, ficou conhecido por cunhar a frase "estamos no limite da irresponsabilidade" ao autorizar a participação da Previ na formação do consórcio Telemar. Era ele o encarregado de formar grupos, injetar o dinheiro dos fundos de pensão nestes grupos e recolher propinas dos "vencedores" do "leilão".

4. Ricardo, parabéns pela iniciativa! O lançamento do livro foi divulgado na seção "eventos" do Portal.Sucesso!!Atenciosamente, Portal DescubraMinas

5. O Governador Aécio Neves lamenta que compromissos agendados anteriormente o impeçam de comparecer. Na oportunidade, cumprimenta os autores, com votos de pleno êxito ao evento.

Cordialmente,
Secretaria Particular do Governador

6. Guilherme Souto envia reportagem que diz respeito a um achado arqueológico no Egito.

O Globo - Rio, 10 de fevereiro de 2006

Um tesouro do Vale dos Reis


CAIRO. Uma equipe de arqueólogos americanos encontrou o que parece ser uma tumba intacta no Vale dos Reis, a primeira encontrada nessa região desde que o túmulo do faraó Tutancâmon foi descoberto em 1922.
A tumba contém cinco ou seis múmias em sarcófagos intactos do final da 18 dinastia, aproximadamente o mesmo período de Tutancâmon, mas os arqueólogos ainda não tiveram tempo e acesso para identificá-las. As múmias teriam cerca de 3.400 anos, já que a 18 dinastia governou o Egito de 1567 a.C. a 1320 a.C., período durante o qual o poder do país atingiu seu ponto máximo.
O Vale dos Reis, no sul do Egito, abriga as tumbas da maioria dos faraós desse período, mas os arqueólogos contaram que as múmias achadas agora não seriam necessariamente da nobreza.
- Há muitas tumbas não reais no vale. Esta não seria a única - disse uma arqueóloga que pediu para não ser identificada. - A equipe ainda não teve acesso apropriado. A tumba é muito pequena e apertada.
Um comunicado do Conselho Supremo de Antigüidades do Egito informou que a tumba foi encontrada por uma equipe da Universidade de Memphis, nos Estados Unidos. Os cinco sarcófagos, esculpidos em madeira reproduzindo a forma humana, têm máscaras funerárias coloridas. A tumba contém ainda uma grande quantidade de jarros de cerâmica. "Por uma razão desconhecida, eles foram enterrados rapidamente numa tumba pequena", diz a nota.
A tumba, que fica a cinco metros de onde Tutancâmon havia sido sepultado, foi coberta por cascalhos e entulho de cabanas de operários durante a 19 dinastia, mais de cem anos após ter sido selada. Ela estava a três metros de profundidade, é vertical e retangular e foi escavada na pedra, segundo Zahi Hawas, secretário-geral do conselho de antigüidades.
Os antigos egípcios acreditavam na vida após a morte e por isso eram sepultados com objetos, alguns deles valiosos, para usá-los na outra vida, o que contribuiu para que as tumbas virassem alvo de ladrões. Por isso é quase impossível encontrar uma tumba intacta.

7. Parabéns Prof. Ricardo.
Abraços, Décio Gatti (Universidade Federal de Uberlândia)

8. Professor Ricardo, bom dia.
Pelo menos aqui na CEMIG está sendo bastante divulgado.
Só não poderei, por motivos profissionais, comparecer à "noite de autógrafos", mas o livro vou comprar e com orgulho.
Sabe de uma coisa professor, eu nunca cheguei a conhecer nenhum autor de livro, quanto mais ter oportunidade nesta vida de ser orientado por ele. (...)
Resumindo é a mesma sensação de um simples jogador de várzea poder jogar com Pelé, Maradona, Garrincha, Ronaldinho etc.
Muito obrigado.
Mauricio Proença

9. Boa tarde Prof. Ricardo,

Ficaria imensamente feliz em comparecer no lançamento do livro, mas infelizmente não tenho como ir, pois, justamente na quarta-feira tenho aulas que não dá pra faltar, mas, se o senhor puder me informar quando e onde consigo obter um exemplar ficarei muito grata, e se puder me informe o preço também, pois, acredito que este livro pode me ajudar muito neste período que estou começando - 6º -
Fico no aguardo.
Ana Paula Santana

Ana Paula: o livro deverá estar em praticamente todas as livrarias de Belo Horizonte a partir desta semana. Salvo engano, o preço é R$ 28,00 (baratinho, não é???)
Obrigado pelas palavras elogiosas!

Brasil


1. Crescendo entre Orixás

Por Stela Guedes Caputo, do Fazendo Media

Crianças que praticam candomblé sentem orgulho de sua religião, mas na escola sofrem preconceito, envergonham-se e dizem que são católicas. Leia http://www.novae.inf.br/pensadores/crescendo_entre_os_orixas.htm

2. O Menem brasileiro

Emir Sader

Pobre diabo, que escorrega de incontinência verbal em incontinência verbal, roxo de inveja por seu sucessor – de origem operária, do ABC paulista, que nunca leu Max Weber – estar usufruindo do sucesso internacional que ele gostaria de ter tido.Leia http://www.novae.inf.br/pensadores/fhc_menem_brasileiro.htm

3. Ei, gente, vamos ouvir o Roberto Jefferson e o Dimas!!!

Por Miguel do Rosário

Jabor! Ei, Jabor! Cadê você e sua cara vermelha, raiventa, babando veneno pelos cantos da boca? Cadê o Noblat, a FSP, a Globo. Que silêncio é este, gente????. Leia http://www.novae.inf.br/pensadores/lista_e_inflexao.htm

4. PF já tem cópia com carimbos originais da "lista de Furnas" (do Portal Yahoo)
Por Áureo Germano
BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal obteve, no início desta semana, uma nova cópia da chamada "lista de Furnas" com autenticações originais que reforçam a tese de que a relação, que tem provocado a ira da oposição ao governo Lula, seja verdadeira.
Fontes ligadas à apuração revelaram à Reuters, nesta terça-feira, ter conseguido uma cópia da relação com selos originais do Cartório de Quarto Ofício de Notas do Rio.
Até então, a PF trabalhava sobre uma fotocópia do documento, que impedia uma análise aprofundada de seu conteúdo. A nova prova, que está anexada ao inquérito que apura irregularidades em Furnas, confirmaria que a cópia em poder da PF foi feita a partir de uma versão original.
O documento traz os nomes de 156 políticos da base aliada do então presidente Fernando Henrique Cardoso, principalmente do PSDB e PFL, que teriam se beneficiado de um suposto esquema de financiamento irregular de campanhas montado a partir de Furnas, em 2002.
No documento, segundo essa mesma fonte, constam os selos holográficos e as assinaturas de servidores do cartório responsáveis por atribuir-lhe fidelidade.
Em depoimento à PF na semana passada, o tabelião Hamilton Barros e o escrivão Fábio Dello, funcionários do cartório do Rio, afirmaram ter dado o aval ao documento com base na apresentação do original.
Eles alegaram aos policiais, conforme seus depoimentos, ter conhecimento suficiente para não serem induzidos ao erro.

E, para completar o cerco...vão surgindo novas e interessantes revelações sobre o tucanato e o valerioduto:

O secretário de Estado de Governo de Minas Gerais, Danilo de Castro, e o presidente da Assembléia Legislativa mineira, deputado Mauri Torres, ambos tucanos, foram avalistas do empréstimo de R$ 700 mil que a agência SMP&B tomou no Banco Rural em novembro de 2004, segundo informou o jornal Folha de S.Paulo. Neste período, após as eleições municipais daquele ano, o empresário Marcos Valério de Souza comandava a SMP&B.Valério já havia assumido em depoimentos ao Ministério Público, à Polícia Federal e à CPI dos Correios ter feito empréstimos para ajudar campanhas.


Castro disse ao jornal, por meio de sua assessoria, ter avalizado o empréstimo a pedido do deputado Mauri Torres, que queria ajudar o amigo Ramon Cardoso, sócio da SMP&B. Torres confirmou essa versão. Marcos Valério disse, segundo sua assessoria, que só voltará a falar com a imprensa após a conclusão da CPI.

Em 2002, além de ser um dos coordenadores da campanha do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), Castro elegeu-se deputado federal pela terceira vez. Licenciou-se do cargo para assumir a Secretaria de Estado de Governo.
Torres foi reeleito deputado estadual em 2002 e, no ano seguinte, assumiu a presidência da Assembléia Legislativa de Minas. Em 2005, foi reconduzido ao cargo. (Noticia veiculada no portal Terra)

Internacional

Os quatro primeiros artigos são reflexões importantes sobre os desdobramentos da crise instaurada pela publicação das charges na Dinamarca. Mário Maestri e Marconi de Matos nos mostram razões profundas de "por quê elas foram publicadas exatamente naquele pequeno país europeu". No segundo artigo, uma discussão que promete dar muitos "panos para manga" daqui para a frente: afinal, o que é que chamamos de liberdade de expressão? Já no Boletim passado essa questão foi discutida. Temos, portanto, mais um ponto de vista, a demonstrar o quão essa questão é polêmica. A mesma questão retorna no terceiro artigo.

1. Algo de muito podre no reino da Dinamarca

Por Mário Maestri e Marconi de Matos

Na Dinamarca, considerada a nação mais racista da União Européia, são muito tensas as relações entre parte da população nacional e os trabalhadores estrangeiros. Leia http://www.novae.inf.br/pensadores/algo_de_podre.htm

2. A liberdade de expressão é uma utopia?

Por Leneide Duarte-Plon

De fato, nos últimos anos, a Europa vem sendo tomada por uma onda de islamofobia que se manifesta em declarações de políticos, artigos na imprensa e livros de ódio racial como o de Oriana Fallaci. Leia http://www.novae.inf.br/pensadores/liberdade_utopica.htm

3. O jeito europeu de ser imperialista

Por Miguel Rosário

Alguns intelectuais europeus lançaram na Internet um abaixo assinado pela "livre expressão", em virtude das charges dinamarquesas. Só não enxergaram ou preferiram não apontar a verdadeira causa do protesto Islâmico. Leia http://www.novae.inf.br/pensadores/jeito_europeu.htm

4. Guilherme Fiuza
Corta o cabelo dele

Em defesa do humor, o Ocidente demonstra ter tão pouco humor quanto os muçulmanos que não aceitam ver Maomé com um explosivo no turbante. As charges vingativas do Irã sobre o holocausto são culpa dos ocidentais.
http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.

Será que a Veja vai publicar esta carta que o Embaixador venezuelano endereçou ao todo-poderoso Civita?


5. Embaixador da Venezuela escreve ao sr. Sr. Roberto Civita

Por Julio García Montoya

Permita-me iniciar esta carta com o reconhecimento à tenacidade com que seus colunistas se dedicam à tarefa de impor a verdade da mídia. Nisto, tenho certeza, seriam a inveja do mesmo Joseph Goebbels. Leia http://www.novae.inf.br/pensadores/veja_carta_venezuela.htm

Noticias


1. Abertas as inscrições para o Curso Teatro na Educação, realizado pelo Centro de Formação Artística do Palácio das Artes Estão abertas até o dia 22 de fevereiro as inscrições para mais uma edição do Curso Teatro na Educação. O público-alvo são educadores (professores do ensino fundamental, médio e superior), atores, diretores e agentes culturais que tenham interesse em aprender técnicas teatrais e aplicar os conhecimentos adquiridos em suas atividades profissionais. As inscrições podem ser feitas na Secretaria do Cefar, na Avenida Afonso Pena, 1.537, das 9h às 12h e das 14h às 18h, de segunda a sexta.
Para mais informações, clique aqui!

2. Entre o Céu e as Serras
(32ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança)
Uma leitura poética da tormenta entre o ouro e a fé no barroco mineiro.
15 a 17 de fevereiro. Quarta, quinta e sexta-feira, às 21h.
Teatro João Ceschiatti.

Livros e revistas


Sexo e Poder: A família no mundo (1900 a 2000) - Göran Therborn

Elogiada por grandes intelectuais como Eric Hobsbawm e Perry Anderson (clique nos nomes para acessar o comentário do primeiro e o artigo - em inglês - do segundo), esta é uma obra que já nasce como um clássico do tema.Editora Contexto, 512 p., R$ 65,00

Brasileiras - Guerreiras da Paz - Clara Charf (Org.)

Tudo é pioneiro nesta obra – a idéia original do Projeto 1000 Mulheres, a envergadura mundial que adquiriu, a complexidade do trabalho de seleção das mulheres aqui perfiladas, o painel final deste Brasil de ação feminina. 1000 Mulheres nasceu na Suíça com recursos espartanos e ambição planetária: mapear 153 países e neles identificar um total de 1000 mulheres engajadas na luta por um mundo mais justo. Entre as 20 coordenadoras regionais convocadas para dar forma ao projeto, a brasileira Clara Charf, veterana de todas as grandes causas sociais brasileiras dos últimos 60 anos. Do total de 1000 nomes, ao Brasil coube uma cota de 52, proporcional à sua população. E a teia feminina se pôs em marcha, garimpando em todos os Estados, investigando o amplo leque da ação transformadora da mulher. Brotou um Brasil vibrante, comovente, engajado. Dificilmente haverá unanimidade em torno dos 52 nomes. Nem poderia haver. Felizmente o leque de brasileiras anônimas ou notáveis que atuam por um país mais justo não cabe em um livro.
Dorrit Harazim
Organizadora: Clara Charf
Editora Contexto – 224 p., R$29,00

Sites interessantes

1. No portal Terra um importante artigo sobre o período stalinista na ex-URSS:
A Literatura Soviética e o Realismo Socialista

Como o regime totalitário de Stalin arrasou toda a produção literária da comunidade russa a partir da década de 30 do século passado.Leia mais

2. Não deixe de visitar o site http://www.revistahonoriscausa.org/ - Leia e participe com artigos sobre Educação.

3. No site da Revista Ciência Hoje, um artigo chama a atenção para a importância da obra de Charles Darwin. Vale a pena ler:
Título da matéria: A propósito: Ler ou não ler?

Link: http://www.cienciahoje.org.br/4211

Cinema

Mario Sergio Conti

Imagens da América: sem saída“Syriana” enfatiza a catástrofe que a disputa pelo petróleo provoca. E “Boa noite e boa sorte” sugere que a liberdade de imprensa não existe no sistema das grandes corporações. Quando Hollywood chega a essas conclusões, alguma coisa vai mal no Império. http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.

Repercussões da matéria publicada no Boletim 023.
Guilherme Souto nos enviou duas matérias que corroboram a entrevista que publicamos:

SILÊNCIO DE ENSURDECER

(Publicada na Carta Capital – em data ignorada...)

"A mídia custa a dar voz ao debate científico sobre o aquecimento global". Por Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa

O APOCALIPSE ESTÁ AÍ

Guerras e desastres causados por mudanças climáticas podem custar milhões de vidas em poucos anos.

A repercussão internacional da matéria publicada pela revista britânica The Observer, no domingo 22 de fevereiro, embute uma omissão, como notou o escritor e jornalista australiano Tom Engelhardt em seu blog TomDispatch. Mas a forma como isso passou despercebido da maioria dos leitores e comentadores revela um problema quase tão grave quanto o do próprio aquecimento global.

A matéria não forneceu informações falsas, nem sequer exageradas. Mas dava a entender ser um furo mundial sobre um assunto, até então, mantido em segredo. Não foi bem assim: em 9 de fevereiro, na revista norte-americana Fortune, as mesmas informações, com mais detalhes técnicos, haviam sido publicadas sob o título de Climate Collapse, The Pentagon's Weather Nigthmare (Colapso Climático, o Pesadelo do Pentágono) e reproduzidas pormídias independentes. Você pode lê-la, por exemplo, no site ambientalista http://sierratimes.com/04/02/09/ar_weather.htm

ou em http://www.independent-media.tv.

A falta de atenção para essa primeira matéria – a ponto de poder ter sido relançada duas semanas depois como furo de ressonância mundial – é, por si mesma, uma história muito reveladora sobre os pontos cegos, cada vez mais vastos da imprensa, principalmente, mas não só a norte-americana.

Bush distorce a ciência acusam 12 prêmios Nobel

A maior precisão científica do artigo de David Stipp na Fortune tornava-o até mais assustador que o da Observer para quem o soubesse ler. Que o mundo está a caminho de virar um inferno em razão das mudanças climáticas, há muito tempo deixou de ser novidade, mas se "há poucos anos tais mudanças pareciam ser sinais de possíveis problemas para nossos filhos e netos, hoje anunciam um cataclismo que pode não esperar, convenientemente, que já tenhamos passado à história".

O estudo do Pentágono trabalhou com a possibilidade bem real de estarmos muito perto de um limiar crítico a partir do qual o clima pode virar repentinamente, em menos de uma década – "como uma canoa que se inclina pouco a pouco até emborcar de repente", escreveu Stipp.

A hipótese de trabalho – que deve ser entendida como um cenário plausível, não como uma projeção – é que essa virada aconteceria entre 2010 e 2020. Seria resultado do derretimento, já visível, das geleiras do Ártico. A água doce assim libertada, juntamente com a chuva intensificada pelo aquecimento global, vai se misturar à Corrente do Golfo e reduzir sua salinidade e densidade. A corrente, hoje submarina, seria retida na superfície e perderiaseu ímpeto.Isso travaria a "correia transportadora" que conduz calor do Caribe para a Europa Ocidental e a torna muito mais habitável do que paragens igualmente setentrionais no Canadá, nos EUA e na Rússia (a latitude da Holanda e das Ilhas Britânicas é comparável à do Labrador canadense e da Kamchatka siberiana). Icebergs chegariam à costa de Portugal e a Europa congelaria. Em 2020, a temperatura média já teria caído 3 graus na maior parte doHemisfério Norte.Os peixes abandonariam as atuais zonas pesqueiras em busca de águas mais aprazíveis. Na terra ou no mar, espécies incapazes de migrar se extinguiriam (9% a 58% de todas as espécies animais hoje existentes, segundo diferentes hipóteses).

Ao mesmo tempo, a temperatura do resto do mundo subiria e os padrões de chuvas e secas seriam alterados em várias partes do planeta, provocando estiagens e inundações, difundindo para outras partes doenças, hoje restritas aos trópicos, e agravando os conflitos internacionais, principal razão do interesse do Pentágono no tema.

Suas especulações incluem a invasão da Rússia pelo Japão e países da Europa Oriental em busca de energia e recursos naturais, a reunificação das Coréias em uma nova potência capaz de somar a capacidade nuclear do Norte com a tecnológica do Sul e o rompimento pelos EUA do tratado que garante o fluxo do rio Colorado para o México, o que condenaria o país vizinho à desertificação, enquanto seus imigrantes famintos – juntamente com os do Caribe e da América do Sul – seriam impedidos de entrar na reforçada "fortaleza América (do Norte)".

Stipp sugere que 25% da população masculina dos países pobres pode morrer nesses conflitos. Contou também que a 20th Century Fox lançará em meados do ano um filme de catástrofe mais ou menos baseado nesse roteiro, chamado The Day After Tomorrow, no qual Dennis Quaid interpreta um cientista que salva o mundo (ou o Hemisfério Norte?) dessa idade do gelo, paradoxalmente, causada pelo aquecimento global.

Mas na Fortune o teor explosivo do assunto parece ter passado despercebido – como se Londres e Haia ficassem em outro planeta. Era "só" um "pior cenário" plausível que o Pentágono gentilmente "concordara em partilhar" com essa revista de economia e negócios e com os estrategistas das transnacionais norte-americanas.

Neste caso, parece que o meio matou a mensagem. O resto da mídia global não tomou conhecimento até a Observer relançar o assunto e politizá-lo como se deve.O silêncio não foi rompido nem na quarta-feira 18, quando 60 cientistas (incluindo 12 premiados com o Nobel, 11 com a National Medal of Science, três com o prestigiado Prêmio Crafoord, dois ex-assessores presidenciais de ciência e vários reitores de universidades e presidentes de institutos de pesquisa) endossaram um relatório da organização liberal União dos Cientistas Engajados (Union of Concerned Scientists – UCS) que acusa Bush de enganar o público ao distorcer a ciência de acordo com sua vontadepolítica, assim como fez com os relatórios da CIA sobre "armas de destruição em massa" do Iraque.

Trata-se de uma denúncia ampla, que se refere também ao ocultamento pela Casa Branca de evidências levantadas pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) sobre poluição por mercúrio perto de termoelétricas e produção de bactérias resistentes a antibióticos pela criação de porcos, a troca de peritos científicos por representantes de empresas e igrejas em órgãos consultivos do governo federal, o apagamento e revisão de trechos de relatórios científicos oficiais, a proibição de divulgar que a ênfase na abstinência sexual por parte dos programas de "educação sexual" de Bush fez subir as estatísticas de gravidez adolescente e a ordem da Casa Branca ao Instituto Nacional do Câncer para este declarar, erradamente, que o aborto provoca câncer de mama.

Mas a questão mais vital, sem dúvida, era a supressão dos estudos sobre mudança climática e registros de temperatura do relatório anual da EPA divulgado em junho de 2003, também ordenada pela Casa Branca, que os substituiu por um estudo financiado pelo American Petroleum Institute.

Mesmo jornais que aplaudiram a UCS, como The New York Times, não citaram o estudo do Pentágono. Do outro lado da cerca, os mais imperialistas que o imperador – como o filósofo Olavo de Carvalho, no site Mídia Sem Máscara – tentaram desqualificar o posicionamento da organização sobre o aquecimento global com base em que "as referências a ela, acompanhadas dos respectivos links, são abundantes nos sites de organizações militantes comunistas, socialistas e pró-islâmicas", sem se dar conta de que fontes tão insuspeitas quanto a Fortune e o Pentágono haviam divulgado cenários muito mais alarmantes.

Esfregou as mãos?

Haia e seu Tribunal Penal Internacional afundam, diz o PentágonoAinda mais assustador é que mesmo depois de publicada a denúncia no Reino Unido e amplamente comentada na mídia européia, asiática, árabe, israelense, canadense e brasileira, os principais órgãos da mídia norte-americana continuaram alheios ao assunto. O New York Times dedicou várias matérias ao carnaval brasileiro, mas não se referiu ao relatório do Pentágono. Nem o Washington Post.

Já o jornal conservador Washington Times – que na véspera havia ridicularizado o ex-candidato democrata Al Gore por tentar ressuscitar a discussão sobre o Protocolo de Kyoto e fazer dele um tema de campanha – ao menos acusou o golpe ao publicar um texto do filósofo Sterling Burnett, do instituto conservador National Center for Policy Analysis.

Burnett citou as divergências ainda numerosas entre climatologistas sobre os mecanismos exatos desencadeados pelo aquecimento global para classificar como "ficção científica" a tese da mudança climática, sem se perguntar por que o Pentágono se dá ao trabalho de analisar estratégias reais para enfrentar a tal "ficção".

É como os artigos patrocinados pela indústria do fumo que, até o início dos anos 90, alegavam que a falta de consenso dos oncologistas em relação aos mecanismos que levam ao câncer desqualificava como científica a tese de que o cigarro o causava, ainda que tivesse sido exaustivamente demonstrada por estatísticas. Mais tarde o discurso dessa indústria embarcou na onda do individualismo neoliberal: passou a defender a responsabilidade e a liberdade pessoal de "optar" pelo risco de contrair um câncer. Mas no caso do aquecimento global, não há como optar individualmente, mesmo em tese, por correr ou não o risco de causar uma catástrofe planetária. Aliás, de acordo com o cenário do Pentágono, os países mais pobres e menos responsáveis pelas emissões de gás carbônico serão os primeiros e mais duramente atingidos pela vingança cega da natureza.

Houve quem, ao constatar a indiferença da sociedade civil ante o aquecimento global e seus efeitos mundialmente catastróficos a longo prazo, lembrasse de certa experiência científica cruel, mas verdadeira. Uma rã colocada em água quente salta imediatamente para fora, mas colocada em uma panela de água fria sobre um fogo que eleve sua temperatura pouco a pouco, a mesma rã nada tranqüilamente até morrer cozida.

Da mesma forma, a julgar pelas manchetes da imprensa norte-americana, sempre há mais gente disposta a tomar ou exigir providências em relação aos riscos de ser vitimado por um criminoso desconhecido, por um terrorista islâmico, pela queda de um avião, por abelhas africanas e até pelo choque de um asteróide com a Terra do que a fazer o mesmo contra as conseqüências muito mais vastas e certas, mas graduais, de seu próprio consumo irracionale supérfluo de petróleo.

Agora nos é dito, porém, que essas conseqüências talvez nem sejam tão graduais. Talvez se tornem drásticas, óbvias e praticamente irreversíveis já nesta década, ou na próxima. Mesmo assim, a mesma imprensa que dá capas e manchetes a debates sobre os riscos das gorduras hidrogenadas e dos implantes de silicone continua a tratar essa questão como um debate acadêmico complicado, abstrato e distante.

Talvez seja mais apropriado atribuir essa relutância a uma propensão a exagerar problemas que, aparentemente podem ser atribuídos a um "outro" a ser punido ou uma natureza a ser domesticada, para melhor ocultar aqueles causados pelo modo de viver, produzir e consumir da mesma sociedade que a própria mídia não se cansa de exaltar e promover.

Como noticiar – ou simplesmente pensar de dentro do american way of life – que as emanações dos jipes esportivos que encantam as famílias norte-americanas podem ser muito mais úteis aos Quatro Cavaleiros do Apocalipse que todos os terroristas da Al-Qaeda e do Hamas, somados? Que a desregulamentação e o livre mercado, em vez de levar ao melhor dos mundos possíveis, podem nos conduzir ao pior desastre da história?

Fez fortuna, em outros tempos, o lema "melhor morto do que vermelho (better dead than red)". Agora, parece que mais vale morrer sonhando o american dream do que abrir mão do exagerado padrão de consumo dos EUA: melhor morto do que menos rico.

Parece mais fácil ser racional na pobre República das Maldivas, tão pequena que seus cidadãos brincam que só é preciso encher os tanques de seus carros uma vez por ano. É formada por pequenos atóis de coral do Oceano Índico (aquele que abriga a capital tem 500 hectares), com pouco mais de um metro de altura. As mudanças climáticas já começaram a destruí-los e mesmo uma pequena elevação do nível do mar os inundaria rapidamente. Seu governo tem construído diques e quebra-mares para retardar a destruição dos atóis e, em 1997, começou a construir uma ilha artificial chamada Hulhumale, um pouco mais alta que seu território natural, para abrigar seu povo. É a primeira Arca de Noé do século XXI.

Seres humanos não são rãs.

Distinguem-se de outros animais, entre outras coisas, pela sua capacidade superior de interpretar indícios, relacionar causas e efeitos e antecipar os resultados de suas ações. Mas também por sua capacidade de mentir até para si mesmos – principalmente quando se trata de políticos e empresários (inclusive de mídia) para os quais o encobrimento da verdade favorece seus interesses mais óbvios e imediatos.Isso não diz respeito apenas ao atual governo dos EUA, apesar de seu engajamento a favor dos interesses do setor petrolífero ter obviamente agravado a questão: já no tempo de Clinton os democratas hesitavam em defender abertamente o Protocolo de Kyoto e sua relutância aumentou ainda mais depois dos efusivos cumprimentos da National Association of Manufacturers (a CNI dos EUA) e da Câmara do Comércio a Bush por ter defendido o interesse nacional contra o tratado que limitaria o consumo de combustíveis dos países industrializados.

Restou nos EUA, porém, uma instância encarregada de pensar o impensável – as Forças Armadas. Como parece improvável que a Casa Branca decida privatizá-las, seus cientistas podem acabar como os únicos autorizados a discutir ecologia sem serem tachados de antiamericanos.

Mas não nos iludamos: ao tratar do assunto, o Pentágono lembra um certo figurante freqüentemente citado por Luis Fernando Verissimo. Sua participação na peça seria entrar em cena durante uma bacanal, jogar as mãos para o alto, escandalizado, e dizer: "Mas isto é Bizâncio!" O ator entrou em cena na hora certa e disse a fala corretamente. Só que fez isso esfregando as mãos.

Da mesma forma, é difícil não imaginar os generais a esfregar as mãos ao listar os novos riscos para a segurança nacional e prever a transformação dos EUA em vasta fortaleza protegida por um arsenal ampliado e modernizado que proteja seus recursos de serem consumidos por imigrantes famintos empilhados em precárias jangadas ou pilhados por nações desesperadas, armadas com bombas atômicas.

A conclusão do relatório do Pentágono, vale notar, é positiva: "Os EUA sobreviverão sem perdas catastróficas", ao contrário da maioria das demais nações do mundo. Se lhes importa mais estar em primeiro lugar do que viver em um mundo razoavelmente habitável, serão os demais que terão de jogar as mãos para o alto, se escandalizar e gritar "Mas isto é Bizâncio!" Sem esfregar as mãos.

Rio, 10 de fevereiro de 2006
Jornal O Globo

Aquecimento do século XX foi o pior em mil anos
WASHINGTON. Climatologistas britânicos estão convencidos de ter mais uma prova de que o aquecimento global está relacionado à atividade humana. Um estudo publicado na edição desta semana da revista americana "Science" mostrou que o século XX - marcado pela industrialização - teve a maior intensificação de temperaturas dos últimos 1.200 anos. Resgatar a história das temperaturas do planeta é uma condição essencial para identificar a influência da ação humana sobre o clima.
Dados do século XXI, que tem registrado recordes históricos de temperatura, não foram analisados - 2005 foi o ano mais quente desde que a temperatura da Terra começou a ser oficialmente registrada, no fim do século XIX. Mas, os cientistas acreditam que eles reforçarão ainda mais a tendência de aquecimento do planeta.
A pesquisa se ateve a informações sobre o Hemisfério Norte, onde existem registros históricos do clima capazes de permitir esse tipo de análise. Os autores do estudo, da Universidade de East Anglia, mediram mudanças nos anéis das árvores, conchas fossilizadas e amostras de gelo retirado de camadas profundas de geleiras. Todos esses elementos são considerados arquivos naturais do clima. O estudo também levou em conta textos com relatos climáticos escritos nos últimos 750 anos.


Afastado acusado de censurar estudos de clima

Ontem, um assessor de imprensa da Nasa indicado pela Casa Branca foi obrigado a pedir demissão da Nasa. George Deutsch, que trabalhou na campanha de reeleição do presidente George W. Bush, foi acusado de tentar censurar as declarações à imprensa do principal especialista em clima da Nasa, James Hansen. A censura a Hansen começou depois que ele fez um apelo público a favor da redução das emissões de gases-estufa. Descobriu-se depois que, além do envolvimento no escândalo da censura, Deutsch mentiu à Nasa quando contou ser jornalista. Ele, na verdade, sequer cursou qualquer faculdade.