Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

2.7.08

Numero 145



EDITORIAL

Duas notícias hoje, para iniciar:

1. Morre em MG a última cangaceira do bando de Lampião

Considerada a última integrante do bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, Jovina Maria da Conceição Souto, de 93 anos, morreu anteontem em Belo Horizonte, onde vivia desde a década de 1940 com o marido José Antônio Souto, de 98 anos, o "Moreno".
O casal conseguiu escapar do ataque das forças federais que dizimou o grupo de Lampião em 28 de julho de 1938.
Jovina e seu marido se estabeleceram na capital mineira com outros nomes da época do cangaço durante cerca de 70 anos.
O corpo de Jovina, conhecida como "Durvinha", foi enterrado na tarde de ontem no Cemitério da Consolação.
O sepultamento foi acompanhado pelo marido. Durvinha morreu em conseqüência de um acidente vascular cerebral (AVC).
Na “Revista da Semana” mais detalhes:
Casal foi do bando de cunhado de Lampião
Os filhos do único casal vivo de ex-cangaceiros só ficaram sabendo da história dos pais há dois anos. Ao adoecer, o excangaceiro Moreno, com medo de morrer com seu segredo, resolveu contar aos cinco filhos criados pelo casal que ele e a mulher, Durvinha, tinham lutado com Virgínio, cunhado de Lampião. E que o filho mais velho havia sido deixado em Pernambuco, aos cuidados de um padre, não por causa da seca, mas devido à vida nômade – e fora da lei – do casal.
Eles se conheceram quando Moreno, nascido Antonio Inácio da Silva, se juntou ao grupo de Virgínio. Durvinha, ou Durvalina Gomes de Sá, era casada com o chefe do grupo. Depois da morte de Virgínio, Moreno assumiu o comando e casou-se com a ex-mulher do líder.
O casal mora há mais de 50 anos em Minas Gerais. Largaram as armas e a vida bandida em 1940, de acordo com o Diário de Pernambuco. Ao se mudar para Minas Gerais, o casal trocou de nome, para José Antonio Souto e Jovina Maria da Conceição. Depois que a história foi revelada, o filho mais velho foi localizado no Rio. E aos 68 anos de idade voltou a ter contato com os pais e os cinco irmãos
2. Não tive como anunciar no boletim passado, porque só recebi o aviso na quinta feira. Mas sábado tivemos o lançamento de dois livros, um dos quais escrito por um ex-aluno, agora com mestrado concluído na UFMG.
Rangel Cerceau publicou Um em casa de outro, resultado de sua dissertação de mestrado, cujo tema foi a prática do concubinato na comarca do rio das Velhas, em Minas Gerais, no século XVIII.
E Miriam Moura publicou Na forma do ritual romano, em que analisa o casamento na região de Vila Rica no século XIX.
Nas fotos, os dois autores quando apresentavam seus trabalhos e Rangel autografando o livro para mim. As duas fotos são de Luciano Antônio Cerceau, a quem agradeço.


COLABORADORES

CATADORES URBANOS, A novíssima e emergente classe de representação social

Por Denise de Mattos Gaudard(*)

Eles sempre podiam ser vistos nas ruas e vielas. Puxavam uma espécie de carroça de duas rodas com alças na frente e por isso eram chamados de “burros sem rabo”. Sempre se caracterizaram por estarem à margem da sociedade nos bairros e comunidades, pois muitos se originaram e se confundiam com as populações que habitavam as ruas.

Vários deles foram muitas vezes combatidos e/ou reprimidos por “batidas” policiais, pois eram vistos como mendigos e desocupados que recolhem lixo nas ruas. Ainda são vistos como aqueles que vivem da coleta e revenda dos restos dos resíduos e da comida que não queremos mais. Quando passamos por um catador de lixo, principalmente no centro da cidade, nos damos conta que existe todo um considerável grupo de pessoas que vivem quase que exclusivamente da coleta, triagem e reciclagem do lixo não orgânico colhido quase sempre no final do dia, quando todos estamos indo para nossas casas, eles entram em ação catando papel, latas de alumínio, garrafas pet, copos e pratos de pvc, alem de vidros e metais em geral.

Os atuais catadores urbanos podem ser comparados com a antiga classe operaria que começou a se firmar nas camadas sociais nos primórdios do século dezoito, no inicio da revolução industrial, quando famílias inteiras trabalhavam vendendo sua força de trabalho em troca de uma remuneração.

Hoje os catadores estão se profissionalizando cada vez mais, e como no século 18 se firmam como nova classe social e profissional. Unidos em cooperativas que estão prestando cada vez mais serviços para empresas e comunidades em geral.

Cada vez mais empresas estão procurando aliar práticas ecologicamente corretas com trabalho social, então buscam estas cooperativas para formalizar parcerias para coletas de material reciclável que antes era considerado lixo, mas hoje, latas de alumínio, garrafas pet, papelão, etc já são amplamente disputados como insumos que vão virar material e ou produtos recicláveis que vão desde as tradicionais latas recicladas às camisetas confeccionadas com material vindo do PET.

As mídias regionais estão cada vez mais atentas a estas questões. Por exemplo, o Jornal do Grande Rio partiu na vanguarda, demonstrando preocupação em implementar e difundir iniciativas sócio-ambientais, alinhando-se se a uma tendência mundial cada vez mais comum a todos que querem contribuir para a diminuição da poluição urbana e proporcionar emprego e renda para os catadores urbanos.

Outro exemplo interessante é a parceria em eventos de médio e grande porte onde as cooperativas de catadores urbanos pode perfeitamente contribuir para a coleta dos materiais recicláveis. Podemos citar como exemplo de parcerias positivas do ponto de vista social e ambiental: no carnaval de 2007, a escola de samba Acadêmicos do Grande Rio, fez um, até então, inédito convenio com 02 cooperativas de catadores para que estas recolhessem todo o material potencialmente reciclável no Clube Monte Líbano que fica na Zona Sul do Rio de Janeiro e que foi deixado pelo enorme público que pulou entusiasticamente durante vários sábados, quando Grande Rio fez seus ensaios antes do desfile oficial na Marques de Sapucaí.

Todos os sábados, durante e logo após o término dos ensaios, 05 catadores cooperativados e devidamente paramentados com uniformes, botas e luvas de borracha, ficaram responsáveis pela coleta de aproximadamente 800 kilos de latas de alumínio, 80 kilos de material de PET(garrafas) e 5 kilos de material de PVC (copos, pratos, etc). Todo este material foi coletado em apenas quatro sábados.

Segundo os presidentes das 02 cooperativas presentes: Luiz Carlos, da COOPAMA e Marcio Carvalho, da FEBRACOM (Federação que reúne 14 cooperativas com catadores e prestadores de serviço), todo material foi recolhido em caminhões e levado para ser triado e reciclado rendeu aproximadamente R$ 783,00. Nada mau para os cooperados que trabalharam e ainda se divertiram um pouquinho, curtindo os ensaios.

A renda auferida pela venda deste material será integralmente revertida para as cooperativas e dividida entre os catadores, agregando mais renda a uma classe de trabalhadores que está cada vez mais longe da era dos antigos “burro sem rabo”. Esta é uma amostra real de como a sociedade sempre evolui....


(*) Denise de Mattos Gaudard é consultora Socioambiental. Graduada em Administração de Gestão Empresarial pela Univ Santa Úrsula (USU-RJ); Pós Graduada em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e Comércio Exterior pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Tem especialização em Educação Ambiental, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Gestão de Projetos no Project Management Institute (PMI-RJ). Participa do desenvolvimento de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e Gestão de Resíduos junto a prefeituras, Cooperativas e empresas financiadoras parceiras. Ministra cursos, palestras e escreve artigos sobre MDL e Gestão Participativa em diversas mídias nacionais e internacionais


BRASIL

1. Da Agência Carta Maior:
ENTREVISTA - GUILHERME CASSEL

“Crise mundial dos alimentos representa uma grande oportunidade para o Brasil”

O debate sobre a necessidade de um novo padrão de desenvolvimento rural ocorre em um contexto de crise mundial do preço dos alimentos. Para o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, essa crise representa uma rara oportunidade para o país. A agricultura familiar e os assentamentos de reforma agrária podem ajudar o Brasil a dar um salto na produção de alimentos com qualidade, garantindo soberania e segurança alimentar à população.
Marco Aurélio Weissheimer

OLINDA - A atual crise mundial do preço dos alimentos recoloca de uma maneira muito clara o papel da agricultura familiar e dos assentamentos de reforma agrária para garantir soberania e segurança alimentar para a população. A avaliação é do ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, que, em entrevista à Carta Maior, trata dos objetivos e da importância da Iª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário.Para Cassel, essa crise, ao mesmo tempo que apresenta problemas sérios, representa uma oportunidade rara para o Brasil. “O Brasil é hoje um dos grandes exportadores de alimentos do mundo e é o país que pode ampliar ainda mais a sua produção, seja por um pequeno aumento de área e, especialmente, por um aumento de produtividade”, defende. Na avaliação do ministro, o setor patronal da agricultura brasileira já se encontra numa fronteira de produtividade e é muito difícil ampliá-la. “Quem pode auxiliar o Brasil neste momento, combater a inflação e produzir mais alimentos de qualidade são os agricultores familiares e os assentados de reforma agrária”. Na entrevista, Cassel também fala das políticas de segunda geração do governo Lula para aumentar a produção de alimentos no país e aborda a polêmica em torno dos biocombustíveis.
Carta Maior: Quais os objetivos e a importância desta Iª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário?
Guilherme Cassel: Em primeiro lugar, é importante destacar que a conferência acontece em um momento histórico muito singular. A humanidade vive hoje uma crise do preço dos alimentos como nunca se viu antes. Isso recoloca de uma maneira mais clara o papel da agricultura familiar e dos assentamentos de reforma agrária para garantir aos nossos povos soberania e segurança alimentar. Quem produz alimentos neste país são os agricultores familiares e os assentados da reforma agrária. São eles que produzem o arroz, o feijão, o leite, as aves, aquilo que a gente consome no dia-a-dia. Portanto, essa crise, que é uma crise mundial, coloca para o nosso país a necessidade de ter uma política de segurança alimentar e também de exportação de alimentos.
CM: Na sua avaliação, considerando esse contexto de crise mundial, qual é a situação da agricultura brasileira hoje?
GC: Se é verdade que essa é uma crise mundial, que pressiona a inflação, que recolocou o tema dos preços dos produtos agrícolas em um outro patamar, se é verdade que ela coloca dificuldades para todos os países, inclusive o Brasil, na medida que vamos enfrentar daqui para frente problemas de oscilação de preços e pressões inflacionárias, também é verdade que é uma oportunidade rara para o país. O Brasil é hoje um dos grandes exportadores de alimentos do mundo e é o país que pode ampliar ainda mais a sua produção, seja por um pequeno aumento de área e, especialmente, por um aumento de produtividade.Então, na medida em que esse processo apresenta alguns riscos, e apresenta, ele também representa uma enorme oportunidade. E em qualquer uma das situações o fundamental é produzir mais alimentos. E quem pode ampliar a produção de alimentos no Brasil é a agricultura familiar e os assentamentos de reforma agrária. É neste setor que nós podemos dar um salto de qualidade na produtividade. O setor patronal da agricultura brasileira já se encontra numa fronteira de produtividade e é muito difícil ampliá-la. Quem pode auxiliar o Brasil neste momento, combater a inflação e produzir mais alimentos de qualidade são os agricultores familiares e os assentados de reforma agrária.
CM: Um dos objetivos da conferência é apresentar propostas para a formulação de novas políticas públicas que apontem para um novo padrão de desenvolvimento no campo brasileiro. Em relação ao quadro atual, na sua avaliação, por quais caminhos se pode avançar nesta direção?
GC: Eu penso que avançamos muito no primeiro mandato do presidente Lula. A estratégia fundamental do Ministério do Desenvolvimento Agrário, desde a época do ministro Miguel Rossetto, é a de combinar um apoio muito forte à agricultura familiar e o desenvolvimento da reforma agrária. Nós fizemos isso construindo uma rede de políticas públicas permanentes, capazes de dar estabilidade e segurança para quem produz. Então, nós ampliamos muito o crédito do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e criamos linhas novas, reestruturamos o sistema nacional de assistência técnica, criamos o seguro agrícola de preço e de clima, criamos políticas públicas de comercialização – como o Pronaf Comercialização e o Programa de Aquisição de Alimentos. Além disso, passamos a desenvolver políticas de desenvolvimento territorial e assentamos 550 mil famílias no país, destinando mais de 40 milhões de hectares de terra para a reforma agrária.Para se ter uma idéia do que isso significou como avanço, cabe lembrar que o Brasil tem, na história de sua República, 970 mil famílias assentadas. Ou seja, mais da metade do universo das famílias assentadas na história do país, é resultado do que foi feito nos últimos cinco anos. Então, esse foi um conjunto de políticas muito importantes.O segundo mandato do presidente Lula exige de nós uma superação dessas políticas, uma superação de qualidade, o que a gente chama de políticas de segunda geração. O primeiro passo neste sentido é o programa Territórios da Cidadania. Só em 2008, esse programa investirá 12,9 bilhões de reais em 60 territórios, representando uma política de articulação de outras políticas públicas e a estratégia fundamental do governo federal para combater a pobreza no meio rural. E agora, nesta mesma linha de programas de segunda geração, estamos lançando o programa Mais Alimentos que será a estratégia central do governo federal para enfrentar a crise mundial dos alimentos. A partir de um processo de modernização acelerada da agricultura familiar e dos assentamentos de reforma agrária, o objetivo é ampliar a produção de alimentos deste setor.
CM: Há uma polêmica hoje, em nível internacional, sobre o tema dos biocombustíveis. Essa questão também faz parte da agenda de debates da conferência. Qual sua avaliação sobre o papel que o Brasil pode desempenhar para a construção de uma nova matriz energética mundial?
GC: Esse é um tema tão delicado como importante, que precisa ser encarado de uma maneira muito clara e objetiva. Em primeiro lugar, o mundo todo está vivendo o fim da era do petróleo. Começamos a viver o problema da falta de petróleo, da falta de combustíveis fósseis. O barril de petróleo que custava dólares há um ano e pouco, hoje está custando 140 dólares. Isso desestabiliza os países que são importadores de petróleo, desestabiliza economias e regimes políticos. O padrão atual do petróleo é insustentável. Não devemos esquecer que esse padrão, que perdura há tantas décadas, concentrou renda, impôs desigualdades regionais e, inclusive, patrocinou guerras. A humanidade precisa hoje de um outro padrão energético que seja sustentável, que não polua e que possa criar novas relações econômicas e sociais.É neste contexto que surge a possibilidade de uma nova matriz produtiva baseada em biocombustíveis. Agora, no caso brasileiro, quando falamos em biocombustíveis, há algumas confusões que precisam ser esclarecidas. Nós temos dois modelos. Temos o modelo do etanol e o do biodiesel. O primeiro é um modelo que tem mais de 35 anos e que precisa ser revisto, pois pode reconcentrar renda, pode induzir monocultura, que possui questões trabalhistas importantes a resolver. Precisamos, rapidamente, evoluir para a certificação ambiental, social e trabalhista do etanol. Mas esse modelo representa uma tecnologia muito importante que pode ajudar não só o Brasil mas toda a humanidade.a constituir um novo padrão energético.Já o biodiesel é um programa recente do governo Lula, que foi criado já considerando a necessidade de incluir a agricultura familiar e campesina nesta cadeia produtiva. E está conseguindo. Então é um programa que, evidentemente, precisa ser revisitado e checado de forma permanente para ser melhorado, mas é um programa que não carrega todos os problemas do etanol. É importante perceber com clareza que, no Brasil, 42% da matriz energética é de biocombustíveis enquanto que, no resto do mundo, esse índice é de apenas 2%. Isso nos coloca muitas vantagens comparativas e ajuda a explicar a ira dos países desenvolvidos e da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) contra a política do governo brasileiro. Nós temos que afirmar a nossa política de construir outro padrão energético fundado em biocombustíveis e, a partir da nossa experiência, construir uma matriz que tenha relações econômicas e sociais mais justas, mais solidárias e, acima de tudo, que preservem o meio ambiente e promovam um modelo de desenvolvimento sustentável e justo.


2. Do jornal Brasil de Fato:
Ricos perderam medos dos pobres

Podemos, portanto, preparar-nos para ver novamente nos noticiários da televisão o triste desfile de multidões de crianças famintas e de adultos esquálidos.
26/06/2008 Plínio de Arruda Sampaio

A alta dos preços dos alimentos veio para ficar. Conseqüentemente, estamos de novo diante da perspectiva de crises de fome aguda nos países mais pobres. Perspectiva semelhante, em 1975, deu lugar à Conferência Mundial da Alimentação, cujas propostas para evitar a repetição do fenômeno deram em nada.
Desta vez, os países ricos não se viram na necessidade de montar outra farsa como a de 1975. Em três dias, os chefes de 43 Estados reuniram-se em Roma e despacharam o assunto.
Ao pedido de 30 bilhões de dólares para enfrentar o problema, feito pelo diretor geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), a resposta dos chefes de Estado foi assim: toma dez e não se fala mais no assunto.
O episódio é bem indicativo dos tempos que estamos vivendo: "os ricos perderam mesmo o medo dos pobres", escreveu Eric Hobsbawm, em 1989.
Podemos, portanto, preparar-nos para ver novamente nos noticiários da televisão o triste desfile de multidões de crianças famintas e de adultos esquálidos.
Contudo, convém ponderar que o resultado da reunião de Roma, salvo enquanto revelador da conduta dos países mais ricos do mundo diante de uma mortandade anunciada, não altera essencialmente a problemática da fome no mundo.
Se os chefes de governo, em vez de oferecer dez, tivessem oferecido os 30 bilhões solicitados pela FAO, o problema da fome seria temporariamente atenuado, mas não resolvido.
Para resolvê-lo, definitivamente, não basta comprar excedentes da produção dos países ricos e enviar comboios com alimentos para as regiões de fome aguda. Na lógica do capitalismo, isto pode ser até um bom negócio para as multinacionais do "agrobusiness".
Fome resolve-se com reforma agrária; planejamento agrícola; preços administrados; educação e saúde para a população do campo.
Qualquer avanço importante nesse terreno fere imediatamente os poderosos interesses dos grandes proprietários rurais e das multinacionais da agroindústria. Por isso, nenhuma dessas reformas sai do papel.
As classes populares ainda não têm força política para reformar a agricultura capitalista e menos ainda para propor um modelo socialista de desenvolvimento da agricultura.
Quem está, de fato, preocupado em solucionar a questão da fome não pode se iludir com os paliativos propostos nessas reuniões de cúpula e nem imaginar que a humanidade pode se ver livre do fantasma da fome dentro dos marcos do capitalismo. Basta atentar para o fato de que no país capitalista mais rico do mundo, o governo, a fim de garantir renda aos produtores, subsidia os agricultores que deixam de cultivar parte de suas terras. Pois, mesmo com esse enorme potencial de produção alimentar, graves deficiências nutricionais afetam porcentagem significativa de sua população e grandes filas de pessoas com fome formam-se diariamente nos "sopões" da caridade.

Plinio Arruda Sampaio é advogado, ex-deputado constituinte, presidente da Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária) e diretor do jornal Correio da Cidadania.
3. A perigo, EUA já vislumbram aliança petrolífera com o Brasil

O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, disse nesta segunda-feira (23) que está surgindo uma nova área de cooperação entre os dois maiores países das Américas: petróleo. Após a descoberta de importantes reservas do combustível em águas profundas do litoral brasileiro, os norte-americanos já enxergam o país como fornecedor e estudam possibilidades de parcerias entre empresas nessa área.

''Se a Petrobras quiser embarcar o petróleo para os Estados Unidos, tenho certeza que os EUA estarão muito dispostos a receber esse combustível'', disse Sobel. Depois de ressaltar que a decisão cabe ao Brasil e a Petrobras, ele acrescentou que ''os EUA esperam que o Brasil se torne um importante fornecedor de combustível fóssil no futuro''.
Segundo o embaixador, será ''natural'' que o Brasil exporte petróleo para os Estados Unidos na medida em que disponha de excedentes por conta da proximidade entre os dois países. Ele enfatizou que a Petrobras já possui refinarias nos EUA. A estatal brasileira adquiriu recentemente uma planta em Pasadena, Texas. Para garantir a segurança energética e reduzir a dependência de regiões politicamente conturbadas, os EUA buscam diversificar as fontes de petróleo.
Embora o Brasil ainda não seja um fornecedor relevante, as vendas de petróleo do país para os EUA aumentaram dez vezes em valor, saltando de US$ 330 milhões em 2004 para US$ 3,1 bilhões em 2007, conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). No ano passado, o petróleo ultrapassou aviões e ocupou o posto de principal item da pauta de exportação.
Sobel – que participou nesta segunda-feira do Fórum Brasil-Estados Unidos realizado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) e pelo Centro de Política Hemisférica da Universidade de Miami – também enxerga oportunidades de parcerias com petrolíferas norte-americanas como Exxon e Chevron, ou empresas fornecedoras de serviços como a Halliburton.
O embaixador ressaltou que funcionários do governo norte-americano devem em breve vir ao Brasil para discutir o assunto. Na próxima semana, chega ao país o secretário de Segurança Interna, Michael Chertoff. ''Neste estágio, estamos procurando maneiras de ajudar se formos solicitados'', afirmou Sobel. Fonte: Valor Econômico

VALE A PENA LER

1. Revista História Viva nº 57.
Dossiê sobre Rommel e o Afrikakorps. Biografia de Thomas Jéferson. Artigos principais: Os jogos olímpicos da Antiguidade – O milagre da multiplicação das relíquias, na Idade Média – Renda mínima: uma idéia da Revolução Francesa – O Brasil que preserva sua memória – Kadiweu: os índios cavaleiros – A Paulicéia atacada em 1924.

2. Fascículo 10 de A ditadura militar no Brasil. Governo Geisel – extinta a luta armada

3. Leituras da História especial – Grandes genocídios. 18 artigos relatam os maiores genocídios perpetrados na Historia, da Antiguidade aos dias de hoje.

VALE A PENA NAVEGAR

1. MÍDIA & PODER
Por que o governo Lula perdeu a batalha da comunicação E como a Globo definiu a narrativa dominante e única da crise do mensalão. A central de Brasília, dizem jornalistas que trabalharam no sistema Globo, formou uma espécie de "gabinete de crise" com líderes da oposição do qual faziam parte ACM Neto e Paes de Andrade. Fechar a Radiobrás foi o ato síntese de todos os grandes erros na política da comunicação do governo Lula. A análise é de Bernardo Kucinski. > LEIA MAIS Política

2. Golpistas da Media Luna boliviana querem que Evo renuncie, e oferecem em troca suas renúncias
Posted: 26 Jun 2008 09:34 AM CDT
Parece piada. E é, e de mau gosto. Como já perceberam que vão perder no referendo revocatório de 10 de agosto e Evo vai ganhar, os golpistas, racistas e separatistas da Media Luna sacaram do colete um quinto ás para tentar vencer o jogo: propõem uma renúncia geral. Eles renunciam aos governos dos departamentos, Evo Morales à presidência da Bolívia e são convocadas novas eleições gerais.
http://blogdomello.blogspot.com/2008/06/golpistas-da-media-luna-boliviana.html

3. BLOG DO ROVAI
Pesquisa em BH: “Badalado” candidato em 5º. Vice do PT em 1º lugarleia


4 Brasil ColôniaA Corte Portuguesa No Brasil
É a madrugada de 27/11/1807 e a corte, desesperada, se atropela com pressa e desordem no cais de Belém. Leia em hnnet2@walla.com


NOTICIAS

1.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CURSO DE HISTÓRIA - DEPARTAMENTO DE ARTES E HUMANIDADES Concurso para Professor Adjunto (Edital nº 41/2008)
Área: História do Brasil Contemporâneo.
Titulação exigida: Graduação em História; Mestrado e Doutorado em História ou áreas afins. Inscrição: até 18 de julho de 2008. Informações: http://www.ufv.br/soc/files/pag/concursos.htm