Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

15.5.06

Número 039 - nova fase


Editorial

Bem, leitores e leitoras, acredito que vocês esperavam neste número as análises sobre os acontecimentos que desde sexta-feira produziram o pânico não apenas em São Paulo, mas em todo o país. Só que eu já estava com muitas matérias importantes selecionadas para colocar aqui e mais uma vez veio o problema: como já separei mais de 10 artigos comentando os acontecimentos de São Paulo, aborda-los hoje significaria um boletim tão grande, que nem sei se o Blogger aceitaria. Assim, decidi não colocar nada sobre a crise, mas não se preocupem, vocês não ficarão sem as análises. Vou fazer um boletim extra, no sábado, enfocando apenas a questão que deixa todos preocupados nos dias de hoje. Mandarei um aviso, por email, já que esta edição será extraordinária.

As fotos que ilustram este número são das noites de autógrafos do livro História de Minas Gerais, na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, em 8 de maio e em Caeté, no dia 13 passado.

Na ALMG, as ex-alunas Cláudia e Rosa, ao meu lado e do cônsul da Índia, Elson, que também foi meu aluno no curso de História (Foto de Marcelo Metzker)


1.No boletim de hoje abro espaço para algumas perguntas que Chico Buarque de Holanda respondeu por ocasião do lançamento de seu novo CD. Como Chico sempre foi artista “politizado”, cujas músicas marcaram profundamente a mentalidade daqueles que viveram os tempos da ditadura, creio que devemos pensar sobre o que ele fala nesta entrevista. Acho, inclusive, que ele pode estar clareando algumas posições políticas que as pessoas estão tomando sem se aperceberem de fato do que está por trás das notícias da grande imprensa. Aqui coloco apenas algumas perguntas e respostas. E indico onde encontrar a entrevista inteira. Vale a pena ler!

"Carioca", que chega hoje às lojas, está distante oito anos do CD anterior,"As Cidades", de 1998. No meio do caminho, o também escritor lançou o romance "Budapeste" (2003). Depois da Copa, ele deve retornar aos palcos apresentando o novo trabalho pelo país.

Folha - No fim de 2004, em entrevista à Folha, você via uma onda de ódio aos pobres e de ódio a Lula no país. Entre aquele diagnóstico e a situação de hoje houve a crise do mensalão. Você está decepcionado? O que mudou no governo Lula?

Chico Buarque - É claro que esse escândalo abalou o governo, abalou quem votou no Lula, abalou sobretudo o PT. Para o partido o escândalo é desastroso. Espero que disso tudo possa surgir um partido mais correto,menos arrogante. No fundo, sempre existiu no PT a idéia de que você ou é petista ou é um calhorda. Um pouco como o PSDB acha que você ou é tucano ou é burro [risos].Agora, a crítica que se faz ao PT erra a mão. Não só ao PT, mas principalmente ao Lula. Quando a oposição vem dizer que se trata do governo mais corrupto da história do Brasil, é preciso dizer "espera aí". Quando aquele senador tucano canastrão vai para a tribuna do Senado dizer que vai bater no Lula, dar porrada, quando chamam o Lula de vagabundo, de ignorante, aí estão errando muito a mão. Governo mais corrupto da história? Onde está ocorruptômetro? É preciso investigar. Tem que punir, sim. Mas vamos entender melhor as coisas.

Folha - Como assim?

Chico - Pergunte a qualquer pequeno empresário como faz para levar adiante seu negócio. Ele é tentado o tempo todo a molhar a mão do fiscal para não se estrepar. O mesmo vale para o guarda de trânsito. E assim sucessivamente. A gente sabe que a corrupção no Brasil está em toda a parte. E vem agora esse pessoal do PFL, justamente eles, fazer cara de ofendido, de indignado. Não vão me comover. Eles fazem o papel da oposição, está certo. O PT também fez o "Fora FHC", uma besteira.Mas o preconceito de classe contra o Lula continua existindo -e em graus até mais elevados. A maneira como ele é insultado eu nunca vi igual. Acaba inclusive sendo contraproducente. O sujeito mais humilde ouve e pensa: "Que história é essa de burro!? De ignorante!? De imbecil!?". Não me lembro de ninguém falar coisas assim antes, nem com o Collor. Vagabundo! Ladrão! Assassino! -até assassino eu já ouvi.Fizeram o diabo para impedir que o Lula fosse presidente. Inventaram plebiscito, mudaram a duração do mandato, criaram a reeleição. Finalmente, como se fosse uma concessão, deixaram o Lula assumir. "Agora sai já daí, vagabundo!" É como se estivessem despachando um empregado a quem se permitiu esse luxo de ocupar a Casa Grande. "Agora volta pra senzala!" Eu não gostaria que fosse assim.

Folha - Você vai votar no Lula?
Chico - Hoje eu voto no Lula. Vou votar no Alckmin? Não vou. Acredito que, apesar de a economia estar atada como está, ainda há uma margem para investir no social que o Lula tem mais condições de atender. Vai ficar devendo, claro. Já está devendo. Precisa ser cobrado. Ele dizia isso: "Quero ser cobrado, vocês precisam me cobrar, não quero ficar lácercado de puxa-sacos". Ouvi isso dele na última vez que o vi, antes de ele tomar posse, num encontro aqui no Rio.

Folha - O que você acha do PSOL e dessa turma que deixou o PT fazendo críticas pela esquerda?

Chico - Percebo nesses grupos um rancor que é próprio dos ex: ex-petista, ex-comunista, ex-tudo. Não gosto disso, dessa gente que está muito próxima do fanatismo, que parece pertencer a uma tribo e que quando rompe sai cuspindo fogo. Eleitoralmente, se eles crescerem, vão crescer para cima do PT e eventualmente ajudar o adversário do Lula.

Leia a entrevista na íntegra na Carta Capital da semana passada.

2.No blog do Josias de Souza, que já recomendei aqui, um texto interessante, que reproduzo logo abaixo, e que dá bem a dimensão do que é “fazer política” neste país. Como ele mesmo intitula o texto: dá nojo...

O nojo como instrumento de reação
No Planalto


Candidato ao Planalto pelo PMDB, Ulysses Guimarães acabara de tropeçar nas urnas de 1989. Sob os efeitos do tombo, mandou um recado a Lula: bastaria um telefonema para que subisse no palanque do PT.
Lula passara raspando para o segundo turno. Batera Brizola por um triz. Contra Collor, precisaria de todos os aliados que fosse capaz de reunir. A estampa moderada de Ulysses suavizaria a pecha de radical que Lula trazia, então, grudada na testa.
Mas Ulysses afundou no mar gelado da baía de Angra com a mágoa do desprezo a roer-lhe a alma. Lula não telefonou. Alegou que a imagem do velho cardeal peemedebista estava associada à Nova República de José Sarney. E o PT tinha uma reputação a zelar.
Decorridos 17 anos, Lula, agora no Planalto, celebra o apoio daquele Sarney que, nos palanques de 89, chamava de “ladrão”. E busca desesperadamente o apoio de um PMDB que, sem Ulysses, convive com o ridículo de um Marotinho.

Sob a gestão do mesmo Sarney, o PMDB amargou em São Paulo uma dissidência que sangrou os seus quadros. Alegando que não podiam mais conviver com a fisiologia à Sarney e com a biografia turva de Orestes Quércia, à época governador paulista, luminares do peemedebismo decidiram fundar uma nova legenda.

Surgiu o PSDB de Franco Montoro, Mario Covas, Fernando Henrique Cardoso e José Serra. Tachavam Quércia de “corrupto”. Dissentiam do “atraso” representado por Sarney. Guindado à presidência nas eleições de 1994, a moderna pseudo-social-democracia privilegiaria nos oito anos de FHC a mesma aliança com o arcaico. E, hoje, o PSDB disputa com o PT o apoio do mesmo Quércia que inspirou a inauguração do “novo”.

Quem é inimigo de quem na política?, eis a pergunta que atordoa o eleitor de 2006. Todos são inimigos de todos, eis a resposta. Mas, em política, inimizades não devem ser levadas a sério. Não resta ao observador senão extrair uma lição dessa seqüência de brigas e reconciliações desconcertantes: a política é a seara da farsa.

Se é assim, se sempre foi assim, como decidir em quem votar? O repórter poderia “ensinar” que a construção da democracia supõe a capacidade do eleitor de distinguir diferenças. Mas se os dois partidos que as pesquisas apontam como favoritos trocam de máscara ao sabor das conveniências, se fazem questão de demonstrar que se irmanaram na perversão, o “ensinamento” soaria tolo, vão. Melhor não condenar aqueles que optarem por rasgar o título de eleitor. O nojo embutido no gesto não deixa de ser uma reação. Mais louvável do que a acomodação, diga-se.
Escrito por Josias de Souza às 23h093.

A educação brasileira comparece neste boletim com três artigos. O primeiro, na realidade, é uma carta-aberta de uma professora capacitadíssima que foi descartada de uma faculdade privada em Belo Horizonte. Ela narra o “processo de seleção” da referida faculdade e nos mostra a quantas anda a valorização dos profissionais da educação no país...Em outro artigo, Jamille Borges da Silva mostra a força das estatísticas ao indagar: O que desejam as políticas públicas de educação e no terceiro, a notícia de que o Ministério Público de São Paulo denuncia a ficção em que se transformaram as escolas de tempo integral em São Paulo. Mais uma prova de que o secretário Chalita, do governador Chuchu, foi um desastre completo naquele estado. O email está na seção a seguir, enviado que foi pelo Hercules, que sempre colabora conosco. Os dois artigos estão na seção Brasil, mais abaixo.

Falam amigos e amigas

Na ALMG, o deputado João Leite, também historiador e também ex-aluno meu, prestigiando a noite de autógrafos (Foto Marcelo Metzker)

1. Parabéns pelo lançamento do livro “História de Minas Gerais”, de sua autoria e de Helena Guimarães Campos. Desejo-lhes sucesso.
Cordiais saudações,
Ronaldo Vasconcellos, Vice-Prefeito de Belo Horizonte
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2. Olá caros amigos e colegas. Referente a esse texto, que recebi pela Internet, e achei muito interessante repassá-lo; tomei o cuidado de antes checar algo sobre a sua autora. Segue um link sobre a professora que escreveu o texto, Cristina Ávila: http://www.comartevirtual.com.br/cristina.htm.
Confira o texto na sequência. Se realmente é verídico, é da maior importância que tenhamos conhecimento desses fatos. Logo após, veja o provável e-mail enviado pela citada faculdade à professora.
Um Grande Abraço, Hercules P. Santos

Prezado setor de Recursos Humanos e Direção acadêmica da Faculdade Pitágoras,
Infelizmente não posso nomeá-los porque os senhores sequer tiveram a decência de assinar o seu nome no e-mail que me enviaram dia 24 de abril de 2006. Estou retornando a gentil negativa que fizeram a minha pessoa para professora dessa instituição (Faculdade Pitágoras-Belo Horizonte) iniciante e pouco reconhecida no mercado, a qual infelizmente levei a sério indo fazer um concurso totalmente irregular, sendo avaliada por pessoas menos tituladas, incapazes, incompetentes e desrespeitosas, que sequer permaneciam na sala de aula, entrando e saindo a seu "bel prazer", frente a uma professora internacionalmente conhecida.
O rapazinho, cujo nome acho que é Rodrigo, sequer sabia olhar um documento de doutorado e precisou de ser chamado a atenção para lembrar que fazia parte da avaliação a leitura de títulos, se atendo apenas ao de doutorado, enquanto isso, a professora se esforçava em dar uma aula em 20 minutos de um tema controverso para um suposto público de primeiro período de qualquer curso, usando uma bibliografia crítica nova.
O plano de trabalho que fazia parte do concurso, não foi sequer ouvido ou questionado. Esta é uma instituição que pretende ser um dia uma universidade ou ainda é um cursinho de cartas marcadas? Não entro na justiça porque não me interessa vincular meu nome, feito com trabalho e dedicação há mais de 20 anos no Brasil e no exterior, a uma "faculdade" inqualificável, na qual credulamente acreditei.
Fiquem cientes que este protesto, independente dos nomes dos responsáveis pelo forjado concurso, estará disponível na internet, para divulgação em todos os órgãos de Pesquisa e ensino superior tais como CNPQ, CAPES, FAPEMIG, FAPESP, UNICAMP, UFMG, USP, Universidade de Oxfort da Inglaterra, Fundação Rockfeller, Universidade de Coimbra e aberta a todo o meio acadêmico nacional, alunos, professores, diretores e a quem interessar.
A farsa Universitária será também divulgada em revistas e órgãos de Imprensa. Da próxima vez tenham a decência de fazer a pizzaria Universitária, quietinhos, sem envolver profissionais sérios e de sucesso que ingenuamente investiram em mais um jogo de cartas marcadas e sujas correntes nas pretensas Faculdades Particulares do Brasil. Fui Lesada e deixo aqui a minha indignação. Sequer fiquei sabendo as notas que me foram concedidas em provas de título, aula expositiva, apresentação de proposta de pesquisa, avaliação de titulação e desempenho psicológico (porque não pode ser chamado de pedagógico já que não havia um profissional do ramo avaliando o processo.
Vocês terão notícias próximas sobre o que é a cordialidade Brasileira e o verdadeiro conceito que Sérgio Buarque de Holanda formulou e foi tão mal entendido por falsos acadêmicos que mal saíram do berço e psicólogas que desrespeitam a dignidade de um profissional, entrando e saindo do local do trabalho, sem fazer uma anotação qualquer, abrindo a boca de sono, deixando constrangido qualquer professor que estivesse na minha situação.
É por isso que o ensino no Brasil é um dos piores do mundo e os governantes tripudiam cordialmente dos cidadãos, confundindo o público com o privado. Tratem assim os seus filhos, pais e parentes. Sejam cordiais com eles, deêm-lhes beijinhos quando fizerem malcriações e presentes quando forem malcriados e teremos grandes "marcos Valérios" no futuro, mas no mundo público a seriedade, a responsabilidade e a razão devem prevalecer sobre as dancinhas e troca de favores entre amigos.
Um conselho ao jovem "candidato a filósofo" que não teve a coragem de assinar o seu nome deixando isso para os subalternos como a coitada dessa Kenea, que assina qualquer coisa como as secretárias das agências de publicidade, Bancos Centrais, Ministérios etc. Que tal, meu jovem filósofo, que admiro estar no posto em que se encontra sem alguma maracutaia, ler o recém lançado: O Exílio do Homem Cordial; ensaios e revisões de João Cesar de Castro Rocha, publicado no Rio de Janeiro: Museu da República, 2004 e o clássico A Formação da Literatura Brasileira de Antônio Cândido que definem bem o problema brasileiro da confusão entre o público e o privado ao que se refere Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, a chamar o brasileiro de "Homem Cordial".
Cristina Ávila
Bacharel em História pela Universidade Federal de Minas Gerais
Especialista em Barroco Mineiro pela UFOP
Mestre em Artes - área de concentração: Artes Plásticas e outros sistemas semióticos - USP
Doutora em Literatura Comparada - Literatura, Cultura e outros sistemas semióticos, pela UFMG
Colegas, pessoas solidárias com a educação no país, imprensa, favor divulgar o disparate ocorrido numa faculdade, dita séria, em Belo Horizonte, para todo Brasil e exterior.


Brasil

Ainda a crise provocada pela decisão do governo boliviano de nacionalizar o gás. Depois de muita tensão, de muito disse-que-disse, ficou claro que Evo Morales está lutando para aumentar o valor das riquezas naturais da Bolívia (e por que será que o Brasil não faz a mesma coisa com o minério de ferro, o urânio, o nióbio... e tantas outras coisas?). Mas, mesmo com a crise aparentemente solucionada, permanecem os incomodados....

1. Absorção de custo pela Petrobras incomoda neoliberais

Empresa dá início a nova rodada de negociações na Bolívia. Líderes oposicionistas defendem lucro de acionistas e se colocam contra a determinação do Planalto de absorver possíveis aumentos de custo do gás natural. > LEIA MAIS Internacional 09/05/2006

• Opção pela América do Sul garante vantagens econômicas

• Pior seria se a política externa fosse outra, diz Amorim

• Críticas tentam conter avanço da união sul-americana


2. Do Observatório da Imprensa, uma análise lúcida sobre a irresponsabilidade da mídia e os perigos dos ovos de serpente que ela pode chocar:

CRISE COM A BOLÍVIA

A imprensa alimenta radicalismos
Por Luciano Martins Costa em 9/5/2006

A imprensa latino-americana ainda pensa em preto-e-branco, linearmente e em apenas duas dimensões. Lentamente, mas de forma inexorável, essa visão antiquada, mecanicista e principalmente irresponsável sobre o funcionamento do mundo mantém aquecidos na sociedade continental os ovos de duas serpentes que, historicamente, estão destinadas ao auto-aniquilamento. E com o triunfo suicida dessas duas serpentes corremos o risco de ver naufragarem importantes conquistas individuais e sociais, entre as quais a própria democracia.

A perspectiva resumida acima pode ser contraposta a esta outra, também válida: a imprensa latino-americana é antiquada, voltada para o passado, comprometida com forças políticas e econômicas que historicamente se opõem ao progresso social, mas a complexidade da sociedade contemporânea traz em si mesma uma energia que se impõe como um tsunami sobre todas as âncoras que tentam obstruir o processo evolutivo da história.

Na primeira visão, somos induzidos a acreditar e temer que de fato ocorre no continente uma "onda vermelha" representada por governantes populistas, esquerdistas, nacionalistas, cuja ação ameaça isolar das grandes oportunidades globais os 36 países da região e seus 517 milhões de habitantes. O noticiário sobre a recente decisão do governo boliviano de nacionalizar suas reservas de gás, predominante na grande imprensa regional, nos induz a enxergar no horizonte o apocalipse do fundamentalismo indígena.

Na visão oposta, o processo de globalização, até aqui conduzido de maneira opressiva e irresponsável – observem-se as enormes dificuldades dos organismos multilaterais para fazer cumprir em tempo aceitável os protocolos de defesa da biodiversidade, da diversidade cultural e dos direitos fundamentais da sociedade civil nas atividades do capital internacional –, acaba provocando o fenômeno recente de ascensão de novos líderes nacionalistas. Ou seja, quanto mais agressivo e menos respeitoso em relação aos direitos dos povos, mais o capitalismo globalizado produz seu próprio antivírus.

Destaque-se, em meio à histeria e à irracionalidade geral, a esclarecedora reportagem da revista CartaCapital e a ponderada inteligência do comentarista Mário de Almeida, na TV Gazeta de São Paulo. Almeida brindou os privilegiados telespectadores do programa conduzido pela apresentadora Maria Lídia, na noite de sexta-feira (5/5), com uma análise simples e brilhante: a Bolívia está tentando valorizar seus ativos naturais, a Petrobras tem acumulado lucros suficientes para absorver o impacto do aumento do preço do gás sem onerar seus clientes, a oposição faz oposição e os diplomatas do governo anterior têm seu próprio viés, que nunca será imparcial.

Pensamento conservador

Faltou lembrar que as reservas de gás de Camisea, no Peru, são uma fonte alternativa contra o risco de um "apagão" que estará disponível já em 2007. Que o Brasil é importante parceiro dessa iniciativa, cujas obras foram iniciadas em 2004, com a participação brasileira no capital, no projeto e na execução. E que o temor dessa concorrência iminente pode ter motivado mais a atitude de força do presidente boliviano Evo Morales do que suas conhecidas premissas ideológicas.

Mas a imprensa prefere acenar com o fim do mundo. Mesmo se declarando liberal, o que a conduziria a concluir que, no final, o mercado imporá algum equilíbrio nas negociações em torno do preço e da disponibilidade de gás, nossos formadores de opinião correm para trás. Porque a grande imprensa latino-americana não chega a ser liberal. Sua constituição ideológica é autocrática, sua visão econômica é anterior ao liberalismo.

Contempla melhor os interesses da grande imprensa continental a visão que se alimenta na superficialidade de obras como o Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano, escrita pelo cubano Carlos Alberto Montaner em parceria com o peruano Alvaro Vargas Llosa e o colombiano Plinio Apuleyo – todos eles jornalistas, diga-se de passagem.

A obra foi concebida como um panfleto de autogozação, tendo sido, os três autores, jovens de classe abastada simpatizantes da esquerda. O que era apenas um deboche acabou se convertendo em vade mecum do pensamento conservador latino-americano, citada como referência por articulistas que dão todos os sinais de nunca o haverem lido. Só isso explica o fato de intelectuais e jornalistas ligados ao PSDB usarem o livro como referência, desconsiderando que os autores alinham o sociólogo Fernando Henrique Cardoso entre os grandes formadores da suposta imbecilidade dos latino-americanos.

Stalinismo e integralismo

A imprensa escolhe o viés do conservadorismo e da exacerbação da intolerância, para se fazer representante de qualquer coisa relevante. Mas também por ignorância de seus próceres, que seguem linear e planamente desconhecendo ou desprezando a natureza das complexidades que governam as relações do nosso tempo, mas também por pura irresponsabilidade.

Fechados na bolha dessa mídia, que exclui o contraditório e não enxerga a diversidade de visões com que se pode hoje ver o mundo, os cidadãos que têm acesso ao conhecimento podem estar progressivamente se afastando de valores que nos ajudaram a iniciar a reconstrução da democracia no continente e a alcançar certa modernidade em nossas sociedades.

Dentro dessa bolha podem estar vicejando as duas serpentes da intolerância: o stalinismo que se infiltra nas demandas por mais justiça social, dentro e fora dos governos da região, e o fascismo que se nutre do medo essencial da classe média – o horror ao coletivismo. Não é por puro senso de oportunidade que os herdeiros ideológicos de Plínio Salgado estão em campanha de arregimentação para seu movimento integralista em São Paulo. Os dois extremos da insanidade política sabem que o caldo de cultura pode estar prontos para o triunfo da estupidez.

Em Caeté, o sr. Geraldo Vitoriano, da Secretaria de Cultura, apresenta os autores ao público presente (foto Izabel Faria)

E o grande mentiroso de ontem, o ex-secretário do PT, que era uma pessoa à qual não se podia dar crédito (palavras dos oposicionistas), de uma hora para outra tornou-se quase um herói. Bastou uma entrevista confusa a um jornal carioca para que as oposições, ouriçadas como nunca, o chamassem a depor novamente. Mas eu me pergunto: pra que? O cara não é um mentiroso?
Deu no que deu... um depoimento mais confuso do que a entrevista....

3. Silvinho não vai morrer – Guilherme Fiúza, do site www.nominimo.ibest.com.br

O homem que controlou, pessoalmente, a ocupação de milhares de cargos na máquina pública por militantes e amigos do PT resolveu falar. Entre acessos de fúria, lançamentos de objetos contra a parede, medo de ser morto e ameaça de se matar, o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira decidiu botar a boca no mundo. Mas a embalagem do produto é muito melhor do que seu conteúdo.
O depoimento-bomba de Silvinho, recebido no mundo político como a ressurreição da crise do mensalão, é música para os ouvidos do governo, de Lula e do próprio PT. Começando pelo mais importante: o duto entre os cofres públicos e o caixa do Partido dos Trabalhadores, através do esquema de empréstimos e contratos falsos de estatais com Marcos Valério, se desmancha no ar com as palavras do “denunciante”.
Qual a origem do dinheiro sujo arrecadado por Valério para o grupo político de Lula? Segundo Silvinho, Valério arrancava (ou recebia de bom grado) esse dinheiro de um conjunto de empresas privadas, no melhor estilo PC Farias. Ou seja: nada além do bom e velho caixa dois, que até o presidente da República já avisou ao povo que é normal. O tal 1 bilhão de reais que Marcos Valério pretenderia juntar viria essencialmente de propina dos interessados na devolução dos bancos Econômico e Mercantil de Pernambuco, sob intervenção do Banco Central. História velha.
Era isso o valerioduto? Então os 40 ladrões denunciados pelo procurador-geral da República podem passar o resto de suas vidas num convento. Os fundos de pensão foram pressionados por Luiz Gushiken e José Dirceu a colocar dinheiro nos bancos Rural e BMG, de onde saíram fartos recursos para políticos via Marcos Valério? Não. Segundo o depoimento-bomba de Sílvio Pereira, está tudo ok com os fundos de pensão. Aliás, Valério sequer conseguia acesso a Dirceu. Delúbio Soares, coitado, perdeu o controle de tudo. Nem sabia por onde o endiabrado Valério andava passando seu chapéu. As “denúncias” de Silvinho são um habeas corpus para todas as cabeças rolantes do PT e do governo. O publicitário carequinha é o único vilão desse conto de fadas.
Sílvio Pereira disse que eram Lula, Dirceu, Genoíno e Mercadante os que mandavam. Mandavam em quê? No esquema do mensalão? Na agenda de Valério? Na vampirização partidária do Banco do Brasil e da Visanet? Não. Mandavam no PT, na época da eleição de 2002. Entender essa declaração como uma denúncia comprometedora é mais ou menos como sair gritando pelas ruas que Lula tem um caso com dona Marisa. Ou que o rei está vestido. Faltou Silvinho denunciar que o presidente mandava em Michele, sua falecida cadelinha. O que a OAB acharia disso?
O depoimento-bomba de Silvinho esclarece que Lula nada sabia sobre os esquemas de arrecadação de Valério. Nunca nem ouvira falar disso. Dirceu, por incrível que pareça, também não. Valério nem conseguia falar com ele, e pelo visto deu de ombros para o tesoureiro Delúbio, que, agora ficamos sabendo, perdeu de vista o lobista careca em seu vôo solo pelos céus da extorsão e da chantagem em Brasília. Evidentemente, a origem do poder descomunal de Valério para movimentar milhões e milhões de reais deve ser atribuída ao seu charme pessoal. Nem Waldomiro Diniz era tão charmoso quanto ele.
A nota comovente do desabafo de Silvinho Pereira está na parte que se refere a ele próprio. O homem do PT que fez a simbiose partido-governo, que comandou a partilha dos cargos públicos entre os simpatizantes políticos, que sem ter cargo no governo despachava dentro do Palácio do Planalto com líderes partidários para decidir quem ia abocanhar o que na máquina estatal, este formidável personagem da República, enfim, era um frustrado. Segundo suas confissões, seu sonho de consumo era um posto no governo, que Lula não lhe deu. Ou seja, um enjeitado.
É claro que, como se sabe, Silvinho abria todas as maçanetas do poder com seu crachá de secretário do PT. Levou o partido, uma instituição privada, para dentro do palácio do governo, a sede da representação pública. Uma obra histórica de engenharia parasitária, para a qual a opinião pública parece não ter dado muita bola. Isso frustra uma pessoa. Talvez por isso Silvinho quisesse tanto o seu crachá de funcionário público. Uma questão de foro íntimo.
O outro objeto do desejo de Sílvio Pereira, como se sabe, era um Land Rover. E é emocionante o seu relato sobre como um amigo se sensibilizou com este anseio, e resolveu presenteá-lo com o jeep que tanta falta lhe fazia em sua casa de praia. Esse amigo era diretor de uma empresa que disputou (e viria a ganhar) uma concorrência pública no setor de petróleo, mas Silvinho nem se deu conta da coincidência. Tomou aquilo como uma prova de amizade, e mesmo assim ficou constrangido, já com o carro novinho na garagem e ainda pensando em não aceitá-lo.
Mas o encaixe com seus sonhos era tão perfeito que faltou ao dirigente do PT o impulso para devolver o mimo. Um detalhe, um capricho humano. Eis a revelação: Silvinho vem esclarecer à sociedade que aquilo que parecia um crime foi só uma distração. Que alívio.
Lula, José Dirceu, Luiz Gushiken, Delúbio Soares e Sílvio Pereira não tinham nada a ver com o valerioduto, e não houve desvio de dinheiro público para políticos e partidos. Era isso o que dizia Silvinho, quando gritou que tem medo de ser assassinado. Enquanto a opinião pública se entretém com esse tipo de bomba que não explode, o ex-secretário-geral do PT pode dormir tranqüilo: salvo o surgimento de algum serial killer nas imediações de Ilhabela, por enquanto não aparecerá nenhum brasileiro suficientemente motivado para dar-lhe este fim emocionante
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Os artigos de números 4 e 5 são os referentes a educação, a que aludi no editorial.

4. O que desejam as políticas públicas de educação

Por Jamile Borges da Silva

Somos estatísticas. Leia http://www.novae.inf.br/pensadores/edu.htm


5. Escola integral é fictícia, diz MP
Agência Estado (do portal Yahoo)

Numa ação inédita no Estado, o Ministério Público de São Paulo pede em liminar à Justiça a suspensão do programa Escola em Tempo Integral e o pagamento de indenização de R$ 7 milhões aos alunos da escola estadual Anísio Moreira, de Mirassol, no interior do Estado. Ao mesmo tempo, em Lins, pais ameaçam retirar os filhos de duas escolas de tempo integral da cidade por causa da falta de estrutura física e pedagógica nessas escolas.
Além de pedir a suspensão do programa na escola Anísio Moreira, o promotor da Infância e Juventude de Mirassol, José Heitor dos Santos, alega que os estudantes devem ser indenizados por danos morais porque não encontraram as mínimas condições físicas, materiais e pedagógicas prometidas pelo Estado e, por conta disso, passaram por situações de humilhação e constrangimento.
"Não é exagero. Nem os detentos condenados do Estado são tratados como esses estudantes. Eles estão se alimentando em pé, porque não tem cadeira. Eles não têm abrigo do sol e da chuva e, por falta de professores e materiais didáticos, são confinados num pátio sem orientação, num verdadeiro depósito de estudantes. Para agravar, correm riscos de sofrer danos à saúde porque o ginásio de esportes, com fissuras nas paredes, pode desabar", comenta, indignado, o promotor.
Santos disse que a escola em tempo integral é "fictícia" na maioria das escolas do Estado e que por isso pede na liminar a apresentação, pelo governo do Estado, em 30 dias, dos projetos com as disciplinas, conceitos pedagógicos e materiais das oficinas; e também cronogramas para obras na escola. Tudo sob pena de multa de até R$ 2 milhões.
"Como não há um projeto para esse programa, penso que ele não existe", afirmou. "Em 21 escolas do ABC e outras tantas do interior que pesquisamos, esse programa não existe na prática. O que fizeram foi apenas aumentar o horário de aula de cinco para nove horas, sem condições nas escolas e sem capacitar professores."
Fora da escola
Em Lins, a Justiça negou liminar que pedia a suspensão do programa em duas escolas. A suspensão fora pedida por pais, revoltados com a qualidade das refeições e falta de espaço físico e de higiene para as crianças se alimentarem.
Mesmo com a decisão, os pais vão apresentar outro mandado de segurança e na próxima terça-feira vão comparecer em massa às escolas e levar os filhos para casa. Segundo Nivaldo Félix de Oliveira, pai de um aluno, muitas crianças pulam muros com mais de dois metros de altura para fugir da escola, onde gangues atuam após as aulas teóricas. "Não há materiais e professores capacitados para aulas práticas, por isso as crianças ficam ociosas e as gangues dominam no pátio."


Em um boletim passado coloquei a resposta do jornalista Franklin Martins às maledicências do Mainardi, da Veja. E aconteceu o inesperado: a Globo descartou seu melhor comentarista, revelando um comportamento de achincalhe, como nos fala Alberto Dines:

6. O achincalhe no lugar do debate sobre a mídia

Alberto Dines

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=380IMQ001

Após a palestra, em Caeté. O senhor de pé é farmacêutico e pesquisador. Criou o Museu da Farmácia, naquela cidade, com seus próprios recursos e o mantém. Indo a Caeté não deixe de visitar, é próximo à Praça João Pinheiro. (foto: Izabel Faria)

Internacional

Para Pedro Dória, o Estado laico está cercado por todos os lados. E movimentos religiosos como o dos conservadores norte-americanos, o dos radicais do islamismo, entre outros, só podem trazer de volta a certeza de que as ideologias não morreram e as perspectivas para o mundo só podem piorar.

Depois do fim da História – Pedro Dória, do site www.nominimo.ibest.com.br

Faz 14 anos que o cientista político norte-americano Francis Fukuyama sugeriu que a história havia chegado ao fim. Do seu ponto de vista, os grandes conflitos ideológicos ao redor de qual o melhor sistema de governo já não faziam mais sentido: o modelo norte-americano de democracia saía-se como vencedor definitivo.O que Fukuyama queria dizer, essencialmente, é que havia paz e justiça garantidos e que num tempo, fatalmente, a democracia se espalharia por todo mundo.

Estava errado, claro.

Em 31 de dezembro de 1991, meses antes do livro de Fukuyama sair, a bandeira soviética desceu do mastro no topo do Kremlin, substituída pela bandeira russa. Parece que faz muito tempo. E o fim da Guerra Fria certamente influenciou o pensador. Afinal, o que mais poderia haver pela frente?

Muito. O próprio Francis Fukuyama vacilou perante suas convicções passadas. Ele acha que o domínio de terapias genéticas pode ser fatal para uma democracia igualitária no futuro. Talvez. Mas não é preciso imaginar cenários de ficção-científica para perceber os rombos que apareceram na idéia de que não há ideologias em conflito. Não só há ideologias em conflito como o sistema da democracia norte-americana está em xeque.

Não foi o presidente George W. Bush, no meio do segundo mandato, que trouxe a crise. A crise é da natureza norte-americana, que não consegue alcançar um meio termo entre seu passado liberal iluminista e o passado puritano. De certa forma, esta divisão do país em dois, um profundamente conservador, outro ansiando por avanços sociais, já estava na Guerra Civil. Como, de uma forma diferente, está no ar hoje.

A democracia norte-americana não conseguiu resolver a divisão dentro de casa, assim como não consegue se livrar de contradições institucionais. A eleição de 2000 não se resolveu e demora muito até que cicatrize. Ela não é apenas o indicativo de que o país estava (e permanece) rachado, mas também um momento fatal em que o sujeito que recebeu mais votos não ganhou o cargo. Cumpram-se as regras. Mas, na contagem posterior dos votos pelos jornais, por quase todos os critérios Gore também teria vencido na Flórida e o mundo seria muito diferente se Albert Gore Jr. tivesse jurado a Constituição em janeiro de 2001.

A democracia norte-americana é frágil e tem falhas – não é um sistema ideal. É de Winston Churchill a frase que diz que trata-se do regime menos pior. Pode ser. Mas um regime que elege um ideólogo radical num momento de profunda divisão simplesmente não é um regime maduro, muito pelo contrário.

Ideólogo radical, pois é. Seja em sua visão de como a religião deve influenciar a política, seja na forma como exerce o uso da força externamente, seja na maneira como se livra de empecilhos legais para perseguir quem bem deseja dentro de casa, George W. Bush é um radical ideológico. E não é o único. Paira, em todo o mundo, um grande e intenso conflito ideológico.Está no cerco da religião à ciência e, por conseqüência, à medicina. Está no cerco aos homossexuais. Está no cerco ao Islã. E está no cerco armado pelo Islã. É incrível como poucos chamam a atenção para o desconfortável porco no meio da sala, mas o discurso cristão radical e o islâmico radical se encontram em vários pontos. O Estado laico está sob ataque.

Não é apenas aí que o conflito ideológico se acirra: na Europa, há um desagradável chamado ao racismo como se os anos 20, 30 do século passado estivessem sendo revividos. Enquanto europeus de famílias velhas começam a discutir o que vêem como a invasão bárbara de seu continente, os europeus de primeira e segunda geração muçulmanos recusam-se a adotar os valores da nova casa. Como se emigração não tivesse um custo pessoal, o custo de se adaptar.

O Islã tal qual Bin Laden o prega é uma ideologia. O catolicismo conforme Bento 16 o prega é uma ideologia. O neoconservadorismo é uma ideologia. O neoliberalismo também. Por trás do discurso de que só existe um jeito de encarar aquilo que chamam de "mercados", de que só há um modo de fazer com que funcionem, de que é sacrilégio pensar em enfoques diferentes ou de controle do Estado, está no fundo, perniciosa e nada discreta, uma ideologia. Uma ideologia, aliás, tão intolerante quanto era o comunismo, aquele das antigas que só via uma solução para o mundo.

E perante o conflito acirrado entre tantas ideologias conservadoras, a esquerda está ou acuada ou por demais apegada a ideais que não foram soterrados no final dos anos 80 à toa. Outro dos burros desconfortavelmente colocados no meio da sala é a constatação de que Hugo Chávez, afinal, é só um populista demagogo. Evo Morales segue o mesmo caminho, aparentemente sem o carisma ou a esperteza do original. Nenhum deles, ou Lula, ou Kirchner são uma alternativa de esquerda. São homens sem planos, sem projetos, sem uma idéia clara de como sair do buraco. São, afinal, homens sem ideologia.

Não há muitos motivos para otimismo


Nuestra América

Mais três artigos para complementar o dossiê da semana passada. Mauro Santayana mostra sua preocupação com o governo Chavez; Francisco Carlos Teixeira vê indícios de um profundo processo revolucionário na Bolívia; e Altamiro Borges mostra que a crise, de fato, estava nas redações dos jornais.

1. Mauro Santayana

As ilusões perdidas

As atitudes de Chávez estão ajudando os povos do Continente? Provavelmente, não. Sua postura é a de um líder continental, sem perceber que a correlação de forças não permite qualquer queima de etapas. A construção de uma sociedade justa exige mais do que a vontade das pessoas: reclama as chamadas condições objetivas. - 10/05/2006

2. Francisco Carlos Teixeira

O Brasil e a Revolução Boliviana

Os passos de Evo Morales não parecem isolados e nem oportunistas, mas fazem parte de um conjunto de medidas que apontam para o deslanchar de um profundo processo revolucionário na Bolívia. Além da nacionalização dos recursos naturais, o boliviano anulou – por decreto – todos os contratos de trabalho temporários do país. - 09/05/2006

3. Venais A Bolívia e a falsa crise na mídia

Por Altamiro Borges

Leia: http://www.novae.inf.br/pensadores/bolivia_e_os_venais.htm

Revistas e livros

1. Dalmo Dallari critica partidarização da OAB em entrevista à Fórum
A edição de maio da revista Fórum traz uma entrevista exclusiva com o jurista Dalmo Dallari, que critica a postura da OAB. “A Ordem está agindo partidariamente, sem dúvida alguma. Estão agindo contra o governo, como se fossem mais um partido de oposição”. O jurista questiona também o pacto federativo e sugere um debate sobre o tema. “O federalismo não deve significar, como tem significado, a independência das oligarquias estaduais. Nós deveríamos abrir uma discussão.”Dallari classifica a homenagem ao caseiro Francenildo como “ridícula” e reafirma que o estímulo à participação popular é a melhor forma de aprofundar a democracia
Confira a íntegra na edição 38 da Fórum, já nas bancas

2. O contrabando do urânio brasileiro

Investigação secretada Polícia Federal desvenda quadrilhaque extrai e envia material radioativopara fora do País
Leia na revista Istoé desta semana. E adivinha de quais partidos são os políticos que “ajudam” os mafiosos???? Um doce para quem respondeu PSDB e PFL, os incorruptíveis!!!
Se preferir, consulte o site da revista:
http://www.terra.com.br/istoe/1908/brasil/1908_contrabando_do_uranio_brasileiro.htm


Notícias

1. XII Congresso da ABRACOR

A Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores de Bens Culturais (ABRACOR) , realizara' seu XII Congresso em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O congresso terá como tema central: "Preservação do Patrimônio Cultural - Gestão e Desenvolvimento Sustentável e ocorrera' entre 28/8 e 1/9/2006, em Fortaleza. O envio dos resumos poderá ser feito ate' 15/5/2006, e as inscrições poderão ser efetuadas de 15/5 ate' 30/7/2006. Mais informações em www.abracor.com.br ou pelo tel.: (21) 2262-2591.

2. Exposição Fotográfica "Trabalho e Trabalhadores no Brasil"/CPDOC-FGVO Centro de Pesquisa e Documentação de Historia Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas (CPDOC/FGV), com apoio institucional do Ministério do Trabalho e Emprego e patrocínio da Petrobrás, realizara' a partir de maio, em oito capitais e no Distrito Federal, a maior exposição fotográfica sobre a historia do trabalho já montada no pais. Com base em ampla pesquisa iconográfica, a mostra reúne 150 fotos, a maioria inédita. A inauguração ocorreu em Brasília, no dia 2 de maio, no Centro Cultural Banco do Brasil. As data e locais de exposição seguem abaixo:

- Brasília 2/5 a 14/5-Centro Cultural Banco do Brasil e 18/5 a 4/6-Caixa Cultural

- São Paulo 9/5 a 4/6-SESC Pinheiros

- Belo Horizonte 18/5 a 11/6-Museu de Artes e Ofícios

- Rio de Janeiro 7/6 a 30/6 - Conjunto Cultural Correios

- Salvador 12/6 a 2/7-Caixa Cultural

- Recife 26/6 a 30/7-Museu da Cidade do Recife

- Fortaleza 10/7 a 14/8-Centro Cultural Dragão do Mar

- Belém 7/8 a 10/9-Museu de Artes de Belém

- Porto Alegre 22/8 a 17/9 Usina do Gasômetro

Mais informações em www.cpdoc.fgv.br.

3. Seminário João Goulart 30 anos de Silencio/CAHIS PUC-Rio

O Centro Acadêmico de Historia da PUC-Rio (CAHIS), realizará dia 16/5/2006, 'as 9hrs o Seminário "João Goulart 30 anos de Silencio". Com a presença de Maria Thereza Goulart, Denise Goulart, Maria Yedda Linhares e Cesar Guimaraes. Na ultima mesa, haverá a exibição do documentário JANGO de Silvio Tendler, seguido de debate com o diretor e outros convidados. Mais informações pelo e-mail: jangopuc@bol.com.br ou pelo tel.: (21) 9354-1332

4. Começa em SP a maior exposição já feita no país sobre as civilizações pré-colombianas

Pela primeira vez o público brasileiro aproxima-se de suas raízes pré-colombianas, na visão em mão dupla que a mostra oferece: coloca em perspectiva um continente onde floresceram os mais diversos povos e também aponta para traços de um universo comum a todos eles. A maioria das culturas era bastante sofisticada e avançada em muitos aspectos: científico, religioso, político e artístico.

POR TI AMÉRICA - De 16 de maio a 16 de julho Centro Cultural Banco do Brasil - SPR. Álvares Penteado, 112 – Centro – São Paulo - tel 11-3113-3651De terça a domingo, de 10h às 21h Entrada Franca"

5. CONCURSO DE SELEÇÃO DE MONOGRAFIA ARQUIVO DA CIDADE/2006

Prêmio Professor Afonso Carlos Marques dos Santos - O Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, órgão da Secretaria Municipal das Culturas, com o objetivo de difundir trabalhos acadêmicos e o seu próprio acervo, promove o Concurso de Seleção de Monografia Arquivo da Cidade/2006, de caráter nacional, que confere ao vencedor o Prêmio Professor Afonso Carlos Marques dos Santos de Pesquisa. Selecionará uma (1) pesquisa que tome o Rio de Janeiro como tema, quer enfocando o passado da cidade, na linha do resgate histórico, quer tratando de temas do tempo presente, promovendo análises e discussões sobre o Rio Contemporâneo. O certame tem como finalidade a premiação de trabalhos nos quais, entre as fontes consultadas, figurem documentos impressos, manuscritos ou iconográficos depositados na instituiçãoInscrição: As monografias e respectivos documentos deverão ser entregues no período de 10 de maio a 30 de junho de 2006, em envelopes lacrados, ao Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, situado à rua Amoroso Lima, 15, Cidade Nova, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20211-120,ou a ele encaminhados sob registro postal.Mais informações, acesso o Edital do Concurso no site www.rio.rj.gov.br/arquivo