Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

2.7.09

Número 195


Que me perdoem os leitores, mais uma semana de muita correria e um boletim feito às pressas...
O artigo de fundo vem da Agência Carta Maior, e trata do mal-estar da universidade, escrito por Olgária Mattos.
Em Vale a pena ler, um belo livro sobre a China, outro sobre o “Sertão da Farinha Podre”, a Historia Viva de julho e o suplemento pedagógico da Revista de Historia da Biblioteca Nacional.
Em Navegar é preciso: A crise econômica analisada pela ONU, a crise de Honduras, a saga de Sarney, a MP da grilagem, a KKK, o aumento da fome e da miséria no mundo, a crise no Senado, o racismo persiste no sul dos EUA.
Em Notícias, só uma: o Festival de Inverno de São Paulo.
Aproveitem!!!


O mal-estar na Universidade

O abandono da Universidade Cultural e sua substituição pela “Universidade da Excelência” ou do “Conhecimento” dizem respeito à dissolução do papel filosófico e existencial da cultura. Constrangido à pressa e ao atarefamento diário, o ócio necessário à reflexão e à pesquisa é proscrito como inatividade, os improdutivos comprometendo o princípio de rendimento geral.
Olgária Mattos
A militarização do campus universitário da USP e a solução de conflitos através da força atestam o “esquecimento da política”, substituída pela ideologia da competência, entendida segundo o modelo da gestão empresarial, com seu culto da eficiência e otimização de resultados. Também a proposta mais recente da reforma da carreira docente e do projeto da implantação da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), respondem, cada qual à sua maneira, à “produtividade”, os acréscimos salariais dos professores subordinando-se ao número de publicações e a seu estatuto— se livro, capítulo de livro, ensaio em revistas, se estas se ajustam ao “selo de qualidade” das agências de financiamento; número de congressos; soma de palestras; orientações de teses e dissertações e, sobretudo, se estas obedecem ao prazo preconizado, tanto mais exíguos quanto mais os estudantes chegam à Universidade desprovidos de pré-requisitos à pesquisa,como um conhecimento adequado do português para fins de leitura e escrita universitária, (guardadas as exceções de praxe), bem como acesso a línguas estrangeiras. De fato, a Universidade se adapta às circunstâncias do ensino médio, e o mestrado pretende contornar as deficiências da formação no ensino médio (e fundamental também), que incidem nos anos de graduação, convertida em extensão do segundo grau.Professores e estudantes cedem precocemente a publicações, sem que haja nelas nada de relevante, e, ao mesmo tempo, devem freqüentar cursos ou prepará-los, realizar trabalhos correspondentes, desenvolver suas teses - uma vez que a quantidade consagra pontuações para futuras bolsas de iniciação científica ou aprovação de auxílios acadêmicos. Quanto aos docentes, estes se ocupam cada vez mais com tarefas de secretaria, como preenchimento de planilhas, elaboração de relatórios, propostas de inovação em cursos não obstante ainda em vias de implantação, acompanhamento de iniciação científica, organização desses congressos, participação em atividades de iniciativa discente, preenchimento de pareceres on line de um número crescente de bolsistas, e por aí vai. No que diz respeito ao ensino à distância, ele não responde à democratização da Universidade mas a sua massificação.O abandono da Universidade Cultural e sua substituição pela “Universidade da Excelência” ou do “Conhecimento” dizem respeito à dissolução do papel filosófico e existencial da cultura. Constrangido à pressa e ao atarefamento diário, o ócio necessário à reflexão e à pesquisa é proscrito como inatividade, os improdutivos comprometendo o princípio de rendimento geral. Este encontra-se na base da transformação do intelectual em especialista e da docência como vocação em docência como profissão. O saber técnico é o do expert que transmite conhecimentos sem experiência, cujo sentido intelectual e histórico lhe escapa. Assim como no processo produtivo a proletarização é perda dos objetos produzidos pelos produtores e perda do sentido da produção, a especialização pelo know how é proletarização do saber. Por isso o especialista moderno se comunica por fórmulas, gráficos, estatísticas e modelos matemáticos. Foucault reconhece seu primeiro representante em Oppenheimer que enunciou o projeto Mannhathan - que levou à bomba-atômica - em termos simpaticamente técnicos.A “Universidade do Conhecimento” perverte pesquisa em produção. Quanto à educação à distância, ela não significa um apoio ao conhecimento e seu acesso a regiões distantes, mas sim o fim de toda uma civilização baseada nos valores da convivência, da sociabilidade e da felicidade do conhecimento.

Olgária Mattos é filósofa, professora titular da Universidade de São Paulo.



VALE A PENA LER

1. Para elucidar a formação da China contemporânea, Xinran foi em busca de homens e mulheres comuns que estão hoje com mais de setenta, oitenta anos (um deles tinha 97 e havia participado da Grande Marcha de Mao Tse-tung), das mais diversas regiões e de diferentes estratos sociais, e que sobreviveram à miséria e à fome, à invasão japonesa e à revolução, aos desastres do Grande Salto Adiante e às perseguições e humilhações da Revolução Cultural para chegar à modernização e ao espantoso crescimento econômico do início deste século. Não foi fácil obter depoimentos francos e espontâneos, pois os chineses têm uma longuíssima tradição de não falar aberta e honestamente sobre o que pensam e sentem, temerosos (com razão, como mostram algumas entrevistas) de que isso possa prejudicar não somente a eles, mas a todos os seus parentes e descendentes. Mas apesar dessa dificuldade, a autora conseguiu reunir duas dezenas de histórias reveladoras da vida cotidiana, dos sentimentos e ideais, das dores e alegrias, da fibra e coragem, da resistência física e fortaleza de espírito da geração dos chineses que viveram sob o domínio de Mao. Entre as testemunhas, estão desde artífices que fazem as lanternas tradicionais, uma curandeira que vende ervas, um ex-saqueador da Rota da Seda e um pregoeiro de notícias de casa de chá (lembrança de um tempo em que todos eram analfabetos), até geofísicos que construíram a indústria petroleira chinesa, uma mulher general (nascida nos Estados Unidos), um casal que passou privações indescritíveis na transformação econômica do deserto de Gobi, um policial desencantado com a profissão e, evidentemente, taxistas, que também na China constituem fonte preciosa de informações. Num país em que a história recente está envolta em tanta bruma, esses relatos orais respondem um pouco ao apelo que a autora faz no final do livro: "Por favor, pensemos e trabalhemos por menos escuridão e ódio. Somente a luz e o brilho da compreensão podem destruir as trevas".
R$ 52,00
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2. Lançamento do livro de Mário Lara, dia 7 de julho.
“Nos confins do sertão da Farinha Podre”. Refere-se à ocupação do Triângulo Mineiro, narrada através da saga de uma família e da luta contra índios caiapós e quilombolas.
Horário: 19 horas
Local: Cozinha de Minas, R. Gonçalves Dias, 45, bairro Funcionários, Belo Horizonte.
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3. Auxílio pedagógico
Revista lança série de encartes para professores de História
Com o objetivo de auxiliar os professores a trabalharem com o conteúdo da Revista em suas aulas, nossa equipe editorial preparou uma série de encartes que serão distribuídos em colégios do Rio de Janeiro e disponibilizados gratuitamente na Internet. O projeto 'Revista de História da Biblioteca Nacional na escola' contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
Os materiais didáticos estão divididos em torno de quatro eixos temáticos. “Futebol e sociedade” apresenta conceitos de identidade e cidadania que ajudaram a dar fama ao esporte e torná-lo paixão nacional. Outro encarte trata da “Fotografia e História”, onde os álbuns de família do Império são analisados como formas de construção da imagem da classe senhorial. “Tiradentes e o Altar da Pátria” aborda a Inconfidência Mineira e como o movimento e seu principal líder ganharam destaque na historiografia ao longo do século XX. Por fim, “Os descaminhos do ouro” discute o extravio de minérios em nosso passado colonial e sua relação com traços ainda vivos da sociedade brasileira.

4. Revista Historia viva, n. 69.
Dossiê sobre a destruição de Pompeia. Entrevista com Roberto Romano. Biografia de Gengis Khan. Artigos principais: Egito, miragem do oriente – De Lincoln a Obama – Peabriru, do Atlântico ao Pacífico – Publicidade: o lado perverso da persuasão.



NAVEGAR É PRECISO



1. Lula mais uma vez põe o dedo na ferida da mídia
Em Itajaí (SC), o presidente Lula não perdeu a oportunidade de mandar mais um recado aos donos da grande mídia. O presidente começou criticando a cobertura da imprensa sobre as eleições iranianas.
http://blogdomello.blogspot.com/2009/06/lula-mais-uma-vez-poe-o-dedo-na-ferida.html
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2. Lula sanciona MP da grilagem que doa 72% da Amazônia para latifundiários
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), Plínio de Arruda Sampaio, a MP 458 favoreceu apenas o agronegócio
http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/lula-sanciona-mp-da-grilagem-que-doa-72-da-amazonia-para-latifundiarios
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3. A saga de Sarney: coincidência ou Serra (3)
Posted: 26 Jun 2009 06:57 AM PDT
Já fiz duas postagens aqui sobre a intensa pressão em cima do senador José Sarney (que só Deus e a justiça maranhense sabem como conseguiu se reeleger batendo a valente Cristina Almeida (PSB) (sobre este assunto não deixe de ler esta postatem aqui). Nas duas, perguntava: coincidência ou Serra?
http://blogdomello.blogspot.com/2009/06/saga-de-sarney-coincidencia-ou-serra-3.html
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4. A verdadeira história do pré-sal
João Victor Campos
A Petrobrás levou cinco anos estudando a tecnologia necessária para a descoberta e a perfuração custou US$ 260mi. Que outra companhia teria a coragem, senão a que tinha conhecimento de causa?
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3435/9/
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5. Famintos e sedentos
Roberto Malvezzi Os famintos do mundo saltaram de 830 milhões para mais de 1 bilhão em pouco mais de um ano e a FAO creditou aos agrocombustíveis 75% de responsabilidade.
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3433/9/
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6. Flauta pré-histórica
Mais antigo instrumento musical fabricado pelo homem encontrado até hoje tem cerca de 35 mil anos
http://cienciahoje.uol.com.br/147995
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7. Saiba mais sobre uma das entidades racistas mais enigmáticas e antigas do mundo ocidental.E mais: vídeos, fóruns, jornais, arte.
Tudo isso...no CAFÉ HISTÓRIA
Na composição atual da Suprema Corte dos EUA, o bloco conservador tem leve vantagem (5x4). Mas mesmo depois de tantos prefeitos e governadores negros, inclusive no sul, e de já ter o país um presidente negro na Casa Branca, até juízes conservadores do tribunal mais alto ainda vêem racismo, ao contrário de ideólogos do jornalismo da elite branca brasileira, como Ali (“não somos racistas”) Kamel, que negam a realidade. A análise é de Argemiro Ferreira. > LEIA MAIS
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16051&boletim_id=568&componente_id=9700
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12. Crise do Senado reflete profunda ‘coronelização’ dos partidos políticos
Escrito por Valéria Nader e Gabriel Brito
Em meio às barbaridades republicanas, os brasileiros se perguntam o que mais será necessário para que tenhamos instituições minimamente respeitáveis. Em entrevista ao Correio da Cidadania, o filósofo Roberto Romano procura destrinchar as origens do que se chama democracia no país. Para ele, proceder a uma autêntica reforma política, cuja condição essencial seria democratizar os partidos políticos, é questão de ‘salvação nacional’, único modo de acabar com a onda de despolitização e descaracterização da própria prática política A única maneira de não vermos, como nas palavras do próprio, obscenidades como a imagem de Lula, Collor, Sarney e Calheiros em risos de bons confrades.
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3460/9/




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1. Festival de inverno de SP
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