Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

5.11.08

Número 162



Acabo de ler no portal do Yahoo: Obama faz história – é o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
Esperamos que essa seja uma notícia que se transformará em mudanças (não foi esse o marketing da campanha?), especialmente no que tange às relações com a América Latina, tão aviltadas pelo desgoverno Bush. Apesar do que, ainda não consegui compreender muito se existem diferenças entre democratas e republicanos nesse assunto...
De qualquer forma, essa eleição é um marco.
Só temos que acreditar que a piadinha que anda correndo a internet não se transforme em realidade.

Obama morre e chega aos céus.

São Pedro – O senhor, quem é?
Obama – Sou o Barack Obama, fui eleito presidente dos EUA.
São Pedro – é mesmo? Quando foi isso?
Obama – Há meia hora atrás...

Assustador? Nem tanto. Semana passada, um desses portais noticiosos virtuais anunciava que, face à perspectiva de vitória de Obama, aumentou consideravelmente a quantidade de armas vendidas no país.

É esperar para ver. E crer.

Na seção Vale a pena ler, uma grata surpresa:o lançamento, neste sábado, do livro de um ex-aluno, Loque Arcanjo, que terminou recentemente o mestrado. Sempre foi um cultor da boa música, lembro-me de alguns shows dele na faculdade. Agora reuniu as duas paixões,a música e a história. Parabéns e sucesso!

Um texto do século XIX! – Tente adivinhar o autor, antes de completar a leitura.

"Em um sistema de produção em que toda a trama do processo de reprodução repousa sobre o crédito, quando este cessa repentinamente e somente se admitem pagamentos em dinheiro, tem que produzir-se imediatamente uma crise, uma demanda forte e atropelada de meios de pagamento.
Por isso, à primeira vista, a crise aparece como uma simples crise de crédito e de dinheiro líquido. E, em realidade, trata-se somente da conversão de letras de câmbio em dinheiro. Mas essas letras representam, em sua maioria, compras e vendas reais, as quais, ao sentirem a necessidade de expandir-se amplamente, acabam servindo de base a toda a crise.
Mas, ao lado disto, há uma massa enorme dessas letras que só representam negócios de especulação, que agora se desnudam e explodem como bolhas de sabão, ademais, especulações sobre capitais alheios, mas fracassadas; finalmente, capitais-mercadorias desvalorizados ou até encalhados, ou um refluxo de capital já irrealizável. E todo essesistema artificial de extensão violenta do processo de reprodução não pode corrigir-se, naturalmente. O Banco da Inglaterra, por exemplo, entregue aos especuladores, com seus bônus, o capital que lhes falta, impede que comprem todas as mercadorias desvalorizadas por seus antigos valores nominais.
No mais, aqui tudo aparece invertido, pois num mundo feito de papel não se revelam nunca o preço real e seus fatores, mas sim somente barras, dinheiro metálico, bônus bancários, letras de câmbio, títulos e valores.
E esta inversão se manifesta em todos os lugares onde se condensa o negócio de dinheiro do país, como ocorre em Londres; todo o processo aparece como inexplicável, menos nos locais mesmo da produção."
Fragmento de "O Capital", Volume 3, Capítulo 30, Capital-dinheiro e capital efetivo, Karl Marx.


No site da Agencia Carta Maior um texto elucidativo:

Como esses estúpidos selvagens chegaram a dominar Washington

George Monbiot
Como se permitiu que se chegasse a esse ponto? Como a política nos EUA chegou a ser dominada por pessoas que fizeram da ignorância uma virtude? Foi a caridade que permitiu que um parente mais próximo do homem chegasse a gastar dois mandatos como presidente? Como foi possível que Sarah Palin, Dan Quayle e outros estúpidos do gênero chegassem aonde chegaram? Como foi possível que os comícios republicanos em 2008 fossem tomados por gritarias ignorantes insistindo que Barack Obama era um muçulmano e terrorista?
Como muitos deste lado do Atlântico, eu fui por muitos anos encantado com a política americana. Os EUA têm as melhores universidades do mundo e atrai as mentes mais brilhantes. Domina descobertas na ciência e na medicina. Sua riqueza e seu poder dependem da aplicação do conhecimento. Ainda assim, de maneira única dentre as muitas nações desenvolvidas (com a exceção possível da Austrália), o conhecimento é uma desvantagem política grave nos EUA.
Houve exceções ao longo do século passado – Franklin Roosevelt, JF Kennedy e Bill Clinton temperaram seu intelectualismo com um toque de senso comum e sobreviveram -, mas Adlai Stevenson, Al Gore e John Kerry foram respectivamente fulminados por seus oponentes por serem membros de uma elite cerebral (como se isso não fosse uma qualificação para a presidência). Talvez o momento decisivo no colapso da política inteligente tenha sido a resposta de Ronald Reagan a Jimmy Carter, no debate presidencial de 1980. Carter – tropeçando um pouco, usando longas palavras – cuidadosamente enumera os benefícios do sistema nacional de saúde. Reagan sorri e diz: “Lá vem você de novo”. Seu próprio programa de saúde teria apavorado muitos americanos, caso tivesse sido explicado tão cuidadosamente como o fez Carter, mas ele tinha encontrado a fórmula para se prevenir de questões políticas sérias ao fazer com que seus oponentes parecessem intelectuais “engomados” que não mereciam confiança.
Não foi sempre assim. Os pais fundadores da República – Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, James Madison, John Adams, Alexander Hamilton e outros – estavam entre os maiores pensadores de sua época. Eles não sentiam necessidade de tornar isso um segredo. Como o projeto por eles construído degenerou-se em George W. Bush e Sarah Palin?
Num ponto isso é fácil de responder. Políticos ignorantes são eleitos por povos ignorantes. A educação norte-americana, assim como seu sistema de saúde, é notória por seus fracassos. Na nação mais poderosa do planeta, um em cada cinco adultos acredita que o sol gira em torno da terra; só 26% aceitam que a evolução ocorre por seleção natural; dois terços dos jovens adultos são incapazes de encontrar o Iraque num mapa, dois terços dos votantes norte-americanos não são capazes de nomear três organizações governamentais; a competência matemática dos adolescentes de 15 anos nos Estados Unidos está em vigésimo quarto dos vinte e nove países da OECD.
Mas isso só aumenta o mistério: como tantos cidadãos norte-americanos tornaram-se tão estúpidos, e desconfiados da inteligência? Até onde li, o livro de Susan Jacoby, The Age of America Unreason [algo como A Era da des-Razão Americana], fornece uma explicação completa. Ela mostra que a degradação da política norte-americana resulta de uma série de tragédias interligadas.
Um tema é muito familiar e claro: religião – particularmente religião fundamentalista – torna você estúpido. Os EUA é o único país rico em que o fundamentalismo cristão é vasto e crescente.
Jacoby mostra que já houve uma certa lógica nesse anti-racionalismo. Durante as algumas décadas após a publicação de A Origem das Espécies, por exemplo, os americanos tinham boas razões para rejeitar a teoria da seleção natural e para tratar os intelectuais públicos com suspeita. Desde o começo, a teoria de Darwin foi misturada, nos EUA, com a filosofia brutal – agora conhecida como darwinismo social – do escritor britânico Herbert Spencer. A doutrina de Spencer, promovida na imprensa popular com o financiamento de Andrew Carnegie, John D. Rockefeller e Thomas Edison, sugeria que os milionários estavam no topo da escala estabelecida pela evolução. Ao impedir os desajustados de serem eliminados, a intervenção governamental enfraquecia a nação. A maioria das desigualdades econômicas eram tanto justificáveis como necessárias.
O darwinismo, em outras palavras, tornou-se indistinguível da forma mais bestial do laissez-faire econômico. Muitos cristãos responderam a isso com náusea. É profundamente irônico que a doutrina rejeitada um século atrás por proeminentes fundamentalistas como William Jennings Bryan seja agora determinante para o pensamento da direita cristã. Fundamentalistas modernos rejeitam a ciência darwinista da evolução e aceitam a pseudociência do darwinismo social.
Mas há outras razões, mais poderosas, que explicam o isolamento intelectual dos fundamentalistas. Os EUA são peculiares ao delegarem o controle da educação a autoridades locais. Ensinar nos estados do sul era ser dominado por uma elite aristocrática e ignorante de donos de terras, e um grande abismo educacional foi aberto. “No sul”, escreve Jacoby, “só o que pode ser descrito é que um bloqueio intelectual foi imposto para manter do lado de fora idéias que pudessem ameaçar a ordem social”.
A Convenção Batista do Sul, agora a maior congregação religiosa dos EUA, era para a escravidão e a segregação o que a Igreja Reformada Holandesa (Dutch Reformed Church) era para o apartheid na África do Sul. Ela fez mais do que qualquer força política para manter o sul estúpido. Nos anos 60 tentou disseminar a desagregação estabelecendo um sistema privado de escolas e universidades cristãs. Hoje, um estudante pode ir do jardim da infância até o mais alto grau de estudos sem qualquer exposição ao ensino secular. As crenças batistas do sul também passam imunes ao sistema de escola pública. Uma enquete feita por pesquisadores na Universidade do Texas em 1998 revelou que um em cada quatro professores de biologia das escolas do estado acreditavam que humanos e dinossauros viveram na Terra ao mesmo tempo.
Essa tragédia vem sendo assistida pela fetichização americana da auto-educação. Apesar de seu lamento por sua falta de educação formal, a carreira de Abraham Lincoln é repetidamente citada como evidência de que a boa educação fornecida pelo estado não é necessária: tudo de que se precisa para ter sucesso é determinação e individualismo vigoroso. Isso pode ter servido bem para as pessoas quando os genuínos movimentos de auto-educação, como o que se construiu em torno dos Little Blue Books na primeira metade do século XX estiveram em voga. Na era do info-entreternimento (1), esse tipo de coisa é receita para a confusão.
Além da religião fundamentalista, talvez a razão mais potente para o combate dos intelectuais na eleição seja que o intelectualismo tem sido equiparado à subversão. O breve flerte de alguns pensadores com o comunismo há muito tempo atrás tem sido usado para criar uma impressão na mente do público de que todos os intelectuais são comunistas. Quase todo dia homens como Rush Limbaugh e Bill O'Reilly vociferam contra as “elites liberais” que estão destruindo a América.
O espectro das grandes cabeças alienígenas subversivas foi crucial para a eleição de Reagan e de Bush. Uma elite intelectual genuína – como os neocons (alguns deles ex-comunistas) em torno de Bush – deu o tom dos conflitos políticos como uma batalha entre americanos comuns e bem sucedidos e super-educados pinkos (2). Qualquer tentativa de desafiar as idéias da elite intelectual da direita tem sido atacada, com sucesso, como sendo elitismo.
Obama tem muito a oferecer aos EUA, mas nada disso vai parar se ele vencer. Até que os grandes problemas do sistema educacional sejam revertidos ou que o fundamentalismo religioso perca sua força, haverá oportunidade política para que gente como Bush e Palin ostentem sua ignorância.
Publicado originalmente no Guardian, em 28 de outubro de 2008O artigo também está publicado na página de George Monbiot
(1) Neologismo usado pelo autor (infotainment), que resulta da junção das palavras informação com entreternimento. N.deT
2) Pinko é um termo pejorativo criado pela direita norte-americana para designar intelectuais supostamente comunistas ou simpáticos ao comunismo que, contudo, não são militantes partidários. A palavra pinko deriva do nome da cor rosa, em inglês – pink -, que resulta da mistura do vermelho com o branco. Pinko seria uma forma light de comunismo, assumida supostamente por aqueles “intelectuais” que não pretendem ser associados diretamente ao comunismo. Termo aparece pela primeira vez, segundo a Wikipédia, em 1926, no semanário Time.
N.deT.Tradução: Katarina Peixoto (Publicado no site da Agência Carta Maior)



Letramento em História
Vinicius Teixeira Santos*

(...) Um homem etíope, eunuco, regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías. (...) E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? (Atos 8, 27-31)

A questão que proponho, neste texto, é refletir sobre os mecanismos de formação que envolve a leitura, suas dinâmicas e suas mediações. Concebendo o desenvolvimento das Competências e Habilidades leitoras como um processo dinâmico e mediado pelas relações que os indivíduos estabelecem com outros e com o próprio texto nas suas formas multifacetadas. Em especial, a articulação destes processos ao Ensino de História na direção da formação do que nomeamos de “Letramento em História”.
Nesse sentido, pensar o ensino de História nos remete a uma série de questões fundamentais para uma melhor ação pedagógica dos professores. É muito freqüente, por parte dos professores, a queixa de que os alunos “não sabem ler”. Como decorrência dessa constatação, é comum ouvirmos jargões como: “o problema deles não é de conteúdo de História, e sim de interpretação”, "eles não conseguem compreender a matéria, porque têm dificuldade com a língua”. Passam-se textos e mais textos para os alunos e lista-se uma série de perguntas para retirar respostas a partir do texto. Mais uma vez, a constatação do problema fundamental que perpassa a atividade pedagógica se configura nas dificuldades dos alunos em leitura (realmente existentes). Entretanto, tal constatação não é acompanhada de uma reflexão mais substantiva sobre as singularidades que envolvem a leitura e o desenvolvimento de capacidades e habilidades a ela articuladas. Nesse sentido, as palavras de Magda Soares são essenciais:
Ler, verbo transitivo, é um processo complexo e multifacetado: depende da natureza, do tipo, do gênero daquilo que se lê, e depende do objetivo que se tem ao ler. Não se lê um editorial de jornal da mesma maneira e com os mesmos objetivos com que se lê a crônica de Veríssimo no mesmo jornal; não se lê um poema de Drummond da mesma maneira e com os mesmos objetivos com que se lê a entrevista do político; não se lê um manual de instalação de um aparelho de som da mesma forma e com os mesmos objetivos com que se lê o último livro de Saramago (SOARES, 2007.).
No entanto, essas dificuldades apresentadas pelos alunos precisam estar contextualizadas, e até mesmo relativizadas, a partir de duas idéias. A primeira se refere à redução simplória que se faz, em relação à construção de habilidades e competências leitoras por parte dos alunos. Parece implícito na fala de muitos professores de História (quiçá de todas as disciplinas específicas do Ensino Médio), a atribuição das dificuldades de leitura e a responsabilidade por sua superação às aulas de Língua Portuguesa. Se radicalizarmos esse argumento, poderemos chegar à conclusão (a meu ver, equivocada) de que todos os textos são do mesmo gênero textual, possuindo linguagem e conceitos comuns. Assim, ao adquirir a habilidade de leitura em Matemática, por exemplo, ela poderia ser mecanicamente transferida para textos específicos da área de Biologia ou de História, o que sugere desconsiderar as especificidades de cada disciplina, ou melhor, de cada tipo de texto (midiático, instrucional etc.). Evidentemente não se pode desconsiderar que, como diz Vitória Rodrigues Silva, “as competências adquiridas nas experiências de leitura conferem aos leitores um repertório de estratégias, dentre as quais será possível escolher aquela que parece mais conveniente para enfrentar as dificuldades apresentadas em uma nova situação”. (SILVA, 2004: 73)
Mas essas estratégias não são produto de um desenvolvimento iluminado de forma isolada pelo indivíduo. Ao contrário, elas são elaboradas ao longo de uma trajetória que exige postura ativa e construtiva por parte do indivíduo (ou aluno) em suas relações com outras pessoas que já tenham desenvolvido mecanismos de apropriação do texto.
A segunda idéia – articulada à primeira – refere-se à utilização de textos por parte dos profissionais de ensino de História. Espera-se que os alunos leiam, compreendam o significado dos textos apresentados e deles extraiam informações. Implícita nessa ação pedagógica está a concepção de que, ao lerem os textos, os alunos estarão aos poucos adquirindo as habilidades e competências necessárias ao entendimento desses textos e de documentos de História, como se tais habilidades e competências pudessem ser naturalmente construídas pelos alunos, apenas pelo contato com os textos, sem a mediação do professor ou de um colega.
Com efeito, a partir das duas idéias acima, entra-se em um labirinto sem os fios de Ariadne. Por um lado, constatam-se as dificuldades de leitura, e por outro lado, não se constrói uma ação pedagógica para sair do labirinto das dificuldades.
Contribuições do paradigma histórico-cultural
Em contraponto à concepção de que a aquisição de competências e habilidades leitoras seria um mero reflexo do contato com os textos, a base psicológica, na opinião de Vygotsky – e de outros autores que comungam da mesma idéia –, parece fornecer bases epistemológicas mais apropriadas para a compreensão da formação dos processos cognitivos mais complexos, entre eles o Letramento em História. Essa base psicológica compreende o homem como um ser constituído por relações estabelecidas com outros da mesma espécie. Assim, a partir do nascimento, os indivíduos desenvolvem uma dependência social e se inserem em um processo histórico que fornece os dados sobre a realidade e, também, concepções sobre essa realidade, contribuindo para que a pessoa consiga construir uma visão pessoal sobre a própria realidade, – mecanismo que seria impossível, se não houvesse a imersão do sujeito no contexto social.
Desta forma, em Vygotsky, o desenvolvimento humano está ancorado na idéia de um indivíduo ativo que tem seu pensamento formado em um ambiente histórico e culturalmente determinado. Assim, os processos psíquicos internos dos indivíduos seriam uma reconstrução das relações externas.
Outro ponto importante na teoria Vygotskyana é o papel fundamental da linguagem. A construção das funções psicológicas superiores é mediada pela linguagem, que intervém no processo de desenvolvimento intelectual. O indivíduo se apropria dos conhecimentos necessários, através da interação com outros indivíduos mais experientes, no espaço social em que está inserido. Dito de outra forma, as funções humanas superiores – linguagem, pensamento, linguagem escrita, cálculo, entre outras – precisam ser vivenciadas nas relações com outras pessoas, antes de serem internalizadas. Portanto, essas funções não se desenvolvem de forma espontânea nas pessoas, mas são mediadas pelas relações entre indivíduos, antes de serem internalizadas (GÓES, 2000: 12).
Como conseqüência, a ação pedagógica dos professores de História é fundamental para mediar o processo educativo e a construção dos processos mentais superiores. Pode-se pensar, a partir deste ponto, que a habilidade ou competência leitora de textos e documentos de História, escritos ou não – incluem-se aqui charges, tirinhas de quadrinhos, gráficos, pinturas e outros suportes –, deve ser orientada pelos professores. Assim, o desenvolvimento das habilidades se dá, não de forma espontânea, a partir de um mero contato dos alunos com os textos, e sim em uma complexa teia de interações. Isto implica ter em mente que cada gênero textual e cada disciplina escolar possui suas especificidades. Por isso mesmo, aos professores de História, por exemplo, cabe mediar o processo de leitura dos textos específicos da disciplina que lecionam, incorporando as reflexões sobre a leitura ao seu fazer cotidiano, além de mediar o processo de construção e desenvolvimento do Letramento.
Nesse sentido, trilhamos o caminho seguido por Maria A. Schmidt e Marlene Cainelli, ao utilizarmos documentos históricos em sala de aula como facilitadores da compreensão de possíveis mediações do professor de História. Apresentar um documento não se reduz à mera leitura do mesmo, quando muitas vezes ocorre apenas a decodificação de palavras, e não a compreensão do texto. Trata-se de um processo que passa por várias fases, a partir de um olhar crítico preliminar (SCHMIDT e CAINELLI, 2004: 96-105). A construção de competências e habilidades leitoras na área de História é muito mais complexa do que poderão supor aqueles que passam um texto com um simples questionário, em anexo, para que os alunos respondam.
Em suma, sem uma atividade de mediação por parte dos professores, na leitura dos textos escritos, a tendência é que os alunos apenas repitam as palavras desses textos, sem a apreensão de seus significados. E então ocorre a repetição, pelos professores, de chavões que ocultam as reais dificuldades e possíveis caminhos de superação: “Os alunos não sabem ler direito, nem interpretar.”
Cabe a esses profissionais de História, a responsabilidade de construir ações pedagógicas mediadoras desse processo, e não especificamente aos professores de Língua Portuguesa, já que os mecanismos de leitura e as “chaves” da leitura de um documento ou das fontes históricas são processos da especificidade da disciplina.
Face a tudo o que foi exposto, consideramos que a matriz histórico-cultural de Vygotsky fornece importantes elementos para a construção das habilidades e competências leitoras necessárias ao desenvolvimento intelectual dos alunos.
A idéia de Letramento em História
Tomar de empréstimo um conceito gera sempre tensões, em sua utilização e definição. A idéia de utilização de uma terminologia está ligada à compreensão de uma série de fatores que buscamos explicitar neste tópico.
Ao longo de nossa experiência docente nos CPVCs – Cursos Pré-Vestibulares Comunitários
[1] – , percebemos que as dificuldades dos alunos na compreensão de textos – artigos de jornais, cartas de época, textos didáticos, letras de música, charges, tirinhas de quadrinhos, tabelas diversas etc. – constituem uma séria barreira a ser superada. Como exemplo, vale lembrar que também nas questões de avaliação, a compreensão de textos e enunciados é um desafio para os professores, não só de História, mas quiçá de todas as áreas do conhecimento.
Nos CPVCs, essas dificuldades são sempre mencionadas nas reuniões dos corpos docente e discente. Parece ser consenso que as questões estruturais – ausência de cursos de formação e capacitação, dificuldades financeiras dos alunos até mesmo para chegar ao curso, professores que conjugam variadas atividades (grande parte ainda é graduando), espaços precários etc. – têm agravado o desempenho dos alunos, não apenas nos exames vestibulares, mas no cotidiano, como por exemplo, na compreensão de reportagens televisivas e impressas.
Com efeito, alguns questionamentos surgiram: O que significa ser Letrado em História? Que competências e habilidades são necessárias para a construção do Letramento em História?
Nesta reflexão, o Letramento
[2] em História refere-se, também, aos níveis e conteúdos de conhecimento em leitura, competências e habilidades leitoras, desenvolvidos pelos alunos ao longo da Educação Básica (os alunos dos CPVCs terminaram o Ensino Médio ou cursam a última série deste segmento de ensino). Isso pressupõe que as habilidades e competências leitoras constituem um elemento basilar para o desenvolvimento do Letramento em História. No entanto, é fundamental compreender que este conceito não pode ser reduzido às competências e habilidades leitoras, mas incorpora estas como um de seus elementos.
Para uma aproximação do conceito de Letramento em História, que possa contribuir para um melhor entendimento do fazer pedagógico nas aulas de História, faz-se necessário retomar o entendimento de Letramento proposto por Magda Soares. Para esta autora, tal conceito engloba a inserção do indivíduo letrado nas práticas sociais de leitura, tendo como efeito conseqüências sociais, políticas, econômicas, cognitivas e culturais. Assim, a leitura, em um sentido amplo e articulado do fazer História, configura-se como um processo que envolve uma postura de percepção da historicidade do próprio texto. Isso implica perceber a relação dos documentos históricos com questões políticas, ideológicas, econômicas, culturais, sociais. O desenvolvimento de habilidades leitoras engloba não só a decodificação do texto, mas também as práticas sociais de abordagem dos documentos em seus diversos suportes textuais, abordagem essa realizada pelo campo da História. A esse respeito, “o mais sensato é cumprir o be-a-bá do historiador, lendo criticamente os documentos, identificando as circunstâncias e as intenções dos escribas, o que esconde nas entrelinhas, explorando pequenos indícios, tentando mesmo ouvir os silêncios” (REIS e GOMES, 1998: 10).
A partir de uma análise das temáticas acima, abre-se a possibilidade de perceber as determinações dos textos, o que remete à própria historicidade dos contextos de produção dos mesmos. Já em suas dimensões espaciais e temporais, considera-se a finitude das formações sociais, numa tentativa de desnaturalizar as configurações como elas se apresentam. Numa primeira aproximação, ser letrado em História articula-se a uma leitura investigativa, possibilitando reflexões sobre as questões que atravessam a produção de qualquer texto, inclusive o “texto” produzido durante a própria aula, como nos instiga a pensar o artigo de Ilmar Mattos (MATTOS, 2006).
Por outro lado, a leitura envolve os processos de formação do leitor, como nos lembra Larrosa ao afirmar: “Trata-se de pensar a leitura como algo que nos forma (ou deforma e nos transforma), como algo que nos constitui ou nos põe em questão naquilo que somos” (LARROSA, 2007: 129-130).
Com efeito, o Letramento em História, ao articular essa formação, possibilita o desenvolvimento de lentes (conceitos, por exemplo) que contribuem para a diversificação e ampliação da leitura de mundo realizada pelo leitor, pois os textos, em seus mais variados suportes, deixam de ser vistos como neutros ou como portadores de uma verdade absoluta. Ao contrário, encontram-se inseridos em uma teia de múltiplas relações e portadores de intencionalidades. Assim, os processos da leitura, na perspectiva do Letramento em História, consubstanciam-se em uma leitura crítica do texto e dos contextos de sua produção. Como conseqüência, se “sem documentos não há História”, frase bem conhecida pelos historiadores, eles já não representam a História como realmente aconteceu, já que, a partir de sua leitura, são interpelados em suas determinações históricas. Sobre isso, escreve Mattos:
Contar por meio de um texto escrito a partir das leituras do que os outros registraram; contar para que os outros leiam. O texto historiográfico tornando-se o ponto de encontro de diferentes leitores, porque se o ato de ler é a possibilidade de saber o que se passa na cabeça do outro, lendo também compreendemos o que se passa em nossa própria cabeça: o texto historiográfico tornando-se o ponto de encontro de diferentes escritores, porque o ato de escrever possibilita confrontar, e assim melhor compreender o ofício que pratico e o mundo no qual ele se situa e sobre ele inevitavelmente reage. (MATTOS, 1998: 7)
Ainda sobre o assunto, diz-nos Monteiro:
O processo de alfabetização é contínuo, se realiza ao longo da vida e, segundo Paulo Freire, não é reprodução da escrita e da leitura. ‘É ler criticamente a realidade e se instrumentalizar para nela poder atuar.’ E é isso que fazemos nas aulas de História, quando temos oportunidade para construir juntos interpretações, baseadas em autores que já pesquisaram os temas, mas que devem ser elaborações próprias, dos alunos, resultantes das discussões e análises realizadas. (MONTEIRO, 2000: 36-37)
Postos lado a lado, os trechos acima ajudam a compreender que os processos de desenvolvimento do Letramento em História, construídos ao longo da vida – pois nunca se chega ao ponto final de um processo configurado como inesgotável – incorporam a decodificação das palavras e possibilitam uma leitura histórica do mundo, expressa em uma linha de intercomunicação contínua, constituindo um constante diálogo de apropriação, invenção e produção de significados.
As aulas de História, no Ensino Médio, não têm como objetivo formar historiadores profissionais, como parecem esquecer alguns professores, mas visam a ajudar em uma formação que, no mínimo, contribua para o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para lidar, de forma crítica, com o grande número de informações que circulam pelos mais variados suportes: Internet, programas televisivos, rádio, jornais, revistas, charges, músicas, poesias, pinturas, fotografias etc.
Se considerarmos que o letramento em História implica competências e habilidades de leitura de textos,em seus variados suportes textuais, atravessados de múltiplas questões: sociais, políticas, culturais, ideológicas, etc. Isto é, concatena-se a leitura histórica do mundo. Este aspecto não pode ser negligenciado pelas práticas pedagógicas das aulas de História, pois o atual contexto social e histórico é carregado de uma produção, em larga escala, de informações possibilitadas pelo aperfeiçoamento e pela sofisticação dos meios de comunicação e de informação. E se é corrente a afirmação de que se aprende História nos vários espaços sociais e suportes de informação, a reflexão histórica ocorre, por excelência, na escola ou em espaços escolarizados. Tem dado margem a confusões o fato de não haver distinção entre o acesso a uma acumulação de informações e as reflexões articuladas ao campo da História. Com efeito, absolutizam-se os textos produzidos por filmes, programas que falam da História e informações de sites, que muitas vezes são duvidosos.
Sem uma reflexão sobre esses processos no ensino de História, a tendência é a reprodução de modismos, opiniões e concepções, de forma acrítica. O Letramento em História tenta dar conta desse desafio que se impõe ao ensino de História. Utilizamos este conceito com o objetivo de salientar a importância da leitura e do desenvolvimento das habilidades articuladas a essa disciplina. Desta forma, ler deixa de ser um problema exclusivo de Língua Portuguesa. Ao contrário, articula-se com todas as disciplinas porque se inscreve no existir humano em nosso contexto social. Por outro lado, ler perde um pouco sua áurea fetichizada como se fosse um ato neutro e transformador por si mesmo. Um olhar superficial pela História em todas as épocas desconstrói facilmente essa visão mítica e mágica da leitura, pois homens que tinham hábitos de leitura ou que passaram por processos de escolarização apoiaram ditaduras, holocaustos, promoveram guerras, ou mesmo se mostraram corruptos profissionais.
Enfim, o Letramento em História encerra a articulação de outras dimensões no processo de leitura do mundo, uma leitura não neutra e que procura ler para além da aparência, lendo nas entrelinhas e descortinando silenciamentos, ocultamentos e a produção de invisibilidades diversas.

Bibliografia
CARVALHO, José Carmelo Braz de. (2006). Os cursos pré-vestibulares comunitários e seus condicionantes pedagógicos. In: Cadernos de Pesquisa, v.36, n. 128, pp. 299-326.
GOES, Maria Cecília Rafael de (2000). A abordagem microgenética na matriz histórico-cultural: uma perspectiva para o estudo da constituição da subjetividade. In: Cadernos CEDES, v.20, n.50, pp.9-25.
LARROSA, Jorge (2007). Literatura, experiência e formação. Uma entrevista com Jorge Larrosa. In: COSTA, Marisa Vorraber (org.). Caminhos investigativos I. RJ: Lamparina.
MATTOS, Ilmar Rohloff de (1998). Ler e escrever para contar: documentação, historiografia e formação do historiador. Rio de Janeiro: ACCESS.
__________. (2006). "Mas não somente assim!" Leitores, autores, aulas como texto e o ensino-aprendizagem de História. In: Tempo, vol.11, n. 21, pp. 5-16.
REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos (1998). Liberdade por um fio. São Paulo: Cia. das Letras.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora e CAINELLI, Marlene (2004). Ensinar História. SP: Scipione.
SILVA, Mirian do Amaral Jonis (2006). Aprender para a vida ou para o vestibular? O Alfabetismo científico e a construção social de conceitos biológicos entre estudantes de Cursos Pré-vestibulares Comunitários. Tese de Doutorado, Departamento de Educação, PUC-Rio.
SILVA, Vitória Rodrigues e (2004). Estratégias de leitura e competência leitora: contribuições para a prática de ensino em História. In: História, v.23, n.1-2, pp.69-83.
SOARES, Magda Becker . (1998). Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica.
__________.(2007). Ler, verbo transitivo. Disponível em:
www.leiabrasil.org.br/doc/leiaecomente/verbo_transitivo.doc

* Mestre em Educação Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e Professor de História das Redes Municipais de Cabo Frio e Macaé (Rio de Janeiro).
[1] Os CPVCs podem ser descritos como “movimentos sociais de comunidades e grupos de excluídos e pobres, lutando por cidadania ativa, defesa da diversidade, empoderamento político e cultural, atuando em geral sob condições objetivas bastante precárias de uma paraescolarização compensatória e de ações inclusivas, com recursos humanos, físicos, financeiros e técnicos bastante limitados. Em contraponto a essas determinações socioeconômicas macroestruturais, há a pressuposição de que os fatores técnico-pedagógicos encontram espaços para se tornar dialeticamente condicionantes, não apenas condicionados.” (CARVALHO, 2006: 302)
[2] O termo Letramento utilizado neste texto tem o sentido que lhe é atribuído por Magda Soares. Para esta autora, Letramento (derivado do termo inglês literacy) refere-se à condição ou estado daquele que aprende a ler e escrever. Além disso, o termo engloba a inserção do indivíduo letrado nas práticas sociais de leitura, tendo como efeito conseqüências sociais, políticas, econômicas, cognitivas e culturais (SOARES, 1998).
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VALE A PENA LER

1.- Foi lançado o no. 1, volume 4, da Revista Eletrônica do CEDAP, "Patrimônio e Memória".
Para acessá-la: http://www.cedap.assis.unesp.br/patrimonio_e_memoria/
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2. As editoras Autentica e PUC-MG convidam para o lançamento de dois livros da Coleção Historiografia de Minas Gerais: "A invenção das Minas Gerais", de Francisco Eduardo de Andrade e "Historia de Nossa Senhora em Minas Gerais", de Augusto de Lima Junior. O primeiro será lançado dia 6/11/2008, 'as 19h, na Avenida Contorno, 6061 - Lojas 235/236, Savassi - Belo Horizonte, MG. E o segundo, dia 14/11, 'as 19h, no Museu do Oratório (Adro da Igreja, do Carmo, 28 - Centro - Ouro Preto, MG.

3. Nas bancas, o número 38 da Revista de Historia da Biblioteca Nacional.

Dossiê: O ouro de Minas.
Entrevista: historiador Russel-Wood.
Artigos principais: A invenção da ”mulata sensual” – O Jânio que ficou na retina – Piquetes pioneiros- Tom e Vinicius: o amor em paz – Quando tio Sam pegou no tamborim – Maranhão: independência é traição – África: um continente no currículo – Irresistível Pombal.

4. Dia 8 de novembro de 2008, sábado, a partir das 16:00. Livraria Status Rua Pernambuco, 1150 Funcionários - Belo Horizonte - MG
lançamento do livro: O ritmo da mistura e o compasso da História: o modernismo musical nas Bachianas Brasileiras de Heitor Villa-lobos

O ritmo da mistura e o compasso da história
Villa-Lobos é uma dessas figuras que fascinam o estudioso. Se não bastasse a qualidade excepcional da obra, herdeira de múltiplas influências, há ainda a sua personalidade tão marcante, que lhe custou, ao longo da vida, o amor e o ódio de muitos. Ao pesquisador, os fios que ligam a obra ao homem se impõem de forma inescapável. Afinal, como separar a imagem que construiu de si mesmo, com o recurso à genialidade precoce, expressa ainda na infância, quando se comprazia ao ouvir Bach, e o projeto de construção de uma música nacional, afeita ao ideário nacionalista do modernismo brasileiro, capaz de traduzir ao mesmo tempo o local e o universal? Este é apenas um dos desafios a que Loque Arcanjo se propõe, no presente estudo que, filiando-se às novas abordagens da história cultural e à musicologia, coloca em questão o Villa-Lobos compositor das Bachianas Brasileiras, compostas entre os anos de 1930 e 1945. (Adriana Romeiro, da UFMG)

NAVEGAR É PRECISO

1. Site da Ciência hoje - http://cienciahoje.uol.com.br/131803

A luta pela terra 31/10/2008
clicar no link abaixo
http://www.arteplastica.com/museu.htm
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3. Blogues Contemporânea e Ponteaérea
*Alguém quer comer a merenda antes do recreio
*O estado volta a centralizar a merenda escolar.
Pagará mais por menos comida.
*Coroas*Livro da antropóloga Mirian Goldenberg discute envelhecimento das mulheres
*Chantal Mouffe*Para pensar a política além do nós versus eles
*Diferenças biológicas*Neurologista derruba o mito do preconceito por diferenças "naturais"
http://carlarodrigues.uol.com.br/index.php/550
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4. No ar o número de novembro da Revista Espaço Acadêmico: http://www.espacoacademico.com.br/
Modelos para o Brasil: final
João Fábio Bertonha
Apontamentos entre democracia, educação e instrução pública em Tocqueville
A administração mais perigosa da história dos Estados Unidos da América
Dois tocquevilianos brasileiros: Hipólito da Costa e Oliveira Lima
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5. Site da Agência Carta Maior: http://www.cartamaior.com.br/

ELEIÇÕES EUA
Acesse em: http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/.
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7. Site da Revista Forum - www.revistaforum.com.br
Itaú-Unibanco: Para ser bom, precisa garantir o emprego
Por Anselmo Massad
Para Carlos Cordeiro, secretário-executivo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), histórico preocupa diante do anúncio de fusão entre Itaú e Unibanco
leia

Opinião: Política de mentes partidas
Por Leonardo Boff
leia

Macartismo Mineiro
Por Pedro Venceslau
Histórias e bastidores da máquina de comunicação criada pelo governador de Minas Aécio Neves para manter-se blindado até as eleições de 2010. Jornalistas e movimentos sociais denunciam práticas de perseguição, censura e autocensura nas redações do estado leia




NOTICIAS

1. Biblioteca "mais avançada da América do Sul" será inaugurada em novembro
A cidade de Porto Alegre (Rio Grande do Sul, Brasil) recebe em novembro um novo espaço cultural, para leitura, aprendizado e reflexão. A PUCRS inaugura a sua nova Biblioteca Central Irmão José Otão, com 21 mil metros quadrados distribuídos em 14 pavimentos, com tecnologia avançada de rastreamento e identificação de documentos, auto-devolução e auto-empréstimo de obras, sendo considerada a mais avançada biblioteca da América do Sul. "É um novo conceito de biblioteca. O usuário terá mais autonomia e acesso facilitado aos conteúdos",explica o diretor, César Mazzillo.
Íntegra em http://a-informacao.blogspot.com/2008/10/biblioteca-mais-avanada-da-amrica-do.html
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2. Prefeitura lança editais para obras da Praça das Artes e Anexo da Biblioteca
A Prefeitura de São Paulo lançou no último dia 20 de outubro o edital de licitação das obrasde construção da Praça das Artes e do Anexo da Biblioteca Mário de Andrade.Ambos os projetos fazem parte do processo de revitalização da região central da Cidade.Com um custo de R$ 94,8 milhões e duração das obras estimada em cerca de três anos, a Praça das Artes é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) para transformar a chamada "quadra 27" em um pólo irradiador de cultura no centro da Cidade.
Íntegra em:http://www.prefeitura.sp.gov.br/portal/a_cidade/noticias/index.php?p=26461
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3. O legado cultural da União Européia, em versão digital
Uma nova enciclopédia da cultura européia na internet, chamada Europeana, deve ser inaugurada em novembro. Ela pretende rivalizar com o projeto Google Library, mas não pára por aí -almeja ser o ponto de partida de uma vasta cópia digital de segurança de tudo aquilo que está nas bibliotecas, museus e acervos nacionais de filmes da Europa.A Europeana é um projeto ambicioso que pretende digitalizar grande parte das bibliotecas nacionais do continente e disponibilizar o máximo possível da civilização européia - livros, mapas, quadros, fotos, filmes - na rede e de graça.O site no momento tem apenas uma turnê de demonstração. Mas Viviane Reding, comissária da UE para mídia e sociedade da informação, prometeu disponibilizar até 2 milhões de "objetos"digitalizados para total apreciação do público – em inglês, alemão e francês - até 20 de novembro. O Estado de S. Paulo (27 outubro)
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4. Salas de aula digital estimulam alunos
A pequena Serrana, município no interior de São Paulo, com 45 mil habitantes e renda mínima de quase três salários mínimos, sai na frente no tema "modernização do ensino". A tecnologia invadiu a sala de aula onde até a carteira é digital.A sala de aula pode ser considerada do futuro. A lousa também é digital. Em vez do giz, o professor usa uma caneta eletrônica. O computador faz parte da carteira e a tela de LCD é leve e pode ser dobrada. A internet é rápida e ligada por fibra ótica. Basta um clique e um mundo cheio de informação se abre diante dos olhos dos estudantes."O MEC já disponibilizou mais de 200 horas de vídeo da TV escola. Nós temos conteúdos do computador da escola e todo conteúdo disponível da internet", disse Miguel João Neto, diretor de projeto. Além disso o MEC disponibilizou 50 mil títulos de livros que são de domínio público", disse. A tecnologia também abriu o olhar dos professores para o conhecimento. "Euestou dando aula ao mesmo tempo que eles estão pesquisando na internet. Eles encontram imagens que eu não encontrei...Isso traz de volta para a gente o prazer de lecionar, que estava sendo um pouco perdido em função do desinteresse que essa geração tinha nas aulas convencionais", disse Izabel Sinastre, professora de história. Portal G1 (27 outubro)
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5. Biblioteca Nacional vai distribuir 800 mil livros no ano que vem
A mais antiga biblioteca da Amética Latina está completando 198 anos, para comemorar, vai distribuir 800 mil títulos a 410 bibliotecas municipais e 600 pontos de leitura espalhados por todo o país. A Biblioteca Nacional está comprando obras de ficção, não-ficção e referência para fazer a distribuição durante o primeiro semestre do ano que vem. Cerca de 30% dos livros serão destinados ao público infantil e juvenil.Cada uma das bibliotecas públicas vai receber mil livros, enquanto os pontos de leitura ganharão 600 obras. A medida faz parte do programa Mais Cultura do Ministério da Cultura, que se destina a ampliar os acervos bibliográficos e fazer doações de mobiliário e equipamentos eletrônicos às bibliotecas.No ano passado a BN já havia distribuído cerca de 600 mil livros para 300 cidades. A maior parte dos municípios que não possuem bibliotecas fica nas regiões Norte e Nordeste. A meta da instituição é zerar o número de municípios sem bibliotecas no país até 2009.JB Online (24 outubro)

6. Concursos

a. Unifesp
A abertura de concursos na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Campus Guarulhos para as seguintes áreas:* Teoria de História* História Medieval* História ContemporâneaAs inscrições vão até 26 de novembro.O edital (com os pontos, requisitos e remuneração) está disponível em http://concurso.unifesp.br/editais/edital312-2008.htm
e a inscrição on-line deve ser feita por meio do site: http://concurso.unifesp.br/
Aviso também que em breve será aberto um concurso para Ensino de História.ObrigadoLuís Filipe S Lima
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b. UFRN
Concurso para o quadro de professores permanentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, CERES
Teoria e Metodologia da História 1 Adjunto/DE - Graduação em História e Doutorado em História
História da América e Moderna 1 Adjunto / DE - Graduação em História e Doutorado em História
Arqueologia Brasileira e Patrimônio Cultural 1 Adjunto / DE - Graduação em História ou em áreas correlatas e Doutorado em Arqueologia ou em áreas
Vejam edital em
http://www.prh.ufrn.br/Legislacao_2008/Edital029_Efetivo_2008.pdf
Prazo de inscrições: de 13 de outubro a 07 de novembro de 2008.Horário: 8h às 11h e 14h às 17h;
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c. Concurso para professor - área de Ciência Política/UFSM

Estão abertas, ate' dia 21/11/2008, inscrições para o concurso de professor auxiliar (remuneração inicial de R$ 2.675,98), assistente (R$3.937,20) e adjunto (R$ 6.437,27) na área de Ciência Política. Mais informações em http://www.ufsm.br/.
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d.. Concurso para professor/UFSM
Estão abertas, ate' dia 21/11/2008, inscrições para o concurso de professor auxiliar (remuneração inicial de R$ 2.675,98), assistente (R$3.937,20) e adjunto (R$ 6.437,27) na área de Historia do Brasil. Mais informações em http://www.ufsm.br/.

7. Eventos

a. XXV Simpósio Nacional de História
O evento, realizado pela Associação Nacional de História, acontece entre os dias 12 e 17 de julho de 2009, em Fortaleza (CE), sobre o tema "História e Ética".
Maiores informações no site http:// http://www.snh2009.anpuh.org/.
Os prazos para Inscrição de Simpósios Temáticos e Mini-Cursos encerram dia 08 de novembro.






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b. I SEMINÁRIO DE ESTUDOS LOCAIS E REGIONAIS
"Cidades em debate: os estudos urbanos numa perspectiva interdisciplinar"
Data: 22 de novembro
O I Seminário de Estudos Locais e Regionais realizar-se-á nas dependências da FACERES (antiga UNICERES). O endereço é: Av. Anísio Haddad, 6751 - Jardim Morumbi - São José do Rio Preto/SP.
A data final para as inscrições vai até o dia 20 de novembro. Para fazer a inscrição é bem simples: basta acessar o site do IHGG http://www.ihgg.org.br/seminarios.htm e preencher o formulário de inscrição on-line. Após o preenchimento, clicar no botão “enviar”, existente na parte inferior da ficha.
Qualquer dúvida acessar o site acima ou entrar em contato direto com a coordenação geral do evento pelo seguinte e-mail: coordenador_ihgg@yahoo.com.br.
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c.Seminário Internacional: 40 Anos do AI-5
PROJETO MAIO 68 + 40 – UFRB
CENTRO DE ARTES, HUMANIDADES E LETRAS – CAHL – CACHOEIRA/BA
12 A 14 DE NOVEMBRO DE 2008

MAIS INFORMAÇÕES ACESSE: http://www.68mais40.ufba.br/
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d. Palestra: "Armas de destruição em massa: proibições e controles".

Com o Prof. Dr. Roque Monteleone Neto (UNIFESP).
Comissário junto à Comissão de Monitoramento, Verificação e Inspeção das Nações Unidas (2002-2007).

8 de novembro, 9h30, sala P-65 (Prédio Velho).
PUC/SP, Campus Monte Alegre.
Promoção: POLITHICULT – Núcleo de Estudos de Política, História e Cultura. Disciplina de Diálogos Contemporâneos. Departamento de História.
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e. Chamada para Simpósio As imagens da França no Brasil/Casa de Rui Barbosa
O simpósio "As imagens da França no Brasil: do modelo 'a caricatura" faz parte do projeto "Os franceses não tomam banho? Caricaturas, clichês e estereótipos, a Franca no olhar brasileiro contemporâneo (séculos XIX-XXI). Haverá, alem do simpósio, exposições e mostra cinematográfica sobre a imagem da Franca no Brasil contemporâneo. Propostas de comunicações de pesquisadores de todas as áreas acerca desse tema serão aceitas ate' 1/12/2008.
Mais informações em http://www.casaruibarbosa.gov.br/ ou em http://assoarbre.free.fr/.
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f. I Festival de Filmes de Pesquisa sobre Patrimônio e Memória/UFF
O Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal Fluminense realizara' o I Festival de Filmes de Pesquisa sobre Patrimônio e Memória da Escravidão Moderna nos dias 24 e 27/11/2008, no Espaço Cultural do Campus do Gragoatá, Bloco O, Niterói. "Historia, Antropologia e escrita audiovisual em Ciências Sociais", "A escravidão africana alem do mundo atlântico", "Patrimônio e espetáculo - o jongo e a memória da escravidão da Serrinha e no Quilombo São Jose'", "Memória da escravidão, cultura negra e política" são temáticas do evento. Mais informações em http://www.historia.uff.br/labhoi.
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g. Simpósio "O Brasil em evidencia: uma utopia do desenvolvimento"/FGV-Rio.
As inscrições para o Simpósio "O Brasil em evidencia: uma utopia do desenvolvimento", que homenageia Josué de Castro, se encerram no dia 17/11. O evento ocorrera' de 24/11 a 9/12, no Auditoria da FGV - Candelária (Rua da Candelária, 6 - Rio de Janeiro). Mais informações em http://www.ebape.fgv.br/novidades/pdf/Programa_seminario_brasil.pdf. ou pelo e-mail obrasilemevidencia@fgv.br
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h. Seminário Nacional de Teoria da Historia e Historiografia/UFPE
A Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ-MEC) e o Programa de pós-graduação em Historia da Universidade Federal de Pernambuco promovem o I Seminário Nacional de Teoria da Historia e Historiografia, cujo tema e' 1968 e a reescrita da Historia. O evento será realizado nos dias 13 e 14/11/2008, no primeiro dia será no auditório térreo do CFCH/UFPE e no segundo será na Sala Calouste Gulbenkian, na Fundação Joaquim Nabuco. As inscrições são gratuitas. Mais informações em http://www.fundaj.gov.br/.
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i. V Encontro Nacional de Historia da UNIT/SE
A Universidade Tiradentes (UNIT) promove o seu V Encontro Nacional de Historia, de tema "A Corte no Brasil: 200 anos de perspectivas historiográficas", a ser realizado de 10 a 14/11/2008. Mais informações em http://encontrodehistoria.blogspot.com/.
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j. I Encontro Paulista Memória, saúde e sociedade/UNIFESP
Estão abertas as inscrições (gratuitas) para o "I Encontro Paulista Memória, Saúde e Sociedade", a ser realizado nos dias 12 e 13/11/2008. O evento pretende discutir as condições de organização e acesso aos acervos documentais na área da Medicina e Saúde. Mais informações em http://proex.epm.br/eventos08/museu/index.html.
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k. A revista Em Tempo de Historias (Programa de pós-graduação em Historia da UnB) recebera' artigos, resenhas, entrevistas para o seu 13o. numero (jul-dez/2008), dossiê de tema Cultura e Poder, ate' dia 15/12/2008. Trabalhos com outras temáticas também serão aceitos. Acesse a revista em: http://www.unb.br/ih/novo_portal/portal_his/revista/index.html.

l. Moscow City Ballet e OSMG
Reconhecida internacionalmente por sua perfeição técnica, a companhia russa Moscow City Ballet apresenta o clássico Quebra-Nozes. 8 e 9 de novembro.

Sábado 21 horas, domingo 17 horas.
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m. O documentário Dia de Descanso (Day of Rest), realizado por Peter Fry em 1969, será exibido pela primeira vez no Brasil, com legendas em português, no dia 6 de novembro, quinta-feira, às 18:30h, no Cineclube FGV.
Em 1969, o antropólogo inglês Peter Fry, com uma câmera na mão e um aparelho de captura de som no ombro, observou e registrou, em Zâmbia, a rotina econômica e religiosa dos imigrantes que fugiram, entre 1957 e 1964, da política racial de regulação territorial da Rodésia do Sul (atual Zimbábue). Três anos antes, Peter Fry pesquisara naquele país para sua tese de doutorado, defendida na University College of London. Essa volta ao campo na África resultou no filme Dia de Descanso (Day of Rest), que tem a duração de 25 minutos.
O Cineclube FGV, promovido pelo CPDOC da Fundação Getulio Vargas, recuperou para exibição a obra, quase quarenta anos mais tarde. Após a projeção, Peter Fry debaterá o filme com a platéia.
Dia de Descanso (Day of Rest)
Quando: 6 de novembro, às 18:30h
Onde: Cineclube FGV - Praia de Botafogo 190, auditório 305
A entrada é gratuita; não é preciso fazer reserva. A FGV não permite o acesso de pessoas com shorts ou bermudas nem com sandálias tipo havaiana.
As sessões do Cineclube FGV podem ser sempre consultadas em:http://www.fgv.br/cpdoc.

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n. O Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais do CPDOC convida para o Ciclo de Palestras O Brasil na História Global nos séculos XIX e XX, a ser ministrado Professor Doutor Leslie Bethell.
As mesas restantes são às quartas-feiras, das 17h às 18:30h, nas seguintes datas:
05.11.2008 - O Brasil e as ideologias políticas
19.11.2008 - O Brasil na política internacional
As palestras serão proferidas na sala 1013 do edifício sede da FGV: Praia de Botafogo, 190. Não é preciso fazer inscrição.