Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

26.12.07

Número 119





EDITORIAL

Final de ano, parece que os acontecimentos deixam de existir. Só se fala em venda de produtos natalinos, presentes e mais presentes, o consumismo cada vez mais exacerbado. E mal acaba o Natal, vamos esperar o Ano Novo. Tem início aquela fase da vida brasileira (apenas nossa?) em que temos de esperar o Carnaval para a vida retomar seu rumo...
De qualquer forma, que todos e todas tenham um bom 2008, são os nossos votos.

No editorial de hoje, posto duas cartas, que me foram enviados por amigos(as). A primeira, atribuída a Ciro Gomes e enviada à atriz Letícia Sabatelli, que se havia posicionado a favor do bispo D. Cappio e sua greve de fome. A segunda, é a resposta de Letícia a Ciro. Na seção Sites e Blogues, há indicação para um artigo com muitos links importantes para ajudar a compreensão do problema da transposição.

De Uberaba, minha amiga Maria de Lourdes enviou
:

Carta de Ciro Gomes a Letícia Sabatelli
Letícia,

Ando meio quieto por estes tempos, mas, ao ver você visitando o bispo em greve de fome no interior da Bahia, pensei que você deveria considerar algumas informações e reflexões. Poderia começar lhe falando de República, democracia, personalismo, messianismo... Mas, sendo você a pessoa especial que é, desnecessário. O projeto de integração de bacias do Rio São Francisco aos rios secos do Nordeste setentrional atingiu, depois de muitos debates e alguns aperfeiçoamentos, uma forma em que é possível afirmar que, ao beneficiar 12 milhões de pessoas da região mais pobre do país, não prejudicará rigorosamente nenhuma pessoa, qualquer que seja o ponto de vista que se queira considerar.
Séria e bem intencionada como você é, Letícia, além de grande artista, peço-lhe paciência para ler os seguintes números: o Rio São Francisco tem uma vazão média de 3.850 metros cúbicos por SEGUNDO (!) e sua vazão mínima é de 1.850 metros cúbicos por SEGUNDO (!). Isto mesmo, a cada segundo de relógio, o Rio despeja no mar este imenso volume de água.
O projeto de integração de bacia, equivocadamente chamado de transposição, pretende retirar do Rio no máximo 63 metros cúbicos por segundo. Na verdade, só se retirará este volume se o rio estiver botando uma cheia, o que acontece numa média de cada cinco anos. Este pequeno volume é suficiente para garantia do abastecimento humano de 12 milhões de pessoas.
O rio tem sido agredido há 500 anos. Só agora começou o programa de sua revitalização, e é o único rio brasileiro com um programa como este graças ao pacto político necessário para viabilizar o projeto de integração.No semi-árido do Nordeste setentrional, onde fui criado, a disponibilidade segura de água hoje é de apenas cerca de 550 metros cúbicos por pessoa, por ANO (!). E a sustentabilidade da vida humana pelos padrões da ONU é de que cada ser humano precisa de, no mínimo, 1.500 metros cúbicos de água por ano. Nosso povo lá, portanto, dispõe de apenas um terço da quantidade de água mínima necessária para sobreviver.
Não por acaso, creia, Letícia, é nesta região o endereço de origem de milhões de famílias partidas pela migração. Converse com os garçons, serventes de pedreiros ou com a maioria dos favelados do Rio e de São Paulo. Eles lhe darão testemunhos muito mais comoventes que o meu.
Tudo que estou lhe dizendo foi apurado em 4 anos de debates populares e discussões técnicas. Só na CNBB fui duas vezes debater o projeto. Apesar de convidado especialmente, o bispo Cappio não foi. Noutro debate por ele solicitado, depois da primeira greve de fome, no palácio do Planalto, ele também não foi. E, numa audiência com o presidente Lula, ele foi, mas disse ao presidente, depois de eu ter apresentado o projeto por mais de uma hora (ele calado o tempo inteiro), que não estava interessado em discutir o projeto, mas "um plano completo para o semi-árido".
As coisas em relação a este assunto estão assim: muitos milhões de pessoas no semi-árido (vá lá ver agora o auge da estiagem) desejam ardorosamente este projeto,esperam por ele há séculos. Alguns poucos milhões concentrados nos estados ribeirinhos ao Rio não o querem. A maioria de muitos milhões de brasileiros fora da região está entre a perplexidade e a desinformação pura e simples. Como se deve proceder numa democracia republicana num caso como este?O conflito de interesses é inerente a uma sociedade tão brutalmente desigual quanto a nossa. Só o amor aos ritos democráticos, a compaixão genuína para entender e respeitar as demandas de todos e procurar equacioná-las com inteligência, respeito, tolerância, diálogo e respeito às instituições coletivas nos salvarão da selvageria que já é grande demais entre nós.
Por mais nobres que sejam seus motivos - e são, no mínimo, equivocados -, o bispo Cappio não tem direito de fazer a Nação de refém de sua ameaça de suicídio. Qualquer vida é preciosa demais para ser usada como termo autoritário, personalista e messiânico de constrangimento à República e a suas legítimas instituições.
Proponho a você, se posso, Letícia: vá ao bispo Cappio, rogue a ele que suspenda seu ato unilateral e que venha, ou mande aquele que lhe aconselha no assunto, fazer um debate num local público do Rio ou de São Paulo. Imagine se um bispo a favor do projeto resolver entrar em greve de fome exigindo a pronta realização do projeto. Quem nós escolheríamos para morrer? Isto evidencia a necessidade urgente deste debate fraterno e respeitoso.
Manda um abraço para os extraordinários e queridos Osmar Prado e Wagner Moura e, por favor, partilhe com eles esta cartinha. Patrícia tem meus telefones.
Um beijo fraterno do
Ciro Gomes


Meu irmão Lúcio me enviou a carta resposta de Letícia Sabatelli:
Caro deputado Ciro Gomes,
Antes de visitar frei Luiz Cappio em Sobradinho, tinha conhecimento desse projeto da transposição de águas do Rio São Francisco, através da imprensa, e de duas conferências sobre o meio ambiente, das quais participei a convite de minha querida amiga, a ministra Marina Silva. Há alguns anos, quieta também, venho escutando pontos de vista diversos de ambientalistas, dos movimentos sociais, de nossa ministra do Meio Ambiente e refletindo junto com o Movimento Humanos Direitos (MHuD), do qual faço parte. Acompanho a luta de povos indígenas e ribeirinhos, sempre tão ameaçados por projetos de grande porte, que visam a destinar grande poder para um pequeno grupo em troca de tanto prejuízo para esses povos, ao nosso patrimônio social, ambiental e cultural.
Acredito que devam existir benefícios com a transposição, mas pergunto, deputado, quem realmente se beneficiará com esta obra: o povo necessitado do semi-arido ou as grandes irrigações agrícolas e indústrias siderúrgicas? Afinal, a maior parte da água (bem comum do povo brasileiro) servirá para a produção agrícola e industrial de exportação e apenas 4% dessa água serão destinados ao consumo humano.
Sabendo do desgaste que historicamente vem sofrendo o rio, necessitado de efetiva revitalização, sabendo do custo elevado de uma obra que atravessará alguns decênios até ser concluída e em se tratando de interferir tão bruscamente no patrimônio ambiental, utilizando recursos públicos, por que razão, em sendo sua excelência deputado federal, este projeto não foi ampla e especificamente discutido e votado no Congresso? Por qual motivo essa obra tão "democrática" foi imposta como a única solução para resolver a questão da seca no semi-árido quando propostas alternativas, que descentralizam o poder sobre as águas, não foram levadas em consideração? No dia 19 de dezembro de 2007, o que presenciei na Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi a insensibilidade do Poder Judiciário, a intransigência do Poder Executivo, e a omissão do Congresso Nacional. Será que não precisamos mesmo falar mais sobre democracia republicana, representativa? Ou melhor, praticar mais? Quanto ao gesto de frei Luiz, sinto que o senhor não age com justiça, quando não reconhece na ação do frei uma profunda nobreza. Sinto muito que o senhor ainda insista em desqualificá-lo. Por tê-lo conhecido e com ele conversado, participado de sua missa na Capela de São Francisco junto aos pobres, pude testemunhar sua alma amorosa e plena de compaixão humana, pastor de uma Igreja que mobiliza e não anestesia, que ajuda a conscientizar e formar cidadãos. Ele vive há mais de trinta anos entre ribeirinhos, indígenas, trabalhadores rurais, quilombolas e é por eles querido e respeitado.
Conhece profundamente as alternativas propostas pelos movimentos sociais, compostos por técnicos e estudiosos que há muitos anos pesquisam o semi-árido. Uma dessas alternativas foi proposta pela Agência Nacional de Águas, com o Atlas do Nordeste, que foi objeto de seu debate com Roberto Malvezzi, da Comissão Pastoral da Terra, cuja honestidade intelectual o senhor publicamente enalteceu em seminário realizado na UFF. Ele mostrou que o projeto da ANA custaria R$ 3,3 bilhões, metade do custo da transposição, beneficiando com água potável 34 milhões de pessoas, abarcando nove estados: então, por que o governo não levou em consideração esta opção mais barata e mais abrangente? Infelizmente, caro deputado, Dom Cappio não exagerou quando decidiu fazer seu jejum e fortalecer suas orações para chamar a atenção de todos à realidade do povo nordestino. O governo do presidente Lula optou por um modelo de desenvolvimento neocolonial que, dando continuidade à tradição de realizar grandes obras para marcar seus mandatos, sacrifica o povo com o custo de seus empreendimentos, enquanto o que esperávamos deste governo era a prática de uma verdadeira democracia.
Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2007



FALANDO DE HISTORIA

1. Em A imagem da mulher feiticeira como expressão da diferença de gênero em Roma: os poemas de Horácio e Ovídio, Semíramis Corsi Silva parte da literatura dos famosos poetas romanos para identificar as funções sócio-culturais da magia e da feitiçaria na transição entre a República e o Império Romano. A autora mostra como estes poemas, escritos e lidos por homens romanos, foram elaborados como formas de veiculação moral de valores estabelecidos sobre a condição feminina para os próprios homens, destacando a construção de uma identidade masculina viril, racional e guerreira em oposição à imagem da natureza supostamente descontrolada das mulheres.

2. Francis Albert Cotta, em seu artigo Milícias negras na América Portuguesa: defesa territorial, manutenção da ordem e mobilidade social apresenta o surgimento e o crescimento da importância da participação militar de negros e mulatos nas guerras travadas por Portugal no mundo atlântico para depois de debruçar na atuação das milícias negras na região das Minas Gerais. O autor mostra como as parcelas menos favorecidas da população se inseriam nos corpos militares objetivando a ascensão social ou a resistência ao escravismo reinante, bem como as próprias estratégias militares do período foram transformadas pelas experiências prévias dos novos soldados africanos.
Leia os dois artigos em
http://www.klepsidra.net/novaklepsidra.html



BRASIL

O ano em que a imprensa sentiu o clima
Por Luciano Martins Costa em 25/12/2007 (do Observatório da Imprensa)

Este foi o ano em que a imprensa descobriu o meio ambiente. Por conta do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, na sigla em inglês), divulgado em fevereiro, os jornalistas se viram colocados diante da constatação científica, com quase 100% de certeza, de que o ser humano é responsável pelas mudanças climáticas que podem custar o futuro da humanidade. No rastro da questão ambiental, a mídia se aproximou do tema sustentabilidade, e tivemos nos últimos meses um crescimento no número de iniciativas editoriais nesse sentido.
Bons produtos foram colocados à disposição dos leitores e muito dinheiro entrou nos cofres das empresas de comunicação, por conta do interesse de grandes companhias de vincular suas marcas às preocupações com a salvação do planeta. Tivemos cadernos especiais, revistas gordas de anúncios falando da Amazônia, de empresas verdes e empresários motivados pela mais ferrenha responsabilidade socioambiental.
Mas a realidade não mudou. A imprensa não tomou uma posição firme na cobrança dos governantes e do capital globalizado por uma mudança nas políticas públicas e nos paradigmas econômicos, e chegamos a dezembro com índices ainda mais vergonhosos de destruição do meio ambiente.
Congestionamento final
Multidões se acotovelam nas lojas em busca de seus sonhos de consumo, num Natal aquecido por combustíveis poluidores e pela lenha das florestas. No Brasil, o governo comemora um aumento de 11% na arrecadação, e apesar de haver perdido uma receita de 40 bilhões de reais por ano, segue tocando um dos mais ambiciosos projetos de obras já produzido no país – o Plano de Aceleração do Crescimento. O Brasil precisa dessas obras, mas a mídia não questiona que garantias cada uma delas oferece de que o meio ambiente será preservado, ou de que elas representam uma estratégia sustentável de desenvolvimento.
Nesse sentido, o Brasil de 2007 pouco se diferencia do Brasil de 1970, com a importante ressalva de que, hoje, vivemos formalmente numa das democracias mais avançadas entre os países em desenvolvimento. Em termos institucionais, com todas as falhas que o Estado brasileiro possa ter, temos democracia para dar e vender a russos, chineses, indianos e sul-africanos. Mas tendemos perigosamente a recriar a ideologia do "Brasil grande" dos tempos do regime militar, sob os aplausos da imprensa.
Na semana passada, o presidente Lula celebrava o reaquecimento da indústria automobilística, quando uma única empresa anunciou a criação de mil empregos no ABC paulista. São licenciados em São Paulo 700 veículos por dia. Nascem na cidade 500 crianças por dia. "Nasce" mais carro do que gente.
Há cerca de um mês, o urbanista Cândido Malta Campos Filho dizia, no programa Domingo Espetacular, da TV Record, que, pela equação atual, São Paulo vai parar no dia 14 de novembro de 2012, com um congestionamento de 500 quilômetros provocado pelo excesso de veículos.
Cândido Malta sabe o que diz. Em mais de 30 anos em cargos importantes do planejamento urbano, ele e seus contemporâneos ajudaram a construir, com políticas públicas equivocadas ou por omissão, o caos que agora denunciam. Talvez ele pudesse publicar neste Observatório um artigo esclarecendo o que mudou em sua visão desde 1978, quando propôs a construção de passarelas sobre o Vale do Anhangabaú, em São Paulo, confinando os pedestres e abrindo espaço para os carros.
O estímulo às soluções individuais em detrimento do transporte coletivo deu no que deu. Isso se chama insustentabilidade. Mas a imprensa ainda celebra números de crescimento, sem atentar para os efeitos colaterais que muitos deles produzem – e que podem inviabilizar nossas grandes cidades e produzir lá adiante um grande congestionamento econômico e social.
Sociedade de consumo
O modelo agrícola vinculado à produção de biocombustíveis, as matrizes de energia definidas hoje, os modais de transporte projetados para as próximas décadas – tudo isso são oportunidades para a construção de um país moderno e ao mesmo tempo comprometido com a preservação do patrimônio de qualidade de vida que precisa ser legado às futuras gerações. Mas não é isso que está acontecendo.
Em geral, nas questões que vão a público, as contestações de grupos dissidentes são apontadas pela mídia como retrocesso, quando se dirigem contra os interesses das grandes empresas. Veja-se, por exemplo, o caso da soja transgênica: desde o primeiro protesto dos movimentos de agricultores e ambientalistas contra a disseminação das sementes manipuladas pela Monsanto, a imprensa se colocou claramente a favor da "inovação". Em parte porque os protestos eram liderados por movimentos populares considerados radicais, como o MST, em parte porque viceja nas redações um natural deslumbramento com novidades tecnológicas sem muitas exigências quanto ao fundamento científico. A imprensa é "novidadeira", o que é diferente de ser inovadora.
Pois bem. Encerra-se o ano de 2007 com a revelação de que a soja transgênica terá para os agricultores um aumento de custo quase 100% superior ao aumento sofrido pelos produtores da soja natural. Ou seja: além dos riscos ambientais apontados por especialistas desde que começou a polêmica, temos a constatação de que a soja transgênica só é boa para a Monsanto.
Esse é apenas um exemplo de como escolhas editoriais que não levam em conta a amplitude dos elementos suscitados pelos fatos podem se revelar desastrosas. A imprensa passou décadas elogiando prefeitos e governadores que construíam viadutos e vias expressas para os automóveis. A sociedade do automóvel está próxima do colapso. A imprensa embarcou nos delírios de grandeza econômica e cobrou crescimento a qualquer custo. O modelo econômico avança para o esgotamento dos recursos naturais, sob a pressão dos enormes contingentes de cidadãos que exigem sua inclusão na sociedade de consumo.
A imprensa chamou de "ecochatos" aqueles que vislubraram o desastre com décadas de antecedência. O desastre está aí.

2.
HISTÓRIAS ESCONDIDAS
A falta que a curiosidade faz
Por Rolf Kuntz em 25/12/2007 (Do Observatório da Imprensa)
Três dos quatro maiores jornais deram manchete com o furto de duas telas, uma de Picasso, outra de Portinari, facilmente levadas do Masp, o Museu de Arte de São Paulo. Era uma boa história, pelo nome dos artistas, pelo valor das obras – calculado em 55,5 milhões de dólares – e pelos detalhes grotescos, como o alarme desligado. Pode ter sido uma boa escolha, mas os critérios de seleção de manchetes andam um tanto misteriosos. Na mesma semana, um editor mais atento havia notado um fato inquietante: em menos de um mês, montadoras fizeram recalls de 97.560 automóveis. Qualquer título poderia honestamente arredondar o número ou mencionar "quase 100 mil". Mas o maior destaque foi uma chamadinha de uma coluna, publicada na quarta-feira (19/12) na primeira página do Estado de S.Paulo.
Só a matéria do Estado, editada no caderno de Economia, chamou a atenção para o total acumulado no mês. O Globo deu, também no caderno econômico, uma reportagem sobre o último recall, o da Citröen, e mencionou alguns casos anteriores, mas sem chamar a atenção para o acúmulo de casos.
Recalls têm sido comuns tanto no Brasil quanto noutros países e nem sempre são motivados por problemas menores. Na semana passada, por exemplo, a Renault havia chamado os proprietários de 10.534 carros Logan por causa de possíveis problemas na caixa de direção. Eram problemas de segurança e poderiam resultar em mortes. Que diabo estaria ocorrendo com os carros vendidos no Brasil?
Informação rotineira
Algumas notícias mencionaram essa pergunta, mas o assunto, apesar dos quase 100 mil casos em apenas três semanas, foi tratado como noticiário rotineiro, como se automóveis defeituosos fossem menos perigosos que brinquedos chineses com excesso de chumbo ou peças soltas. Naquela quarta-feira (19), a principal matéria de capa da maior parte dos grandes jornais foi o ágio no leilão dos serviços de telefonia de terceira geração. Talvez o recall de quase 100 mil veículos em dezembro não valesse manchete, mas não teria merecido um pouco mais de atenção e destaque?
Talvez se justifique a mesma dúvida em relação ao trabalho escravo ou em condições parecidas com as da escravidão. Também no dia 19 o Valor noticiou na página de Agronegócios, no fim do caderno Empresas, a adição de cinco agroindústrias à lista suja elaborada pelo Ministério do Trabalho. Essas empresas, segundo o jornal, "atuam em carros-chefes do campo: álcool e açúcar, lácteos, carne bovina e setor madeireiro".
A nova lista, divulgada no dia 18, tem 189 nomes de pessoas físicas e jurídicas. Há 14 nomes a mais do que na lista anterior, divulgada seis meses antes.
Também esse tema tem sido tratado quase como informação rotineira – e nem sempre os editores se dispõem a dedicar-lhe mesmo um pequeno espaço. As poucas notícias têm um tratamento burocrático e são menos detalhadas que o material diário sobre o movimento das bolsas de valores.
"Vigilância ostensiva"
Desde 1995, de acordo com a mesma notícia, mais de 26 mil trabalhadores foram resgatados de situações análogas à escravidão. Se o leitor quiser saber, no entanto, quantos empresários foram presos, ficará no escuro. Não saberá sequer se algum criminoso, mandante ou mandado, foi parar na cadeia.
Repórteres não têm curiosidade sobre isso? E seus chefes de reportagem, seus editores? Reduzir alguém a uma condição análoga à de escravo é crime definido no Código Penal, no artigo 149. O castigo previsto é reclusão de dois a oito anos e multa, além da pena correspondente à violência.
As mesmas penas valem para quem "cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho" ou "mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos de uso pessoal do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho".
Não é pouca coisa.



NUESTRA AMERICA

A CONSTITUIÇÃO DE ORURO
1. Seleção para bolsistas/FCRB -
A Fundação Casa de Rui Barbosa está com inscrições abertas ate' 28/1/2008 para processo seletivo nas categorias de doutor Junior, mestre, graduado, iniciação cientifica e desenvolvimento tecnológico, nas áreas de Ciências Humanas, Biblioteconomia, Museologia e Arquivologia. Mais informações em www.casaderuibarbosa.gov.br.
2. Concurso de monografia do Arquivo da Cidade Premio Afonso Carlos Marques dos SantosO projeto Concurso de Monografia Arquivo da Cidade/Premio Afonso Carlos Marques dos Santos tem como finalidade selecionar um estudo que tome o Rio de Janeiro como tema, quer enfocando o passado da cidade, na linha do resgate histórico, quer tratando de nossa historia mais recente, fornecendo analises e discussões sobre o Rio contemporâneo. Podem ser inscritos trabalhos nas áreas de historia, geografia, antropologia, arquitetura, urbanismo, saúde e cultura em geral, desde que entre as fontes consultadas figurem documentos iconográficos,manuscritos ou impressos pertencentes ao acervo do Arquivo da Cidade. Estão aptos a participar do concurso, com trabalho único, portadores de diplomas de nível superior. Somente será admitido trabalho inédito, redigido em língua portuguesa. As monografias e respectivos documentos deverão ser entregues ate' 30/4/2008, ao Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Mais informações em www.rio.rj.gov.br/arquivo

LIVROS E REVISTAS

1.

Ciência Hoje: 25 anos
A revista Ciência Hoje completa neste ano 25 anos de existência ininterrupta – um marco na história científica do país. O projeto da revista resultou da decisão de um grupo de cientistas de enfrentar o desafio de tornar a ciência um patrimônio cultural comum, através da divulgação científica e da busca da democratização do conhecimento. No editorial da CH de dezembro, Renato Lessa, presidente do Instituto Ciência Hoje, destaca o importante papel cumprido pela CH nos últimos 25 anos e aponta os principais desafios da revista para o futuro.


2.
Revista Fórum nº 57
Uma entrevista especial com um dos maiores defensores da reforma agrária e da causa indígena no Brasil, Dom Pedro Casaldáliga.
Iquique: 100 anos do massacre de operários relegado pela história.
A invisibilidade da Aids, o Fórum Social de Moçambique, a luta das rádios comunitárias diante do padrão digital e uma entrevista com Luiz Marinho completam a edição.

3. A revista Estudos Históricos, publicação do Centro de Pesquisas e Documentação de Historia Contemporânea do Brasil esta' recebendo ate' 30/12/2007 artigos para compor seu dossiê sobre "Ensino de Historia e historiografia". Mais informações pelo e-mail: eh@fgv.br.

4. A revista Leitura: Teoria & Pratica, esta' recebendo artigos, entrevistas e resenhas para compor seu próximo numero. Mais informações em www.alb.com.br.

5. Foi lançado o volume 15 n.º 2 de 2007 da revista Estudos Feministas. Mais informações pelo e-mail: ref@cfh.ufsc.br.
SITES E BLOGUES

1. Acabou o jejum de dom Luiz Cappio. Mas não deveriam acabar, também, todas as reflexões e ponderações que ele suscitou. O Tamos com Raiva mergulhou a fundo no projeto do governo Lula para canalizar as águas do Velho Chico e concluiu que precisamos de mais garantias e de repensar novas alternativas, antes de incorrer em prejuízos irreversíveis para o meio-ambiente. O artigo desta semana traz links para o Relatório de Impacto Ambiental do Ministério da Integração Nacional, para a carta do frade franciscano que vive há vários anos na beira do rio, para vários artigos publicados por especialistas. É um bom resumo de tudo o que foi ponderado sobre essa polêmica questão desde 1985.
Leia em www.tamoscomraiva. blogger.com. br

2. Novo periódico on line - Veredas da História
A revista Veredas da História (ISSN 1982-4238), periódico on-line voltado para publicação da produção de discentes em História (da graduação ao doutorado), divulga chamada para publicação de trabalhos em sua primeira edição (março/08), sendo que os artigos encaminhados devem adequar-se à temática "História e Relações de Poder". O prazo limite para a entrega dos trabalhos é 11/02/2008.As regras de formatação e apresentação podem ser acessadas em: www.veredasdahistoria.com


INFORME ANPUH

Associação Nacional de História A entidade profissional dos historiadores brasileiros

INFORME ANPUH - dezembro 2007

1. Congressos, Simpósios e Eventos

XIX Encontro Regional – ANPUH – SÃO PAULO
Poder, violência e exclusão
1 a 5 de setembro de 2008
Local: FFLCH da USP – (Cidade Universitária/campus Butantã)
2ª CHAMADA - Inscrições de propostas de Seminários Temáticos e de Minicursos: de 01 DE FEVEREIRO A 10 DE MARÇO DE 2008
Informações sobre procedimentos de inscrições disponíveis no site www.anpuhsp.org.br

2. Exposições

O Centro de Documentação e Pesquisa Histórica – CDPH – UEL convida para as exposições:

Roma Antiga - a história não é uma rua de mão única
Coleção de dez painéis elaborados para o ensino de História Antiga
e guia de trabalho para o professor
Homenagem a Claudiomar dos Reis Gonçalves
CDPH - TÉRREO DO IRCH - CENTRO DE LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
Universidade Estadual de Londrina, Paraná
Até 31 de março de 2008
Informações:
www.uel.br/cch/cdph
cdph@uel.br

Exposição virtual Re(de)genere
“Re(de)genere” - desenvolvida por Guilherme Baracat, é a versão virtual da exposição Re (de) genere e disponibiliza fotos das obras e da exposição “Arte Degenerada”, o filme e fotos da instalação “Re(de)genere”, notícias relacionadas, material de divulgação e a videoarte homônima que recebeu menção honrosa na 9ª. Mostra Londrina de Cinema.
Informações:
CDPH
www.uel.br/cch/cdph
3371-4825
cdph@uel.br
Associação Livre
www.associacaolivre.com
3026 5037 e 91130411
contato@associacaolivre.com

3. Lançamentos de revistas e chamadas de artigos

a) Revista Anos 90– PPG em História da UFRGS
Lançado o volume 13, ns. 23/24, da revista Anos 90, do PPG em História da UFRGS, com um dossiê alusivo aos 20 anos de fundação do Programa, comemorados em 2006. Compõem a revista os seguintes artigos e resenhas: “Docência e orientação no Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: uma trajetória” (Helga Iracema Landgraf Piccolo); “A Pós-Graduação em História: novas e velhas questões” (Sílvia Regina Ferraz Petersen); “Cultura e representações, uma trajetória” (Sandra Jatahy Pesavento); “De doutor a professor, a história de um iatrocídio (ou “Do primeiro pós-graduação ninguém esquece!”), 1986- 1990” (Cesar Guazzelli); “A trajetória do Núcleo de Pesquisa em História do IFCH/UFRGS” (Lizete Oliveira Kummer); “Os desafios atuais da história do trabalho” (Claudio H. M. Batalha); “Como é possível continuar escrevendo história política?” (René E. Gertz); “A miragem da unidade histórica” (Sabina Loriga); “Apologies to Thucydides: Hume, Hobbes & Cia” (Francisco Murari Pires); “Institutos de estudos econômicos de organizações empresariais e sua relação com o Estado em perspectiva comparada: Argentina e Brasil, 1961- 1996” (Hernán Ramírez); “Identidade e trabalho: considerações sobre as relações identitárias no mundo do trabalho porto-alegrense (1896-1920)” (Isabel Bilhão); “A política externa de Reagan e a redemocratização da América Latina (1981-1988)” (Marcos Paulo Tonial); “O positivismo na abordagem da recente historiografia gaúcha” (Paulo Pezat); “Quem somos nós, loucos!? Um ensaio sobre limites e possibilidades da reconstituição histórica de trajetórias de vida de pessoas internas como loucas” (Yonissa Marmitt Wadi); “O conceito de República nos primeiros anos do Império: a semântica histórica como um campo de investigação das idéias políticas” (Silvia Carla Pereira de Brito Fonseca); resenha do livro ELEY, Geoff. Forjando a democracia – a história da esquerda na Europa, 1850-2000 (Alberto Aggio) e resenha do livro FEITOSA, Lourdes Conde. Amor e sexualidade: o masculino e o feminino em grafites de Pompéia (Maria Aparecida de Oliveira Silva).

2. No ar a edição nº 27 de Klepsidra - Revista Virtual de História
Nesta edição:
"A imagem da mulher feiticeira como expressão da diferença de gênero em Roma: os poemas de Horácio e Ovídio" (Semíramis Corsi Silva); "Milícias negras na América Portuguesa: defesa territorial, manutenção da ordem e mobilidade social" (Francis Albert Cotta); "A política historiográfica paraibana - 1930/1945: seqüência ou rompimento?" (Luciano B. Agra Filho); "A Guerra de Secessão" (Antônio Carlos Prestes Rodrigues); "A Companhia das Vinhas do Alto Douro - antecedentes, ação e conseqüências de uma ação da Economia Política Pombalina" (Paulo Reis Mourão, Universidade do Minho, Portugal) "Estado de Natureza - do conceito de Hobbes ao de Locke: um debate de idéias" (Camila Rodrigues);"Alice na crise dos 'ismos': um diálogo histórico-literário" (Alex da Silva Mártir).
www.klepsidra.net

3. Lançada a Revista de História da Biblioteca Nacional (RBHN), n.27, dezembro 2007.
Essa edição traz como matéria de capa as comunidades quilombolas, analisadas em artigos de João José Reis, Flávio Gomes, Antonio Liberac C. S. Pires, Rômulo Luiz Xavier do Nascimento e Lorenzo Aldé. Analisa também a Operação Bandeirante (Mariana Joffily) e o ensino de História em escolas e cursinhos (Thais Nivia de Lima e Fonseca), além de vários outros artigos e comentários.

4. Chamada de Artigos
Sæculum - Revista de História - n. 18 (2008.1)
Departamento de História e pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba (DH/PPGH/CCHLA/UFPB)
Dossiê: História e Oralidades
Prazo Final para o envio de trabalhos: 30 de janeiro de 2008
Os trabalhos devem ser enviados em CD-ROM (compatível com padrão IBM PC), seguindo as normas editoriais disponíveis no sítio eletrônico da revista ( http://www.cchla.ufpb.br/saeculum/), além de duas cópias impressas para:
Comissão de Editoração - Sæculum - Revista de História
Programa de Pós-Graduação em História -Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - Universidade Federal da Paraíba
Conjunto Humanístico - Bloco V -Campus I - Cidade Universitária
Castelo Branco - João Pessoa - PB
CEP 58.051-970 - Brasil
Informações:
saeculum@cchla.ufpb.br
http://www.cchla.ufpb.br/saeculum/
http://www.cchla.ufpb.br/ppgh/

4. Lançamentos de livros

1. Coleção As Esquerdas no Brasil
A formação das tradições (1889-1945)
Nacionalismo e reformismo radical (1945-1964)
Revolução e democracia (1964-...)
Alexandre Hecker, Dainis Karepovs, Edilene Toledo, Francisco Alambert, Hélio da Costa, Jean Rodrigues Sales, João Roberto Martins Filho, Jorge Luis da Silva Grespan, José Castilho Marques Neto, Joseli Maria Nunes Mendonça, Marcelo Ridenti, Marcos del Roio, Marcos Napolitano, Margareth Rago, Maria Lygia Quartim de Moraes, Rosa Maria Marques e Yara Aun Khoury.
Editora Civilização Brasileira

2. Identidade nacional e modernidade brasileira- o diálogo entre Silvio Romero, Euclides da Cunha, Câmara Cascudo e Gilberto Freyre
Ricardo Luiz de Souza.
Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2007

3. O Ensino de História: trajetórias em movimento
Nauk Maria de Jesus, Osvaldo Mariotto Cerezer e Renilson Rosa Ribeiro (orgs.)
Editora da UNEMAT (Universidade do Estado de Mato Grosso)
Contato: Renilson Rosa Ribeiro - rrrenilson@yahoo.com

4. Ensino de História: sujeitos, saberes e práticasAna Maria Monteiro, Arlette M. Gasparello e Marcelo Magalhães (orgs.)Mauad Editora/ Faperj
Professores de História entre saberes e práticas
Ana Maria Monteiro
Mauad Editora/ Faperj

5. Mensagem

INFORME ANPUH deseja a todos os seus leitores um ótimo Natal e um Ano Novo cheio de conquistas e almeja, em 2008, divulgar cada vez mais os eventos, publicações e novidades de nossa área.

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