Boletim Mineiro de História

Boletim atualizado todas as quartas-feiras, objetiva trazer temas para discussão, informar sobre concursos, publicações de livros e revistas. Aceita-se contribuições, desde que versem sobre temas históricos. É um espaço plural, aberto a todas as opiniões desde que não contenham discriminações, racismo ou incitamentos ilegais. Os artigos assinados são de responsabilidade única de seus autores e não refletem o pensamento do autor do Boletim.

24.2.09

Número 177




Volto ao assunto abordado no número passado do Boletim, com mais um artigo a respeito do já famoso zero tirado por professores em São Paulo. Gabriel Perissé, no Observatório da Imprensa, tece mais alguns comentários significativos a respeito. E, já que o carnaval acabou, que tal você, leitor, leitora, arregaçar as mangas e comentar sobre este assunto?

Outro tema nos chama a atenção nesta semana. O jornal Folha de São Paulo publicou um editorial semana passada em que, de forma inexplicável (ou será explicável....?) afirmou com todas as letras que o período militar no Brasil teria sido uma “ditabranda”. Isso motivou uma série de protestos, inclusive da Associação Brasileira de Imprensa, conforme se pode ver no blog da minha amiga Conceição Oliveira (recomendado na seção Navegar é preciso). Mas ontem, terça de carnaval, minha amiga Ana Cláudia, emérita colaboradora deste Boletim (apesar de andar meio sumida nos últimos meses...) me enviou mais material para colocar lenha na fogueira. A colaboração dela está logo após o artigo do Perissé.
Muitos livros e revistas aparecem nas sugestões, assim como indicações de sites e blogues com matérias relevantes. E notícias há muitas também!
Bom proveito!

O temporário e o precário
Por Gabriel Perissé em 17/2/2009
O clima na rede pública de ensino do estado de São Paulo estava ruim no segundo semestre de 2008. Começou pior em 2009. A famosa "provinha" de que tanto se tem falado poderá nos ajudar a entender o que está acontecendo... ou o que não está acontecendo!
"Provinha" não é tratamento afetivo. O diminutivo decorre do que tem de mesquinha aos olhos de muitos professores. Essa "prova de habilitação" (seu nome oficial) estava prevista pela Resolução 69/2008, da Secretaria de Educação, como parte importante na classificação dos chamados "professores temporários" da rede estadual. Vale lembrar: dos 230 mil docentes da rede, 100 mil são temporários, isto é, não-concursados.
A temporariedade desse vínculo é de no máximo 12 meses. Temporariedade que se une à precariedade. A cada ano letivo, esses 100 mil recomeçam do zero, precisam "pegar" aulas, ou "sobras" de aulas, em escolas diferentes. Um professor ACT (Admitido em Caráter Temporário) pode dar três aulas numa escola, quatro em outra, duas em outra. Não há continuidade. Não há segurança. Problemático exigir compromisso e entusiasmo dos docentes numa situação dessas, que beira a indecência.
Sonho da terceirização?
A premissa com que a Secretaria de Educação trabalha é que boa parte dos professores concursados está acomodada, não produz, não colabora, e que muitos dos temporários já atrapalharam por demasiado tempo... A "provinha" poderia atrair novos talentos, sangue novo para a rede. A avaliação foi obrigatória para os 100 mil professores ACT e para quem estivesse interessado em ingressar na carreira... sempre temporariamente, sempre precariamente. O número de novos inscritos impressiona (mas não muito): outros 114 mil professores prestaram o exame no dia 17 de dezembro de 2008.
No último dia 10 de fevereiro, saíram os resultados. Dos 214 mil professores, apenas 111 acertaram todas as questões, e 3 mil receberam nota zero. Desses 3 mil, metade já atuava na rede. Cerca de 45 mil professores, dos 100 mil temporários que lecionaram em 2008, seriam substituídos por outros, com notas melhores. Foi quando a Apeoesp (Sindicato dos Professores de São Paulo) entrou na Justiça. A "provinha", por enquanto, está sob suspeita por uma série de razões: desorganização em sua aplicação, vazamento de gabarito, erros na divulgação dos resultados.
Essa prova, também ela preparada e aplicada de modo apressado e precário, adia uma decisão que caberia ao governo de São Paulo já ter tomado. Parece que a secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, e o governador José Serra não querem tão cedo novas e melhores contratações. Permanecem no temporário. Não abrem inscrições para novo concurso. (Sonham talvez com a terceirização dos professores, delegando a alguma empresa a tarefa de selecionar e contratar?)
O "emergencial" virou "rotina"
Parece, igualmente, que a mídia começa a perceber outras dimensões do problema, ocultadas pelo discurso oficial do PSDB paulista, há 13 anos no governo. Em entrevista à Folha de S.Paulo, no dia 13 de fevereiro, a professora Maria Isabel de Almeida, da Faculdade de Educação da USP, explica com toda a clareza:

"Lá pelos anos 1970, chamava-se o professor temporário de `precário´. Mudou o nome, mas a precariedade ficou. [...] Desapareceu a figura do professor `da´ escola estadual, aquele profissional que conhecia todos os alunos, acompanhava-os ao longo dos anos, sabia identificar os irmãos e familiares, a vizinhança, participava daquela comunidade. A rotatividade anual faz com que o professor esteja sempre na situação de `forasteiro´. [...] Isso gera uma situação de esgarçamento da relação do professor com sua carreira. Professores mais bem formados não são atraídos para dar aulas; a classe média foge. Essas dezenas de milhares de vagas temporárias, portanto, serão preenchidas por indivíduos das classes populares sem outra opção profissional, como uma alternativa ao desemprego. [...] A tal prova conseguiria apenas classificar a fina flor do lúmpen-professorado. Alguém acredita que isso resolveria o drama de professores mal preparados, fragilizados, desmotivados?"
Manter 100 mil professores em caráter temporário não ajudará a melhorar o nível da educação em São Paulo. E olha que a maioria desses profissionais, apesar das precárias condições de trabalho, faz o melhor possível. Novos temporários não salvarão o sistema, que haverá de esmagá-los depois, como tem esmagado os antigos. Ana Aranha, na revista Época (nº 561), põe o dedo na chaga: "O que era para ser emergencial – enquanto não se faziam concursos para aumentar o quadro de professores – acabou virando rotina." Não há política educacional que se mantenha em pé.
"Defeitos em demasia"
No final da entrevista da Folha, indica-se que as provas aplicadas aos professores temporários estão no site da Folha Online. A elas voltaremos.
Por ora, vale a pena frisar que a entrevista da profª. Maria Isabel contrasta com o editorial que a mesma Folha publicara dois dias antes, em 11 de fevereiro. Um contraste, no entanto, menos forte, se lermos com atenção:
"O contingente dos nota-zero representa só 1,5% do universo de 100 mil temporários – necessários para completar o quadro, dada a carência de profissionais concursados –, num corpo docente de 230 mil. Trata-se, porém, da famigerada ponta do iceberg: estimativa preliminar indica que 50% não obtiveram nem nota cinco. Poucos acreditam que a situação entre os 130 mil concursados seja muito melhor.
Tal retrato medonho da educação no estado mais desenvolvido do país motivou nova queda-de-braço entre a Secretaria da Educação, que mal ou bem busca enfrentar a questão da qualidade no ensino, e o sindicato dos professores (Apeoesp), sempre pronto à mais retrógrada defesa dos interesses menores da corporação. Uma tragédia de erros.
Estudantes e suas famílias saem perdendo, para variar. O único efeito da avaliação dos temporários até agora foi o adiamento das aulas, pois uma liminar obtida pela Apeoesp suspendeu os efeitos da prova, que tinha defeitos em demasia, registre-se."

Esse tímido "mal ou bem" em referência à gestão da Secretária da Educação e admitir que houve "defeitos em demasia" já são um bom sinal. São outras pontas de outros icebergs a investigar.
Direito a escolher duas disciplinas
Até mesmo Gilberto Dimenstein, não obstante sua conhecida visão da educação, poderá nos ajudar a contextualizar a "provinha". Os trechos abaixo são da matéria "Repitam a escola e os políticos. Não o aluno", de 15 de fevereiro:
"Pela primeira vez o país teve uma noção mais precisa sobre a qualidade dos profissionais que estão em sala de aula, depois de revelado o resultado do teste inusitado aplicado entre 214 mil professores paulistas. Aproximadamente 40% tirou nota abaixo de cinco, ou seja, 96 mil professores, dos quais metade não chegou à nota três.
[...] Políticas públicas mudam ao sabor dos prefeitos e governadores ou de seus secretários. O que vimos, na semana passada, é que o despreparo é maior do que imaginávamos. Perceba que estamos falando aqui do Estado mais rico do país.
[...] Puxando o fio a partir da prova, em que, segundo as listas, 3.500 tiraram zero e apenas 111 (0,05%), a nota máxima, vemos a cadeia de vulnerabilidades. Já que dar aula em escola pública, especialmente nas grandes cidades e regiões metropolitanas e, mais especialmente ainda em suas periferias, não é exatamente das atividades mais atrativas — existe uma dificuldade imensa de atrair talentos. Todo o resto é apenas conseqüência, a começar dos cursos para formação de docentes
."
Já se vê que a precariedade do ensino paulista só se explicará com uma análise mais ampla. Testes de múltipla escolha são insuficientes. E lançar-se, o governo, numa briga contra o sindicato aumentará o abismo que separa os docentes e seus "patrões".
Cada prova era composta por 25 questões. Somente ingressaria ou continuaria na rede como ACT quem participasse da avaliação. A prova baseou-se na Proposta Curricular do Estado (para Ensino Fundamental Ciclo II e Ensino Médio), implantada pela Secretaria em 2008. Cada participante tinha direito a escolher até duas disciplinas. Eu escolheria Língua Portuguesa e História.
Erro de concordância
Em que medida acertar essas questões demonstra que estou apto a ser professor temporário? O que a prova exige do docente, em termos de conhecimento, cultura, criatividade e experiência?
Eis a questão número 3 da prova de História:

"A perspectiva de processo de ensino-aprendizagem adotada pela Proposta Curricular de História do Estado de São Paulo permite afirmar que:
a) A missão de formar cidadãos compete direta e exclusivamente ao (à) professor (a) de História e à escola, em seu conjunto.
b) O docente de História deve acolher disputas ideológicas no âmbito de suas aulas, não sendo descartada a doutrinação como mecanismo de ensino.
c) O foco principal do processo educacional é o `ensinar´, já que o `aprender´ é da responsabilidade do aluno, em primeiro lugar, e da família, em segundo.
d) No ensino de História, a leitura e a pesquisa em livros, inclusive o didático, são facultativas, uma vez que a curiosidade sobre o passado, por si só, atrai o interesse dos estudantes.
e) O ensino de História convoca a bagagem cultural do aluno, volta-se para o estudo e análise de documentos, estimula a pesquisa no livro didático e em outras fontes, bem como a leitura."

E então, qual a resposta certa? Bastaria ter lido a Proposta Curricular correspondente, e perdoar a quem cometeu o pequeno erro de concordância:

"Sobre a missão de formar cidadãos, convém lembrar que essa missão não compete, direta e exclusivamente, ao(à) professor(a) de História e nem à escola, em seu conjunto, já que as bases dessa formação são trazidas à sala de aula pelos alunos, armazenadas nos espaços sociais que eles freqüentam, em especial a família. É claro que os docentes, inclusive os de História, devem participar de maneira ativa do processo de percepção e formação dos valores constituintes da cidadania, mas isso não significa que deva (sic) abdicar de suas funções de docência, deixando de ensinar sua disciplina e produzir conhecimento sobre ela."
Quem é bom e quem é ruim
Convém lembrar: a resposta a está descartada de antemão. O professor de História deve pensar duas vezes antes de querer "doutrinar" seus alunos (o que descarta também a resposta b). Sobram três possibilidades. A resposta c, mal redigida (de propósito?) deixa margem a algumas dúvidas. A família deve "aprender"? Seja descartada também. A resposta d não faz sentido, embora, na prática, leitura e pesquisa se tornem muitas vezes facultativas!
Resta-nos a letra e. Uma resposta padronizada, simplificada, doutrinadora, que poderia valer para qualquer outra disciplina: Língua Portuguesa, Filosofia, Matemática, Física, Sociologia...
No Estado de S. Paulo, dia 11 de fevereiro, a secretária de Educação escreveu:
"É claro que o professor é protagonista em todo esse processo. É fundamental valorizar o educador, a pessoa que dia-a-dia dedica-se ao ensino. Mas é preciso separar os bons dos ruins. O aluno vem primeiro."
A "provinha" julgará quem é bom e quem é ruim. O ruim, provavelmente, está em sintonia com a Apeoesp, e certamente é aquele tipo de professor que não gosta de aplicar testes de múltipla escolha (ou de única escolha, na verdade!). Tal professor deve ser lançado fora.
Um ótimo lugar para roubar
O curioso, para não perder de vista a Proposta Curricular, é que, num dado momento do texto, os mentores do ensino estadual condenam o maniqueísmo praticado pelos "outros":
"Não se pode esquecer que a produção de conhecimentos exige compromissos de ordem cultural, social e política, o que impede qualquer chance de neutralidade, complicando um pouco mais as coisas para o professor de História. [...] Entretanto, nada disso significa que as aulas de História devam transformar-se em espaço para exercício de militância partidária ou de raciocínio limitado à oposição estreita e maniqueísta entre bons e maus."
O papel da Secretaria da Educação, mais do que aventurar-se em preparar provinhas ou provões, é regularizar quanto antes a situação dos temporários e tornar menos precária a situação dos professores. Poderia inspirar-se, por exemplo, numa ação pequena, mas significativa, que o Distrito Federal e o governo do Rio de Janeiro adotaram neste começo de ano: adquirir microfones a serem usados pelos docentes em sala de aula. Dar voz aos professores, se realmente eles são protagonistas.
Ou então devemos assumir esse tal de maniqueísmo, "na boa", e separar todos os ruins dos bons! Torcer por uma Lei da Responsabilidade Educacional que analise o que fazem ou deixam de fazer pela educação políticos eleitos para "administrar e zelar pelo bem comum", conforme nos explica Gustavo Ioschpe. Aliás, o economista Ioschpe (mesmo com todo o maniqueísmo que costuma exercitar contra os professores), talvez esteja começando a compreender o que acontece na educação pública brasileira:
"Se o político for desonesto, a educação será um ótimo lugar para tirar dinheiro: não só concentra uma parte grande do orçamento (no mínimo 25%) como ainda é cheia de transferências do governo federal. Tem uma grande vantagem: se o sujeito rouba da saúde e faltam remédios ou médicos, a população chia; se rouba dos transportes e faltam ônibus, os eleitores reclamam; se rouba da educação e os alunos não aprendem, ninguém se importa" (revista Veja, edição 2100).



DITADURA & COLABORACIONISMO
Paulo Vasconcellos
"Trata-se de ‘Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988’.(*) A tese de doutorado da historiadora carioca Beatriz Kushnir, 35 anos, aprovada com louvor em outubro no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lança suspeitas sobre um dos mitos cultuados pela imprensa brasileira: o de que jornais e jornalistas foram quixotes na luta contra o regime militar.
O trabalho tem 473 páginas e é resultado de cinco anos de pesquisas. Beatriz mirou no que viu e acertou no que não viu. Começou como um estudo da censura à imprensa alternativa e acabou desvendando o grau de colaboracionismo com a ditadura incrustado em algumas redações.‘Assim como nem todas as redações eram de esquerda, nem todos os jornalistas fizeram do ofício um ato de resistência ao arbítrio’, diz Beatriz Kushnir. ‘Há um desconforto diante da desmistificação generalizante de que os jornalistas combateram a ditadura.’ O trabalho demonstra que os jornais que tiveram um censor na redação não foram tantos assim, que a primeira profissão de parte dos censores era o jornalismo e, pior, que havia um elevado grau de promiscuidade nas relações entre alguns jornalistas e os órgãos de repressão. Beatriz não foge à polêmica. [...]

A historiadora começou a derrubar as ilusões da imprensa brasileira ao pesquisar os documentos do Departamento de Censura de Diversões Públicas da Polícia Federal no Arquivo Nacional, em Brasília, entrevistando 11 censores - exceção para Solange Hernandes, a popular Solange Tesourinha, que mandava cortar tudo o que é filme, livro, texto de teatro e versos de músicas - e uma penca de jornalistas. O porão que escondia os instrumentos legais da censura abrigava também jornalistas de formação. ‘Foi tentando perceber quem eram os censores que me surpreendi ao encontrar já no primeiro grupo deles dez jornalistas.’ Descobriu ainda policiais de carreira que atuaram como jornalistas colaborando com a repressão.Os três primeiros capítulos mostram a evolução da censura desde a Proclamação da República. É iguaria rara, mas o melhor vem depois.
Da posição cínica defendida por um jornal do Rio, em 1976, em defesa de uma ‘censura inteligente’ - feita por pessoal mais bem preparado política e intelectualmente - à constatação de que, na prática, os jornais optaram preferencialmente pela autocensura ao encampar as notas da Polícia Federal transmitidas pelo Serviço de Informação do Gabinete (Sibag), vinculado ao gabinete do ministro da Justiça, mas sem registro no organograma dos órgãos federais - portanto, clandestino. A alternativa era a censura prévia.
Os censores estiveram nas redações para cortar os ‘excessos’ em poucos periódicos. No ‘O Estado de S. Paulo’, do AI-5 a janeiro de 1975, e na ‘Tribuna da Imprensa’, em um período não contínuo, de 1968 a 1978. Na imprensa alternativa freqüentaram ‘O Pasquim’, de novembro de 1970 a março de 1975, ‘O São Paulo’, de junho de 1973 a junho de 1978, ‘Opinião’, de janeiro de 1973 a abril de 1977, e ‘Movimento’, de abril de 1975 a junho de 1978. Na Veja, de 1974 a junho de 1976. A revista foi censurada ainda no berço, logo no número 5, em 1968. Durante todo o governo do general Emílio Garrastazu Médici seria uma das vítimas favoritas do regime. A edição com a capa ‘O presidente não admite torturas’ foi proibida de chegar às bancas.
‘Oliveiros, hoje nós não vamos aí.’
O governo do general Ernesto Geisel, com a promessa de abertura, ainda que lenta, gradual e segura, não deixou de estabelecer os parâmetros do que considerava permitido - mesmo que nos bastidores os ministros Golbery do Couto e Silva, da Casa Civil, e Armando Falcão, da Justiça, mantivessem diálogos com jornalistas anunciando a retirada da censura das redações. As notas proibitivas continuaram a ser transmitidas até fins de 1975. Nos primeiros dias de abril, o número 300 de ‘O Pasquim’ trazia o editorial intitulado ‘Sem Censura’, escrito por Millôr Fernandes, notificando ao leitor que desde 24 de março o tablóide se encontrava livre da censura prévia. Depois de um telefonema do Dr. Romão, o último dos quase 30 censores que o jornal teve em cinco anos, estava decretado que a responsabilidade passava a ser da redação. Sentença semelhante recebeu o então secretário de redação de ‘O Estado de S. Paulo’, Oliveiros S. Ferreira. ‘Eles ficaram do AI-5, em 13 de dezembro de 1968, até 3 de janeiro de 1975, um dia antes do centenário do jornal’, relembra Ferreira.
Foi quando ele recebeu um telefonema do chefe dos censores:
- Oliveiros, hoje nós não vamos aí.
Oliveiros:- Mas, então, quem responde pelo jornal?
- Ah, isso é problema seu. Até logo!
Um ano antes, o humorista Ziraldo, do ‘Pasquim’, havia escrito uma carta ao ministro da Justiça, Armando Falcão, pedindo a volta da censura do jornal para o Rio, que havia seis meses, em represália, era feita em Brasília para atrasar propositadamente o fechamento das edições. Ao fim da carta, além da assinatura, um desenho: a mão de um homem que se afogava e a palavra ‘help’. ‘Millôr Fernandes já havia advertido em seu editorial que o rompimento repentino da censura embutia a noção de que deixar de intervir era uma concessão que deveria ser paga com responsabilidade’, lembra Beatriz. ‘Sem censura não quer dizer com liberdade’, terminava o texto de Millôr.
A censura espalhou vítimas para todos os lados. O cineasta francês Jean Luc Godard foi uma delas. No regime militar teve proibido o filme ‘A chinesa’. Em 1984, a censura a outro de seus filmes, ‘Je vous salue, Marie’, geraria protestos calorosos, a demissão do ministro da Justiça, na época o deputado federal pernambucano Fernando Lyra, e a exposição da permanência de atos censórios em um período de suposta redemocratização. Alguns jornais e jornalistas que não aderiram à resistência se bandearam para o outro lado. ‘Cães de guarda’ revela o papel duplo de uns e outros. Jornalistas que foram censores federais - e também policiais - e vice-versa dividiam as redações com as chamadas bases esquerdistas que, segundo o regime militar, sempre as dominaram. ‘No Brasil da censura existiam também os jornalistas colaboracionistas’, afirma Beatriz. ‘Eles foram verdadeiros cães de guarda.’
Um deles, segundo a tese, tomou conta do jornal ‘Folha da Tarde’, do Grupo Folha da Manhã, de 1967 a 1984. Todo o quarto capítulo narra a trajetória do jornal nos seus dois períodos: do renascimento, em 1967, até o AI-5. Beatriz Kushnir investigou a redação da ‘Folha da Tarde’ de 1967, que estava vinculada à cobertura dos movimentos políticos da época e tinha em seus quadros militantes de esquerda, até ser conhecida como ‘Diário Oficial da Oban’ (Operação Bandeirantes). ‘Cheguei à história da ‘Folha da Tarde’ por acaso’, conta. A historiadora tentava uma entrevista com o senador Romeu Tuma (PFL-SP), diretor do Departamento de Polícia Federal que rompeu com a tradição de militares no cargo desde a sua criação, em 1964. Chegou a entrar em contato com o seu assessor de Imprensa, em São Paulo, mas não conseguiu agendar um encontro. Ao entrevistar o jornalista Boris Casoy, âncora do Jornal da Record, para compreender os reflexos da censura na redação da ‘Folha de S. Paulo’, que ele dirigia na época, ficou sabendo quem era o assessor do senador e o significado da frase ‘o jornal de maior tiragem’.
Nos dois casos bateu na figura de Antonio Aggio Jr. A queda com o AI-5 do jornalista Jorge Miranda Jordão, hoje em ‘O Dia’, da direção de redação da ‘Folha da Tarde’, abriu espaço para outro grupo de profissionais. Antonio Pimenta Neves, que mais de 30 anos depois responde a processo pelo assassinato da namorada, era um deles. Aggio, ex-editor do jornal ‘Cidade de Santos’, viria depois. ‘Sob o comando dele o jornal deu uma guinada à direita’, diz Beatriz. ‘O clima de delegacia policial resistiu 15 anos e o jornal ganhou o apelido de ser o de ‘maior tiragem’ em São Paulo, não por causa da circulação, mas pelo número de tiras (policiais) que empregava.’

Acusado de colaborar, Aggio diz que também foi parar na Oban

Aggio rebate. ‘Essa tese é um negócio tortuoso para garantir o título de doutora à historiadora.’ Segundo o assessor do senador Tuma, a reformulação da ‘Folha da Tarde’ e o Projeto Folha, de 1984, quando o jornal passaria por nova mudança, nada teve a ver com ideologia, mas com mercado. ‘Nunca houve uma redação mais democrática que a da Folha da Tarde. Nunca se perguntou a coloração ideológica de ninguém por lá. Muitos esquerdistas trabalham no jornal até hoje’, afirma o jornalista. Aggio diz que todo o noticiário policial e militar tinha como fonte a Agência Folha e era publicado por todos os jornais do grupo. ‘Uma vez houve um incidente com o pessoal da luta armada em Osasco e como a ‘Folha da Tarde’ deu a notícia fui parar na Oban e no II Exército. Se fosse ligado à repressão não teriam me chamado para prestar esclarecimentos.’‘
Havia pressão psicológica e armada, além de econômica, mas nunca a família Frias me pediu para mudar a linha do jornal para aderir ao regime. Obedecíamos ao que a censura impunha porque não havia saída. Depois que deixei a direção do jornal, ele mudou de linha editorial’, diz Jorge Miranda Jordão, antecessor de Antonio Aggio na ‘Folha da Tarde’. ‘A imprensa nunca foi quixote, mas também não chegou a ser um Exército de Brancaleone. Talvez uns dez por cento das redações apoiassem o regime até por convicção política.’‘
Cães de guarda’ remexe em histórias nada edificantes. É o caso de uma manchete estampada pela ‘Folha da Tarde’ em abril de 1971 anunciando a morte do guerrilheiro Roque em confronto com a polícia paulistana. Roque era o codinome do metalúrgico Joaquim Seixas, preso com o filho Ivan, então com 16 anos. Militantes do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), os dois tinham sido presos acusados pelo assassinato do industrial Enning Boilesen, um dos financiadores da Operação Bandeirantes, apenas um dia depois do crime, e foram torturados na Oban. Ivan leu a manchete sobre a morte do pai em uma banca de jornal ao ser levado pelos policiais para um ‘passeio’. Na volta ainda encontrou Joaquim vivo. Ele seria morto, de fato, horas depois. Os jornais do dia seguinte se limitariam a reproduzir a nota oficial dos órgãos de repressão com a notícia que a ‘Folha da Tarde’ havia estampado na véspera com detalhes, segundo a tese, como se tivesse repórter no local.
‘Toda a caçada ao capitão Carlos Lamarca, que havia desertado do Exército levando armas e munições do quartel de Quintaúna, em São Paulo, comandado pelo coronel Antônio Lapiane, tio de Ággio, que até hoje é vinculado à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, vinha carregada de tintas fortes e se referia ao guerrilheiro como ‘louco’, afirma Beatriz. ‘A esquerda atribui à ‘Folha da Tarde’ a legalização de muitas mortes em tortura e `assassinatos acidentais´ de militantes em confronto com a polícia. Se sumissem todos os jornais que circularam um dia depois da missa ecumênica pela morte do jornalista Wladimir Herzog e só restasse a ‘Folha da Tarde’, não se saberia de nada. A cerimônia parou São Paulo, mas a FT não deu uma linha.’
A relação entre jornalistas e policiais já tinha sido exposta por Percival de Souza, repórter setorista de Polícia de ‘O Estado de S. Paulo’ e do ‘Jornal da Tarde’ e autor de biografias de figuras sombrias da ditadura, como o delegado Sérgio Paranhos Fleury, o temido e sanguinário torturador do Deops do Largo General Osório, em São Paulo, desenhado por ele como um amante adolescente. ‘Cães de guarda’ vai além. Esmiúça até à sarjeta o papel da imprensa na ditadura. Para se adaptar à autocensura não faltaram estratégias peculiares. A editora de uma revista de circulação nacional preparou um funcionário para dar curso aos censores de como realizar a tarefa. Uma rede de televisão contratou ex-censores para delimitar o permitido. Por abrigar jornalistas colaboracionistas algumas redações ficaram conhecidas como ‘ninho de gansos’. Era assim que eles eram tratados nos órgãos de repressão. Os jornalistas da ‘casa’ que cobriam o Deops não passavam pela revista a que eram submetidos os colegas com menos intimidade com os porões da ditadura - seguiam direto por uma entrada lateral, reservada aos policiais, apelidada de ‘passagem dos gansos’.‘Muitos jornalistas trocaram a narrativa de um acontecimento pela publicação de versões que corroborassem o ideário repressivo’, diz Beatriz. ‘Fiéis aos seus donos, os cães de guarda farejaram uma brecha e, ao defender o castelo, nos venderam uma imagem errada. Quando o tabuleiro do poder mudou, muitos desses servidores foram aposentados, outros construíram para si uma imagem positiva e até mesmo heróica, distanciando-se do que haviam feito. Outros tantos se readaptaram e estão na mídia como sempre.’ Talvez alguns jornais brasileiros nunca tenham se aproximado tanto da imagem de papel de embrulhar peixe.
(Veja os dados sobre o livro na seção seguinte e veja mais informações sobre o editorial da Folha no blog http://mariafro.blogspot.com/ e no site do Observatório da Imprensa)





VALE A PENA LER
1. Livro: Dos canibais
Autor: Michel Montaigne
Edição: Alameda (tel. 11 3862-0850)
Preço: R$ 20 (80 páginas)

O clássico texto Dos canibais nos revela a interpretação sobre o Velho e o Novo Mundo por meio da marcante linha de pensamento do filósofo francês Michel Montaigne. Essa análise, organizada por Plínio Junqueira Smith, permite aos leitores uma profunda interpretação sobre como compreender e avaliar outro povo, aproximando o desconhecido e interpretando seus costumes e práticas de modo a nos levar a entender nossa própria sociedade.
O canibalismo foi abordado por Montaigne através do contato dos europeus com os índios, habitantes do Novo Mundo e, em especial, dos índios brasileiros. Essa prática, condenada pelos europeus, adquiriu novos modos de interpretação em que diferentes visões eram usadas pelo filósofo francês em múltiplos significados simbólicos. Entre as diversas suposições estaria a de que o canibalismo era uma maneira pela qual um guerreiro adquiriria a força e a coragem do herói vencido. Mas, o canibalismo também era interpretado pelos europeus como uma das mais primitivas barbaridades, sem propósito maior do que o sofrimento humano. Dessa maneira, Montaigne retrata, neste texto clássico, as mais diversas interpretações e medos a respeito do desconhecido Novo Mundo.
O livro também serve de porta de entrada para o complexo pensamento de um dos mais brilhantes filósofos da tradição ocidental. Para Montaigne, num jogo sutil de argumentação, os “bárbaros” não seriam aqueles que habitavam a parte desconhecida do mundo, mas sim os indivíduos que se encontravam no Velho Mundo.


Sobre o autor: Michel Eyquem de Montaigne (1533- 1592) foi escritor e ensaísta francês, considerado por muitos como o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras e, mais especificamente nos seus "Ensaios", analisou as instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objeto de estudo.
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2. Livro: Os intelectuais Cubanos
Autor: Silvia Cezar Miskulin
Edição: Alameda (tel. 11 3862-0850)
Preço: R$ 42 (304 páginas)
As relações entre os intelectuais e o governo cubano depois da revolução foram pautadas por tensões sempre crescentes mostra a historiadora Sílvia Miskulin em Os intelectuais cubanos. Após a vitória dos revolucionários encabeçados por Fidel Castro, Cuba inaugurou um período de grande agitação política e artística. Surgiram novas instituições e publicações, abrindo grandes possibilidades de trabalho aos intelectuais e artistas. Neste livro, são enfocados os conflitos no meio intelectual e artístico a partir da análise das trajetórias e publicações da editora El Puente (1961-1965) e do suplemento cultural El Caimán Barbudo (1966-1975).
Cuba pós-revolucionária caracterizou-se pelo extraordinário florescimento cultural cheio de entusiasmo e de esperança diante dos novos tempos que pareciam se abrir. Tanto para o governo quanto para os artistas e intelectuais, a cultura era uma excelente maneira de influenciar a população. Para tanto, governo se dispôs a criar jornais, editoras, suplementos literários e a patrocinar a produção pictórica, musical e cinematográfica.
Todavia, as tensões entre essas vertentes aumentaram com o tempo e o aprofundamento do processo revolucionário. De um lado, o desejo de liberdade e de busca de experimentações; do outro a política oficial do Estado, cada vez mais estrita e disciplinadora, marcando o período como uma época cheia de tensões e medos. Muitos indivíduos que afrontavam ou questionavam abertamente o governo sofreram perseguições, foram presos e acabaram por se exilar; outros permaneceram na ilha e se adaptaram, como puderam, às limitações impostas pelo Estado.
Os intelectuais cubanos se revela um estudo aprofundado e cético sobre um tema controvertido, através de análises de diálogos, embates e confrontos ideológicos de grupos dissonantes. Diante da política oficial do governo de Fidel Castro, os conflitos e contradições de uma das mais discutidas revoluções do mundo contemporâneo.
Sobre o autor: SÍLVIA CEZAR MISKULIN é Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. É autora, entre outros trabalhos, de Cultura Ilhada: imprensa e Revolução Cubana (São Paulo, Xamã/ Fapesp, 2003) e atualmente desenvolve projeto de Pós-Doutorado sobre revistas mexicanas, no Departamento de História da USP, com financiamento da FAPESP.
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3. A interiorização da metrópole e outros estudos
Autora: Maria Odila Leite da Silva Dias
Edição: Alameda – [tel.: (11) 3862-0850]
Preço: R$ 32,00 (168 pg.)
2ª Edição
Maria Odila Leite da Silva Dias era uma jovem pesquisadora quando escreveu “Aspectos da Ilustração no Brasil”. Dez anos mais tarde, já com a carreira consolidada, publicou “A Interiorização da Metrópole”, no livro 1822 – Dimensões, organizado por Carlos Guilherme Mota para a editora Perspectiva, em 1972. “Ideologia Liberal” veio por último, primeiramente editado no “Jornal da Tarde”, em 4 de julho de 1976, e depois nos Anais do Museu Paulista de 1981.
Ao longo dos 40 anos desde a concepção de “Aspectos da Ilustração” até a edição deste volume, esses artigos tornaram-se referência para historiadores e estudiosos em geral. Na verdade, transformaram-se em pequenos clássicos da historiografia brasileira, leitura obrigatória para quem quer entender o nosso passado.
Apesar de escritos em épocas diferentes, os textos tratam de um problema comum. Nos três, Maria Odila está preocupada com a continuidade das elites dirigentes antes e depois da Independência. Para ela, o projeto nacional de construção do Estado brasileiro nasceu do projeto ilustrado concebido pelo Marquês de Pombal. “As elites coloniais viveram mais em conivência com as autoridades portuguesas do que em conflito. É o que torna sui generis o processo de separação de Portugal, que se deu quase a contragosto”, diz a historiadora. As elites dirigentes do Império implementaram o seu projeto de nacionalidade através da consolidação da hegemonia do Rio de Janeiro sobre as demais províncias do Brasil, retomando o processo colonizador, as relações de nepotismo e de confusão do público e do particular.

Sobre a autora: Maria Odila Leite da Silva Dias é professora do programa de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professora aposentada do Departamento de História da Universidade de São Paulo. É autora de O Fardo do Homem Branco: Robert Southey, Historiador do Brasil (1974), Rebouças e o Diário da Guerra do Paraguai (1974), Cotidiano e Poder em São Paulo no Século XIX (1984) e Sérgio Buarque de Holanda, Historiador (1985).
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4. Nas bancas a revista Forum n. 71
Fórum 71: Qual é o outro mundo possível?
A edição de fevereiro de Revista Fórum traz 18 páginas de cobertura do Fórum Social Mundial 2009, realizado em Belém (PA).
Outras notícias
Além da cobertura do FSM, a edição de fevereiro traz um ensaio de Frei Betto sobre os 100 anos de dom Helder Câmara.
As comemorações e reflexões dos 50 anos da revolução cubana.
Além da imigração de bolivianos para a cidade de São Paulo e a entrevista com o europarlamentar português Miguel Portas, sobre os ataques a Gaza.
A queda nos preços de materiais recicláveis também é destaque.
Novo colunista
A edição 71 da Fórum também traz a estreia de Idelber Avelar como articulista.
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5. O cientista criativo –
Coletânea de textos sobre a vida e o legado de Charles Darwin celebra as idéias do naturalista inglês.
6. Cães de Guarda -
JORNALISTAS E CENSORES DO AI-5 À CONSTITUIÇÃO DE 1988
Editora: BOITEMPO EDITORIAL

Lançado pela editora Boitempo o livro que, certamente, tomará de assalto as rodas de discussão dentro das redações. É a edição da tese de doutorado da historiadora Beatriz Kushnir, ‘Cães de Guarda: Jornalistas e Censores do AI-5 à Constituição de 1988’.(*)Até agora, a imprensa ignorou por completo o trabalho, fruto de tese já defendida com sucesso no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).Beatriz é mestre em História pela Universidade Federal Fluminense e sua tese pesquisou a postura colaboracionista de jornalistas e órgãos de imprensa durante a ditadura militar pós-68.Em sua tese, Beatriz mostra a estreita relação que houve naquele período entre jornalistas e policiais, como também investiga os estratagemas da direção das empresas de comunicação, ao aceitarem praticar a autocensura, como ‘sugeria’ o governo militar.O estudo focaliza a relação dos jornalistas com os censores no Brasil de 1968 a 1988. Ela demonstra, com todas as tintas, a existência de jornalistas que foram censores federais, e que também foram policiais enquanto jornalistas nas redações. Escrevendo nos jornais, ou riscando o que não poderia ser dito ou impresso, colaboraram com o sistema autoritário daquele período. Ela relata: ‘Assim como nem todas as redações eram de esquerda, nem todos os jornalistas fizeram do ofício um ato de resistência ao arbítrio’.Para realizar seu trabalho acadêmico, privilegiou o período do AI-5 à Constituição de 1988. Recuou a março de 64 e à legislação censória no período republicano.Ela focou sua pesquisa nos jornalistas de formação e atuação, que trocaram as redações pela burocracia e fizeram parte do DCDP (Departamento de Censura de Diversões Públicas), órgão subordinado ao Ministério da Justiça, cargo de Técnicos de Censura. Outro foco da pesquisa foram os policiais de carreira que atuaram como jornalistas, colaborando com o sistema repressivo e censor do pós-64. Para encontrar esse grupo, Beatriz pesquisou a trajetória do jornal Folha da Tarde, do Grupo Folha da Manhã, de 1967 a 1984. Ela teve acesso ao Banco de Dados da Folha, ao DEDOC da Editora Abril, aos arquivos pessoais do jornalista José Silveira (Jornal do Brasil) e da jornalista Ana Maria Machado (Rádio JB). Entrevistou 19 jornalistas que passaram pela FT, onze censores - só dois autorizaram a divulgação de seus nomes, e um grupo de 26 jornalistas, entre eles Bernardo Kucinski, Mino Carta e Jorge Miranda Jordão.


NAVEGAR É PRECISO
1. Site da Revista Forum
A guerra que não deu certo
Por Anselmo Massad
O mundo se volta para o debate sobre drogas em 2009, quando se completam 100 anos de políticas proibicionistas. Há espaço para linhas mais eficientes do que a simples repressão, mas resistência a qualquer forma de uso controlado permanece forte
Por Renato Rovai e Maurício Ayer
Indicado ao Prêmio Nobel da Paz, Augusto Boal fala sobre suas histórias de militância, que se confundem com o universo artístico que ele revolucionou. leia - http://www.revistaforum.com.br/sitefinal/EdicaoNoticiaIntegra.asp?id_artigo=1890
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2. Site da Revista Nova Escola
Folia com aprendizagem -
http://revistaescola.abril.com.br/online/reportagem/carnaval-sala-aula-422463.shtml
A maior festa popular do país rende boas aulas de Arte, Língua Portuguesa e História, recheadas de discussões sobre diversidade cultural. Nesta quinta, leia também uma análise histórica de imagens do Carnaval
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3. Site do Jornal Brasil de Fato
http://www3.brasildefato.com.br/v01/agencia/internacional/na-venezuela-vitoria-de-chavez-talvez-do-socialismo
Na Venezuela, vitória de Chávez. Talvez do socialismo
por Michelle Amaral da Silva última modificação 20/02/2009 13:43
Analistas reconhecem avanços do governo, mas alertam para excesso de personalismo e centralismo estatal
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http://www3.brasildefato.com.br/v01/agencia/analise/nasce-na-franca-o-novo-partido-anticapitalista
Nasce, na França, o Novo Partido Anticapitalista
Novo partido reúne maioria da Liga Comunista Revolucionária (LCR), que aprovou sua própria dissolução para criar nova organização, além de militantes comunistas, socialistas e ecologistas
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http://www3.brasildefato.com.br/v01/agencia/analise/a-barriga-da-globo-quase-compromete-o-brasil
A barriga da Globo quase compromete o Brasil
Rui Martins
O Brasil viveu momentos intensos de angústia alimentados por uma imprensa irresponsável, que nos levou ao ridículo
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4. Blog do Mello
Escola das Américas, escola de assassinos. Vídeo
Posted: 18 Feb 2009 05:04 AM CST
Vídeo mostra um pouco da história da Escola das Américas (School of the Americas), criada em 1946 no Panamá, em 1983 transferida para Fort Benning, nos Estados Unidos. Famosa por haver formado, entre outros, Manuel Noriega, Hugo Banzer, o general Viola, do golpe militar argentino de 1976, o outro general, Galtieri, da guerra das Malvinas, e Manuel Contreras, chefe da terrível DINA da ditadura chilena
http://blogdomello.blogspot.com/2009/02/escola-americas-school-ditadura.html
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5. Site da Agência Carta Maior
O País das urgências e o aniversário de Darwin
Em meio às angústias que assombram trabalhadores e a classe média, emparedados entre a fatalidade de uma ordem que se liquefaz e um futuro que nada propõe exceto agonia, parte dos teóricos da esquerda agarra-se à discussão metafísica de modelos, desobrigando-se de assumir a dura carpintaria de construção da história nesse momento. A análise é de Saul Leblon. > LEIA MAIS
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6. Site da Revista Ciência hoje
Um primata nada especial - http://cienciahoje.uol.com.br/138520
Um estudo brasileiro acaba de contestar uma idéia largamente aceita desde o século 19: a de que a maior capacidade cognitiva do ser humano se deve a seu cérebro relativamente avantajado. Os resultados mostram que o tamanho e o número de neurônios do cérebro humano são compatíveis com os de um primata de nosso porte – nem maiores, nem menores do que o esperado
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7. Blog da professora Conceição Oliveira - http://mariafro.blogspot.com/
SP e Minas recusam dinheiro do MEC
Estados são os únicos a não montar projetos para financiamento na área
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FOLHA AFIRMA EM EDITORIAL: NO BRASIL NÃO HOUVE DITADURA MAS “DITABRANDA”
ABI, intelectuais, leitores e blogueiros criticam duramente posicionamento do jornal.
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8. Site do Observatório da Imprensa
“DITABRANDA” NA FOLHA
Direita, volver! Luiz Antonio Magalhães
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=526IMQ003
Embraer demite, Lula reclama: e a lei? - Rolf Kuntz
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VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=526CID001
O assunto que ninguém discute - Ligia Martins de Almeida


NOTICIAS
Acervo Afro Brasil
O espaço abriga 1.100 obras da coleção de arte negra do artista plástico Emanoel Araújo, cedidas ao museu em regime de comodato. Entre as peças, estão máscaras africanas, esculturas, pinturas do século 19, fotografias e trabalhos contemporâneos.
Museu Afro Brasil Pavilhão Pe. Manoel da Nóbrega: Av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº, portão 10 - Parque Ibirapuera - Sul. Telefone: 5579-0593
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Acervo Memorial da América Latina
Acervo recolhido pelo casal de fotógrafos e especialistas em arte popular Jacques e Maureen Bisilliat, em 1988, a pedido de Darcy Ribeiro. Conta com 4 mil peças de arte popular do Brasil, México, Peru, Equador, Guatemala, Bolívia, Paraguai, Chile e Uruguai. São trajes típicos, máscaras, estandartes, instrumentos musicais, objetos de adorno e de uso cotidiano, entre outros.
Memorial da América Latina Pavilhão da Criatividade: Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Barra Funda - Oeste. Telefone: 3823-4600
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Coleção Museu da Casa Brasileira
Trata-se de uma nova exposição do acervo de móveis e objetos da instituição, que agrupa as peças de acordo com as suas funções. Estão incluídas aquisições como a poltrona "Mole", de Sergio Rodrigues.
Museu da Casa Brasileira: Av. Brig. Faria Lima, 2.705 - Pinheiros - Oeste. Telefone: 3032-3727
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Ecos de Dakar
A mostra apresenta fotos em formatos que variam de 30 x 40 cm a 50 x 80 cm em Dakar, Bakel e Tambacounda, na região de Casamance, onde vive o povo Diola, na Ilha de Gore.
Caixa Cultural - Sé: Pça. da Sé, 111 - Sé - Centro. Telefone: 3321-4400
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Espanhas - Leonardo Kossoy
A exposição do fotógrafo Leonardo Kossoy mostra a Espanha sob o viés do sagrado, das tradições e do cotidiano.
Caixa Cultural - Paulista: Av. Paulista, 2.083 - Bela Vista - Centro. Telefone: 3321-4400
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Etnias: Do Primeiro e Sempre Brasil
O projeto de arte pública recebe a curadoria de Maria Bonomi. A grandiosa obra retrata a epopéia do encontro com os índios no Brasil, a partir da percepção dos mesmos, ultrapassa 50 m de comprimento e tem cerca de 2,2 m de altura.
Memorial da América Latina Túnel: Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Barra Funda - Oeste. Telefone: 3823-4600
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Leonardo Kossoy
A mostra reúne cerca de cem imagens realizadas durante as oito últimas viagens do fotógrafo à Espanha.
Caixa Cultural - Paulista: Av. Paulista, 2.083 - Bela Vista - Centro. Telefone: 3321-4400
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Vincenzo Scarpellini
Com curadoria de Jorge Coli, "Quaderni di Viaggio" exibe 90 desenhos realizados pelo italiano em suas andanças pelo mundo.
Caixa Cultural - Sé: Pça. da Sé, 111 - Sé - Centro. Telefone: 3321-4400
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A Arte do Mito
Obras de Clouet, Manet, Delacroix, Renoir e Poussin aparecem lado a lado, com suas semelhanças e contrastes, nesta exposição que apresenta como foco a presença mitológica nas obras. A mostra dá início às comemorações dos 60 anos do museu e inaugura uma nova forma de dispor o acervo, a partir de temas e não mais por períodos e regiões geopolíticas.
Masp 2º andar: Av. Paulista, 1.578 - Bela Vista - Centro. Telefone: 3251-5644
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A Natureza das Coisas
O curador Teixeira Coelho reuniu 70 obras realizadas entre o século 17 e a década de 1980. Paisagens e naturezas mortas de Pablo Picasso, Van Gogh e Almeida Júnior, entre outros nomes, integram a exposição.
Masp 2º andar: Av. Paulista, 1.578 - Bela Vista - Centro. Telefone: 3251-5644
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Acervo - Pinacoteca
O acervo do museu apresenta entre os destaques "Homem que Anda sobre a Coluna", escultura de Rodin em bronze com 3,54 m de altura. No espaço reservado para a coleção, estão trabalhos de diversas épocas e tendências, entre os quais, telas de Pedro Américo, Baravelli e Nuno Ramos. Pelos corredores da instituição e no vizinho parque da Luz, estão cem esculturas de 35 artistas brasileiros --entre eles, Amilcar de Castro, Marcello Nitsche e Victor Brecheret.
Pinacoteca do Estado: Pça. da Luz, 2 - Bom Retiro - Centro. Telefone: 3324-1000
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Anni e Josef Albers - Viagens pela América Latina
A exposição reúne obras da coleção do casal alemão Anni (1899-1994) e Josef Albers (1888-1976). Os trabalhos evidenciam a influência da arte e da cultura latina na produção dos Albers.
Pinacoteca do Estado: Pça. da Luz, 2 - Bom Retiro - Centro. Telefone: 3324-1000
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Arte Brasileira no Acervo MAC USP
A exposição retoma a trajetória do modernismo com obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, entre outros.
Mac Usp: R. da Reitoria, 160 - Cidade Universitária - Oeste. Telefone: 3091-3039